Paulo
Roberto da Silva
Domingo passado dia 9, a
moçada que se reúne na calçada da Casa da Cultura Ivan Marrocos durante o Café
da Manhã dos Pobres do Caiari, foi festejou o aniversário de 71 anos, do Paulo
Fuá. Paulo podemos afirmar, é uma das pessoas mais queridas da moçada que
participa do Café e agora se tornou o centro das atenções, pois o Altair dos
Santos Lopes - Tatá um cronista de primeira linha, surgiu com a ideia de
escrever um livro sobre “Os Amores do Paulo Fuá”. “As esposas dos amigos me
ligam pedindo para não citar o nome de seus companheiros no livro, é uma
loucura”. O certo é que Paulo Fuá que já era considerado passou a ser tratado
como celebridade, inclusive tem sido solicitado para entrevistas em vários
órgãos da imprensa. O livro é uma verdadeira incógnita, pois o Tatá só
apresenta a capa e um bocado de páginas em branco. “Tem gente que ameaçou
entrar com liminar para que o livro não seja publicado”.
Na tentativa de descobrir
alguma coisa sobre as histórias que podem fazer parte do livro, conversamos com
o Paulo Fuá justamente na festa do seu aniversário.
ENTREVISTA
Zk - Qual seu nome completo
e a data de nascimento?
Paulo Fua – No dia 08 de
junho de 1948, brilhava essa estrela no céu de Porto Velho, capital do
Território Federal do Guaporé que foi batizada com o nome de Paulo Roberto da
Silva. Meu pai Francisco Roberto da Silva nascido em Porto Velho era
funcionário da EFMM, já minha mãe era de Santarém (PA), dona Estefânia
Macambira da Silva.
Zk – Fala sobre a infância?
Paulo Fua – Minha infância
foi no bairro da Olaria; Ainda menino ajudava no mantimento da nossa casa,
vendendo salgadinhos na beira do rio Madeira onde via atracar os grandes navios
Lobo D’almada, Augusto Monte Negro, Lauro Sodré e outros. Meus fregueses a
maioria trabalhava como estivador no Plano Inclinado. Não foi fácil minha
infância, eu sofri na mão da minha mãe, mas, agradeço a ela pois se não fosse
ela, quem sabe eu seria um marginal. Naquele tempo quando a gente chegava da
aula tinha que mostrar a tarefa, não mostrasse a “madeira” cantava no lombo.
Estudei no Duque de Caxias, Escolas Reunidas Samaritana, Escola Frederico Trota
e também no Murilo Braga. Certa vez ‘gazeteie’ aula, para olhar o avião PP-BTU
da Paraense que havia caído, eu o Moa filho do radialista Petrônio de Almeida
Gonçalves e o Careca filho do Simeão Tavernard e fomos suspensos pela diretora
da escola.
Zk – Fala sobre amizade com
pessoas importantes?
Paulo Fua – Nessa minha vida
tive boas amizades com pessoas importantes da cidade, como seu Joaquim Pereira
da Rocha, Abdon Jacob Athala, João Elias de Souza Martins que foi prefeito de
Porto Velho. Graças às amizades, trabalhei no jornal O Gauporé do seu Emanoel Pontes
Pinto, aprendi a imprimir jornal trabalhando no Alto Madeira com o finado Boy.
O primeiro Juiz de Direito que tivemos em Porto Velho Dr. Joel Quaresma de
Moura gostava muito de mim e graças a isso, escapei da Maravilha.
Zk – Que história é essa?
Paulo Fua – Não sei o que
foi que houve, só sei que eu não era boa peça e minha mãe queria me internar na
Maravilha (Patronato de Menores delinquentes) que ficava no quilômetro 25 da
hoje BR 364 e o Dr. Joel falou: “A
senhora está com o pensamento mau a respeito do seu filho, ele é um menino
muito bom e trabalhador”, voltei pra casa.
Zk – É verdade que as
madames da sociedade também gostavam de você?
Paulo Fua – Todas respeitavam a minha opção sexual. A
última na qual fiquei por quase trinta anos, foi dona Josefa Romiê, ela não era
uma patroa, era uma mãe pra mim. Eu chegava morto de bêbado e a Natália
empregada escondido da dona Josefa abria o portão, no outro dia, dona Josefa me
esculhambava: “Já criei meus filhos e ainda arranjo esse diabo aqui pra dentro
de casa pra ta me chegando bêbado”. Eu queria responder e ela dizia: “Cala tua
boca, vai tomar teu banho, tua comida ta lá dentro do fogão”. Ali todos são
pessoas maravilhosas.
Zk – E a amizade com o
Manelão da Banda do Vai Quem Quer?
