Autor:
Sílvio M. Santo
Nesta
edição damos continuidade às histórias que fazem parte do livro
de minha autoria, que está prontinho para ser publicado: “PORTO,
VELHO PORTO – HISTÓRIA DA CIDADE ONDE NASCI E VIVO”.
São
histórias que pesquisei em publicações de vários autores que se
preocuparam com a nossa história como Esron Menezes, Amizael Silva,
Abnael Machado de Lima, Yedda Bozarcov, Manoel Rodrigues, Hugo
Ferreira e em especial do meu amigo professor Francisco Matias,
porém, a maioria das histórias relatam fatos vividos por mim, já
que apesar de ter nascido no Distrito de São Carlos, vivi minha
infância, adolescência e vivo até hoje, em Porto Velho. Muitas das
histórias que os amigos tomarão conhecimento a partir de hoje, são
exclusivas, pois foram vividas por mim.
Infelizmente
pelas normas acadêmicas, meu livro não pode ser considerado como de
História, porém, as histórias nele contidas, posso garantir, (a
maioria. foram vividas por mim) e as demais, são fruto de dias e
dias de pesquisas.
Se
você empresário editor, se interessar em produzir o meu Livro,
entre em contato através do celular: (69) 9 9302-1960
Mocambo
– O bairro boêmio
Levando-se
em consideração que o bairro Caiari só foi criado depois que a
Madeira Mamoré passou a ser administrada por brasileiros e ainda que
os bairros do Triângulo e Alto do Bode ficavam nas terras da empresa
Madeira Mamoré Railway Cº e, que a área onde ficava a famosa Rua
da Palha jamais foi considerado bairro. O Mocambo pelo menos na
análise desse escriba foi o primeiro aglomerado de casas e pessoas
que podemos considerar como bairro na Porto Velho brasileira, que
nasceu durante a administração do Major Guapindaia (1915 – 1917).
Talvez
por ter sido formado por pessoas consideradas de baixo poder
aquisitivo, pouco se encontra a respeito de sua formação em
publicações da época.
O
mais completo documento que encontramos sobre a formação do bairro,
faz parte da monografia de bacharelado para o curso de História da
escritora Nilza Menezes publicada no livro "Mocambo – Com
Feitiço e com Fetiche".
Desde
quando surgiu, o Mocambo é considerado o bairro boêmio de Porto
Velho, por abrigar por muito tempo as casas das chamadas "mulher
de vida fácil" – Prostitutas, naquele tempo, os abrigos
dessas mulheres eram conhecidos como "Pensão", Cabaré ou
Prostituição. Ali também foi instalado o primeiro "Batuque"
(terreiro de Macumba) de Porto Velho que ficou conhecido como
"Batuque de Santa Bárbara" cuja Mãe de Santo era dona
Esperança Rita.
Em
consequência da existência das várias "Pensões" e do
Terreiro da Mãe Esperança os homens solteiros que moravam na Casa
Seis e outras edificações da Madeira Mamoré, por ser único local
onde poderiam encontrar diversão, e, os próprios moradores da Porto
Velho brasileira (em especial os da Vila Confusão) frequentavam o
local, que ninguém sabe explicar com precisão como surgiu.
Nilza
Menezes em sua monografia escreve: "...Com a vinda de Dona
Esperança Rita, negra maranhense, que fundou o terreiro de Santa
Bárbara, localizado atrás do cemitério dos Inocentes e próximo ao
córrego que hoje divide o Mocambo do Areal, iniciou-se o povoamento
daquele espaço, cujo ano de ocupação é motivo de discussão".
Segundo Antônio Cantanhede em Achegas para História de Porto Velho,
“Por iniciativa de D. Esperança Rita, maranhense, natural da
cidade de Codó, foi organizada, a 24 de junho de 1914, a Irmandade
Beneficente de Santa Bárbara”. Ainda segundo Nilza, para o Dr. Ary
Pinheiro a tenda de umbanda teria sido fundada em 1917. Moradores
antigos e frequentadores do bairro e dos cultos afros na cidade de
Porto Velho, também confirmam o início das práticas religiosas por
Mãe Esperança Rita a partir de 1916 como o foco do povoamento do
Mocambo. Pelo que conseguimos colher, o Mocambo começou quando
Guapindaia autorizou a demarcação da área do Cemitério dos
Inocentes.
