sexta-feira, 19 de março de 2021

Lenha na Fogueira - 20.03.2021

 


Não é de hoje, que o patrimônio cultural em Rondônia, em especial o da capital Porto Velho, vem sofrendo descaracterização.

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Patrimônios, como o da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, sofrem com essa falta de compromisso para com a nossa história, há muito tempo. Basta lembrar o que o 5º BEC fez com todo o patrimônio, após a paralização do funcionamento da Estra de Ferro.

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Vagões e até locomotivas, foram jogadas no que ficou conhecido como “Cemitério das Locomotivas”, ali nas proximidades da Candelária. Ali, existe além de locomotivas, vagões de transporte de carga e passageiros, trole, carcaça de calamazul e tantas outras peças.

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A pintura original do antigo Palácio Presidente Vargas (hoje Museu da Memória Rondoniense), ninguém sabe mais como era, tantas foram as mudanças. Cada governador que assumia, mandava pintar da cor da sua preferência.

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O Cine Brasil ali na Sete de Setembro, há muito tempo, perdeu toda sua arquitetura original. Foi inaugurado muito antes do Cine Teatro Resky e ficou conhecido como Cine Poeira. Hoje existe um edifício com lojas e escritórios diversos no mesmo local e não sei se ainda pertence à mesma família que o criou.

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O Mercado Municipal se transformou em Marcado Cultural, depois que fizeram uma maquiagem no projeto arquitetônico original.

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O prédio que abrigou a Agencia do BANCO DA BORRACHA que depois se transformou em BANCO DA AMAZÔNIA e por último em BASA, tá lá no mesmo lugar, mas, corre o risco de em breve, ser descaracterizado e até demolido.

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Há nalguns anos, o prédio onde funcionou o Cine Teatro Reski passou a abrigar uma Igreja Evangélica e os dirigentes dessa Igreja, resolveram descaracterizar a estrutura arquitetônica do nosso Cine Teatro  que recebeu em seu palco, grandes artistas nacional e internacional.

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Após alguns anos, eis que a justiça através da 2ª Câmara Especial do Tribunal de Justiça de Rondônia em recurso de apelação, manteve a sentença, em Ação Popular, do Juízo da 7ª Vara Cível da Comarca de Porto Velho, que determina à Igreja Internacional da Graça de Deus a remoção das intervenções realizadas no edifício do Cine Teatro Resky, na capital, e devolva à estrutura arquitetônica os seus aspectos anteriores, inclusive as cores originais (amarelo ouro, verde e vermelho escuro).

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O prazo para cumprimento da medida judicial é de 120 dias para que a Igreja promova a demolição, remoção das intervenções de ferro, aço, peças de vidro, canteiros e jardins. O não cumprimento implicará em multa diária que vai de 10 a 100 mil reais, e será revertida para a Fundação Cultural do Município de Porto Velho.

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O monumento representa um patrimônio histórico para as gerações presentes e futuras da sociedade rondoniense, segundo as decisões judiciais de 1º e 2º graus do Poder Judiciário do Estado de Rondônia.

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A Ação Popular foi movida pelos cidadãos Ernande da Silva Segismundo, Luiz Leite de Oliveira, Antônio Candido da Silva e Antônio Serpa do Amaral Filho, que defendem o patrimônio cultural da cidade, o qual, segundo o voto, “já demonstra que o bem possui apreço considerável da sociedade, tendo os cidadãos manejado ação para defender o patrimônio cultural da cidade”.

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A defesa da igreja disse que vai recorrer aos tribunais superiores.

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Vamos ficar torcendo para que esses recursos, sejam todos derrotados ou negados.

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“...Que tal, sentar numa praça, como antigamente, namorar novamente. Que tal assistir o cinema e sair da seção, sem saber o que viu...”.

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Versos de uma música de minha autoria, composta em homenagem ao Cine Teatro Reski e que foi gravada pela cantora Alciréa Tabosa recentemente.

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Obrigado aos defensores do nosso patrimônio histórico: Ernande da Silva Segismundo, Luiz Leite de Oliveira, Antônio Candido da Silva e Antônio Serpa do Amaral Filho.

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Visite Porto Velho, antes que seu patrimônio histórico seja dilapidado de vez!

Um comentário:

J. Zoghbi disse...

É isso aí Zé o nosso patrimônio histórico tem que ser respeitado. Parabéns aos guerreiros da Cultura e que venham outros processos com grandes vitórias!