Estamos de volta com as
histórias dos sambas enredos composto por nós. Felizmente muita gente está
acompanhando a nossa trajetória como compositor de samba enredo das escolas de
Porto Velho e de outras cidades e estados.
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O certo é que os comentários
positivos me fazem prosseguir escrevendo sobre os sambas enredos que compus.
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Sinhá Moça (Sandra Castiel) e seu par Dilson Machado |
Sinhá
Moça e a Abolição – O primeiro samba enredo de uma escola de
samba de Porto Velho. Acompanhe como nasceu:
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A professora Marise Castiel
assumiu a direção de carnaval da escola de samba Pobres do Caiari dias depois
do desfile de 1969.
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E quando começaram as
reuniões para se discutir o desfile da escola no carnaval de 1970, ela
apresentou o Tema Enredo: “Sinhá Moça e a Abolição” baseado no
romance escrito por Maria Dezonne Pacheco Fernandes publicado em 1950.
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Aprovada a sugestão, dona
Marise mandou me chamar em sua residência a rua Santos Dumont no bairro Caiari
e me entregou o Livro dizendo: “Menino
leia esse livro e me faça um samba enredo...”
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Para ser sincero, eu nunca
havia composto um samba enredo, nem eu e nem ninguém de Porto Velho. O que eu
havia composto era uma samba no ano de 1966 em parceria com o Zé Carlos Lobo
(ainda vou contar a história desse samba) e foi justamente o Zé Carlos que
disse pra dona Marise que eu sabia fazer samba enredo.
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Com o livro debaixo do
braço, fui pro Bar do Canto beber a famosa “Batida” e fingir que lia na
realidade, de vez em quando dava uma olhada num parágrafo.
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Isso era o mês de outubro de
1969, os ensaios da escola estavam acontecendo no quintal da casa do Zeca Melo
colado à Garagem do Governo ali onde hoje está a “Arte Flor”.
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Lembro que li realmente a história
da Sinhá Moça umas dez vezes. Estava com a história impregnada no cérebro,
acontece que nada da inspiração melódica/poética “baixar”.
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O Neguinho Menezes recém
chegado do Rio de Janeiro, havia feito um samba exaltando a escola e era o que
se cantava nos ensaios: “Ornamentei
nossa escola de samba, e transformei nossa gente, em uma roda de bomba. A
batucada é inovação, nossas cabrochas, chamam a atenção. Todos que vem
aplaudir, Os Pobres Caiari, têm satisfação...
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Em meados do mês de janeiro
de 1970, a diretoria da escola me botou na roda durante o ensaio, querendo
saber do Samba Enredo. Silvio canta pra gente o samba enredo, o carnaval ta
chegando e você não passou o samba para o Mestre Flávio, você fez ou não fez o
samba?
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“E eu sem ter escrito uma
linha sequer, falei: O Samba ta pronto, só precisa ser ‘lapidado”.
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- “Então canta pelo menos o
refrão pra gente. - Vamos lá pra dentro da casa do Zeca que eu canto.
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A mesa ficou repleta de
diretores, entre eles o Zeca Melo, Dimas Queiroz, Zé Carlos Lobo, Lucivaldo
Melo, João Ramiro e outro que não recordo.
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Juro por Deus! Sentei e
comecei a batucar na mesa e cantei o samba todinho, sem ter escrito uma linha
sequer. A turma toda aplaudiu.
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E todos junto comigo, que também
não cabia de tanta felicidade fomos para a garagem aonde estava acontecendo o
ensaio e lá eu cantei:
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Na literatura nacional, eu
fui buscar o tema do meu carnaval, e nas buscas que fiz, encontrei uma
escritora genial. Das suas obras famosas, escolhi Sinhá Moça e a Abolição, hoje
saio a avenida cantando, essa linda canção: Abolição, abolição! Sinhá Moça e a
Abolição...!
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O desfile foi na avenida
Pinheiro Machado recém asfaltada e a Escola de Samba Pobres do Caiari foi pela
primeira vez, campeã do carnaval de rua de Porto Velho!
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