Bloco
da Dona Jóia e as Batalhas de Confete
Hoje
vamos falar sobre o bloco da Dona Jóia que desfilou até o ano de
1958, quando seu marido Valério Souza e seu filho Ricardo,
convidaram o Bainha, o Cabeleira e depois o Tário de Almeida Café e
criaram a escola de samba “Prova de Fogo”, que mais tarde ficou
conhecida como “Universidade dos Diplomatas do Samba”.
O
Bloco da Dona Jóia era infanto-juvenil e desfilava tendo como tema,
o filme que estivesse em cartaz nos cinemas da cidade.
Nessa
edição também lembramos as “Batalhas de Confete” que
aconteciam geralmente na avenida Sete de Setembro nas praças Rondon
e Jonathas Pedrosa.
Vamos
a mais um capítulo do livro “História do Carnaval em Porto
Velho”.
O
Bloco da Dona Jóia
Em 1958 o bloco dona Joia desfilou de Scaramouche |
Adelaide
Souza da Silva quem é, quem era?
Com
esse nome acho que nem mesmo os amigos mais íntimos da família e
até seus filhos não identificariam de imediato de quem se tratava.
Porém, se perguntarem por Dona Jóia com certeza 90% dos que moram
em Porto Velho desde os idos de 1950, vão logo dizer, é a dona Jóia
do bloco.
“Bloco
da Dona Jóia” esse foi o bloco infanto-juvenil mais popular de
Porto Velho na década de 1950.
Dona
Jóia recém chagada de Manaus, foi morar na Avenida Carlos Gomes,
justamente numa casa que ficava em parte do terreno onde hoje está a
agencia do Banco Bradesco. Casada com seu Valério Souza um
entusiasta folião, que depois criou juntamente com seu filho mais
velho Ricardo e os amigos deste, Bainha, Cabeleira e Tário de
Almeida Café a escola de samba “Prova de Fogo” hoje “Os
Diplomatas do Samba”.
Bem!
Dona Jóia que era professora, funcionária do governo do Território
Federal do Guaporé/Rondônia lotada na Divisão de Educação
atuando na área de administração da Escola Normal Carmela Dutra
como secretária da diretoria e, por conseguinte, pessoa bem
conceituada na cidade, tinha um problema, não era sócia de nenhum
clube social e em conseqüência, quando chegava o carnaval, era
questionada pelos seus filhos Tetéia, Léo e Linda e mais tarde o
Rogério “por
que os outros meninos e meninas do Grupo Escolar brincam carnaval nos
blocos dos clubes e nós não”?
Foi
então que resolveu criar um bloco infanto-juvenil, isso lá pelos
idos de 1954. Reuniu com suas amigas e as convenceu a deixar seus
filhos participarem do bloco.
O
interessante era que o bloco não tinha um nome carnavalesco. Era
simplesmente “Bloco da Dona Jóia”. Outro fato interessante era
que o bloco não tinha cor padrão por um simples motivo. Em todos os
desfiles dos quais participou, sempre apresentava como tema, o Filme
que estava em cartaz nos cinemas de Porto Velho, principalmente os
que eram exibidos nas matinês dos Cines Resk, Brasil e Cine Avenida
(Lacerda).
Assim
os meninos e meninas desfilaram fantasiados de “Pirata” porque
estava passando o seriado do Capitão Kid. Zorro pelo seriado do
Zorro e Scaramuche entre outros.
A
banda (Jazz), que tocava para a gurizada pular carnaval era formada
entre outros pelo Manga Rosa (trombone de vara), Ricardo filho da
dona Jóia (caixinha), Bainha (surdo) e Cabeleira (afoxé) e mais o
Louro no trompete.
Depois
do primeiro ano era mais quem queria colocar seus filhos para brincar
carnaval no “Bloco da Dona Jóia”.
O
último carnaval do “Bloco da Dona Jóia” foi o de 1958, quando
os foliões desfilaram fantasiados de Scaramuche.
Em
novembro daquele ano (1958), seu marido Valério juntamente com seu
filho Ricardo mais o Bainha, Cabeleira e Tário Almeida Café criaram
a escola de samba “Prova de Fogo” que se apresentou com esse nome
apenas no carnaval de 1959, pois em 1960 passou a ser conhecida como
Universidade dos Diplomatas do Samba.
As
Batalhas de Confete
O Rei Momo chegava de Litorina |
Tudo
que acontece no carnaval de Porto Velho desde sua criação em 1907,
até os dias de hoje, é influencia do carnaval do Rio de Janeiro ou
do carnaval de Belém do Pará. Assim foi com a introdução das
“Batalhas de Confete” que aconteciam entre o mês de novembro até
o sábado magro no mês de fevereiro ou março.
A
festa era organizada pela prefeitura municipal e geralmente,
acontecia na Avenida Sete de Setembro. As Batalhas de Confete eram
uma prévia dos desfiles oficiais, já que a prefeitura premiava os
melhores blocos de cada Batalha. Assim, os blocos dos clubes sociais
Imperial, Guaporé, Danúbio Azul Bailante Clube, Bancrévea,
Ypiranga e as escolas de samba, Deixa Falar, O Triângulo Não Morreu
e depois a Diplomatas, levavam para essas apresentações o que
tinham de melhor (as escolas de samba não participavam do concurso
apenas se apresentavam). Lembro de grandes passistas de frevo como o
Julio Cezar Pontes que concorria pelo Bancrévea e do Camarão que
representava o Ypiranga, era páreo duro a disputa entre esses dois
foliões, o público ficava aguardando as passagens dos blocos de
Bancrévea e Ypiranga só para assistir as peripécias dos dois
passistas.
Durante
os sábados que antecipavam os dias de carnaval propriamente dito, a
prefeitura armava o palanque e promovia as Batalhas de Confete. A
população da cidade em massa prestigiava a realização do evento,
que geralmente começava as 17h00 e terminava no máximo as 20h00.
A
grande Batalha de Confete (a última), acontecia no Sábado Magro de
Carnaval, nesse dia todos os blocos e escolas de samba se reuniam a
partir das três horas da tarde, na Estação da Estrada de Ferro
Madeira Mamoré para esperar Sua Majestade Rei Momo 1º e Único e
sua Corte.
Os desfiles eram na Presidente Dutra |
O
Rei Momo embarcava na Vila de Santo Antônio numa Litorina toda
decorada com motivos carnavalescos e chegava à estação de Porto
Velho por volta das 17h00.
Da
estação, Sua Majestade seguia para o palanque que era montado na
calçada da Praça Rondon com a frente para a Avenida Sete de
Setembro. Os blocos seguiam a pé a condução do Rei Momo
(geralmente um Jeep), brincando carnaval ao som de suas orquestras.
Ao chegar ao palanque o prefeito de Porto Velho passava oficialmente
a Chave da Cidade para as mãos de Sua Majestade Rei Momo Primeiro e
Único. Assim que assumia a cidade, Sua Majestade ordenava que o
Arauto anunciasse as Leis que passariam a vigorar a partir daquele
dia até a terça feira de carnaval.
Após
essa solenidade o Rei mandava que começasse a última “Batalha de
Confete” daquele carnaval e os foliões dos blocos, ao som de
marchinhas e frevos pernambucanos, se esmeravam para mostrar o
melhor.
As
Batalhas de Confete aconteceram em Porto Velho, até o carnaval de
1960 quando o Rei Momo foi o empresário Emil Gorayeb.
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