Transcorria
o ano de 1916, quando subiu as barrancas do Rio Madeira em uma erma localidade
do Baixo Madeira, um rico cearense à procura de aventuras e riquezas. Este
aventureiro chamava-se Eduardo Costa, que logo adquiriu terras em torno de um
grande seringal, que mais tarde seria chamado de Seringal Nazaré e estava
localizado cerca de dez kilômetros da margem direita do rio Madeira. Para
facilitar o escoamento da produção de Seringa e Sorgo, o já seringalista Eduardo
Costa começou a abrir um canal que ia da margem do Rio Madeira até o primeiro
lago que é chamado de Lago do Peixe Boi.
Deu
muito trabalho para concluir o canal, que levou o nome de Boca do Furo e levou
mais de 9 anos para se chegar ao Rio Madeira e segundo a lenda, isto só foi
possível depois de Eduardo Costa fazer uma promessa, de que após a conclusão da
obra, ele construiria uma Igreja em homenagem á Nossa Senhora de Nazaré.
A
igrejinha ficou pronta em 1951 e até o momento, mesmo enfrentando diversas alagações,
continua em suas atividades religiosas e mantida pela comunidade.
Acometido
por uma forte malária o sr. Eduardo Costa faleceu no final de 1956 e o seu
primogênito Eduardo Costa Filho assumiu o controle dos negócios do pai.
Conhecido pelo carinhoso apelido de seu Nanã, começou a ter problemas no
seringal devido a brusca queda de preço do Sorgo e Seringa e começou a
dispensar os funcionários e estes ficaram em torno do Barracão de seu Nanã e da
Igreja, depois de um certo tempo, já tinha aproximadamente 15 famílias no local
e assim surgiu a Vila de Nazaré do Rio Madeira.
Em
1966 apareceu na Vila, um seminarista chamado de Manoel Maciel Nunes, que aos
poucos foi se tornando um grande líder, professor e uma espécie de clérigo
religioso.
Começou
a ministrar aulas em uma improvisada escola, construída por ele com ajuda dos
moradores da localidade e teve o nome de Floriano Peixoto.
Seu
Maciel foi o grande incentivador e formatador da Cultura do Baixo Madeira,
compunha letras e músicas, ensinava também a fazer artesanatos e peças de
barro.
Chamou
um antigo companheiro o sr Artermo Áquila Ribeiro, hoje conhecido por seu
Artêmis, para dividir o ensino das aulas para os alunos da Comunidade, eram
ministradas aulas de português, matemática, ciências, história e geografia e em
dois turnos; manhã e a tarde.
Seo Artêmis e Seo Venâncio |
Seu
Artêmio encerrou suas atividades como professor em 2002 e se orgulha em dizer
que deu aulas pra mais de 900 alunos.
Em
1988, seu Artêmio foi de casa em casa incentivando os moradores da Vila a
tirarem o título de eleitor, para provar que havia uma grande parcela de
eleitores na localidade e assim foi instalada a primeira urna em Nazaré do Rio
Madeira.
O
grande diferencial de Nazaré do Rio Madeira está na sua Cultura e movimentos
artísticos e o grande responsável foi Seu Maciel, que trouxe para a Comunidade
a tradição da Dança do Seringandô, oriunda do Lago Uiruapiara, estado do
Amazonas.
Outro
pioneiro da Comunidade, excelente torrador de farinha de mandioca; Venâncio
Ferreira Brandão, que criou o já famoso Boi Curumim, disse que no início de
1987 os festejos eram realizados no mês de junho, ele que carregava o boi e
organizava toda a garotada. Hoje nos seus 75 anos só ajuda e orienta, de longe.
Todos
os anos, na Abertura do Festival Folclórico de Nazaré, o Trio Filhos de Nazaré,
ou a Velha Guarda de Nazaré, composta dos antigos pioneiros: Artêmis, Venâncio
e Getúlio com suas afinadíssimas vozes, abrilhantam os Festejos.
Velha Guarda de Nazaré |
Na
pior enchente já registrada no Baixo Madeira em 2014, que soterrou quase toda a
Vila, logo que o Rio Madeira baixou, a população bravamente retirou todo o lixo
e barro das casas, se reerguendo bravamente e com muito orgulho realizou o
Festival Folclórico.
O seu Artêmis sempre fala: “Venha Conhecer Nazaré do Rio
Madeira, o Nosso Paraíso....”
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