A diretoria da escola de samba
Acadêmicos da Zona Leste, campeã do Grupo de Acesso no carnaval passado e que
em conseqüência dessa vitória, irá desfilar pelo Grupo Especial no próximo ano,
em reunião acontecida no sábado 31 de março, aprovou a sugestão dos diretores
Antônio Neto e professor Uilian Nogueira sobre “O Povoamento Negro em
Rondônia”.
Aprovado a sugestão a direção da
escola na pessoa da presidente Anny Mamedes em comum acordo com Neto e Uilian
convidaram o doutor Marcos Teixeira para desenvolver a sinopse com o seguinte
título:
Os
quatro eixos do povoamento negro em Rondônia (Marco Antônio Domingues Teixeira)
O Estado de Rondônia tem uma
distante colonização indígena. Em tempos muito antigos, ainda durante o
final da última Idade do Gelo povos paleoíndios se
estabeleceram em Rondônia e fundaram grandes cacicados às margens dos rios de
Rondônia, notadamente no eixo Madeira, Mamoré e Guaporé.
Nos séculos XV a XVIII os
portugueses e espanhóis chegaram e dominaram todo o continente. As populações
ameríndias foram dizimadas e as sobreviventes fugiram para as florestas de
terra firme, longe dos invasores e, novos grupos humanos dominaram as várzeas e
vale dos grandes rios. As drogas do sertão, a mineração do ouro, a agropecuária
coloniais e a construção de Vila Bela e do Forte Príncipe da Beira trouxeram para o Guaporé sacerdotes jesuítas,
monges carmelitas, militares coloniais, engenheiros, fazendeiros, comerciantes
e muitos, muitos escravos de origem africana para trabalhar em todos os tipos
de serviços necessários.
TEREZA DE BENGUELA
Numa coisa negros e índios
do Guaporé se aproximavam: o desejo de liberdade. Entre 1734 a 1795 floresceu
nas matas do rio Galera, perto do Igarapé do Piolho o Quilombo do Quariterê,
governado pela lendária rainha Tereza de Benguela, mulher de doze maridos. Seu
quilombo abrangia uma grande extensão de povoados, vilarejos e casas isoladas.
Entre elas existiam matas, florestas, ravinas, minerações, casa de ferreiro,
criações de pasto, campos de cultivo, pântanos e rios. A vida do quilombo era
próspera e os negros negociavam com colonos de origem espanhola, indígena e
portuguesa. Por mais de meio século o quilombo viveu em paz e prosperou. Até
que nos governos de Luís Pinto Souza Coutinho e João de Albuquerque de Mello
Pereira e Cáceres, o quilombo foi repetidamente atacado, a rainha Tereza de
Benguela foi presa capturada e suicidou-se e os remanescentes, após severos
castigos físicos foram enviados para fundar um novo núcleo colonial, denominado
Aldeia da Carlota.
QUILOMBOS DO GUAPORÉ
Os quilombolas do Guaporé
mantiveram sua cultura específica, misturando tradições africanas com outras de origem católica e portuguesas.
Assimilaram também valores das culturas indígenas e asseguraram o povoamento brasileiro
das distantes fronteiras do sudoeste amazônico.
Como maior legado, este primeiro grupo de colonizadores negros da
Amazônia Rondoniense, deixou um grande festejo que até hoje se celebra no vale
do Guaporé.
FESTA DO DIVINO
O festejo do Divino é a mais
antiga tradição colonial, católica e negra de Rondônia. Inicia-se após a Páscoa
e perdura até o festejo de pentecostes. É uma festa binacional, celebrada por
todas as comunidades ribeirinhas dos rios Guaporé e Mamoré.
BARBADIANOS
O segundo segmento de
moradores negros do estado de Rondônia é composto pelos descendentes de
afro-caribenhos, vindos desde finais do século XIX e nas primeiras décadas do
século XX para a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré/EFMM. Ficaram
conhecidos localmente, em toda a Amazônia como Barbadianos e criaram outros
núcleos importantes de povoamento na região, ainda no início do século XX.
SANTA BARBARA
Os tambores do Santa Bárbara
ecoaram por décadas nas noites de Porto Velho. Seus sons retumbantes anunciavam
o longo festejo da santa, que durava de 04 de dezembro a 20 de janeiro;
chamavam à terra os Voduns, Orixás, Caboclos, Pombas Giras, Exus e Encantados.
Anunciavam as horas de cura e tratamento aos mais pobres e as noites de
alegria, dança e festa a toda a sociedade.
Dentre as mulheres negras
notáveis desse período citamos três grandes mães de santo, todas tidas como
feiticeiras e bruxas. A primeira foi a própria mãe Esperança Rita. A segunda
foi Zefa Cebola, acusada de bruxaria e
processada pela justiça de Porto Velho
por volta de 1916. Ela foi inocentada,
mas sua vida foi marcada pela discriminação como bruxa e feiticeira. Ainda como
grande feiticeira destacou-se outra negra, Mãe Chica Macaxeira, que fundou o
terreiro de Samburucu, que por fim foi
destruído por ordem de um prefeito da capital nos anos 1970.
Samba de enredo
A direção da escola comunica
aos compositores que um grande festa será realizada, inclusive com a presença
de um sambista do Rio de Janeiro, quando fará oficialmente o lançamento do tema
e a distribuição da sinopse aos compositores interessados.
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