Por Analton
Alves
Último dos líderes do Quilombo
dos Palmares, Zumbi, o fantasma, espectro defensor das almas africanas,
dispensou acordo de paz com a Coroa Portuguesa e estabeleceu a marca de uma
resistência dentro da então Capitania de Pernambuco, atual região de União dos
Palmares, Alagoas. O fato histórico, mesmo com a extinção do quilombo, algumas
décadas depois, foi vivificado e a escravidão negra caminhava para a abolição.
O Brasil, diante da germinação de uma repulsa à sistematização da escravatura,
também via nascer uma nova ordem em que brancos e negros precisariam conviver e
se alimentar do mesmo pão que aquela terra brotaria. Também uma nova luta, com
a junção da mistura dos pardos, filhos dessa conexão de povos, parecia nascer
no seio de um instante de ebulição que chegaria aos tempos atuais com a cara
fechada para o muro alto que cerca a casa dos inquilinos do Legislativo
Federal. Resistência contemporânea que diz não, todos os dias, para a mão
fraudulenta de políticos que se arranja, de qualquer jeito, dentro dos restos
mortais que a Coroa Portuguesa deixou como herança. Mas, bem e mal se
equilibram eternamente e haverá sempre um Zumbi, que seja pós-moderno, marcando
renitência contra essa coisa eterna que nos ameaça sempre, a moléstia
administrativa pública.
O Zumbi do
Judiciário, ministro Joaquim Barbosa, se negou ao acordo com o Legislativo,
como também o fez Zumbi dos Palmares, na ocasião se negando a aceitar acordo de
paz com o governador da Capitania de Pernambuco. Como resultado, uma dezena de
escravocratas moderninhos foi parar no xilindró. O aceno dos presos petistas
para os amigos do curral eleitoral pegou mal e, teve gente balbuciando: - o
capataz mais cruel é aquele que já foi escravo. Dito isto, uma alusão àqueles
que já foram “povo” e fizeram fortunas às custas de uma nação vítima de um novo
modelo de escravidão. A escravidão
voluntária. Um tipo de escravo que não é possível libertar com missões pesadas
e arrojadas, montando focos de resistência. E mesmo um Zumbi pós-moderno como o
nosso Joaquim Barbosa, Zumbi do Judiciário, e não dos Palmares, terá
dificuldades para fazê-lo. Irá precisar ancorar o barco pesado da navegação
libertária a outras paragens menos carregadas. Cairia bem uma volta ao passado
para uma visita à “Serra da Barriga”, onde nascera o Zumbi original. Quem sabe
ali, diante de tantos guerreiros fantasma, espectro defensores de almas
escravas injustiçadas, talvez uma solução para essa luta perversa, fria e lenta
contra a corrupção que nasceu no Brasil com a chegada da Coroa Portuguesa.
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