sexta-feira, 15 de novembro de 2013

GRANDES EDITORES DE JORNAIS EM RONDÔNIA

CARLOS SPERANÇA NETO - CARLÃO 

A partir desta edição, vamos publicar uma série de entrevista, sempre aos finais de semana, com a história vividas pelos editores dos grandes jornais de Rondônia. Essa decisão foi tomada, durante a oficina oferecida pelo governo do estado, através do Decom no final do mês de outubro passado, quando vimos reunidos e até fazendo palestra, jornalistas que atuaram como editores dos jornais Estadão, O Guaporé, O Parceleiro, Alto Madeira e Diário da Amazônia. Foi o encontro dos jurássicos do jornalismo regional. O analista político Carlos Sperança o Carlão, foi o escolhido para iniciar essa série, por ter sido o responsável pela implantação do jornal Estadão do Norte e também do Diário da Amazônia. Na pauta temos os editores Antônio Queiroz, Osmar Silva e Valdir Costa. Hoje quem nos passa seus conhecimentos é o mais lido colunista político de Rondônia, Carlão Sperança – Sem Papas na Língua.

ENTREVISTA

Zk – Vamos falar sobre sua origem
Carlos Sperança – Meu vô que foi prefeito de Caçador em Santa Catarina é o verdadeiro Carlos Sperança. Na verdade eu tenho uma espécie de DNA jornalístico, meu pai foi fundador do primeiro jornal de Cascavel no Paraná. Na época, ele carregou de Guarapuava a Cascavel as impressoras em lombo de burro. Com quatro cinco anos eu já estava dentro da redação de um jornal e emissora de rádio, meu irmão é jornalista historiador e também tem grande influencia na minha formação.
Zk – E Rondônia?
Carlos Sperança – Na verdade eu não queria vir pra cá e catimbei o máximo possível. Daí tinha vindo um amigo meu pra cá que se chamava Paulo Martins que veio dirigir a rádio Eldorado e sugeriu ao Mário Calixto a implantação do jornal, além de recomendar a minha contratação. Eu era editor do jornal “Fronteira do Iguaçu” e também trabalhava na rádio Independência de Cascavel e o Paulo ficava me instigando: “Vem pra cá, isso aqui é cinco vezes maior que Cascavel” (na época não era), mesmo assim, resolvi vir passar uns trinta, sessenta dias, o tempo necessário para implantação do jornal Estadão, isso em 1980. Só que como dizem, bebeu da água do Madeira não sai mais daqui. Foi o que aconteceu comigo. O certo é que completei recentemente 32 anos em Rondônia.

Zk – Vamos falar mais um pouco da implantação do jornal Estadão?
Carlos Sperança – Trouxe toda a equipe técnica, o Estadão foi o primeiro jornal em Offset de Rondônia. Aqui já tinha o Anselmo os demais eu trouxe do Paraná inclusive jornalistas. Aliás, a imprensa de Rondônia tem uma forte influencia do jornalismo paranaense, porque tanto na implantação do Estadão como na do Diário da Amazônia vieram vários jornalistas do Paraná para cá.
Zk – Você veio pra cá de ônibus?
Carlos Sperança – Vim de avião. É uma história muito interessante isso aí. O avião que vinha pra cá chegou a Foz do Iguaçu fazendo fumaça, quer dizer, com algum problema, tanto que os Bombeiros tiveram que apagar o fogo, com isso a viagem não pode acontecer naquele dia, o avião tinha que ser revisado. Dos oitenta passageiros que estavam programados para embarcar, apenas 17 tiveram coragem e entre esses estava eu. Desembarquei em Porto Velho no dia 31 de outubro de 1980.
Zk – Em sua coluna, desde os tempos do Estadão, você costuma contar histórias pitorescas que realmente aconteceram no jornalismo de Rondônia. Quer lembrar algumas?
Carlos Sperança – Quando cheguei aqui, a cidade vivia o auge do garimpo de ouro e da colonização com a chegada de migrantes. Aliás, se trata da maior diáspora, a maior transferência de população do mundo a que aconteceu em Rondônia entre 1979 e 1984 por aí. É uma colonização muito maior do que foi a da Califórnia nos Estados Unidos da América, assim como a diáspora dos curdos na região do Iraque. Bom, assim que cheguei fui eleito presidente da Associação dos Jornalistas e tinha muito aventureiro aqui em Rondônia. Lembro de um jornalista que deu um cano no hotel Guaporé. Ele estava uns três meses sem pagar a estadia e para escapar, içou a mala do segundo andar do hotel pra baixo e depois desceu as escadas numa desabalada carreira para pegar a mala e fugir, terminou preso e como presidente da Associação dos Jornalistas fui à delegacia solta-lo. Já no jornal, um dos fatos interessantes foi esse: Eu tinha um repórter policial que era boliviano e sempre tinha manchete muito esquisita, uma delas foi: “PRESO ESTUPRADOR COM A ARMA DO CRIME NA MÃO”.

