A
história do jornal Folha do Sul
Após seis anos, sem vir a
capital de Rondônia Porto Velho, o empresário da comunicação proprietário do
jornal Folha do
Sul, Dimas Ferreira, passou a
semana passada tratando da sobrevivência do seu jornal pelos gabinetes da
Assembleia Legislativa e do Palácio Rio Madeira, foi numa dessas visitas ao CPA
que o encontramos, correndo atrás do “prejuízo”.
Na Setur visitou aquele que é
considerado um dos melhores editores da Folha do Sul o hoje superintendente de
turismo Júlio Olivar e foi ali que conversamos a respeito da história do jornal
e histórias de Vilhena. Foi uma conversa descontraída, onde Dimas se lembra de
alguns fatos pitorescos da cidade capital do Cone Sul de Rondônia.
Sem muitas delongas vamos
direto ao assunto:
ENTREVISTA
Zk – Vamos começar pela sua
identificação?
Dimas – Sou Dimas Ferreira, 50
anos, moro em Vilhena desde 1991. O jornal Folha do Sul foi fundado em 1º de
janeiro de 1993.
Zk – Qual a principal matéria
da primeira edição da Folha?
Dimas – Foi a cobertura da
posse dos prefeitos que haviam sido eleitos em 1992.
Zk – Você ao vir para Rondônia
foi pra Vilhena?
Dimas – Vim direto de Minas
Gerais para uma pequena localidade chamada Migrantinópolis, logo depois de
Rolim de Moura e de lá foi que fui pra Vilhena. Sou de uma região de Minas cuja
principal cidade é Governador Valadares de onde muita gente migra para os
Estado Unidos e no meu caso, preferi migrar pra dentro do Brasil. Tinha um
compadre amigo do meu pai de longas datas, que até hoje mora em Migrantinópolis
para quem eu disse que gostaria de conhecer Rondônia. Eu estava com 25 anos e
então fu parar em Migrantinópolis e de lá surgiu a oportunidade e fui pra
Vilhena.
Zk – Como foi que você decidiu
atuar na área de comunicação?
Dimas – Na verdade eu nuca fui
da área de comunicação. Lá em Minas fui auxiliar de escritório, bancário,
servidor público. Quando cheguei a Vilhena e como sempre tive a facilidade para
escrever, passei a trabalhar na assessoria de imprensa da prefeitura, onde
fiquei apenas cinco meses e aí um amigo, que já atuava na área jornalística me
convidou e eu aceitei. O prefeito de Vilhena na época era o Lourival Renato Ruttmann.
Zk – Por falar em prefeito de
Vilhena, você sabe da história do Vitório Abrão?
Dimas – A gente conhece um
pouco. Ele foi o primeiro prefeito eleito de Vilhena, inclusive está de volta,
morando lá, faz parte da história do município. O Vitório é cercado de muita
lenda, muita polemica e de muitos causos. Esse negócio do Banco, por exemplo...
Engraçado, tenho muito contato com ele e nunca perguntei sobre a veracidade
desse fato, dos bois que dizem, que ele pintou os cupins de branco para
parecerem boi. Ainda vou perguntar sobre isso.
Zk – Como surgiu a idéia de
colocar em circulação um jornal impresso?
Dimas – Antigamente a gente
achava que em Vilhena havia espaço para mais um jornal. O jornal Folha do Sul
que fundamos em 1993 foi o primeiro jornal colorido do estado de Rondônia.
Comigo nessa empreitada estava o bancário Gervazio Santana Leal que inclusive,
utilizou o próprio salário para bancar as primeiras edições. Por lá passaram
grandes profissionais, hoje a diretora do Hospital Regional de Vilhena foi
repórter, temos um repórter que é do UOL hoje respeitadíssimo, que é o Leandro
Prazeres, temos professores da UNIR, o secretário de Turismo de Rondônia Júlio
Olivar foi editor da Folha.
Zk – Você lembra algumas
histórias que se passaram dentro da redação envolvendo profissionais da
imprensa, políticos e empresários?
Dimas – Recentemente houve uma
polêmica, não com o jornal, mas, com a gráfica que faz parte da empresa, que
foi contratada para imprimir a edição de um jornal que virou caso de polícia,
foi o Rondônia Agora que produziu uma edição impressa e uma pessoa que era
citada em uma reportagem, entendeu que a matéria denegria sua imagem, entrou na
justiça e essa, foi lá recolher aquela edição do Rondônia Agora.
Zk – Vocês já tiveram
problemas com políticos?
Dimas – Isso a gente sempre
tem. Acontece que optamos pela linha mais combativa, ao invés da linha chapa
branca, aquela bajulatória. Obviamente que ninguém gosta de ser combatido e
então existe uma reação que consideramos natural e que administramos sem
problema.
