O
ícone do esporte de Rondônia
Aos 77 anos de idade, Walter
Santos Barbosa pode até não ter mais a vitalidade daquele adolescente, que por iniciativa
de seus irmão Elizeu e Chico Santos (dois craques da bola), começou jogando futebol
nos campos de várzea de Manaus e foi levado pelo técnico Lupércio para o
Nacional, mais continua com o mesmo vigor, a defender os desportos em Rondônia.
Walter pode ser chamado de atleta quase completo, pois atuou, além de jogador
de futebol como jogador de basquete e vôlei. “Aliás, fui presidente da
Federação de Vôlei”.
Na posição de quarto
zagueiro é considerado o craque dos craques, participou como titular da
excursão do Bahia por Rondônia, Acre e Amazonas, foi destaque na equipe do Moto
Clube que jogou no Maracanã contra a seleção da Petrobrás. Foi selecionado pelo
Comitê da Copa do Mundo de 2014 para ser homenageado em Porto Velho quando da
passagem da Taça da FIFA. Se formos falar dos feitos de Walter Santos, não vai sobrar
espaço para a entrevista que segue. Walter Santos o ícone dos ícones dos
desportos em Rondônia.
ENTREVISTA
Zk – Sua identificação, por
favor?
Walter Santos – Sou Walter
Santos Barbosa nascido na cidade de Manaus no dia 14 de abril de 1940. Em
Manaus com muita força de dois irmãos, Elizeu e Chico Santos culpados da minha
iniciação no esporte, principalmente no futebol, porque a mamãe era daquelas
mães que olhavam o esporte como uma coisa negativa. Como apareci bem jogando
bola pelas várzeas de Manaus, consegui, inclusive olhado pelo Lupércio que era
técnico do Nacional e me levou. E por uma força determinada dos dois irmãos, comecei
brincar no juvenil do Nacional. Aos 16 anos minha mãe morre. O Chico Santos
estava em Roraima e me chamou pra lá.
Zk – Em Roraima foi jogar em
qual time?
Walter Santos – Fui jogar no
Baré Esporte Clube onde fui tetra campeão na minha faixa etária.
Zk – E Porto Velho?
Walter Santos – De Roraima
viemos para Porto Velho, já que o Chico Santos veio pra cá e ele era como se
fosse meu pai, meu irmão mais velho. Legal foi a recepção que aprontaram pra
mim na chegada.
Zk – Como foi?
Walter Santos – Acontece que
vim com um pouquinho de fama como jogador de futebol, já tinha o talento.
Quando o navio atracou no porto do Rio Madeira me disseram que duas pessoas
estavam me esperando, uma pela parte do Vasco o Fera e a outra pela parte do
Botafogo o Abelardo Castro. O Vasco que tinha como presidente o seu Anísio
Feitosa que era também superintendente do Serviço de Navegação da Amazônia e
Administração dos Portos do Para – SNAAPP.
Zk – Qual foi à proposta de
cada um?
Walter Santos – O Abelardo
disse que eu tinha que ficar no Botafogo porque eles iriam patrocinar meus
estudos e além de que, o Botafogo era formado por uma moçada mais jovem que
tinha a tudo a ver comigo e tal... Enquanto isso o Vasco da Gama me ofereceu
emprego. Foram à noite na casa do Chico Santos que ficava no bairro Caiari e
disseram, “Se você aceitar nossa proposta, amanhã já pode ir trabalhar na
SNAAPP que naquele tempo já era ENASA. Aconselhado pelo Chico Santos aceitei a
proposta do Vasco da Gama isso foi no ano de 1959.
Zk - Depois do Vasco?
Walter Santos – Joguei o
campeonato daquele ano pelo Vasco e ficamos em quarto lugar. Antes de terminar
o ano o Capitão Nascimento me chamou para o Ferroviário, daí pra frente foi só
abraço.
Zk – Você na realidade foi
um desportista quase completo, pois atuou como jogador e dirigente em várias
modalidades. Fala sobre essa sede esportiva?
Walter Santos – Acho que
essa história é aquela: Tu nasce com um pouquinho de talento esportivo e se tu
tem esse talento tem que mostrar, como aqui em Porto Velho naquele tempo não
tínhamos muita coisa pra fazer a não ser jogar bola, como era meu caso, tinha
que praticar tudo, Basquete, Vôlei, Futsal e Futebol e graças da Deus fui
campeão em todas as modalidades. Podemos dizer que naquela época nós também
carregamos os esportes na costa, a gente já era radialista do Departamento de
Esportes da Rádio Caiari, os professores de educação física aqui não davam
muita bola pra isso, mais eu dei, juntamente com o Ribamar e João Dalmo
correndo atrás de realizar os campeonatos. Eu carregava a bola de basquete, de
futebol, handebol e voleibol era assim meu amigo.