Zk – E o caso da onça?
Carlos Sperança – A imprensa de Rondônia está cansada de dar barrigadas terríveis. Tivemos em 1981 o caso do passageiro da Eucatur no trajeto de Porto Velho a Cuiabá. Naquela época os ônibus não tinham banheiro, então nas proximidades de Vilhena – 25 km, um passageiro sentiu necessidade de ir ao mato fazer necessidades fisiológicas, já que estava com dor de barriga (diarreia), como o passageiro demorou a voltar e já estava noitinha, e ouviram os esturros que pareciam de onça e ainda por cima, encontraram vestígios de sangue no local, deduziram que ele havia sido devorado pela onça. Os jornais de Porto Velho então estamparam em suas manchetes: “Onça devora passageiro nas proximidades de Vilhena”. Passada uma semana o cara chega em Vilhena a pé, e explica que tinha se perdido. Os jornais de Porto Velho tiveram que dar a contra notícia. O pior é que o episódio já tinha saído nas grandes revistas brasileiras da época e até na rede Euro da Europa, inclusive com charge da onça devorando o sujeito de cócoras, então a imprensa de Rondônia ficou envergonhada de desfazer a notícia. Na verdade a informação havia sido passada por um delegado de Vilhena.
Zk – Você acompanhou todo desenrolar da política de Rondônia estado. Como funcionava a política em Rondônia no inicio da elevação a estado?
Carlos Sperança – Sou colunista político desde os 20 anos de idade. Em Rondônia a primeira eleição em 1982 vivenciei como editor do jornal O Guaporé que era do Mucio Athaíde. Na época, havia uma briga política bem grande entre o governador Jorge Teixeira e o Bengala então vivi essa briga do lado do PMDB. Acompanhei o nascimento de lideranças como a Raquel Cândido, Thomas Correa, Ronaldo Aragão. Mais tarde deixei o jornal O Guaporé, porque o Mucio praticamente havia abandonado Rondônia por Brasília então fui acompanhar o outro lado, ao ser contratado como primeiro assessor de imprensa da Assembleia Legislativa pelo José Bianco.
Zk – Vamos fazer uma pausa na sua história para falar sobre o Múcio Athaíde?
Carlos Sperança – É muito interessante a história do Homem do Chapéu como ficou conhecido o Múcio.  Ele era milionário, aliás, um dos maiores milionários que já conheci. Ele me ofereceu um contrato no qual eu ganhava dez vezes mais do que ganhava no Estadão e ainda me deu direito a férias no Caesar Park Hotel em Ipanema. Imagina um capiau como eu com uma mala de dinheiro e hospedado num dos melhores hotéis do mundo. Troquei de lado na hora! Aí falei pro Mário Calixto que ia receber uma herança em Caçador Santa Catarina e que não iria voltar mais. O Mário não queria me liberar e me ofereceu inclusive uns terrenos, na verdade eu já estava com a mala pronta pra virar a casaca. Fui trabalhar na campanha do Mucio que foi o primeiro político a trazer para Rondônia Trio Elétrico eram dois trios.  O interessante é que até hoje, pouca gente sabe que a equipe de marketing dele, foi a mesma que elegeu o Brizola governador do Rio de Janeiro. Era gente formada na Sorbone, sociólogos de primeira linha, o menos preparado nesse bojo todo era eu. Eles tinham umas ideias de marketing político muito interessantes pra não dizer esquisitas e uma dessas ideias, sobrou pra mim, foi a chamada Bomba de Ji Paraná.
Zk – Como aconteceu?
Carlos Sperança – Os marqueteiros inventaram que num comício do Mucio em Ji Paraná, foi encontrada no palanque uma bomba, que segundo eles, era para ser detonada na hora do discurso do candidato. O fato causou repercussão nacional com os jornais do Rio e São Paulo publicando o “Atentado contra o candidato a deputado federal por Rondônia Mucio Athayde”. Acontece que a polícia civil e federal queria porque queria ver o artefato.  Então a equipe bolou uma bomba com cabeça de fósforo, pedaços de lixa e outras coisas para apresentar à polícia. Só que a equipe no dia marcado para a apresentação da tal bomba, desapareceu da cidade e me deixou sozinho no fogo. Peguei aquela suposta bomba e fui ao DP e lá estava toda a imprensa, delegados e policiais, quando coloquei aquele negócio em cima da mesa do delegado, era todo mundo com medo, até que alguém tomou coragem e abriu a “Bomba”, quando viram o que tinha dentro caíram na gargalhada aliviados e eu que já havia tocado piano, me safei da prisão e a suspeita que pairava sobre o Teixeirão deixou de existir.

