O articulista do UOL Leonardo Rodrigues publicou matéria muito interessante sobre a
sétima arte produzida no Brasil com o seguinte título: 7 filmes que você precisa ver antes de falar besteira do cinema
nacional.
Seja sicero. Você, digníssimo leitor do UOL, já deve ter ouvido
diversas vezes: 1) "Ah, o cinema brasileiro
é muito ruim"; 2) "Filmes brasileiros só têm palavrão e cenas de
sexo"; 3) "Para que investir nisso, se o país tem problemas mais
urgentes?" Se você já teve a infelicidade de repetir alguma dessas frases,
fique com o recado: há poucas formas de estar mais equivocado.
Mesmo com problemas e dificuldades históricas de financiamento,
o cinema produzido no Brasil foi e continua rico e pujante. E não somos nós,
brasileiros, que estamos dizendo. Incontáveis prêmios e indicações recebidas
nos principais festivais do mundo falam por si, assim como a admiração de
importantes cineastas de vários países.
Se para você o que vale é apenas o argumento econômico, estamos
falando, só para início de conversa, de um setor que gera mais 100 mil empregos
no país e injeta R$ 19 bilhões anualmente na nossa economia. Tudo isso não foi
suficiente para te convencer da importância do cinema nacional? Então que tal
começar pelo básico assistindo aos filmes?
Para te ajudar no Dia do Cinema Brasileiro, trazemos abaixo um
pequeno mas significativo recorte, com sete exemplos de produções primorosas e
influentes. Caso você realmente goste de cinema e ainda tenha preconceito,
provavelmente elas vão te fazer mudar de opinião.
'Cidade de Deus' (2002, dirigido por Fernando Meireles) Retrata o crescimento do
crime organizado na comunidade que dá nome ao filme, com 60 atores principais,
150 secundários e 2600 figurantes. Mudou paradigmas do cinema brasileiro e
recebeu quatro indicações ao Oscar (melhor diretor, melhor roteiro adaptado,
melhor edição e melhor fotografia). Também influenciou Quentin Tarantino e o
ator Michael B. JMichael B. Jordan, que se inspirou na história para criar o
vilão de "Pantera Negra".
'Deus e o Diabo na Terra do
Sol' (1964, dirigido por Glauber Rocha) Mistura drama e faroeste ao
contar a história de um sertanejo (Geraldo Del Rey) que leva uma vida sofrida
no interior, em uma terra desolada e marcada pela seca. Considerado um marco do
cinema novo, foi indicado à Palma de Ouro do Festival de Cannes e serviu de
inspiração para cineastas consagrados. Entre eles, o sul-coreano Bong Joon-ho,
que venceu quatro Oscars este ano com "Parasita".
Limite (1931, Mário Peixoto) - Em um pequeno barco à deriva, duas
mulheres e um homem relembram seu passado recente e acabam sem força para
viver, atingindo o limite de suas existências. Lançado no período de transição
entre os cinemas mudo e falado, o filme apresenta inovações em fotografia e
montagem, além de trazer uma inventiva narrativa não linear. Já foi
reverenciado em Cannes e serviu de influência até para a obra de David Bowie.
'O Pagador de Promessas' (1962, Anselmo Duarte) Acompanha Zé do Burro (Leonardo Villar),
um homem humilde que enfrenta a intransigência da Igreja ao tentar cumprir a
promessa feita em um terreiro de Candomblé. É denso, profundo e nos brinda com
atuações edificantes. É um filme que encantou críticos do mundo e se tornou o
primeiro nacional a ser indicado ao Oscar. Até hoje, é o único brasileiro a
vencer o prêmio principal do Festival de Cannes.
'Ilha das Flores' (1988, Jorge Furtado) - O Brasil é reconhecidamente celeiro de
grandes documentaristas, como Eduardo Coutinho, mas talvez nenhum filme do
gênero sirva melhor como porta de entrada do que este curta de Jorge Furtado.
Reflete sobre a lógica capitalista a partir de um aterro de Porto Alegre onde
restos de comida considerados inadequados a porcos são dados a pessoas pobres.
Texto primoroso, edição espetacular, lançado antes da "retomada" do
nosso cinema.
'O Auto da Compadecida' (2000, Guel Arraes) - Lançado primeiro como minissérie, é um
dos melhores exemplos de comédia tipicamente brasileira, sucesso de bilheteria
e crítica. A adaptação da peça de Ariano Suassuna ainda inovou ao apresentar
nas telas de cinema uma linguagem totalmente influenciada pela do teatro. A
história de Chicó e João Grilo, dois sertanejos cascateiros que tentam
sobreviver em um sertão injusto e desigual, jamais perdeu graça e atualidade.
'Tropa de Elite 2: o Inimigo Agora É
Outro' (2010, José Padilha) - Mais uma prova de que cinema nacional de
qualidade também combina com altas bilheterias. O filme é mais profundo e
político que o primeiro e acerta em cheio ao explicitar relações escusas entre
policiais, milícias cariocas e poderosos. Dez anos depois, dificilmente o tema
poderia ser mais adequado. Isso sem mencionar a originalidade da mistura dos
gêneros drama, policial e ação, que levou Padilha à Hollywood para dirigir o
novo RoboCop (2014).
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