Zk – Como surgiu o rádio na
tua vida?
Walter Santos – Essa
história é muito interessante. Desde criança, eu entrava no banheiro de casa e
ficava narrando um jogo principalmente do Flamengo a moçada e principalmente
minha família me chamava de doido. Aqui tinha a Rádio Difusora do Guaporé com
Milton Alves e Osíris Lobo transmitindo os jogos e eu fui chegando e acabei
engrenando puxando fio pra eles, na proporção que puxava os fios, começa a
falar ao microfone e ai foi encaixando as coisas até que passei pra Rádio
Caiari e aí sim como narrador e comentarista, o certo é que rodei todas as
rádios de Porto Velho. Foram 30 anos de Caiari.
Zk – Como era ser radialista
esportivo naquele tempo?
Walter Santos – A gente
tinha que carregar aquelas maletinhas nas costas para fazer as transmissões,
pra onde a gente ia, levava a maletinha. Pra onde o Voleibol ia, já que cheguei
a ser presidente da Federação de Vôlei eu levava o equipamento. Assim
transmitimos jogos de Florianópolis, São Luiz (MA), Interior de São Paulo a
gente chegava e ligava o equipamento e mandava via Embratel pra cá, assim
acontecia com as demais modalidades, principalmente o futebol.
Zk – Como foi a história de
jogar no Bahia?
Walter Santos – O Bahia veio
jogar aqui em 1965 e eu tive o prazer de anular o que eles tinham de mais
importante, que era o ataque, como quarto zagueiro e os caras ficaram
impressionados, o quarto zagueiro deles chamado Ivan Carioca se machucou e eles
tinham que fazer cinco partidas no Acre, foram a minha casa e eu perdi permissão
a minha mulher. Resultado foi que embarquei com eles. No Acre fui muito
aplaudido porque a moçada já minha conhecia daqui, jogamos mais cinco partidas
aqui em Porto Velho e fui até Manaus, mas, a família pesou mais e eu retornei.
O Baba um dos craques do Bahia dizia; “Vamos com a gente Porto Velho, tu tem
futuro. Se não der certo tu volta” Optei por volta pra cá.
Zk – Daquela época você tem
alguma seleção?
Walter Santos – Tenho uma
seleção cravada: Sergio (goleiro), Faz tudo (lateral), Fio, Walter Santos e
Bezerra, meio de campo Alcimar e Meireles no ataque Soares, Bacu, Edu e
Bacurau. Esses sabiam jogar futebol, segundo comentários, olha só, a boçalidade
aqui, dizem que só tinham dois craques: Walter Santos e Bacu.
Zk – Como foi que o Moto
Clube conseguiu jogar no Maracanã?
Walter Santos – A família
Melo da Rocha em especial o Rochilmer comprou meu passe. Naquele tempo apesar
de sermos considerados amadores, a gente ganhava muito mais que os
profissionais de hoje, pois os dirigentes conseguiam bons empregos, além de um
salariozinho como jogador ainda tinha os bichos por vitória. A família Rocha
tinha uma amizade muito grande com o Dr. Silvio Coelho que foi o empresário que
construiu o primeiro prédio com mais de três andares em Porto Velho o edifício
Rio Madeira ali no centro e o Dr. Silvio era participante da diretoria não
lembro, se do Flamengo ou Botafogo do Rio de Janeiro e se comprometeu a tentar
uma partida do Moto Clube no Maracanã e deu certo.
Zk – Quando foi isso?
Walter Santos – 1969
embarcamos na VASP que passava quase 24 horas pra chegar ao Rio. No dia 21 de
agosto daquele ano, estávamos la dentro do Maracanã onde ficamos por quatro
dias, para enfrentar a equipe da seleção da Petrobrás, um jogão de bola, na
preliminar de Brasil e Colômbia 6 X 2. Legal foi que ficamos no mesmo vestiário
da Seleção Brasileira e tivemos a oportunidade de bater papo com Pelé, Gerson,
Rivelino, Tostão, Clodoaldo, já pensou, a gente tremia de emoção. Fomos pro
jogo, 144 mil pessoas no Maracanã e a Petrobras empatou com a gente 3 x 3.
