sábado, 23 de janeiro de 2016

ROSINALDO MACHADO

Histórias do Bloco das Piranhas na Banda


Considerado um dos melhores e mais conceituados fotógrafos da região Norte, Rosinaldo Machado um dos fundadores do Bloco das Piranhas que por mais de 20 anos desfilou como o Abre Alas da Banda do Vai Quem Quer conta historias hilariantes sobre os bastidores do Bloco que causava muito polêmica no meio da sociedade de Porto Velho.

ENTREVISTA

Zk – Como e quando nasceu o Bloco das Piranhas?
Rosinaldo Machado – O Bloco das Piranhas nasceu um ano após a criação da Banda do Vai Quem Quer, ou seja, em 1982. Foi quando o pessoal da imprensa que normalmente trabalhava no carnaval, achou que o dia mais ou menos adequado, para se reunir e brincar era o sábado na Banda. A gente reunido numa mesa no “Bar do Canto” onde estavam Miguel Silva, Lucivaldo Souza, Edinho Marques, Sergio Valente e muitos outros que não lembro o nome agora e então resolvemos criar um bloco. no momento surgiram diversos nomes: Bloco dos Machões, Bloco dos Viados entre outros.
Zk – E o que aconteceu?
Rosinaldo Machado – Por sugestão do Sergio Valente (que foi a noiva do bloco por muitos anos), o nome escolhido foi Bloco das Piranhas. Fiz contato com o Manelão expliquei a situação e ele aceitou que o nosso bloco se incorporasse à Banda com uma condição: Ele não se vestiria de mulher já que fizemos o convite pra ele sair junto com o Sergio Valente como dama de honra e ele não aceitou.

Zk – E no Bloco passou a ser o Abre Alas da Banda a Comissão de Frente?
Rosinaldo Machado – A gente abria o desfile e sempre levávamos faixas com frases que causavam polêmica, exemplo: Quando o Collor foi eleito presidente colocamos uma faixa bem grande com o tema “Piranhas Coloridas comeram Lula”. A turma do PT que sempre estava por perto criou o maior caso e o pau comeu. Vale salientar que o autor das frases usadas como tema das Piranhas era o saudoso jornalista Paulo Queiroz que apesar de não desfilar, era um dos nossos grandes incentivadores.
Zk – Outras polêmicas?
Rosinaldo Machado – Certa vez passamos pelo colégio Maria Auxiliadora e surrupiamos de lá umas roupas das estudantes, hábitos das freiras e também roubamos os paramentos do Padre Zenildo. Naquele ano o Padre Zenildo estava lá na varanda da Rádio Caiari. Quem estava vestido de Padre era um hoje famoso professor da UNIR, que saia “benzendo” as pessoas com uma Cuia de Cachaça e uma Miratinga na mão. Quando descemos Sete de Setembro abrimos uma faixa que dizia “Piranhas do Auxiliadora”. Alguém foi chamar a diretora do Colégio Maria auxiliadora a irmã Inácia e ela quase desmaia. Resumindo, no dia seguinte o Secretário de Segurança Dr. Hélio Máximo prendeu todo mundo da diretoria do bloco e nós ainda bêbados perguntamos o motivo pelo qual ele estava nos prendendo. “Dom José arcebispo de Porto Velho mandou prender vocês todos e mais se vocês não devolverem os paramentos dominicais do padre Zenildo e as roupas das alunas e o hábito da irmã ele vai excomungar todas as Piranhas de Porto Velho
Zk – É verdade que o bloco teve marchinha especial na Banda?
Rosinaldo Machado – A marchinha “Praça Rondon” o Silvio Santos fez em homenagem as Piranhas a letra original é a seguinte: “Eu vou iniciar meu carnaval no sábado, na Banda do Vai Quem Quer, vou no BLOCO DAS PIRANHAS, vou vestido de Mulher e quando foram gravar no Rio de Janeiro em 1987 tiraram Bloco das Piranhas e colocaram “Vou brincar descontraído de Metralha ou de Mulher” se referindo ao episódio que acontece no carnaval de 86 quando policiais federais entraram dando tiro de metralhadora no meio da Banda. Foi sacanagem do Silvio Santos tirar as Piranhas da letra.
Zk – Por quanto tempo o Bloco saiu na Banda?
Rosinaldo Machado – Durante 21 anos o Bloco acompanhou a Banda. O pessoal antigo foi saindo e eu continuava presidente, saiu o Sérgio Valente e entrou o professor Bosco (Bosquinho) como Noiva e depois assumiu o posto de noiva um artista plástico bem magrinho o Gibasan. O Bloco das Piranhas era muito alegre muito interessante que se reunia na casa do Cabo Omar e foi justamente numa das concentrações na Casa do Cabo Omar que chegou um jornalista paulista branquinho que tinha vindo cobrir o carnaval de Porto Velho.
Zk – Então?
Rosinaldo Machado – Ele se empolgou fez algumas entrevistas e como era tradição estávamos servindo o famoso “Caldo da Piranha” e rolava muita cachaça, cerveja, uísque e tudo quanto era tipo de bebida e até lança perfume que o Chiquito Paiva arranjava. Depois que esse jornalista estava bêbado fizemos ele se vestir de mulher pra desfilar no bloco, ele era da Folha de São Paulo vestimos uma mini blusa e uma saia que micro mesmo e ainda tiramos a cueca dele e ele não percebeu ou fingiu que não percebeu porque durante o desfile ele começou a pular e dançar (pensando que estava de cueca) e botava a bunda pra cima e quando voltava de frente a saiazinha levantava e o “cacete” aparecia, o problema foi que a mulher dele veio junto fazer a reportagem, e o cara, uma hora mostrava a bunda e outra o bilau. No meio do desfile ela se apavorou o pegou pelo cabelo tirou do bloco, colocou uma toalha e saiu arrastando o coitado pela avenida. Ele anoiteceu em Porto Velho e não amanheceu.

Zk – Como foi a história da eleição para escolher a nova noiva quando o Sergio Valente morreu?
Rosinaldo Machado – Existe um jornalista muito conhecido, vamos chamá-lo nessa reportagem de “Datão” para não sofremos nenhum dano físico. Bom o fato aconteceu durante a Feijoada que realizamos na Casa do Kupê justamente para eleger a nova noiva do bloco. O Conselho do Bloco se reuniu, inclusive estava presente o Manelão e o Zekatraca. Na hora que abrimos as inscrições para ver quem gostaria de ser a nova noiva do Bloco o Lucivaldo Souza um dos fundadores da entidade gritou de lá, vamos eleger o “Datão” e todo mundo aplaudiu a sugestão e como a gente tinha toda a imprensa como colaboradora, o resultado foi divulgado em tudo quanto era mídia jornal impresso, televisão e rádio na época não tinha Internet. O “Datão” virou o zezeu chegou a invadir a redação do Diário da Amazônia e queria esfolar vivo o Zekatraca, só não conseguiu porque o Waldir Barba e a turma do deixa disso interferiu. Até hoje o “Datão” não fala comigo.
Zk – Como vocês conseguiam as fantasias, os vestidos?
Rosinaldo Machado – a gente saia no comercio pedindo doações e conseguia muita coisa inclusive o patrocínio do famoso caldo que era preparado por mim que primeiramente era servido na casa do Cabo Omar e depois passou para o lanche do Seu João atrás da Casa da Cultura.
Zk – Qual o problema do Bloco das Piranhas?
Rosinaldo Machado – a gente saia com um mundaréu de jornalistas e muitas autoridades do judiciário, do legislativo, todos fantasiados e poucos pessoas sabiam quem era. Nosso grande problema era que quando entrava na Joaquim Nabuco após se apresentar para o Manelão que ficava na calçada de sua residência (onde hoje é a sede da Banda) nos esperando, começava a se dispersar, enfim, o Bloco das Piranhas não agüentava chegar na Sete de Setembro.
Zk – Tem uma história interessante com o então governador Jorge Teixeira. Como foi?
Rosinaldo Machado – Certo ano, o INSS estava em crise e eu saí vestido de Piranha Pobre e a Capa do Jornal Alto Madeira de Quinta Feira após o carnaval publicou uma imagem minha ‘toda estabanada' com a manchete: “Machado, até quarta feira”. Quinta pela manhã ao chegar ao palácio o Dodó motorista do governador disse: Olha Machado o governador quer falar contigo! Quando entrei no gabinete o coronel estava com o Alto Madeira na mão e disse pra mim assim: “Tu quer ser viado é? Vai ser viado longe daqui do palácio” e eu coronel isso é brincadeira. “Não se brinca com viadagem” claro que depois ele disse que era brincadeira.

Zk – O bloco parou em que ano?
Rosinaldo Machado – Parou no carnaval de 2 MIL. O pessoal antigo foi saindo o Miguel Silva não quis mais, Lucivaldo Souza também a turma que realmente ajudava foi saindo e eu fiquei só com o Rubens Coutinho que era meu vice-presidente, o Carlos III, mas, era pouca gente pra muita responsabilidade. Nosso bloco não tinha fins lucrativo nenhum era só fim alcoólico mesmo.
Zk – Como é a história do ano que vocês saíram com a foto de uma vargina “virgem”?
Rosinaldo Machado – Quando a Banda fez 15 anos, alguém que juro que não fui eu, fotografou o HIMEM de uma mulher e fizemos um banner muito grande com aquela vargina ampliada que seria o abre ala do bloco com a seguinte frase: “O Bloco das Piranhas nos seus 15 anos continua assim... Virgem”. Na hora da saída da Banda e do Bloco o Manelão não teve o que fazer escondeu o Poster e a gente procurando e nada. Dizem que a dona do himem era uma moça muito bonita. Saímos só com a faixa e quando chegamos em frente a casa do General parti pra cima dele com vontade de esganá-lo, fiquei apenas no xingamento até que os seguranças dele me tiraram dali.
Zk – Para encerrar. Quem é o Rosinaldo Machado?


Rosinaldo Machado – Sou paraense de Santarém mudei pro Rio de Janeiro ainda criança fiquei durante 25 anos, trabalhei 8 anos na revista Manchete, depois trabalhei na Zoom Comunicação com o Hugo Carvana que inclusive foi meu padrinho de casamento. Depois vim pra Manaus e participei de um concurso de fotografia em 1978 patrocinado pela prefeitura e eu ganhei, foi quando conheci o Coronel Teixeira que era prefeito de Manaus que me convidou para ficar como seu fotografo. Em 79 ele demitiu todo mundo do seu staf e eu fui questioná-lo e ele disse, fui nomeado governador do Território Federal de Rondônia e se você não quiser ficar desempregado vai pra la comigo.

Zk – Bom! Essa é outra história que vamos contar em breve.

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