segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Lenha na Fogueira - 20.01.15


Brasil Esplendor das Três Raças – Esse é o nome do enredo da escola de samba Pobres do Caiari do carnaval de 1972.

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Dona Marise desta vez resolveu contar a história das três raças que formaram a população brasileira. O Branco, o Negro e o Índio.

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O mote que me foi passado era que deveria basear a letra do samba de enredo, na viagem de Cabral que culminou com o descobrimento do Brasil.

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O casamento de Camaru com a índia Paraguaçu e na cultura do batuque trazida pelos escravos.

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Pela primeira vez, compus um samba de enredo em parceria com outra pessoa, nesse caso, o parceiro foi o João Feitosa um rondoniense de Porto Velho que mora em Fortaleza (CE) até hoje e que a época estava passando férias em Porto Velho.

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João Feitosa é exímio violonista e por isso o procurei para me auxiliar a harmonizar a melodia do samba!

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Bom, como sempre, me afoguei na leitura sobre a história do Brasil e principalmente nas viagens dos portugueses em busca de iguarias das índias e outros continentes  o que culminou com o “descobrimento” do Brasil.

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Dona Marise havia recomendado que colocássemos dentro do samba um “Vira” música popular portuguesa e isso quase me deixa careca, pois não sabia nada sobre a música de Portugal.
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Depois de algum tempo a letra e a melodia estava pronta, fui a residência da família do João Feitosa e mostrei o que tinha e então ele pegou o violão e começou a trabalhar a harmonia o que ficou muito bom.

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Vejam que o negócio agora estava mais profissional, não apenas o Silvio Santos apenas na percussão compondo um samba de enredo, tinha alguém que entendia de música realmente.

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Vale salientar que o João era Oficial da Polícia Militar do estado do Ceará, um cidadão de patente que tinha que se preservar de algumas coisas, como por exemplo, andar metido em desfile de escola de samba. “Como se trata apenas de harmonizar tua música acho que não vai ter problema”.

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Subimos a ladeira e era o mês de dezembro de 1971 no rumo do bairro Caiari, precisamente da Casa do Zeca Melo onde a escola se concentrava para ensaiar. Dona Marise veio e juntamente com a cúpula da escola, ouviu o samba que cantei acompanhado pelo magnífico violonista João Feitosa.
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Aprovado sem nenhuma emenda, fomos para a casa do Dimas Queiroz e da Célia que ficava na esquina da Carlos Gomes com a Major Guapindaia (hoje Rogério Weber), onde existia um toca disco com gravador e gravamos o samba. Siga a letra:

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“Brasil, Esplendor das Três Raças” de Silvio M. Santos e João Feitosa.

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Neste carnaval, nós queremos exaltar! O berço nacional descoberto por Cabral. Desde Afonso Henriques, fundador da primeira Dinastia, com seus Reis e Rainhas e Camões o poeta genial! Que festejando as descobertas, cantavam o estribilho de cor.

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Lá em cima esta o tiro liro, liro. Cá em baixo está o tiro, liro, ló.

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E sambando no momento. Prestamos homenagem especial, ao venturoso D. Manoel, que autorizou a viagem de Cabral.

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Que no 22 de abril/Viu Vera Cruz/Santa Cruz/Depois Brasil!

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Glórias aos heróis da colonização, e aos primitivos habitantes da nação. Ao fabuloso Caramuru, que se casou com a índia Paraguaçu. E já no tempo da escravidão, escravos negros revoltados com os patrões, depois de violentas lutas, batucando festejam com o refrão:

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Hei Aruanda!/Hei Arue/Tem rodada de macumba/Tem dança de Candomblé. [Neste carnaval].

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Resultado, nota dez de todos os jurados e a Caiari, Tri Campeã do carnaval de rua de Porto Velho do ano de 1972!

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