ZK – Há quem diga que a
implantação do profissionalismo prejudicou o futebol em Porto Velho. Qual sua
analise a esse respeito?
Walter Santos – É bobeira!
Muita gente fala isso, por uma situação administrativa, agora dizer que o
profissional atrapalhou o amador ou vice versa é demais. O profissional tinha
que acontecer. O que atrapalhou foi que quando entrou a Federação de Futebol de
Rondônia ela pensou só no futebol e esqueceu o restante, antes era Federação de
Desportos de Rondônia que tinha o Kakulakis, Nei Leal, Nogueira que era o
presidente e eu já estava lá como dirigente. No caso do futebol profissional o
que não teve foi estrutura. Quem passou do amador para o profissional naquele
ano de 1990? Só o Ferroviário que no primeiro ano perdeu o título na decisão e
desistiu. Depois o Flamengo com o Helio Silva e seu irmão e deu um pouquinho de
continuação, to falando dos times antigos. Depois entrou Gênus, Cruzeiros e
esses times todos.
Zk – Vamos falar sobre a
família. Você é casado, sua esposa é daqui?
Walter Santos – Esse é outro
lance importante. Se me perguntarem eu digo que sou rondoniense, embora na
minha identidade conste nascido no Amazonas. Vim pra cá com 16/17 anos estou
com 57 anos em Porto Velho. Minha esposa Maria Alencar Barbosa uma
portovelhense loira muito bonita é daqui, são 56 anos de casado que coisa linda,
Filhos e netos todos daqui.
Zk – Quais o melhores na
quarta zaga do seu tempo?
Walter Santos – Isso aqui
foi um celeiro de quartos zagueiros, só tem craque, exemplo: Walter Santos,
Nequinho, Dedé, Toinho, Mundoca. Essa turma jogava com elegância. (NR – Todo
mundo queria imitar o Walter na posição de quarto zagueiro nos times de Porto
Velho).
Zk – Para encerrar. Como
surgiu a idéia de prestar homenagem aos desportistas de Rondônia numa seção
solene da ALE?
Walter Santos – A idéia
pertence ao Waldemir Aguiar que é assessor do deputado Lazinho da Fetagro (PT),
numa conversa ele me falou da idéia e pediu minha colaboração e eu respondi;
Rapaz eu abraço, agora, é preciso alguém para nos ajudar. E ele disse que já
tinha falado com o deputado Lazinho. Quando ele falou da Fetagro fiquei
cabreiro, o cara é da agricultura, não tem nada a ver com esporte, mesmo assim
fui conversar com o deputado e falei que só daria certo, se a homenagem fosse
para todas as categorias e não apenas para o futebol, ele aceitou de imediato
minha sugestão. Essa já é a segundo leva de homenageados. Na primeira fui
homenageado como Radialista e Jogador de Futebol.
Zk – Como narrador, quais os
jogos que marcaram sua carreira de radialista?
Walter Santos – Da seleção
brasileira narramos uma partida em Uberlândia e outra em São Paulo eu e o
Ribamar cada um pegando um tempo. Aqui dos nossos clubes, a Copa Brasil
transmitimos todos, pois naquela época, aconteciam os jogos de ida e de volta
independente do placar. Fomos ao Nordeste, Sul, Sudeste transmitindo os jogos
dos nossos clubes. Transmitimos também a sub-vinte direto de São Paulo
principalmente quando o time é de Porto Velho.
Zk – Copão da Amazônia?
Walter Santos – Já peguei o
finalzinho do Copão, estava mais pro rádio. Ainda fui campeão do Copão como técnico
do Ferroviário em 1980 jogando lá em Macapá.
Zk – Você jogou em quais
times de futebol em Porto Velho?
Walter Santos – Joguei cinco
meses no Vasco da Gama do Fera, Ferroviário durante 8 anos e Moto Clube durante
dez anos.
Zk – Hoje?
Walter Santos – Tenho um Departamento
de Esporte na minha mão na rádio Transamazônica 105.9 FM e para manter esse
programa por tantos anos, é preciso ter credibilidade e essa credibilidade
graças a Deus é dada por pessoas de alta capacidade na vida empresarial de
Porto Velho. É como se você estivesse à beira do gramado, veja o jogo daí, curtindo
essa entrevista feita pelo Zekatraca. É shooooooow!
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