Zk – Por falar nisso, esse negócio de acusar a oposição de terrorismo é comum em Rondônia?
Carlos Sperança – Exatamente. Quando mataram o Agenor de Carvalho, acusaram o governo de ser o mandante fato que ficou provado depois que não era. Na época do Cassol chegaram a envolvê-lo na morte do Apoena Meirelles. O pessoal aqui não hesita em colocar a culpa no governo quando acontece um caso dessa natureza.

Zk – Você foi assessor de muitos políticos?

Carlos Sperança – Fui sim. Tem um caso interessante: Na passagem do cargo do prefeito José Guedes pro Chiquilito a briga era tão grande, que o pessoal do Guedes não queria passar as chaves dos telefones para o prefeito Chiquilito, então me chamaram de lado em plena posse dos secretários, e me entregaram aquele monte de chave, Depois peguei uma esculhambação do Chiquilito por não ter participado da posse. Fui secretário de comunicação no governo do Chiquilito graças a aliança dele com o Amizael Silva de quem eu era o assessor de imprensa na Assembleia.

Zk – E o caso que você assumiu antes da posse do governador?
Carlos Sperança – Esse foi no governo Bianco. O pessoal do Decom foi lá no jornal comigo, dois dias antes do Raupp entregar o governo ao Bianco e falou: Carlão sabemos que é você que vai assumir o Decom e viemos te passar a situação, lá não tem computador, não tem papel higiênico, não tem nem faxineira. Resumindo, assumi o Decom antes do Bianco assumir o governo. Aqui quando um governo perde a eleição, a equipe raspa o tacho. Todo mundo faz isso, com o Confúcio vai ser a mesma coisa.

Zk – A pratica da corrupção que se verifica até hoje nos meios políticos de Rondônia vem de onde?
Carlos Sperança – O trem começou a degringolar mesmo a partir do inicio da década de noventa com a chamada bancada do pó, o envolvimento de parlamentares de Rondônia com o tráfico de cocaína. Foi um período tão negro que deputado de Rondônia negava Rondônia antes que o galo cantasse, ou seja, quando perguntado pela imprensa de onde era, diziam que era de outro estado menos de Rondônia. Naquela época com a cassação do Jabes Rabelo e Raquel Cândido, Rondônia chegou ao ápice da sujeira. Até então os escândalos na ALE não eram tão grande, depois foi que aconteceu o caso das passagens, e cada presidente tentando superar o outro nas falcatruas. Depois disso tivemos o escândalo das fitas quando o Fantástico sujou Rondônia até a medula. Da década de noventa pra cá, a classe política só joga contra o Estado. Graças a Deus o povo de Rondônia é muito trabalhador e por causa disso o estado continua crescendo. A classe política joga pra trás e o povo de Rondônia joga pra frente.

Zk – Você sempre atuou como editor, diretor de redação?
Carlos Sperança – É verdade, porém volta e meia faço reportagem, aqui mesmo no Diário faço algumas entrevistas com governador, prefeito, senador etc. Gosto muito de mostrar os dois lado. É muito difícil saber quando o político está falando a verdade e se você não se policiar, acaba virando mentiroso que nem eles. Para evitar esse envolvimento mentiroso, quando me convidam para festa de político, coquetel essas coisas, tô fora! A não ser que o cara seja meu amigo de vinte, trinta anos, se não, quero distância.

Zk – Você trabalhou em quais jornais aqui em Rondônia?
Carlos Sperança – Comecei no Estadão, fiz Jornal do Brasil, O Guaporé, voltei pro Estadão e na epopeia da criação do Diário da Amazônia participei junto com o Emir, Valdir Costa e o Mauro Sfair. Fiz muita assessoria de imprensa. Amizael Silva, Sidney Guerra, Chiquilito, Governo Bianco. Tem também a revista Momento.

Zk – Agora vamos falar sobre o Diário da Amazônia?
Carlos Sperança – Eu estava em licença da prefeitura de Porto Velho por decisão do prefeito Chiquilito e do vice Amizael. Na segunda campanha do Chiquilito aconteceu o seguinte problema: Eu era indicação do Amizael, mas era também assessor de imprensa do Chiquilito enquanto prefeito. O Chiquilito falou: Se o Carlão fizer campanha contra mim, vou me desmoralizar, meu próprio assessor de imprensa fazendo campanha contra e o Amizael que saiu candidato a prefeito também pensou do mesmo jeito, resultado me deram licença, me botaram pra fora de Rondônia por algum período. Como não consigo ficar muito tempo fora de confusão, me convidaram nesse período que fui expurgado de Rondônia para editar um jornal que se chama “Hoje” lá em Cascavel e logo em seguida cacei confusão com o prefeito, foi quando o Emir que era dono do jornal O Paraná me convidou: “Sei que você está pra voltar pra Rondônia e nós queremos montar um jornal lá. Por inciativa do grupo Eucatur. Você gostaria de participar dessa história?”. Topo respondi.

Zk – E aí?
Carlos Sperança – As primeiras reuniões para a criação do Diário da Amazônia aconteceram na casa do Emir lá na região do Country Club em Cascavel, apenas eu e o Emir na segunda e na terceira já estavam o Valdir Costa que veio a ser o Editor e o filho do Emir Mauro Sfair. Já aqui em Porto Velho, começamos a fazer as primeiras pautas do Diário sob grande revolta do Estadão e do Alto Madeira. Lembro que fui entrevistar o Mário e ele não aceitou falar, pois não concordava com a implantação de outro jornal em Rondônia. O Diário foi se consolidando e hoje é um dos maiores e melhores da região e coleguinha do Estadão e do Alto Madeira.

Zk – Como foi que realmente o seu Assis entrou na parada?
Carlos Sperança – Pois bem, o grupo Eucatur queria implantar um jornal aqui em Rondônia. Lembro que na décadas de oitenta seu Assis chegou a me consultar sobre a possibilidade e eu o incentivei dizendo que o mercado era muito bom. Só não assumi compromisso com ele porque estava no Estadão. Passado algum tempo, seu Assis conversa com o Emir e estabelece a parceria para a criação do Diário da Amazônia.

Zk – Tem algum fato pitoresco passado no Diário da Amazônia?
Carlos Sperança – O Diário da Amazônia foi considerado o jornal mais moderno na época, pois já surgiu todo informatizado. Fato pitoresco teve sim: Os índios vieram a redação do Diário pra me dar uma surra. Acontece que publiquei matéria denunciando alguns índios que estavam com pilantragem, ficando milionário a custa do seu povo. Outra briga foi com os macumbeiros, feiticeiros falsos profetas e videntes de Rondônia.
Zk – Qual o motivo?
Carlos Sperança – Eles profetizaram na época, que o Natanael ia ser o governador de Rondônia e acabou em último lugar. O Cassol que era o último colocado acabou ganhando. Os videntes de Rondônia são tão pilantras quanto os institutos de pesquisa. Tem um monte de pilantra e sem vergonha fazendo pesquisa política aqui. Aí fiz um artigo dizendo que os bruxos, videntes, macumbeiros e feiticeiros não prestavam que era uma raça de sem vergonha, filho disso, filha daquilo, esculhambei até o talo.  Aí eles se revoltaram contra minha pessoa, chegaram a jogar terra de cemitério no meu sobrado, segundo eles, dentro de um ano eu estaria morto esturricado, pobre falido. Um ano depois eu tinha comprado duas casas e estava mais gordo, aí voltei a esculhambar todos eles. A briga foi tão grande na imprensa que os pastores evangélicos entraram na parada pra me proteger.
Zk – Esse teu estilo de escrever: Sem Papas na Língua, já sofreu retaliação?
Carlos Sperança – Já teve prefeito, governador, senador pedindo minha cabeça. Isso aconteceu centenas de vezes. Originalmente minha coluna era na página 3, por determinações políticas fui transferido para a página 4. Na época que denunciei os Danadons fui processado, inclusive eles ganharam em primeira instância, eu deveria pagar aos Donadons R$ 3 Mil e ainda sair pintando rodapé de escola. Recorri em segunda instancia e ganhei. Jornalista político que quer fazer alguma coisa decente sofre bastante.