Zk – Além de dono da empresa,
você escreve alguma coluna, artigo etc?
Dimas – Não, sempre editei o
jornal e aí quando tive a felicidade de ter bons editores, incluindo o Júlio
Olivar, eu ficava mais na parte de coordenação. Sempre comandei o jornal
pessoalmente.
Zk – É difícil hoje, manter um
jornal impresso?
Dimas – É bastante. A gente
faz em respeito ao público, que faz questão que mesmo tendo a Internet. Você
como colunista de um jornal impresso, sabe que apesar de que o público é
diferenciado, é como cerveja artesanal, é mais cara, produz em menor escala
mais tem muito mais charme e qualidade que a outra. Assim é o jornal impresso,
tem muito mais consistência e qualidade que o jornal on line.
Zk – Como vive hoje o jornal,
comercialmente falando?
Dimas – Temos o departamento
comercial que cuida da manutenção dos anúncios das empresas, temos o poder
público que eventualmente contrata espaços de mídia enfim, é uma empresa como
qualquer outra. Tem o departamento comercial, preserva sua linha editorial e
cuida dos espaços que afinal de contas é o que garante a nossa sobrevivência.
Zk – Como é que vocês da Folha
do Sul estão administrando essa fase de problemas que envolvem os políticos de
Vilhena?
Dimas – Recentemente andei
dando uma olhado nos nossos arquivos e vi que mantivemos a mesma linha,
inclusive no site do jornal é possível você fazer uma busca e encontrar que
mantivemos nossa linha de denunciar, de não sonegar nada aos leitores, de
explicar exatamente o que está acontecendo, isso ao longo de várias
administrações municipais. Noticiamos o que é bom e o que é ruim em qualquer
administração.
Zk – Você além das atividades
da empresa gráfica tem outros empreendimentos tipo na agricultura?
Dimas – Não! Moro em uma
chácara, crio galinha para o meu consumo, sou advogado habilitado pela OAB,
mas, continuo preferindo militar no jornalismo.
Zk – Qual o público da Folha o
assinante ou o comprador diário?
Dimas – Os assinantes dominam,
são fiéis a leitura do nosso jornal. Circulamos no Cone Sul, mais Cacoal, Ji-Paraná,
Pimenta Bueno e circulação dirigida nos gabinetes dos políticos em Porto Velho.
Zk – Quais na sua analise,
foram os grandes administradores de Vilhena?
Dimas – Todos de uma forma
geral, mesmo aquele de antes do jornal ser fundado deram sua contribuição, cada
um com seu estilo, de certa forma todos contribuíram com o desenvolvimento do
município.
Zk – Por que, não o povo. A
justiça acha que a família Donadom não faz bem a Vilhena?
Dimas – Aí é um problema
sério, por exemplo, a Justiça tem mantido algumas condenações para membros da
família, porém o povo continua entendendo que eles são bons e os elegem,
atualmente a prefeita é da família, tem deputado, tem boas votações pra outros
cargos enfim, é um problema sério.
Zk – Vamos falar mais do
cidadão Dimas. É casado etc?
Dimas – Sou casado, tenho três
filhos, sou graduado em direito tenho registro na OAB e minha paixão é o jornalismo.
Dificilmente saio de Vilhena, faziam seis anos que não vinha a Porto Velho.
Zk – Tem mais algum caso que
se passou com a equipe da folha que podemos considerar pitoresco?
Dimas – Existem muitos, porém
como a entrevista não foi agendada, não dá para lembrar assim de momento. Lembro-me
de um. Na época fui cobrir um protesto de índios, nossa região tem muitas
terras indígenas, e haviam dois vereadores, uma vereadora loirinha descendente
de alemães e um vereador negro e então os índios foram pintar a vereadora de
pele muito clara e pintaram com aquela tinta de jenipapo muito preta, tinta de
guerra e quando foram pintar o vereador os índios se espantaram porque a tinta
(para eles) não havia pegado na pele do vereador. Na realidade não dava para se
notar a pintura porque a tinta era da mesma cor da pele do vereador. Esse é um
dos fato que lembro.
Zk – Quais os atrativos
turísticos de Vilhena?
Dimas – Fora o clima que é
agradável, A cidade urbanisticamente falando é também agradável é de lá que
você parte para o nosso maior cartão postal que é o Rio Guaporé e o rio Cabixi.
Zk – Vilhena já foi
considerada a capital cultural de Rondônia. O que houve que os movimentos
culturais da cidade deixaram de se destacar no estado?
Dimas – A cultura de
Vilhena sobrevive pela força das pessoas voluntárias, claro que existe algumas
autoridades que se esforçam e tentam fomentar, mais a grande força vem de quem
atua no segmento. Não é uma cultura oficializada é aquela de voluntários mesmo
de gente que quer.
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