Histórias
do Bloco das Piranhas na Banda
Considerado um dos melhores
e mais conceituados fotógrafos da região Norte, Rosinaldo Machado um dos
fundadores do Bloco das Piranhas que por mais de 20 anos desfilou como o Abre
Alas da Banda do Vai Quem Quer conta historias hilariantes sobre os bastidores
do Bloco que causava muito polêmica no meio da sociedade de Porto Velho.
ENTREVISTA
Zk – Como e quando nasceu o
Bloco das Piranhas?
Rosinaldo Machado – O Bloco
das Piranhas nasceu um ano após a criação da Banda do Vai Quem Quer, ou seja,
em 1982. Foi quando o pessoal da imprensa que normalmente trabalhava no
carnaval, achou que o dia mais ou menos adequado, para se reunir e brincar era
o sábado na Banda. A gente reunido numa mesa no “Bar do Canto” onde estavam
Miguel Silva, Lucivaldo Souza, Edinho Marques, Sergio Valente e muitos outros
que não lembro o nome agora e então resolvemos criar um bloco. no momento
surgiram diversos nomes: Bloco dos Machões, Bloco dos Viados entre outros.
Zk – E o que aconteceu?
Rosinaldo Machado – Por
sugestão do Sergio Valente (que foi a noiva do bloco por muitos anos), o nome
escolhido foi Bloco das Piranhas. Fiz contato com o Manelão expliquei a
situação e ele aceitou que o nosso bloco se incorporasse à Banda com uma
condição: Ele não se vestiria de mulher já que fizemos o convite pra ele sair
junto com o Sergio Valente como dama de honra e ele não aceitou.
Zk – E no Bloco passou a ser
o Abre Alas da Banda a Comissão de Frente?
Rosinaldo Machado – A gente
abria o desfile e sempre levávamos faixas com frases que causavam polêmica,
exemplo: Quando o Collor foi eleito presidente colocamos uma faixa bem grande
com o tema “Piranhas Coloridas comeram Lula”. A turma do PT que sempre estava
por perto criou o maior caso e o pau comeu. Vale salientar que o autor das
frases usadas como tema das Piranhas era o saudoso jornalista Paulo Queiroz que
apesar de não desfilar, era um dos nossos grandes incentivadores.
Zk – Outras polêmicas?
Rosinaldo Machado – Certa
vez passamos pelo colégio Maria Auxiliadora e surrupiamos de lá umas roupas das
estudantes, hábitos das freiras e também roubamos os paramentos do Padre
Zenildo. Naquele ano o Padre Zenildo estava lá na varanda da Rádio Caiari. Quem
estava vestido de Padre era um hoje famoso professor da UNIR, que saia
“benzendo” as pessoas com uma Cuia de Cachaça e uma Miratinga na mão. Quando
descemos Sete de Setembro abrimos uma faixa que dizia “Piranhas do
Auxiliadora”. Alguém foi chamar a diretora do Colégio Maria auxiliadora a irmã
Inácia e ela quase desmaia. Resumindo, no dia seguinte o Secretário de
Segurança Dr. Hélio Máximo prendeu todo mundo da diretoria do bloco e nós ainda
bêbados perguntamos o motivo pelo qual ele estava nos prendendo. “Dom José
arcebispo de Porto Velho mandou prender vocês todos e mais se vocês não
devolverem os paramentos dominicais do padre Zenildo e as roupas das alunas e o
hábito da irmã ele vai excomungar todas as Piranhas de Porto Velho
Zk – É verdade que o bloco
teve marchinha especial na Banda?
Rosinaldo Machado – A
marchinha “Praça Rondon” o Silvio Santos fez em homenagem as Piranhas a letra
original é a seguinte: “Eu vou iniciar meu carnaval no sábado, na Banda do Vai
Quem Quer, vou no BLOCO DAS PIRANHAS, vou vestido de Mulher e quando foram
gravar no Rio de Janeiro em 1987 tiraram Bloco das Piranhas e colocaram “Vou
brincar descontraído de Metralha ou de Mulher” se referindo ao episódio que
acontece no carnaval de 86 quando policiais federais entraram dando tiro de
metralhadora no meio da Banda. Foi sacanagem do Silvio Santos tirar as Piranhas
da letra.
Zk – Por quanto tempo o
Bloco saiu na Banda?
Rosinaldo Machado – Durante
21 anos o Bloco acompanhou a Banda. O pessoal antigo foi saindo e eu continuava
presidente, saiu o Sérgio Valente e entrou o professor Bosco (Bosquinho) como
Noiva e depois assumiu o posto de noiva um artista plástico bem magrinho o
Gibasan. O Bloco das Piranhas era muito alegre muito interessante que se reunia
na casa do Cabo Omar e foi justamente numa das concentrações na Casa do Cabo
Omar que chegou um jornalista paulista branquinho que tinha vindo cobrir o
carnaval de Porto Velho.
Zk – Então?
Rosinaldo Machado – Ele se
empolgou fez algumas entrevistas e como era tradição estávamos servindo o
famoso “Caldo da Piranha” e rolava muita cachaça, cerveja, uísque e tudo quanto
era tipo de bebida e até lança perfume que o Chiquito Paiva arranjava. Depois
que esse jornalista estava bêbado fizemos ele se vestir de mulher pra desfilar
no bloco, ele era da Folha de São Paulo vestimos uma mini blusa e uma saia que
micro mesmo e ainda tiramos a cueca dele e ele não percebeu ou fingiu que não
percebeu porque durante o desfile ele começou a pular e dançar (pensando que
estava de cueca) e botava a bunda pra cima e quando voltava de frente a
saiazinha levantava e o “cacete” aparecia, o problema foi que a mulher dele
veio junto fazer a reportagem, e o cara, uma hora mostrava a bunda e outra o
bilau. No meio do desfile ela se apavorou o pegou pelo cabelo tirou do bloco,
colocou uma toalha e saiu arrastando o coitado pela avenida. Ele anoiteceu em
Porto Velho e não amanheceu.
