Por Silvio M. Santos
PREPARATIVOS PARA O PRIMEIRO DESFILE
O mês de fevereiro foi totalmente
dedicado ao primeiro desfile da Banda do Só Vai Quem Quer. A maioria dos que
estavam naquela reunião do Chopão, se dedicou na divulgação do desfile que iria
acontecer no dia 28. Além de Narciso, Emilzinho, Nenem, Jurandir, Silvio
Santos, Claudio Carvalho; e Evamar Mesquita com Paulo Queiroz que apareciam de
vez em quando, outros amigos passaram a comparecer aos finais de tarde no
Chaveiro Gold procurando saber o que deveriam fazer para colaborar na
organização.
Enquanto a turma se desdobrava para
regularizar junto a prefeitura, o Desfile, Manelão me encarregou de entrar em
contato com o Mestre Carlos Sifonte da Banda de Música da Guarda Territorial,
no sentido de contratá-lo, para que ele
montasse a “Banda” que iria tocar durante o 1º Desfile da Banda do Só
Vai Quem Quer.
Fui até o Quartel da Guarda
Territorial no bairro Arigolândia e conversei com o Carlos Sifonte que à época,
era o Mestre da FURISOSA apelido da Banda de Música da Guarda Territorial.
Marcamos uma reunião entre ele e o Manelão para discutir preço, para o final da
tarde daquele dia o que aconteceu no Chaveiro Gold.
Tudo devidamente acertado, entre o
Maestro e Manelão, partimos para os ensaios da Marchinha Hino composta por mim.
Entreguei ao Mestre uma FITA CASSETE
que eu havia gravado com a letra e a melodia da marcha: “Chegou a Banda,
a Banda, a Banda. A Banda do Vai Quem Quer; Nós não temos preconceito, Na
brincadeira entra quem quiser” ... Isso quer dizer, que o primeiro
arranjo da marchinha Hino é de autoria dos músicos da Banda de Música da Guarda
Territorial.
Venda das Camisetas
Manelão encarregou as mulheres a
tomarem conta da Venda das Camisetas: Ana Castro, Lika, Eliana e dona Julia (1ª
esposa do Manelão que de vez em quando marcava presença).
As CAMISETAS
(Na Banda, sempre chamamos de
CAMISETA e não de Abada e tão pouco Camisa). O valor de cada Camiseta ficou
estipulado em R$ 5 (CINCO REAIS). Foram colocadas a venda, apenas 500 (Quinhentas)
CAMISETAS, que foram confeccionadas nas Cores Amarela e Preto com a arte de J.
Pinto (Uma Tuba de onde saiam mulheres peladas).
Apesar da propaganda maciça e da
novidade de se ter uma Banda pela primeira vez, desfilando no carnaval de Porto
Velho, as vendas não corresponderam as expectativas e olha, que quem
comparecesse vestindo a Camiseta da Banda no dia do desfile, teria direito a
CERVEJA. Sem saber, a Banda foi o primeiro bloco carnavalesco a oferecer em
Porto Velho, o sistema de OPEN BAR.
A respeito dessa história de servir
cerveja, o empresário Mikael Esber em entrevista publicada no blog do Zekatraca
conta o seguinte:
“Acontece que
logo que vocês colocaram o nome na Banda, Manelão ainda relutava em colocar o
bloco na rua, questionei por quê? Não tem dinheiro pra fazer, foi quando disse,
eu dou a cerveja. No primeiro ano foram 100 caixas e no segundo 200 caixas.
Vale salientar que eram caixas com 24 garrafas de 600 ml cada uma. No terceiro
ano surgiu a caipirinha porque o dono da distribuidora da cachaça 51, deu 50
caixas de pinga e quem fazia a caipirinha era eu”.
ENSAIO
Manelão
sugeriu ao Mestre Carlos Sifonte que todas as
sextas feiras a partir das 18 horas, realizasse ensaio na calçada em frente ao
Chaveiro Gold na Galeria do Ferroviário. Sifonte montou a “Banda da Banda” com
praticamente todos os músicos que tocavam na
Banda de Música da Guarda Territorial. Muitas vezes Manelão se
estressava, porque sempre tinha um músico que chegava sem o instrumento e pedia
dinheiro pra pagar táxi para ir em casa buscar, no fim dava tudo certo.
Não existia
sistema de som nenhum e quem cantava era Eu, Bainha, Baba e o Torrado; era no
gogó, o repertório era baseado nas marchinhas tradicionais do carnaval
brasileiro, de Porto Velho, só existia a Marchinha Hino da Banda e assim a
Banda do Só Vai Quem Quer foi ficando conhecida, todo mundo que passava pelo
Chaveiro dava uma parada para assistir o ensaio e até tomar uma cerveja de
graça
O DIA DO
PRIMEIRO DESFILE
Sábado dia 28
de fevereiro de 1981, amanheceu chovendo, havíamos saído do Chaveiro Gold por
volta da meia noite de sexta feira dia 27, naquela sexta não houve ensaio, foi
apenas para dividir as equipes que iriam atuar no sábado.
Como sempre
acontecia, tomei todas na noite de sexta e amanheci “chirrado”.
A HISTÓRIA DA
FAIXA DO JULIO CARVALHO
Manelão
conseguiu que o Artista Plástico Júlio Carvalho produzisse uma faixa com mais
de DEZ METROS com a frase: “A BANDA SAÚDA O POVO DE PORTOVELHO E PEDE
PASSAGEM”.
Eu cheguei ao
Chaveiro como postei acima, “Truviscado”, a chuva não parava e quando entrei no
Chaveiro, que estava apinhado de voluntários, trabalhando em prol do primeiro
desfile, fui até a sala da oficina onde vi aquela FAIXA estendida no chão.
Muito ‘doido’, pensei: Se essa faixa ficar aqui vão pisar nela e ‘esculhambar
toda pintura’. Sabem o que fiz? ENROLEI a Faixa e levei até a mesa onde estava
o Manelão comandando a “massa”. Quando o Gordo viu a FAIXA debaixo do meu
braço, quase pula por cima da mesa para me esganar, puto da vida mandou eu
colocar “a porra dessa Faixa aberta no chão, filho da puta”, eu pensando que
estava preservando a pintura fresca da faixa, passei a esculhambar o Manelão e
o negócio fedeu a chifre, mesmo assim, fiz o que ele pediu: Estiquei a Faixa
no chão do Chaveiro e sabe o que vimos?
O trabalho do Júlio Carvalho todo perdido, era uma mancha só no MURIM. Manelão
me expulsou do Chaveiro e eu fui para o Lanche que existia na Praça dos
Engraxates em frente ao Chaveiro e lá fiquei chorando. Lá pelo meio dia, o
Gordo me chamou de volta e fizemos as pazes. Me mandou seguir para o Chopão pra
acompanhar a entrega da cerveja e o gelo (que era em barra) comprado na fábrica
do seu Bessa. E assim fui no Jeep do Manelão dirigido pelo Emilzinho e fiquei
no Chopão, onde já havia chegado a cerveja e quem estava tomando conta do
“curral” era o amigo Deusdete Moraes de Paula e o seu Bráulio Bigode e é claro
supervisionados pelo Iran dono do Chopão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário