No dia 11 passado, o
compositor especializado em samba de enredo Bainha, completou 76 anos de idade.
A festa aconteceu em dois momentos. Primeiro durante a Fina Flor do Samba da
última sexta feira 15, coordenada pelo Ernesto Melo no Mercado Cultural onde
Bainha mostrou parte da sua obra musical e recebeu parceiros como Silvio
Santos, Oscar Knight e Waldison Pinheiro para cantar algumas composições. Há
muito a praça do Mercado Cultural não recebia tanta gente como na noite do dia
15. O portelense apaixonado começou sua apresentação, cantando sambas da antiga
e depois mostrou suas composições em ritmos diversos inclusive forró: “Vou
viajar amanhã, vou tomar banho de praia em Fortaleza do Abunã”, um forró no
estilo xaxado; cantou o Mocambo “Berço da boemia”, e o partido alto “Ô Luzia
Abre o Bar” e “Na Tenda do Tigre vai levantar poeira”. A cada música o público
aplaudia e alguns se arriscavam mostrar o samba no pé. Na hora de mostrar
alguns sambas enredos convidou alguns parceiros que estavam presentes para
cantarem juntos, o primeiro foi “Odoiá Bahia” com Silvio Santos, depois com os
parceiros Oscar Knightz e Misteira mostrou composições da Diplomatas e
Asfaltão. “Infelizmente nosso tempo é limitado! Para realmente mostrarmos toda
produção musical do Bainha seriam necessárias mais de uma Fina Flor”, comentou
Ernesto Melo.
A comemoração dos 76 anos do
Bainha continuou sábado 16, na Taba do Cacique com almoço regado a muito samba em
especial, as composições do Bainha e a surpresa que com certeza o deixou
bastante emocionado, que foram as historias contada por amigos e familiares
sobre seus momentos com o homenageado. Ernesto Melo lembrou no seu depoimento,
o episódio no qual deixou de ganhar o concurso de samba enredo da escola de
samba Pobres do Caiari, porque o Bainha comandou a torcida em favor do samba do
Silvio. “Meu samba estava cotadíssimo e na hora da apresentação do samba do
Silvio o Bainha entra no “Reza Forte”, com uma equipe jogando papel picado e
ainda me colocou quatro mulatas sambando na frente dos jurados, não deu outra.
Ali eu vi que para ganhar da Santíssima Trindade do Samba de Porto Velho
(Bainha, Silvio e Babá) teria que aprender muito” contou Ernesto.
Waldemir
Pinheiro
Bainha nasceu Waldemir
Pinheiro da Silva no dia 11 de agosto de 1938 no Forte Príncipe da Beira no
Vale do Guaporé, filho de Francisco e Marieta. Com apenas um ano de idade veio
para Porto Velho onde viveu e vive até os dias de hoje principalmente no bairro
Nossa Senhora das Graças, KM-1 ou Santa Bárbara. Na letra do samba “Sete de
Setembro” Bainha conta a história do bairro no seu tempo de criança, com seus
clubes, casas freqüentadas por prostitutas e seu times de futebol. “Sou
da Sete de Setembro lá do Km-1, terra de gente bamba de muita mulher, futebol e
samba...”. A boemia passou a fazer parte de sua vida aos 12 anos de
idade, quando passou a acompanhar seu irmão Alípio as reuniões da “Vila
Confusão”. “Comecei a tocar pandeiro acompanhando músicos como Capote um dos
melhores violonistas que já passou por aqui e o meu irmão Alípio que também era
músico. O nome ‘Confusão’ foi dado à Vila porque as bebedeiras sempre
terminavam em confusão”.
O
Apelido Bainha
Esse apelido era do meu
irmão Waldir pai do Misteira, Zé Baixinho e Pedro Wilson no inicio eu era “o
irmão do Bainha”, depois pegou de vez pra mim, o Waldir ficou Waldir e eu
fiquei Bainha. Outra versão para o apelido era que quando jovem frequentador
das casas de prostituição era considerado defensor das prostituas, e costumava sempre
portar uma faca e na hora dos “pegas” alguém alertava, “Cuidado que ele tem uma
faca na ‘Bainha’.
O
Músico
Quando surgiu a Bossa Nova,
Porto Velho também aderiu à moda do samba elaborado, então, o violonista Paulo
Santos juntamente com Bainha, Ricardo e Cabeleira criaram o “Conjunto Bossa
Nova”. Isso foi 1958. “Paulo Santos ao violão, Ricardo no bongô, Eu na conga e
o Cabeleira na maracá, depois entrou o Leônidas”, lembra Bainha. O Bossa Nova
era o conjunto mais requisitado para acompanhar os artistas que visitavam Porto
Velho.
O
criador de escola de samba
Bainha entre todos os
sambistas de Porto Velho foi o que criou mais escola de samba: Começou na “Deixa
Falar do Bola Sete” e depois fundou juntamente com o Valério, Ricardo,
Cabeleira e Tário Café a “Prova de Fogo” (1958) que em 1960 passou a “Universidade
dos Diplomatas do Samba” e hoje apenas “Os Diplomatas”. Em 1975 juntamente com
o Silvio Santos e o Deusdete Moraes de Paula e outros, criou a escola de samba
“Mocidade Independente do KM -1”. Foi um dos fundadores da escola de samba
“Unidos da Castanheira”, e a pedido do governador Jorge Teixeira de Oliveira
montou juntamente com o Silvio Santos a escola de samba “Unidos da Nova Porto
Velho”. Em Ji Paraná colaborou com a estruturação da escola de samba
“Acadêmicos do Samba Vale do Guaporé”.
Por tudo isso Bainha é
considerado o “Mestre” de todos os sambistas de Rondônia. Tem mais de cem
composições nos ritmos de marchinhas, forró, samba de meio de ano, partido alto
e principalmente samba de enredo. Suas músicas e sua história são contada e
cantada nas mesas de todos os bares e rodas de samba de Porto Velho.
Parabéns Mestre Bainha!
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