CARLOS SPERANÇA NETO - CARLÃO
A partir desta edição, vamos
publicar uma série de entrevista, sempre aos finais de semana, com a história
vividas pelos editores dos grandes jornais de Rondônia. Essa decisão foi tomada,
durante a oficina oferecida pelo governo do estado, através do Decom no final
do mês de outubro passado, quando vimos reunidos e até fazendo palestra,
jornalistas que atuaram como editores dos jornais Estadão, O Guaporé, O
Parceleiro, Alto Madeira e Diário da Amazônia. Foi o encontro dos jurássicos do
jornalismo regional. O analista político Carlos Sperança o Carlão, foi o
escolhido para iniciar essa série, por ter sido o responsável pela implantação
do jornal Estadão do Norte e também do Diário da Amazônia. Na pauta temos os
editores Antônio Queiroz, Osmar Silva e Valdir Costa. Hoje quem nos passa seus
conhecimentos é o mais lido colunista político de Rondônia, Carlão Sperança –
Sem Papas na Língua.
ENTREVISTA
Zk – Vamos falar sobre sua
origem
Carlos Sperança – Meu vô que
foi prefeito de Caçador em Santa Catarina é o verdadeiro Carlos Sperança. Na
verdade eu tenho uma espécie de DNA jornalístico, meu pai foi fundador do
primeiro jornal de Cascavel no Paraná. Na época, ele carregou de Guarapuava a
Cascavel as impressoras em lombo de burro. Com quatro cinco anos eu já estava
dentro da redação de um jornal e emissora de rádio, meu irmão é jornalista
historiador e também tem grande influencia na minha formação.
Zk – E Rondônia?
Carlos Sperança – Na verdade
eu não queria vir pra cá e catimbei o máximo possível. Daí tinha vindo um amigo
meu pra cá que se chamava Paulo Martins que veio dirigir a rádio Eldorado e
sugeriu ao Mário Calixto a implantação do jornal, além de recomendar a minha
contratação. Eu era editor do jornal “Fronteira do Iguaçu” e também trabalhava
na rádio Independência de Cascavel e o Paulo ficava me instigando: “Vem pra cá,
isso aqui é cinco vezes maior que Cascavel” (na época não era), mesmo assim,
resolvi vir passar uns trinta, sessenta dias, o tempo necessário para
implantação do jornal Estadão, isso em 1980. Só que como dizem, bebeu da água
do Madeira não sai mais daqui. Foi o que aconteceu comigo. O certo é que completei
recentemente 32 anos em Rondônia.
Zk – Vamos falar mais um pouco
da implantação do jornal Estadão?
Carlos Sperança – Trouxe
toda a equipe técnica, o Estadão foi o primeiro jornal em Offset de Rondônia.
Aqui já tinha o Anselmo os demais eu trouxe do Paraná inclusive jornalistas.
Aliás, a imprensa de Rondônia tem uma forte influencia do jornalismo paranaense,
porque tanto na implantação do Estadão como na do Diário da Amazônia vieram
vários jornalistas do Paraná para cá.
Zk – Você veio pra cá de
ônibus?
Carlos Sperança – Vim de
avião. É uma história muito interessante isso aí. O avião que vinha pra cá
chegou a Foz do Iguaçu fazendo fumaça, quer dizer, com algum problema, tanto
que os Bombeiros tiveram que apagar o fogo, com isso a viagem não pode
acontecer naquele dia, o avião tinha que ser revisado. Dos oitenta passageiros
que estavam programados para embarcar, apenas 17 tiveram coragem e entre esses
estava eu. Desembarquei em Porto Velho no dia 31 de outubro de 1980.
Zk – Em sua coluna, desde os
tempos do Estadão, você costuma contar histórias pitorescas que realmente
aconteceram no jornalismo de Rondônia. Quer lembrar algumas?
Carlos Sperança – Quando
cheguei aqui, a cidade vivia o auge do garimpo de ouro e da colonização com a
chegada de migrantes. Aliás, se trata da maior diáspora, a maior transferência
de população do mundo a que aconteceu em Rondônia entre 1979 e 1984 por aí. É
uma colonização muito maior do que foi a da Califórnia nos Estados Unidos da
América, assim como a diáspora dos curdos na região do Iraque. Bom, assim que
cheguei fui eleito presidente da Associação dos Jornalistas e tinha muito
aventureiro aqui em Rondônia. Lembro de um jornalista que deu um cano no hotel
Guaporé. Ele estava uns três meses sem pagar a estadia e para escapar, içou a
mala do segundo andar do hotel pra baixo e depois desceu as escadas numa
desabalada carreira para pegar a mala e fugir, terminou preso e como presidente
da Associação dos Jornalistas fui à delegacia solta-lo. Já no jornal, um dos
fatos interessantes foi esse: Eu tinha um repórter policial que era boliviano e
sempre tinha manchete muito esquisita, uma delas foi: “PRESO ESTUPRADOR COM A ARMA DO CRIME NA MÃO”.
