Segunda-feira foi noite de
estréia no Palco Giratório. O grupo rondoniense “O Imaginário” apresentou para
o público, que lotou o Teatro 1 do Sesc Esplanada, seu mais recente trabalho:
“Mulheres do Aluá”. Este é um trabalho de pesquisa que teve início há mais de
três anos no Centro de arquivos do Tribunal de Justiça. O grupo “O Imaginário”
e a historiadora Nilza Menezes iniciaram o trabalho de captação de informações
sobre processos de mulheres condenadas entre 1910 e 1930 onde quatro histórias
chamaram a atenção por suas peculiaridades. A realidade então se transformou em
ficção na dramaturgia de Euler Lopes Teles.
Para o público “Mulheres
do Aluá” foi uma viagem histórica narrada através da voz feminina. Agrael de
Jesus, Amanara Brandão, Jaqueline Luchesi e Zaine Diniz mostraram como viviam
as mulheres que serviram os homens que vieram trabalhar na construção da
Estrada de Ferro Madeira-Mamoré ou na extração da borracha. Trouxeram a cena os
abusos, preconceitos e dramas vividos por essas mulheres do século XX, mas que
continuam sendo situações vividas pelas mulheres contemporâneas. A atriz
Jaqueline Luchesi se sentiu honrada em participar desse projeto. “Foi um
privilégio uma honra, contar a história de mulheres que viveram aqui em Porto
Velho e eu me identifico muito com a minha personagem, com a Catarina, então eu
estou super feliz”. Agrael de Jesus se identificou com o seu personagem.
“Primeiro é uma história que remete até a minha raça, a cor negra, o sofrimento
dos negros e o sofrimento das mulheres de maneira em geral, seja lá de que raça
for”. A atriz Zaine Diniz, que participou da pesquisa e produção conta que
apesar da pesquisa ter durado cerca de três anos a montagem do espetáculo foi
rápida. “Foram dois meses intensivos na sala de ensaio. Trabalho de corpo, voz,
pra mim foi um presente poder contar a história dessas mulheres que estavam
aqui na época da Estrada de Ferro, que sofreram essas violências, foram
condenadas”, diz. Amanara Brandão que também fez sua estréia junto com o
espetáculo diz que foi uma experiência maravilhosa. “Foi prazeroso, ótimo.” O
diretor do espetáculo, Chicão Santos, ressalta a seriedade deste trabalho.
"É importante abrir esse diálogo dessa mulher que vive numa condição de
pedra e essa mulher que se humaniza, essa mulher que fala das suas memórias,
que narra os acontecimentos. Então essas mulheres, elas denunciam tudo aquilo
que aconteceu com elas nesse período de tempo através de suas memórias".
Chicão Santos ressaltou
também a parceria entre o Sesc Rondônia e os grupos de teatro. Fabiano Barros,
coordenador de cultura enfatizou o posicionamento da Fecomércio, através de seu
presidente Raniery Araújo Coelho em difundir e possibilitar a todos o acesso a
cultura, educação e esporte.
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