Foi um final de semana dos melhores, o que passamos na festa de São Pedro do distrito de Nazaré.
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O barco recreio no qual viajamos, zarpou do porto do Cai
N’água em Porto Velho
exatamente as 11h30, da última sexta feira dia 6 e atracou no porto de Nazaré
por volta das 18h30. Vale salientar que o barco faz linha até Calama, porém,
noventa por cento dos passageiros daquela viagem, desembarcou em Nazaré. Aliás, foram
dois barcos lotados naquele dia. Sábado muitas outras pessoas desembarcaram
inclusive o casal Golda e Carlos Levy da Associação Curta Amazônia, sem contar
com universitários que participam de pesquisas com apoio do Núcleo de Apoio a
População Ribeirinha da Amazônia – Napra.
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Não sei a população de Nazaré, mas, creio que vi duplicou
durante a festa de São Pedro. Inclusive todas as pousadas estavam com lotação
esgotada e até barracas de camping vislumbramos ao longo da “passarela”.
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Não tem como não concordar, que Nazaré é a capital rondoniense
da cultura popular. Tim Maia e família (irmãos e filhos, sobrinhos e sobrinhas
e esposa), é o responsável por tudo que acontece relativo à cultura popular em
Nazaré.
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Através do Instituto Sócio Ambiental e Cultural Minhas
Raízes, são desenvolvidas oficinas de dança, canto e música de onde saem as
dançarinos e dançarinas do Seringandô, Carimbó, Boi Curumim e é claro, o grupo
musical Minhas Raízes e ainda tem o grupo de teatro.
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Esse pessoal organiza o festejo de São Pedro que este ano excepcionalmente,
aconteceu nos dias 6 e 7 de julho e não no dia do 29 de junho dia de São Pedro
oficialmente.
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O que assistimos principalmente na noite de sábado, foi uma
verdadeira aula de como se produz cultura popular com parcos recursos e o
melhor, com todos os grupos muito bem paramentados.
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Do boi bumbá Curumim que não é mirim e sim juvenil, à dança
da quadrilha “Flor da Laranjeira”, passando pela dança do Carimbo e a dança que
atualmente só é praticada em Nazaré dança do Seringandô, notamos que o figurino
das indumentárias foram muito bem trabalhada, cada uma dentro das
características tradicionais das danças apresentadas.
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A dança do Seringandô como dissemos acima, é exclusiva de
Nazaré, foi o pai do Tim Maia saudoso professor Maciel quem a trouxe da
localidade de Uruapiara no interior do Amazonas e introduziu em Nazaré. Seus filhos
Tim Maia, Túlio, Teimar e Taiguara após sua morte, em especial o Tim Maia
resolveram revitalizar a dança que a muito não era apresentada, para isso
reuniram jovens e passaram a coreografia e os cantos que lhes foram ensinados
por Maciel.
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A coreografia da dança Seringandô é praticamente a mesma do
Carimbo apenas com uma mudança. No Seringandô a mulher (dançarina) dança com um
lenço (laço) cujo objetivo, é laçar o cavalheiro que depois de laçado é
subjugado pelas mulheres. Segundo Paulinho Rodrigues pesquisador das danças
populares praticadas no baixo Madeira. O Seringandô é uma dança indígena
praticada pelos índios que habitavam a região chamada de Uruapiara que ao
ganharem os combates, levavam os inimigos para a aldeia e esses, eram
subjugados pelas mulheres índias, daí quando a dançarina laça o cavalheiros
todas as demais dançarinas simulam esse ato, usando o jovem laçado.
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É uma dança muito sensual que precisa ser mais divulgada.
Pensando nisso o secretário da Secel convidou o grupo a se apresentar na
abertura do Arraial Flor do Maracujá no dia 24 de agosto em Porto Velho.
Outra apresentação que nos chamou a atenção foi a do boi
bumbá Curumim. A juventude de Nazaré mostrou que sabe brincar e muito bem boi
bumbá.
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As toadas todas de autoria do Tim Maia são da melhor
qualidade musical.
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Além dos personagens que conhecemos na brincadeira de boi bumbá
o boi Curumim apresenta duas exclusivas. A Rainha do Boi e a Rainha do Lago
(Peixe Boi).
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Outro grupo que se destacou na festa, foi o Waku’mã que se
apresentou com a coreografia “Xiou Boto”. O grupo composto apenas por jovens do
sexo feminino residentes em Nazaré, participou das oficinas de dança
ministradas pela coreografa Livian Luíza. Salientamos a seriedade com a qual
Paulinho Rodrigues administra o Prêmio Klauss Viana (Funarte), que possibilita
a Waku’mã há cinco anos a realizar oficinas no distrito de Nazaré. A Waku’mã
ensina à dança clássica as jovens de Nazaré sem perder o foco das raízes das
danças caboclas. Assim, a gente teve a oportunidade de apreciar a coreografia
para uma música regional de autoria dos compositores de Nazaré, que em vários
momentos, nos lembravam o balet clássico. É a tal da dança da toada na sapatilha
de ponta, criada pelo Waku’mã. Parabéns ao Paulinho Rodrigues e sua equipe.
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Porém gostaria de chamar a atenção dos amigos leitores, para
a abertura do Flor do Maracujá no dia 24 de agosto, quando será apresentada a
Dança do Seringandô. Essa é muito boa, bonita e sensual!
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