O
Batuque da Mãe Esperança Rita
O
professor Marco Antônio Domingos Teixeira cita em "A Macumba em
Porto Velho": "Na Amazônia, em geral, a partir de Belém
do Pará, os cultos afro-brasileiros são, usualmente, conhecidos por
Batuques, sobretudo aqueles que assimilam mais intensamente as
influências caboclas da pajelança e do curandeirismo. Os cultos de
tradição nagô, mais especificamente os candomblés, tem a sua
entrada neste cenário em um momento mais avançado do processo de
expansão das religiões afro-brasileiras.
Em
primeiro lugar observa-se a pajelança, o curandeirismo e as
mesinhas. Mais tarde, encontramos a penetração de ritos afros que
se mesclam aos rituais de pajelança, dando "conotações
amazônicas" ao conjunto dos rituais mina trazidos primeiramente
do Maranhão para Belém do Pará e desta para Manaus, ramificando-se
pelas demais regiões Amazônicas...
Em Porto Velho, a "macumba", compreendido o termo em sua acepção popular, surgiu com a criação da cidade, que, por sua vez, surgiu com a criação da Estrada de Ferro Madeira Mamoré.
Em Porto Velho, a "macumba", compreendido o termo em sua acepção popular, surgiu com a criação da cidade, que, por sua vez, surgiu com a criação da Estrada de Ferro Madeira Mamoré.
Conforme
nos falam Amizael Silva e Ary Tupinambá, o primeiro terreiro de
macumba surgiu em Porto Velho entre 1916-1917, portanto há apenas
dois ou três anos após a criação do município.
Podemos
dizer que a macumba surgiu com o aparecimento da própria cidade. A
fundadora D. Esperança era uma maranhense de Codó. O Terreiro de
Santa Bárbara (Iansã no sincretismo afro-católico) foi construído
junto ao cemitério dos Inocentes.
Observamos
que a Iansã de Balé é cultuada nos cemitérios e é ela a dona dos
eguns.
Segundo
Ary Tupinambá foi o Bispo D. Pedro Massa quem inaugurou a capela de
Santa Bárbara pertencente à irmandade da linha de Xangô que tinha
Iemanjá como guia.
No
balanço da Mad Maria
Aproveitando
o sucesso da minissérie Mad Maria resolvemos Lembrar algumas
histórias sobre a Madeira Mamoré. Consultando o arquivo da nossa
memória, já que vivemos a infância brincando no pátio da estação
da Madeira Mamoré em Porto Velho, pois, moramos até 1966, na
Avenida Farquar em frente ao Mercado Central.
Lembramos
de alguns fatos que marcaram nossa vida, como, amossegar trem,
"roubar" castanha e outros produtos dos vagões
estacionados no pátio de manobra da Ferrovia, assim como carregar
produtos dos agricultores que chegavam no Trem da Feira vindo do
Teotônio.
Dormíamos
e acordávamos com o badalar dos sinos das locomotivas e de seus
apitos. O burburinho no chamado Plano Inclinado era intenso.
Embarcava-se borracha, castanha, ipecacoanha, farinha e tantos outros
produtos nos navios que de início eram "Chatas" como a
"Cuiabá" e depois navios de alto calado como Augusto Monte
Negro, Lauro Sodré e Lobo D`almada. A usina pertencente
primeiramente a Madeira Mamoré e depois ao governo do Território do
Guaporé, acordava a cidade apitando as seis e meia, seis e quarenta
e cinco e sete horas da manhã; dizia que os operários tinham que
deixar o serviço para o almoço através do apito das onze horas e
os colocava de volta às 13 horas e apitava avisando que era hora de
ir para casa jantar às 17 horas.
A
Serraria Santo Antônio ficou conhecida como Serraria do Território
e funcionava num galpão onde hoje é a feira do Cai N`água na beira
do Rio Madeira, ainda hoje a caldeira está lá. São essas histórias
que vamos reviver a partir de agora.
"Como
era gostoso o balanço do trem/quando eu viajava junto com o meu
bem/Comendo tapioca/crocrete e beiju/cafezinho quente/Almoçando
angu”. Letra da música de minha autoria "Balanço do Trem".
Vamos viajar no tempo, embalados pelas loucuras da Maria.
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