VALE DO GUAPORÉ
A Festa do Divino começa em Costa Marques
A Festa tem sua origem em Portugal, foi estabelecida pela rainha Dª. Isabel, nas primeiras décadas do século XIV
A Festa do Divino Espírito Santo que acontece no Vale do Guaporé há mais de cem anos, inicia a romaria deste ano, nesta quarta feira dia 18 de abril, na cidade de Costa Marques, onde a Irmandade do Divino realiza os preparativos para a saída do Batelão com a Coroa, o Cetro e a Bandeira do Divino que percorrerá as cidades brasileiras e bolivianos do Vale do Rio Guaporé por quarenta dias.
O governo federal através do Iphan e o governo estadual através da Secel, encontram-se em Costa Marques registrando o inicio da Festa que só termina no dia 27 de maio na cidade boliviana de Piso Firme, após exatamente 40 dias de navegação. Vale salientar que a festa do Divino do Vale do Guaporé é a única realizada por via fluvial no mundo.
No site www.pakaas.net/di1.htm encontramos o seguinte relato a respeito da maior festa religiosa do Vale do Guaporé
Os festejos
Os festejos do Divino no Guaporé tem: o seu início a partir do momento em, que o Barco do Divino chega à localidade promotora da Festa do ano anterior, e o encarregado da Coroa recebe c Imperador do Divino da localidade, a Arca contendo a Coroa, a Bandeira, as Toalhas do altar e os livros de Ata. Isso ocorre após a quaresma, mais ou menos no período da Páscoa.
Tradicionalmente, a saída do barco dava-se no sábado de Aleluia. Hoje devido às inúmeras dificuldades que os peregrinos enfrentam, não há rigidez quanto à data de saída.
Após o encarregado da Coroa receber a Arca, o Barco do Divino inicia sua peregrinação ao longo do rio Guaporé, por quarenta dias, até o final da Festa, colhendo óbolos entre os ribeirinho, O Final da Festa dá-se no dia de Pentecostes.
Antigamente, a Peregrinação era feita em barco movido a remos. Hoje, os peregrinos utilizam um pequeno motor emprestado de algum membro da irmandade para movimentar a embarcação até perto da localidade, quando , então, o motor é desligado e os remeiros iniciam as remadas' cadenciadas impulsionando o barco até o porto.
Ao aproximar-se de cada povoação, o Barco do Divino anuncia a sua chegada através de ronqueira (artefato confeccionado em madeira com um cano de ferro por onde é introduzido a pólvora), três buzinadas em chifres de bois, e mais próximos, os remeiros entoam cânticos de chegada e fazem a "meia Lua", em frente ao porto, que consiste em três voltas circulares com, o barco, antes de aportar. As remadas são cadenciadas e os romeiros espargem água para o alto entre uma remada e outra. O caxeiro, inicia o toque do tarol.
Á chegada do Barco do Divino ocorre grande número de pessoas que extravasam sua fé, agradecendo as graças recebidas e pagando suas promessas.
Uns se prostram de joelhos, percorrendo dessa maneira a distância que separa o porto do local de "morada" da Coroa. Outros se introduzem no rio, com água até a altura dos ombros segurando velas acesas, rezando ou chorando, Todos eles acometidos de grande emoção.
O Divino é saudado com foguetes, alegria, grande satisfação e demonstração de fé.
Quando o barco aporta, o encarregado da Coroa sai do barco acompanhado dos foliões, do Mestre dos foliões (que entoam cânticos acompanhados de um violão), do encarregado da Bandeira e os demais tripulantes, são recebidos pelo Imperador e/ou Imperatriz do local. A Imperatriz recebe o Cetro de Prata, e o Imperador a Coroa, das mãos do encarregado da Coroa. A partir de então, os fiéis ajoelham-se e beijam a Bandeira, o Cetro e têm a Coroa posta em suas cabeças por breves instantes. É a bênção do Divino, que todos recebem contritamente As esmolas são então colocadas na bandeja de prata que suporta a coroa.
O Cortejo dirige-se para a igreja da localidade por breve período, seguindo depois para o local onde se dará a alvorada do Divino ou "velório?", (que acontece durante todos os dias em que a coroa ficar na povoação).
Herança dos Portugueses
Esse costume é herança dos Portugueses e ainda é conservado em seus aspectos tradicionais. Ao Cair da noite, a Bandeira e a Coroa são recolhidos à casa onde são rezadas as novenas e entoados cânticos. O Santo não pode ficar sozinho durante a noite, é velado pelos fiéis e representantes da tripulação do barco.
Durante o dia, a Coroa e a Bandeira são levadas para a visitação às casas, coletando óbolos dos moradores.
Além da esmola, o dono oferece comidas e bebidas a todos do, cortejo. A Coroa só se retira da casa quando o dono autoriza. A dona da casa acompanha a Coroa até a casa vizinha, levando o Cetro, e a entrega à nova anfitriã da Coroa. Se a dona da casa não for casada no católico, não pode levar o Cetro, que nessas circunstâncias, será entregue a outra pessoa presente em sinal de grande apreço à pessoa escolhida. É considerada grande honraria receber a Coroa do Divino e carregar o Cetro da Imperatriz.
São oferecidas as mais variadas espécies de esmolas: dinheiro, bois, cavalos, galinhas, patos, carneiros etc...
Os animais são abatidos para servirem de alimentação à tripulação do barco, e, no final da festa, para alimentarem a todos que estiverem presentes. As esmolas em dinheiro são entregues ao pároco para que sejam utilizadas em beneficio da Igreja da localidade promotora da festa.
No dia do Divino Espírito Santo, final da festa, é feito o carregamento do Mastro da Bandeira por vários homens e mulheres, até em frente a Igreja, onde é hasteada. A Bandeira é pregada em um quadrado de madeira que por sua vez é colocada na ponteira do Mastro. Esse arranjo, possibilita que a Bandeira seja movimentada pelo vento, em várias direções. No dia seguinte, a Bandeira estará apontando na direção onde a festa deverá ocorrer no próximo ano.
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