Zk – Como foi a história da
eleição para escolher a nova noiva quando o Sergio Valente morreu?
Rosinaldo Machado – Existe
um jornalista muito conhecido, vamos chamá-lo nessa reportagem de “Datão” para
não sofremos nenhum dano físico. Bom o fato aconteceu durante a Feijoada que
realizamos na Casa do Kupê justamente para eleger a nova noiva do bloco. O
Conselho do Bloco se reuniu, inclusive estava presente o Manelão e o Zekatraca.
Na hora que abrimos as inscrições para ver quem gostaria de ser a nova noiva do
Bloco o Lucivaldo Souza um dos fundadores da entidade gritou de lá, vamos
eleger o “Datão” e todo mundo aplaudiu a sugestão e como a gente tinha toda a
imprensa como colaboradora, o resultado foi divulgado em tudo quanto era mídia
jornal impresso, televisão e rádio na época não tinha Internet. O “Datão” virou
o zezeu chegou a invadir a redação do Diário da Amazônia e queria esfolar vivo
o Zekatraca, só não conseguiu porque o Waldir Barba e a turma do deixa disso
interferiu. Até hoje o “Datão” não fala comigo.
Zk – Como vocês conseguiam
as fantasias, os vestidos?
Rosinaldo Machado – a gente
saia no comercio pedindo doações e conseguia muita coisa inclusive o patrocínio
do famoso caldo que era preparado por mim que primeiramente era servido na casa
do Cabo Omar e depois passou para o lanche do Seu João atrás da Casa da
Cultura.
Zk – Qual o problema do
Bloco das Piranhas?
Rosinaldo Machado – a gente
saia com um mundaréu de jornalistas e muitas autoridades do judiciário, do
legislativo, todos fantasiados e poucos pessoas sabiam quem era. Nosso grande
problema era que quando entrava na Joaquim Nabuco após se apresentar para o
Manelão que ficava na calçada de sua residência (onde hoje é a sede da Banda)
nos esperando, começava a se dispersar, enfim, o Bloco das Piranhas não agüentava
chegar na Sete de Setembro.
Zk – Tem uma história
interessante com o então governador Jorge Teixeira. Como foi?
Rosinaldo Machado – Certo
ano, o INSS estava em crise e eu saí vestido de Piranha Pobre e a Capa do
Jornal Alto Madeira de Quinta Feira após o carnaval publicou uma imagem minha
‘toda estabanada' com a manchete: “Machado, até quarta feira”. Quinta pela
manhã ao chegar ao palácio o Dodó motorista do governador disse: Olha Machado o
governador quer falar contigo! Quando entrei no gabinete o coronel estava com o
Alto Madeira na mão e disse pra mim assim: “Tu quer ser viado é? Vai ser viado
longe daqui do palácio” e eu coronel isso é brincadeira. “Não se brinca com
viadagem” claro que depois ele disse que era brincadeira.
Zk – O bloco parou em que
ano?
Rosinaldo Machado – Parou no
carnaval de 2 MIL. O pessoal antigo foi saindo o Miguel Silva não quis mais,
Lucivaldo Souza também a turma que realmente ajudava foi saindo e eu fiquei só
com o Rubens Coutinho que era meu vice-presidente, o Carlos III, mas, era pouca
gente pra muita responsabilidade. Nosso bloco não tinha fins lucrativo nenhum
era só fim alcoólico mesmo.
Zk – Como é a história do
ano que vocês saíram com a foto de uma vargina “virgem”?
Rosinaldo Machado – Quando a
Banda fez 15 anos, alguém que juro que não fui eu, fotografou o HIMEM de uma
mulher e fizemos um banner muito grande com aquela vargina ampliada que seria o
abre ala do bloco com a seguinte frase: “O Bloco das Piranhas nos seus 15 anos
continua assim... Virgem”. Na hora da saída da Banda e do Bloco o Manelão não
teve o que fazer escondeu o Poster e a gente procurando e nada. Dizem que a
dona do himem era uma moça muito bonita. Saímos só com a faixa e quando
chegamos em frente a casa do General parti pra cima dele com vontade de
esganá-lo, fiquei apenas no xingamento até que os seguranças dele me tiraram
dali.
Zk – Para encerrar. Quem é o
Rosinaldo Machado?
Rosinaldo Machado – Sou
paraense de Santarém mudei pro Rio de Janeiro ainda criança fiquei durante 25
anos, trabalhei 8 anos na revista Manchete, depois trabalhei na Zoom
Comunicação com o Hugo Carvana que inclusive foi meu padrinho de casamento.
Depois vim pra Manaus e participei de um concurso de fotografia em 1978
patrocinado pela prefeitura e eu ganhei, foi quando conheci o Coronel Teixeira
que era prefeito de Manaus que me convidou para ficar como seu fotografo. Em 79
ele demitiu todo mundo do seu staf e eu fui questioná-lo e ele disse, fui
nomeado governador do Território Federal de Rondônia e se você não quiser ficar
desempregado vai pra la comigo.
Zk – Bom! Essa é outra
história que vamos contar em breve.
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