Paulo Fua – Era uma amizade
muito boa apesar da gente viver brigando, quando eu não ia ao chaveiro ele me
ligava. Quando ele chegou aqui foi morar perto do quartel da 3ª Cia de
Fronteira hoje 17ª Brigada de Infantaria de Selva, era um garotão de 14 pra 15
anos, ele veio com o pai seu Jersey irmão do seu Aurélio que juntos, abriram a
Rondomarsa revendedora da William na Barão do Rio Branco. Eu fazia (registrava)
todos os jogos dele, era jogo do bicho, mega sena, lotomania etc. Certa vez a
mega sena acumulou em 75 Milhões, os jogos se encerravam sábado às 16 horas e
Manelão já meio dia, pede pra eu registrar a mega sena dele, eu liso, pensei:
ele vai me dar pelo menos uns 10 Reais pra tomar uma. Peguei aquele bolo de
jogo e mal cheguei à lotérica ele liga e com aquela arrogância que conhecíamos,
fala: “Seu Paulo o senhor ainda não fez esse jogo?” – Manelão agora que cheguei
à loteria!. A fila tava muito grande e o sol escaldante e ele: “Seu Paulo eu já
tô pra ir embora e o senhor não chega com os jogos”. Falei pra mim mesmo: Esse
corno não quer jogo não! Rasguei tudinho joguei na sarjeta, peguei um amigo e
fui tomar cerveja com o dinheiro do jogo dele lá no Candeias. Passei quase uma
semana sem ir ao chaveiro. Me deu coragem e fui lá. Quando chego na porta ele
olha de lá e diz pros seguranças: “Não deixa entrar, é ladrão, me roubou e eu
respondi: Roubou o que vagabundo safado. Ele precisava pegar dinheiro com sua
filha Siça. Eu tô em casa e ele me liga e diz: Vem aqui no chaveiro pra ir ali
comigo. Chegamos na UNIRON e ele mandou eu ir pegar o dinheiro com a Siça,
quase 2 Mil e escondi 100 Reais, ele contou o dinheiro e disse: “Ta faltando
100”! Porra, não inteirou nem um mês e tu já quer me roubar de novo”.
Zk – Como surgiu o apelido
de Paulo Fuá?
Paulo Fua – Eu estudava na
Samaritana e tinha um neguinho que era chamado de Bibito irmão do advogado
Paulo Jorge. Bibito trabalhava na prefeitura e eu não sei como diabo foi, que
ele botou esse apelido em mim e pegou, isso na década de 1960.
Zk – E a amizade com o
Chiquilito?
Paulo Fua – Quando ele foi
prefeito chegou comigo e disse: “Dia de sexta feira fica na calçada da casa da
tua patroa (que era atrás da prefeitura) que quando eu passar jogo um negócio
pra ti”. E partir de então toda sexta ele jogava 100 Reais.
Zk – E o livro Os Amores do
Paulo Fuá?
Paulo Fua – Essa
história surgiu no café da manhã do Caiari
e o que era apenas uma brincadeira, acabou por gerar o livro. Quem vai escrever
autorizado por mim, é o meu amigo Altair o conhecido TATA um cara muito legal
que eu gosto muito e o Tatá é quem está fazendo todo o fuzuê, publicando nas
redes sociais o andamento das histórias.
Zk – A grande expectativa, é
que no livro você revele o nome de alguns dos seus casos de amor. Tem
fundamento esse receio das pessoas?
Paulo Fua – Não é tanto a questão
das amizades amorosas. A questão são as amizades de muitos que tenho. Uns foram
amigos que curtiram um relacionamento entre abraços e beijos e isso tem me dado
dor de cabeça.
Zk – Por quê?
Paulo Fua – Muitos me ligam
pedindo pra não citar seus nomes. Tenho recebido inclusive, pedidos de esposas
de alguns e elas pedem pelo amor de Deus pra eu não colocar o nome de seus
maridos. Já pensou que situação a minha. Tem quem ameaçou entrar com mandato de
segurança para o livro não ser publicado.
Zk – Por você optar por ser
gay, sofreu ou sofre preconceito?
Paulo Fua – Pode acreditar,
eu nunca fui discriminado por ninguém, seja amigos ou pessoas da sociedade como
um todo. Acho que a discriminação surge quando a pessoa não tem moral e não se
dar o respeito. A discriminação se é que podemos assim classificar, acontecia
no tempo de colégio, quando os colegas, de sacanagem gritavam quando eu
passava: Ei viado! Ei Baitola vem cá Peroba e eu não ligava. Essas coisas nunca
me intimidaram.
Zk – Pra finalizar?
Paulo Fua – Não sei quando
realmente vai sair o livro que o Tata
está escrevendo. Só sei que o Paulo Fuá teve muitos amores. Será que o
seu nome faz parte da minha história? Aguarde, vem aí: Os Amores do Paulo Fuá.
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