sábado, 1 de abril de 2017

Dimas Ferreira

A história do jornal Folha do Sul

Após seis anos, sem vir a capital de Rondônia Porto Velho, o empresário da comunicação proprietário do jornal Folha do
Sul, Dimas Ferreira, passou a semana passada tratando da sobrevivência do seu jornal pelos gabinetes da Assembleia Legislativa e do Palácio Rio Madeira, foi numa dessas visitas ao CPA que o encontramos, correndo atrás do “prejuízo”.
Na Setur visitou aquele que é considerado um dos melhores editores da Folha do Sul o hoje superintendente de turismo Júlio Olivar e foi ali que conversamos a respeito da história do jornal e histórias de Vilhena. Foi uma conversa descontraída, onde Dimas se lembra de alguns fatos pitorescos da cidade capital do Cone Sul de Rondônia.
Sem muitas delongas vamos direto ao assunto:

ENTREVISTA

Zk – Vamos começar pela sua identificação?
Dimas – Sou Dimas Ferreira, 50 anos, moro em Vilhena desde 1991. O jornal Folha do Sul foi fundado em 1º de janeiro de 1993.

Zk – Qual a principal matéria da primeira edição da Folha?
Dimas – Foi a cobertura da posse dos prefeitos que haviam sido eleitos em 1992.

Zk – Você ao vir para Rondônia foi pra Vilhena?
Dimas – Vim direto de Minas Gerais para uma pequena localidade chamada Migrantinópolis, logo depois de Rolim de Moura e de lá foi que fui pra Vilhena. Sou de uma região de Minas cuja principal cidade é Governador Valadares de onde muita gente migra para os Estado Unidos e no meu caso, preferi migrar pra dentro do Brasil. Tinha um compadre amigo do meu pai de longas datas, que até hoje mora em Migrantinópolis para quem eu disse que gostaria de conhecer Rondônia. Eu estava com 25 anos e então fu parar em Migrantinópolis e de lá surgiu a oportunidade e fui pra Vilhena.

Zk – Como foi que você decidiu atuar na área de comunicação?
Dimas – Na verdade eu nuca fui da área de comunicação. Lá em Minas fui auxiliar de escritório, bancário, servidor público. Quando cheguei a Vilhena e como sempre tive a facilidade para escrever, passei a trabalhar na assessoria de imprensa da prefeitura, onde fiquei apenas cinco meses e aí um amigo, que já atuava na área jornalística me convidou e eu aceitei. O prefeito de Vilhena na época era o Lourival Renato Ruttmann.

Zk – Por falar em prefeito de Vilhena, você sabe da história do Vitório Abrão?
Dimas – A gente conhece um pouco. Ele foi o primeiro prefeito eleito de Vilhena, inclusive está de volta, morando lá, faz parte da história do município. O Vitório é cercado de muita lenda, muita polemica e de muitos causos. Esse negócio do Banco, por exemplo... Engraçado, tenho muito contato com ele e nunca perguntei sobre a veracidade desse fato, dos bois que dizem, que ele pintou os cupins de branco para parecerem boi. Ainda vou perguntar sobre isso.

Zk – Como surgiu a idéia de colocar em circulação um jornal impresso?
Dimas – Antigamente a gente achava que em Vilhena havia espaço para mais um jornal. O jornal Folha do Sul que fundamos em 1993 foi o primeiro jornal colorido do estado de Rondônia. Comigo nessa empreitada estava o bancário Gervazio Santana Leal que inclusive, utilizou o próprio salário para bancar as primeiras edições. Por lá passaram grandes profissionais, hoje a diretora do Hospital Regional de Vilhena foi repórter, temos um repórter que é do UOL hoje respeitadíssimo, que é o Leandro Prazeres, temos professores da UNIR, o secretário de Turismo de Rondônia Júlio Olivar foi editor da Folha.

Zk – Você lembra algumas histórias que se passaram dentro da redação envolvendo profissionais da imprensa, políticos e empresários?
Dimas – Recentemente houve uma polêmica, não com o jornal, mas, com a gráfica que faz parte da empresa, que foi contratada para imprimir a edição de um jornal que virou caso de polícia, foi o Rondônia Agora que produziu uma edição impressa e uma pessoa que era citada em uma reportagem, entendeu que a matéria denegria sua imagem, entrou na justiça e essa, foi lá recolher aquela edição do Rondônia Agora.

Zk – Vocês já tiveram problemas com políticos?
Dimas – Isso a gente sempre tem. Acontece que optamos pela linha mais combativa, ao invés da linha chapa branca, aquela bajulatória. Obviamente que ninguém gosta de ser combatido e então existe uma reação que consideramos natural e que administramos sem problema.