Zk – 2014 será ano de eleição. Na sua visão quem está na parada e poderá ser o governador de Rondônia?
Carlos Sperança – As eleições do ano que vem, são as mais indefinidas que já tive conhecimento. O ponto de partida da definição é o ponto de partida do governador Confúcio Moura de ser candidato ou não. A partir daí é que a oposição vai montar suas estratégias. Como é da conveniência do governador catimbar o jogo até o ano que vem, nessa jogada ele vai atrasando o processo sucessório. Na verdade, não existe nenhum candidato ao governo para as próximas eleições. É tudo especulação.

Zk – Voltando à década de oitenta. Qual seu relacionamento com o governador Jorge Teixeira.
Carlos Sperança – Fiz oposição a ele quando trabalhei no jornal O Guaporé e no Estadão, mas o considero o melhor governador que Rondônia já teve.

Zk – E o Jerônimo Santana?
Carlos Sperança – O Jerônimo que é conhecido também como Bengala, ganhou a eleição para prefeito e depois para governador por causa da Aliança Liberal. Houve uma reviravolta política aqui. Na época o favorito era o Chiquilito, mas, o Jerônimo acabou ganhando, foi uma reviravolta nacional, tanto que o PMDB ganhou em quase todos os estados. Como prefeito foi um dos piores que Porto Velho já teve. Como governador foi bem melhor, pouca gente sabe, mas, boa parte da malha rodoviária de Rondônia foi feita no governo do Jerônimo Santana que também teve um bom secretário de saúde que foi o Confúcio Moura.

Zk – Para começar a encerrar esse papo. Vamos lembrar o tempo dos jornalistas boêmios?
Carlos Sperança – No tempo dos puteiros do Roque. Adoro falar sobre isso. O Roque foi um dos maiores puteiros a céu aberto do Brasil, eram mais ou menos 10 mil pessoas entre putas, advogados, jornalistas, garimpeiro era tudo junto e misturado. Assistindo esses dias o filme Serra Pelada, achei muito parecido com o que acontecia no Roque. Os jornalista da época eram muito notívago, eu vivia boa parte do meu tempo lá no Roque, bebendo, esculhambando os políticos, namorando puta. Vendo escândalos de mulheres que abandonavam os maridos e esses iam lá pegar pelo cabelos pra levar embora. Uma das coisas mais interessantes que conheci na minha vida, foi a grande Zona do Roque.

Zk – Você já pensou em escrever um livro?
Carlos Sperança – Quando vim pra cá na década de oitenta, já tinha publicado um livro em parceria com meu irmão com a história do Paraná. Quem quiser ler é só acessar na Internet. Como falta apenas um ano para minha aposentadoria e como muita história politica ainda não posso contar sob pena de levar um tiro porque existe muita gente viva ainda. Inclusive os traficantes que queimaram minha casa e me botaram pra fora de Rondônia por uns tempos. É história de corrupção mesmo, de bandalheira.


Zk – Quanto as fontes?
Carlos Sperança – Preservo muito bem minhas fontes. Quando um político vem me dizer que líder nas pesquisas, eu mesmo caio em campo para ver se é verdade. Já cheguei a dizer e digo constantemente que a pesquisa que ele está divulgando é mentirosa. Até hoje nenhum me desmentiu. Um conselho a quem está iniciando ou pretende atuar no jornalismo político. Não acredite em política. Consulte pelo menos três fontes antes de publicar declarações de políticos se não você vai se transformar num grande mentiroso e em consequência ficará desacreditado como analista político.

Zk – Para os jovens que pretendem seguir a carreira de jornalista?
Carlos Sperança – Entendo que o jornalista de hoje, o mínimo que ele tem que fazer é escrever bem. Tem muito jornalista de granja que não dá para se aproveitar. Segundo, o jornalista formado tem que saber situações como, Lei Orgânica do Município, Constituição Estadual e Constituição Federal e por último tem que saber inglês ou espanhol

Zk – O jornal impresso tem futuro?

Carlos Sperança – ainda tem futuro por um pouco de tempo, mas, vai ter que ser reinventado.

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