Zk – E o caso da onça?
Carlos Sperança – A imprensa
de Rondônia está cansada de dar barrigadas terríveis. Tivemos em 1981 o caso do
passageiro da Eucatur no trajeto de Porto Velho a Cuiabá. Naquela época os
ônibus não tinham banheiro, então nas proximidades de Vilhena – 25 km, um
passageiro sentiu necessidade de ir ao mato fazer necessidades fisiológicas, já
que estava com dor de barriga (diarreia), como o passageiro demorou a voltar e
já estava noitinha, e ouviram os esturros que pareciam de onça e ainda por cima,
encontraram vestígios de sangue no local, deduziram que ele havia sido devorado
pela onça. Os jornais de Porto Velho então estamparam em suas manchetes: “Onça
devora passageiro nas proximidades de Vilhena”. Passada uma semana o cara chega
em Vilhena a pé, e explica que tinha se perdido. Os jornais de Porto Velho
tiveram que dar a contra notícia. O pior é que o episódio já tinha saído nas
grandes revistas brasileiras da época e até na rede Euro da Europa, inclusive
com charge da onça devorando o sujeito de cócoras, então a imprensa de Rondônia
ficou envergonhada de desfazer a notícia. Na verdade a informação havia sido
passada por um delegado de Vilhena.
Zk – Você acompanhou todo
desenrolar da política de Rondônia estado. Como funcionava a política em
Rondônia no inicio da elevação a estado?
Carlos Sperança – Sou
colunista político desde os 20 anos de idade. Em Rondônia a primeira eleição em
1982 vivenciei como editor do jornal O Guaporé que era do Mucio Athaíde. Na
época, havia uma briga política bem grande entre o governador Jorge Teixeira e
o Bengala então vivi essa briga do lado do PMDB. Acompanhei o nascimento de
lideranças como a Raquel Cândido, Thomas Correa, Ronaldo Aragão. Mais tarde
deixei o jornal O Guaporé, porque o Mucio praticamente havia abandonado
Rondônia por Brasília então fui acompanhar o outro lado, ao ser contratado como
primeiro assessor de imprensa da Assembleia Legislativa pelo José Bianco.
Zk – Vamos fazer uma pausa
na sua história para falar sobre o Múcio Athaíde?
Carlos Sperança – É muito
interessante a história do Homem do Chapéu como ficou conhecido o Múcio. Ele era milionário, aliás, um dos maiores
milionários que já conheci. Ele me ofereceu um contrato no qual eu ganhava dez
vezes mais do que ganhava no Estadão e ainda me deu direito a férias no Caesar
Park Hotel em Ipanema. Imagina um capiau como eu com uma mala de dinheiro e
hospedado num dos melhores hotéis do mundo. Troquei de lado na hora! Aí falei
pro Mário Calixto que ia receber uma herança em Caçador Santa Catarina e que
não iria voltar mais. O Mário não queria me liberar e me ofereceu inclusive uns
terrenos, na verdade eu já estava com a mala pronta pra virar a casaca. Fui
trabalhar na campanha do Mucio que foi o primeiro político a trazer para
Rondônia Trio Elétrico eram dois trios.
O interessante é que até hoje, pouca gente sabe que a equipe de marketing
dele, foi a mesma que elegeu o Brizola governador do Rio de Janeiro. Era gente
formada na Sorbone, sociólogos de primeira linha, o menos preparado nesse bojo
todo era eu. Eles tinham umas ideias de marketing político muito interessantes
pra não dizer esquisitas e uma dessas ideias, sobrou pra mim, foi a chamada
Bomba de Ji Paraná.
Zk – Como aconteceu?
