A cultura de um povo deve
ser respeitada em gênero número e grau, assim como suas tradições e histórias.
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Em Porto Velho, isso não vem
sendo observado, pelo menos pela produção de um determinado canal de televisão,
que insiste em colocar para leitura do apresentador do seu telejornal o termo:
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MANDIOCA DE MESA.
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Não estamos dizendo que o
termo é incorreto, muito pelo contrário, é corretíssimo.
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Acontece que na Amazônia
dificilmente se usa o termo Mandioca de Mesa, o que usamos é MACAXEIRA e em
algumas localidades Mandioca Mansa.
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Pesquisando, encontramos um
artigo que se refere ao assunto. Vejam um tópico desse estudo:
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A mandioca (Manihot
esculenta Crantz) é uma espécie domesticada nas terras baixas da América pelas
populações pré-colombianas. Diferencia-se das espécies selvagens do gênero Manihot
pela capacidade de propagação vegetativa e capacidade de algumas raízes se
diferenciarem em tuberosas para armazenar amido em grande quantidade.
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O local de domesticação não
é bem conhecido, mas evidências biológicas indicam ser a transição entre a
floresta amazônica e o cerrado, atualmente a divisa entre os Estados de Mato
Grosso, Rondônia, Amazonas e Tocantins.
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Devido a grande
adaptabilidade as condições edafoclimáticas as terras quentes da América
tornou-se alimentação básica de várias populações indígenas, especialmente na
Amazônia...
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A mandioca é dividida em dois grandes grupos:
um destinado à produção de produtos secos que exigem sistemas de processamento
mais complexo (farinha de mandioca e outras farinhas, fécula, beijus, etc) e
outro destinado ao consumo via úmida, cujo processamento se dá no ambiente
doméstico (cozida, frita, moqueada, etc), é a macaxeira ou mandioca de mesa
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O primeiro grupo é chamado
em linguagem técnica de mandioca para indústria e em linguagem popular
simplesmente mandioca.
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O segundo grupo é chamado em
linguagem técnica de mandioca para mesa, mas há várias denominações regionais:
aipim (região sul), macaxeira (norte/nordeste) ou simplesmente mandioca.
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E então! Viu aí que na
região norte a dita mandioca é conhecida como MACAXEIRA. Isso quer dizer, que é
tradição na região norte que é formada pelos estados do Pará, Amazonas,
Rondônia, Amapa, Acre, Roraima e Tocantins.
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Ninguém chega na feira e
pede ao feirante um quilo de MANDIOCA DE MESA, a gente pede MACAXEIRA; no
máximo Mandioca Mansa.
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Como dissemos acima, o termo
que vem sendo utilizado no dito jornal televisivo não está errado, mas, não é
cultural da nossa região.
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É a mesma coisa que acontece
com a nossa BANANA COMPRIDA que graças a falta de informação e até para chamar
mais a atenção do consumidor, passaram a chamá-la de BANANA DE FRITAR. Só se
for de fritar o “saco” de quem assim denomina a nossa querida BANANA COMPRIDA.
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Na Amazônia ninguém pede um
quilo de mandioca de Mesa, e nem tão pouco Mandioca para Cozinhar. Aqui o que
se pede é MACAXEIRA.
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No Nordeste a Embrapa
desenvolveu uma espécie de Macaxeira, mais rica em betacaroteno.
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Fonte natural de energia, as
raízes amarelas de mandioca têm maiores teores de betacaroteno (precursor de
vitamina A), micronutriente importante para a manutenção da saúde dos olhos. O
déficit de vitamina A está presente em populações carentes do Nordeste,
principalmente, em mulheres e crianças.
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Mesmo assim o nordestino costuma
pedir nas feiras e mercados, MACAXEIRA AMARELA.
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É tradição e cultural a
palavra MACAXEIRA.
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Assim como é tradição se
dizer BANANA COMPRIDA e não banana de fritar.
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Mandioca de mesa, macaxeira
ou aipim: a hortaliça negligenciada pelo Brasil é o título do artigo publicado
por Teresa Losada Valle Instituto Agronômico (IAC), Caixa Postal 28, 13012-970
Campinas-SP.
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No jornalismo é comum se
orientar o uso de termos populares e não técnicos, quando a matéria é direcionada
a população de um modo geral. Termos técnicos devem ser utilizados em matérias
destinadas a comunidade acadêmica ou especializada.
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Quando se trata de tradição
de um povo aí é que não deve ser modificado mesmo.
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Na Amazônia a farinha é de
mandioca, mas, bom mesmo é Macaxeira cozida no café da manhã. Ou será que o
redator não conhece os costumes da nossa região. É como diz o Amo de Tracoá
Paulinho Rodrigues: “Vamos acabar bebendo chimarrão na cuia de tacacá”.
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Outro fato que querem
transformar em “tradição” em Rondônia é o CALOTE. Até hoje não liberaram os
subsídios do Flor Maracuja e Duelo na Fronteira. É Calote oficial!
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