O alambrado da rua divisória
Sílvio M. Santos
As pendengas entre o superintendente Guapindaia e a
administração da Madeira Mamoré, fizeram com que a Câmara Municipal aprovasse
uma lei, autorizando Guapindaia a dar nome às ruas.
Entre as denominações uma passou se chamar Avenida Divisória
(hoje é a Presidente Dutra). Para deixar bem claro que os territórios obedeciam
às leis impostas por seus administradores, os ferroviários construíram um
alambrado dividindo as terras da Madeira Mamoré das do Município. As outras
ruas, segundo escreve Amizael em “No Rastro dos Pioneiros”, foram a Sete de
Setembro, Barão do Rio Branco, Floriano Peixoto e Pedro II.
Acontece que muito antes, a população de Porto Velho
concentrava-se no espaço que hoje fica entre o Cine Teatro Resk e a Rua
Prudente de Moraes, local que ficou conhecido como “Rua da Palha” (hoje
Natanael de Albuquerque).
Dona Labibe Bartolo que veio de Manaus para Porto Velho com apenas três anos de
idade em 1912, conta o seguinte: "A primeira rua que foi feita aqui, foi à
Rua da Palha. Minha mãe tinha comércio lá". Dona Labibe lembra que foi
aluna da dona Develinda filha do Superintendente Guapindaia e que a Rua da
Palha era repleta de comerciantes “principalmente vendedores de bugigangas”.
Já o capitão Esron Penha de Menezes lembra que a Rua da Palha
abrigava tudo quanto era tipo de comércio, inclusive as casas de mulheres
(prostitutas) de vida fácil. Esron também cita que a Barão do Rio Branco era
conhecida como “Rua dos Portugueses”. Ali na esquina da Presidente Dutra com a
Sete de Setembro pelo lado do Cine Brasil (hoje City Lar) funcionou primeiro, o
comércio de um espanhol conhecido como Maeta depois foi que foi o “Café
Central” do João Barril (João Pedro da Rocha), local que se transformou no
ponto de encontro da cidade.
Na outra esquina (onde hoje fica uma loja de instrumentos
musicais) também funcionou um Café, era o Café Pilão e o “Cinema do Pilão”,
depois foi a Padaria do Raposo, funerária Raposo e a primeira Caderneta de
Poupança com agência em Porto Velho a Continental".
Na Rua da Palha também tinha o Cine Teatro “Fênix” construído
todo de madeira e coberto de zinco, com palco para encenação de peças teatrais
e para o piano que acompanhava a cenas dos filmes mudos, um bar e um salão de
jogo de bacará. Era o único centro de diversão do povo e o paraíso dos
malandros e desocupados.
A primeira casa de Adobe (tijolo cru) foi construída onde mais
tarde funcionou a Padaria do Resk e hoje é uma loja na Sete de Setembro.
A rua Sete de Setembro nasceu com o nome de rua do Comércio.
Na rua do Comércio concentravam-se os Círios e os Libaneses que todo mundo
costumava chamar de “Os Turcos”. Tudo isso ficava no lado pertencente à
municipalidade.
Pra
baixo da Linha Divisória, ficavam as casas administradas pela Madeira Mamoré.
Nenhum comentário:
Postar um comentário