Carlos Sperança – Os
marqueteiros inventaram que num comício do Mucio em Ji Paraná, foi encontrada
no palanque uma bomba, que segundo eles, era para ser detonada na hora do
discurso do candidato. O fato causou repercussão nacional com os jornais do Rio
e São Paulo publicando o “Atentado contra o candidato a deputado federal por
Rondônia Mucio Athayde”. Acontece que a polícia civil e federal queria porque
queria ver o artefato. Então a equipe
bolou uma bomba com cabeça de fósforo, pedaços de lixa e outras coisas para
apresentar à polícia. Só que a equipe no dia marcado para a apresentação da tal
bomba, desapareceu da cidade e me deixou sozinho no fogo. Peguei aquela suposta
bomba e fui ao DP e lá estava toda a imprensa, delegados e policiais, quando
coloquei aquele negócio em cima da mesa do delegado, era todo mundo com medo, até
que alguém tomou coragem e abriu a “Bomba”, quando viram o que tinha dentro
caíram na gargalhada aliviados e eu que já havia tocado piano, me safei da
prisão e a suspeita que pairava sobre o Teixeirão deixou de existir.
Zk – Por falar nisso, esse
negócio de acusar a oposição de terrorismo é comum em Rondônia?
Carlos Sperança –
Exatamente. Quando mataram o Agenor de Carvalho, acusaram o governo de ser o
mandante fato que ficou provado depois que não era. Na época do Cassol chegaram
a envolvê-lo na morte do Apoena Meirelles. O pessoal aqui não hesita em colocar
a culpa no governo quando acontece um caso dessa natureza.
Zk – Você foi assessor de
muitos políticos?
Carlos Sperança – Fui sim.
Tem um caso interessante: Na passagem do cargo do prefeito José Guedes pro
Chiquilito a briga era tão grande, que o pessoal do Guedes não queria passar as
chaves dos telefones para o prefeito Chiquilito, então me chamaram de lado em
plena posse dos secretários, e me entregaram aquele monte de chave, Depois
peguei uma esculhambação do Chiquilito por não ter participado da posse. Fui
secretário de comunicação no governo do Chiquilito graças a aliança dele com o
Amizael Silva de quem eu era o assessor de imprensa na Assembleia.
Zk – E o caso que você assumiu
antes da posse do governador?
Carlos Sperança – Esse foi
no governo Bianco. O pessoal do Decom foi lá no jornal comigo, dois dias antes
do Raupp entregar o governo ao Bianco e falou: Carlão sabemos que é você que
vai assumir o Decom e viemos te passar a situação, lá não tem computador, não
tem papel higiênico, não tem nem faxineira. Resumindo, assumi o Decom antes do
Bianco assumir o governo. Aqui quando um governo perde a eleição, a equipe
raspa o tacho. Todo mundo faz isso, com o Confúcio vai ser a mesma coisa.
Zk – A pratica da corrupção
que se verifica até hoje nos meios políticos de Rondônia vem de onde?
Carlos Sperança – O trem
começou a degringolar mesmo a partir do inicio da década de noventa com a
chamada bancada do pó, o envolvimento de parlamentares de Rondônia com o
tráfico de cocaína. Foi um período tão negro que deputado de Rondônia negava
Rondônia antes que o galo cantasse, ou seja, quando perguntado pela imprensa de
onde era, diziam que era de outro estado menos de Rondônia. Naquela época com a
cassação do Jabes Rabelo e Raquel Cândido, Rondônia chegou ao ápice da sujeira.
Até então os escândalos na ALE não eram tão grande, depois foi que aconteceu o
caso das passagens, e cada presidente tentando superar o outro nas falcatruas.
Depois disso tivemos o escândalo das fitas quando o Fantástico sujou Rondônia
até a medula. Da década de noventa pra cá, a classe política só joga contra o
Estado. Graças a Deus o povo de Rondônia é muito trabalhador e por causa disso
o estado continua crescendo. A classe política joga pra trás e o povo de
Rondônia joga pra frente.
Zk – Você sempre atuou como
editor, diretor de redação?
Carlos Sperança – É verdade,
porém volta e meia faço reportagem, aqui mesmo no Diário faço algumas
entrevistas com governador, prefeito, senador etc. Gosto muito de mostrar os
dois lado. É muito difícil saber quando o político está falando a verdade e se
você não se policiar, acaba virando mentiroso que nem eles. Para evitar esse
envolvimento mentiroso, quando me convidam para festa de político, coquetel
essas coisas, tô fora! A não ser que o cara seja meu amigo de vinte, trinta
anos, se não, quero distância.
Zk – Você trabalhou em quais
jornais aqui em Rondônia?