Zk – Além de dono da empresa, você escreve alguma coluna, artigo etc?
Dimas – Não, sempre editei o jornal e aí quando tive a felicidade de ter bons editores, incluindo o Júlio Olivar, eu ficava mais na parte de coordenação. Sempre comandei o jornal pessoalmente.

Zk – É difícil hoje, manter um jornal impresso?
Dimas – É bastante. A gente faz em respeito ao público, que faz questão que mesmo tendo a Internet. Você como colunista de um jornal impresso, sabe que apesar de que o público é diferenciado, é como cerveja artesanal, é mais cara, produz em menor escala mais tem muito mais charme e qualidade que a outra. Assim é o jornal impresso, tem muito mais consistência e qualidade que o jornal on line.

Zk – Como vive hoje o jornal, comercialmente falando?
Dimas – Temos o departamento comercial que cuida da manutenção dos anúncios das empresas, temos o poder público que eventualmente contrata espaços de mídia enfim, é uma empresa como qualquer outra. Tem o departamento comercial, preserva sua linha editorial e cuida dos espaços que afinal de contas é o que garante a nossa sobrevivência.

Zk – Como é que vocês da Folha do Sul estão administrando essa fase de problemas que envolvem os políticos de Vilhena?
Dimas – Recentemente andei dando uma olhado nos nossos arquivos e vi que mantivemos a mesma linha, inclusive no site do jornal é possível você fazer uma busca e encontrar que mantivemos nossa linha de denunciar, de não sonegar nada aos leitores, de explicar exatamente o que está acontecendo, isso ao longo de várias administrações municipais. Noticiamos o que é bom e o que é ruim em qualquer administração.

Zk – Você além das atividades da empresa gráfica tem outros empreendimentos tipo na agricultura?
Dimas – Não! Moro em uma chácara, crio galinha para o meu consumo, sou advogado habilitado pela OAB, mas, continuo preferindo militar no jornalismo.

Zk – Qual o público da Folha o assinante ou o comprador diário?
Dimas – Os assinantes dominam, são fiéis a leitura do nosso jornal. Circulamos no Cone Sul, mais Cacoal, Ji-Paraná, Pimenta Bueno e circulação dirigida nos gabinetes dos políticos em Porto Velho.

Zk – Quais na sua analise, foram os grandes administradores de Vilhena?
Dimas – Todos de uma forma geral, mesmo aquele de antes do jornal ser fundado deram sua contribuição, cada um com seu estilo, de certa forma todos contribuíram com o desenvolvimento do município.

Zk – Por que, não o povo. A justiça acha que a família Donadom não faz bem a Vilhena?
Dimas – Aí é um problema sério, por exemplo, a Justiça tem mantido algumas condenações para membros da família, porém o povo continua entendendo que eles são bons e os elegem, atualmente a prefeita é da família, tem deputado, tem boas votações pra outros cargos enfim, é um problema sério.

Zk – Vamos falar mais do cidadão Dimas. É casado etc?
Dimas – Sou casado, tenho três filhos, sou graduado em direito tenho registro na OAB e minha paixão é o jornalismo. Dificilmente saio de Vilhena, faziam seis anos que não vinha a Porto Velho.

Zk – Tem mais algum caso que se passou com a equipe da folha que podemos considerar pitoresco?
Dimas – Existem muitos, porém como a entrevista não foi agendada, não dá para lembrar assim de momento. Lembro-me de um. Na época fui cobrir um protesto de índios, nossa região tem muitas terras indígenas, e haviam dois vereadores, uma vereadora loirinha descendente de alemães e um vereador negro e então os índios foram pintar a vereadora de pele muito clara e pintaram com aquela tinta de jenipapo muito preta, tinta de guerra e quando foram pintar o vereador os índios se espantaram porque a tinta (para eles) não havia pegado na pele do vereador. Na realidade não dava para se notar a pintura porque a tinta era da mesma cor da pele do vereador. Esse é um dos fato que lembro.

Zk – Quais os atrativos turísticos de Vilhena?
Dimas – Fora o clima que é agradável, A cidade urbanisticamente falando é também agradável é de lá que você parte para o nosso maior cartão postal que é o Rio Guaporé e o rio Cabixi.

Zk – Vilhena já foi considerada a capital cultural de Rondônia. O que houve que os movimentos culturais da cidade deixaram de se destacar no estado?
Dimas – A cultura de Vilhena sobrevive pela força das pessoas voluntárias, claro que existe algumas autoridades que se esforçam e tentam fomentar, mais a grande força vem de quem atua no segmento. Não é uma cultura oficializada é aquela de voluntários mesmo de gente que quer.

Nenhum comentário: