terça-feira, 4 de dezembro de 2012

LENHA NA FOGUEIRA 05.12.12


A cultura de um povo deve ser respeitada em gênero número e grau, assim como suas tradições e histórias.

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Em Porto Velho, isso não vem sendo observado, pelo menos pela produção de um determinado canal de televisão, que insiste em colocar para leitura do apresentador do seu telejornal o termo:

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MANDIOCA DE MESA.

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Não estamos dizendo que o termo é incorreto, muito pelo contrário, é corretíssimo.

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Acontece que na Amazônia dificilmente se usa o termo Mandioca de Mesa, o que usamos é MACAXEIRA e em algumas localidades Mandioca Mansa.

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Pesquisando, encontramos um artigo que se refere ao assunto. Vejam um tópico desse estudo:

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A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é uma espécie domesticada nas terras baixas da América pelas populações pré-colombianas. Diferencia-se das espécies selvagens do gênero Manihot pela capacidade de propagação vegetativa e capacidade de algumas raízes se diferenciarem em tuberosas para armazenar amido em grande quantidade.

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O local de domesticação não é bem conhecido, mas evidências biológicas indicam ser a transição entre a floresta amazônica e o cerrado, atualmente a divisa entre os Estados de Mato Grosso, Rondônia, Amazonas e Tocantins.

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Devido a grande adaptabilidade as condições edafoclimáticas as terras quentes da América tornou-se alimentação básica de várias populações indígenas, especialmente na Amazônia... 

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 A mandioca é dividida em dois grandes grupos: um destinado à produção de produtos secos que exigem sistemas de processamento mais complexo (farinha de mandioca e outras farinhas, fécula, beijus, etc) e outro destinado ao consumo via úmida, cujo processamento se dá no ambiente doméstico (cozida, frita, moqueada, etc), é a macaxeira ou mandioca de mesa

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O primeiro grupo é chamado em linguagem técnica de mandioca para indústria e em linguagem popular simplesmente mandioca.
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O segundo grupo é chamado em linguagem técnica de mandioca para mesa, mas há várias denominações regionais: aipim (região sul), macaxeira (norte/nordeste) ou simplesmente mandioca.

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E então! Viu aí que na região norte a dita mandioca é conhecida como MACAXEIRA. Isso quer dizer, que é tradição na região norte que é formada pelos estados do Pará, Amazonas, Rondônia, Amapa, Acre, Roraima e Tocantins.

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Ninguém chega na feira e pede ao feirante um quilo de MANDIOCA DE MESA, a gente pede MACAXEIRA; no máximo Mandioca Mansa.

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Como dissemos acima, o termo que vem sendo utilizado no dito jornal televisivo não está errado, mas, não é cultural da nossa região.

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É a mesma coisa que acontece com a nossa BANANA COMPRIDA que graças a falta de informação e até para chamar mais a atenção do consumidor, passaram a chamá-la de BANANA DE FRITAR. Só se for de fritar o “saco” de quem assim denomina a nossa querida BANANA COMPRIDA.

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Na Amazônia ninguém pede um quilo de mandioca de Mesa, e nem tão pouco Mandioca para Cozinhar. Aqui o que se pede é MACAXEIRA.

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No Nordeste a Embrapa desenvolveu uma espécie de Macaxeira, mais rica em betacaroteno.

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Fonte natural de energia, as raízes amarelas de mandioca têm maiores teores de betacaroteno (precursor de vitamina A), micronutriente importante para a manutenção da saúde dos olhos. O déficit de vitamina A está presente em populações carentes do Nordeste, principalmente, em mulheres e crianças.

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Mesmo assim o nordestino costuma pedir nas feiras e mercados, MACAXEIRA AMARELA.

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É tradição e cultural a palavra MACAXEIRA.

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Assim como é tradição se dizer BANANA COMPRIDA e não banana de fritar.

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Mandioca de mesa, macaxeira ou aipim: a hortaliça negligenciada pelo Brasil é o título do artigo publicado por Teresa Losada Valle Instituto Agronômico (IAC), Caixa Postal 28, 13012-970 Campinas-SP.

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No jornalismo é comum se orientar o uso de termos populares e não técnicos, quando a matéria é direcionada a população de um modo geral. Termos técnicos devem ser utilizados em matérias destinadas a comunidade acadêmica ou especializada.

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Quando se trata de tradição de um povo aí é que não deve ser modificado mesmo.

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Na Amazônia a farinha é de mandioca, mas, bom mesmo é Macaxeira cozida no café da manhã. Ou será que o redator não conhece os costumes da nossa região. É como diz o Amo de Tracoá Paulinho Rodrigues: “Vamos acabar bebendo chimarrão na cuia de tacacá”.

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Outro fato que querem transformar em “tradição” em Rondônia é o CALOTE. Até hoje não liberaram os subsídios do Flor Maracuja e Duelo na Fronteira. É Calote oficial!

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