Carlos Sperança – Comecei no
Estadão, fiz Jornal do Brasil, O Guaporé, voltei pro Estadão e na epopeia da
criação do Diário da Amazônia participei junto com o Emir, Valdir Costa e o
Mauro Sfair. Fiz muita assessoria de imprensa. Amizael Silva, Sidney Guerra,
Chiquilito, Governo Bianco. Tem também a revista Momento.
Zk – Agora vamos falar sobre
o Diário da Amazônia?
Carlos Sperança – Eu estava
em licença da prefeitura de Porto Velho por decisão do prefeito Chiquilito e do
vice Amizael. Na segunda campanha do Chiquilito aconteceu o seguinte problema:
Eu era indicação do Amizael, mas era também assessor de imprensa do Chiquilito
enquanto prefeito. O Chiquilito falou: Se o Carlão fizer campanha contra mim,
vou me desmoralizar, meu próprio assessor de imprensa fazendo campanha contra e
o Amizael que saiu candidato a prefeito também pensou do mesmo jeito, resultado
me deram licença, me botaram pra fora de Rondônia por algum período. Como não
consigo ficar muito tempo fora de confusão, me convidaram nesse período que fui
expurgado de Rondônia para editar um jornal que se chama “Hoje” lá em Cascavel
e logo em seguida cacei confusão com o prefeito, foi quando o Emir que era dono
do jornal O Paraná me convidou: “Sei que você está pra voltar pra Rondônia e
nós queremos montar um jornal lá. Por inciativa do grupo Eucatur. Você gostaria
de participar dessa história?”. Topo respondi.
Zk – E aí?
Carlos Sperança – As
primeiras reuniões para a criação do Diário da Amazônia aconteceram na casa do
Emir lá na região do Country Club em Cascavel, apenas eu e o Emir na segunda e
na terceira já estavam o Valdir Costa que veio a ser o Editor e o filho do Emir
Mauro Sfair. Já aqui em Porto Velho, começamos a fazer as primeiras pautas do
Diário sob grande revolta do Estadão e do Alto Madeira. Lembro que fui
entrevistar o Mário e ele não aceitou falar, pois não concordava com a
implantação de outro jornal em Rondônia. O Diário foi se consolidando e hoje é
um dos maiores e melhores da região e coleguinha do Estadão e do Alto Madeira.
Zk – Como foi que realmente
o seu Assis entrou na parada?
Carlos Sperança – Pois bem,
o grupo Eucatur queria implantar um jornal aqui em Rondônia. Lembro que na
décadas de oitenta seu Assis chegou a me consultar sobre a possibilidade e eu o
incentivei dizendo que o mercado era muito bom. Só não assumi compromisso com
ele porque estava no Estadão. Passado algum tempo, seu Assis conversa com o
Emir e estabelece a parceria para a criação do Diário da Amazônia.
Zk – Tem algum fato
pitoresco passado no Diário da Amazônia?
Carlos Sperança – O Diário
da Amazônia foi considerado o jornal mais moderno na época, pois já surgiu todo
informatizado. Fato pitoresco teve sim: Os índios vieram a redação do Diário
pra me dar uma surra. Acontece que publiquei matéria denunciando alguns índios
que estavam com pilantragem, ficando milionário a custa do seu povo. Outra
briga foi com os macumbeiros, feiticeiros falsos profetas e videntes de
Rondônia.
Zk – Qual o motivo?
Carlos Sperança – Eles
profetizaram na época, que o Natanael ia ser o governador de Rondônia e acabou
em último lugar. O Cassol que era o último colocado acabou ganhando. Os
videntes de Rondônia são tão pilantras quanto os institutos de pesquisa. Tem um
monte de pilantra e sem vergonha fazendo pesquisa política aqui. Aí fiz um
artigo dizendo que os bruxos, videntes, macumbeiros e feiticeiros não prestavam
que era uma raça de sem vergonha, filho disso, filha daquilo, esculhambei até o
talo. Aí eles se revoltaram contra minha
pessoa, chegaram a jogar terra de cemitério no meu sobrado, segundo eles,
dentro de um ano eu estaria morto esturricado, pobre falido. Um ano depois eu
tinha comprado duas casas e estava mais gordo, aí voltei a esculhambar todos
eles. A briga foi tão grande na imprensa que os pastores evangélicos entraram
na parada pra me proteger.
Zk – Esse teu estilo de
escrever: Sem Papas na Língua, já sofreu retaliação?
Carlos Sperança – Já teve
prefeito, governador, senador pedindo minha cabeça. Isso aconteceu centenas de
vezes. Originalmente minha coluna era na página 3, por determinações políticas
fui transferido para a página 4. Na época que denunciei os Danadons fui
processado, inclusive eles ganharam em primeira instância, eu deveria pagar aos
Donadons R$ 3 Mil e ainda sair pintando rodapé de escola. Recorri em segunda
instancia e ganhei. Jornalista político que quer fazer alguma coisa decente
sofre bastante.
Zk – 2014 será ano de
eleição. Na sua visão quem está na parada e poderá ser o governador de
Rondônia?
Carlos Sperança – As
eleições do ano que vem, são as mais indefinidas que já tive conhecimento. O
ponto de partida da definição é o ponto de partida do governador Confúcio Moura
de ser candidato ou não. A partir daí é que a oposição vai montar suas estratégias.
Como é da conveniência do governador catimbar o jogo até o ano que vem, nessa
jogada ele vai atrasando o processo sucessório. Na verdade, não existe nenhum
candidato ao governo para as próximas eleições. É tudo especulação.
Zk – Voltando à década de
oitenta. Qual seu relacionamento com o governador Jorge Teixeira.
Carlos Sperança – Fiz
oposição a ele quando trabalhei no jornal O Guaporé e no Estadão, mas o
considero o melhor governador que Rondônia já teve.
Zk – E o Jerônimo Santana?
Carlos Sperança – O Jerônimo
que é conhecido também como Bengala, ganhou a eleição para prefeito e depois
para governador por causa da Aliança Liberal. Houve uma reviravolta política
aqui. Na época o favorito era o Chiquilito, mas, o Jerônimo acabou ganhando,
foi uma reviravolta nacional, tanto que o PMDB ganhou em quase todos os
estados. Como prefeito foi um dos piores que Porto Velho já teve. Como
governador foi bem melhor, pouca gente sabe, mas, boa parte da malha rodoviária
de Rondônia foi feita no governo do Jerônimo Santana que também teve um bom
secretário de saúde que foi o Confúcio Moura.
Zk – Para começar a encerrar
esse papo. Vamos lembrar o tempo dos jornalistas boêmios?
Carlos Sperança – No tempo
dos puteiros do Roque. Adoro falar sobre isso. O Roque foi um dos maiores
puteiros a céu aberto do Brasil, eram mais ou menos 10 mil pessoas entre putas,
advogados, jornalistas, garimpeiro era tudo junto e misturado. Assistindo esses
dias o filme Serra Pelada, achei muito parecido com o que acontecia no Roque.
Os jornalista da época eram muito notívago, eu vivia boa parte do meu tempo lá
no Roque, bebendo, esculhambando os políticos, namorando puta. Vendo escândalos
de mulheres que abandonavam os maridos e esses iam lá pegar pelo cabelos pra
levar embora. Uma das coisas mais interessantes que conheci na minha vida, foi
a grande Zona do Roque.
Zk – Você já pensou em
escrever um livro?
Carlos Sperança – Quando vim
pra cá na década de oitenta, já tinha publicado um livro em parceria com meu
irmão com a história do Paraná. Quem quiser ler é só acessar na Internet. Como
falta apenas um ano para minha aposentadoria e como muita história politica
ainda não posso contar sob pena de levar um tiro porque existe muita gente viva
ainda. Inclusive os traficantes que queimaram minha casa e me botaram pra fora
de Rondônia por uns tempos. É história de corrupção mesmo, de bandalheira.
Zk – Quanto as fontes?
Carlos Sperança – Preservo
muito bem minhas fontes. Quando um político vem me dizer que líder nas
pesquisas, eu mesmo caio em campo para ver se é verdade. Já cheguei a dizer e
digo constantemente que a pesquisa que ele está divulgando é mentirosa. Até
hoje nenhum me desmentiu. Um conselho a quem está iniciando ou pretende atuar
no jornalismo político. Não acredite em política. Consulte pelo menos três
fontes antes de publicar declarações de políticos se não você vai se
transformar num grande mentiroso e em consequência ficará desacreditado como
analista político.
Zk – Para os jovens que
pretendem seguir a carreira de jornalista?
Carlos Sperança – Entendo
que o jornalista de hoje, o mínimo que ele tem que fazer é escrever bem. Tem
muito jornalista de granja que não dá para se aproveitar. Segundo, o jornalista
formado tem que saber situações como, Lei Orgânica do Município, Constituição
Estadual e Constituição Federal e por último tem que saber inglês ou espanhol
Zk – O jornal impresso tem
futuro?
Carlos Sperança – ainda tem
futuro por um pouco de tempo, mas, vai ter que ser reinventado.
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