Por Sílvio M.
Santos
Jazz Brasil que animava os bailes no Bancrevea Clube |
Como dissemos, os
Corsos dominaram os desfiles carnavalescos em Porto Velho, até o início dos
anos 50, porém, os clubes existentes à época, mantinham seus blocos, com o
intuito de animar os bailes carnavalescos.
Esses bailes
começavam a ser realizados a partir do mês de outubro, quando os clubes
promoviam os famosos “Grito de Carnaval”. Vale salientar,
que os grandes cordões carnavalescos, pertenciam aos clubes Internacional,
Noroeste e Ypiranga.
O Noroeste era
dirigido pelo seu Elias Gorayeb e era frequentado pelas famílias dos
seringalistas e comerciantes mais abastados. O Ypiranga tinha como sócios os
chamados “Categas”, funcionários públicos que exerciam cargos de confiança, na
Madeira-Mamoré, na Prefeitura e depois no Governo do Território Federal do
Guaporé.
O Clube
Internacional funcionava como se fosse o Clube Oficial da cidade, já que reunia
o alto escalão dos funcionários da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.
Contam os mais
antigos, que em determinada época ou quando Aluízio Pinheiro Ferreira assumiu a
direção da Estrada de Ferro (1931) e depois como primeiro governador do
Território Federal do Guaporé (1943), os bailes no Internacional só começavam
quando ele chegava.
O Clube
Internacional fechou suas portas, na segunda metade dos anos 1950. Era um
casarão de madeira que ficava a Rua Sete de Setembro, justamente onde hoje se
encontra a sede do Ferroviário Atlético Clube. Seu bloco carnavalesco só
brincava na sede, quer dizer, não participava dos desfiles pelas ruas da
cidade, nem mesmo em Corsos.
O Ypiranga que
existe desde 1917, sempre se destacou nos desfiles carnavalescos colocando seus
blocos. A grande pedida no início da nossa Porto Velho, foi o Bloco do
Noroeste.
Apesar da grande
animação nos bailes carnavalescos desses clubes, nosso carnaval de rua só
passou a “pegar fogo” de verdade, a partir de 1950, quando os clubes sociais
passaram realmente a dominar com os desfiles dos seus blocos.
Os blocos da
Presidente Dutra
Clube Internacional |
Quando me entendi
como gente, já em meados da década de cinquenta, os desfiles aconteciam na rua
Presidente Dutra entre a D. Pedro II e a 7 de Setembro. O interessante, era que
os blocos desciam a Presidente Dutra passando pela frente do Porto Velho Hotel
(hoje Unir Centro), se apresentavam para as autoridades e jurados em frente ao
palanque, geralmente instalado a Rua Henrique Dias entre o prédio do Banco do
Brasil (hoje Sesc) e a Pensão do Napoleão, (ao lado da Associação Comercial).
Depois de se apresentavam para os jurados e autoridades, os blocos seguiam até
a Praça Rondon e dobravam a esquerda na Sete de Setembro e depois, já sem tocar
seus instrumentos (a maioria), subia a José de Alencar até a D. Pedro II e
retornavam pela Presidente Dutra, desfilando novamente para o público, jurados
e autoridades.
Os blocos eram
formados por sócios dos chamados clubes sociais, cujos mais famosos eram:
Ypiranga (o clube dos categas); Danúbio Azul Bailante Clube; Guaporé; Imperial
e depois veio o Bancrévea Clube (dos Bancários do Banco da Borracha-BASA).
Sem que nada
determinasse, esses blocos se identificavam por categoria social e cada
categoria disputava entre si. Por exemplo: o Bloco do Ypiranga disputava com o
Bloco do Bancrévea; o Bloco do Danúbio com o do Guaporé e Imperial. Se o Bloco
do Clube Guaporé ganhassem do Bloco do Danúbio e do Imperial, pronto, a festa
estava feita, não interessava se havia perdido para Bancrévea ou Ypiranga.
Na realidade, a
disputa mais esperada era a dos blocos dos clubes Ypiranga e Bancrévea,
principalmente quando os dois passaram a ser comandados pela Professora Marise
Castiel (Bloco do Ypiranga) e a empresária Neire Azevedo (Bloco do Bancrévea).
Nessa época,
desfilavam os chamados blocos de originalidade, "Rei da Selva" do
Valdemar Cachorro que disputava com o Bloco do Inácio Campos, além do famoso
Bloco da Cobra e os blocos de sujo e foliões do “Bloco do eu Sozinho".
Os blocos de clubes sociais dominaram
o carnaval de Rua de Porto Velho até meados da década de sessenta, quando
perdem a hegemonia para as escolas de samba Diplomatas e Pobres do Caiari.
(continua na próxima quinta feira).
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