As
gentilezas no atendimento na Raio de Sol
Conforme combinado, nesta
edição vamos publicar a segunda parte da entrevista com o senhor Mario de
Queiroz Araujo, proprietário da padaria Raio de Sol. Dessa vez ele nos conta
sobre algumas pendengas sobre o andamento das negociações com um empresário
local sobre a posse do prédio onde funciona a padaria. “Pedi 900 Mil pela minha parte e
ele ofereceu 300 Mil e eu disse: Você não tem cabedal para comprar a minha
parte”.
Apesar de estar com vontade
de se aposentar, Mário afirma que jamais se mudará de Porto Velho. “Vou descansar no Tonhão”. Vamos à
segunda parte da entrevista.
ENTREVISTA
(final)
Zk – Só tem essa padaria
aqui da Brasília com a D. Pedro II ou têm outras?
Mário – Só tem essa e ela
vai fechar no final deste ano.
Zk – Por quê?
Mário – Olha, tem uma pessoa
aqui que vocês chamam de empresário, mais é um bandido... Quando aluguei o
prédio onde funciona a padaria, procurei saber se estava ou não a venda uma vez
que a dona com a família não estava mais morando aqui, estava indo para Ubajara
la no Ceará. Começaram a oferecer e eu me propus a comprar e eles não
respondiam minhas propostas. Assim foram anos e anos, até que um belo dia
chegou o dono da Caroline Financeira Valclériston muito amigo nosso, perguntou
se estava com algum problema financeiro. Perguntei o que estava acontecendo e
ele disse: “É que tem um pedido de despejo contra o senhor”. Fiquei doido.
Cheguei na 3ª Vara a moça perguntou, “o senhor é bidu”, por quê? “Porque estou
com o processo na mão. É que está escrito na terceira página: por falta de
consistência o processo deve ser arquivado”. O tempo foi passando e eles
pararam de oferecer. Fui procurar saber quem era que tinha comprado, eu sabia
quem era, mas, só por um nome Lindomar que é la de Ubajara. Liguei muito pra
ele e não fui atendido, até que falei com a moça da Zeta e ela sugeriu que eu
ligasse no celular dele. Eu disse que não queria falar com ele via celular uma
coisa que era tão íntima pra ele. Resultado liguei, ele atendeu e eu perguntei:
O Senhor comprou um prédio na D. Pedro II e ele: “Comprei, paguei em cima de
uma certidão de inteiro teor” respondi: O senhor além de atrevido ainda fala
alto pensando que vou ficar com medo? Olha, você deu um tiro no pé, porque
possivelmente eu sou herdeiro do prédio (já estava correndo na 1ª Vara da
Família o reconhecimento de uma moça que era filha do dono do prédio, antes
dele casar com a outra. Quem me falou sobre isso foi o irmão dele e só faltava
o DNA pra comprovar). O tempo foi passando e eu não o conhecia e ele passando
aqui na porta e o povo falando, “o homem que comprou o prédio passou aí”. Ele
despejou o Beto do Aquário que só foi despejado porque não aceitou que eu fosse
testemunha, quer dizer, compraram algum silencio. Devo dizer que ele não é
brigado comigo, tanto que se eu ligar agora ele atende na hora. Mudou de
advogado até doer, até que um dia, resolvi aceitar uma reunião. Coincidentemente
o Dr. Orestes Muniz estava advogando pra ele e ele ficou assustado com o
tratamento que me foi dispensado pela equipe do Orestes. Abri um preço pra
vender minha parte, porque sou dono do ponto, sou dono de 16,5% e tenho o fundo
de comércio. Pedi R$ 900 Mil, ele riu e disse: dou R$ 300 MIL. Falei pra ele,
to achando que você não tem cabedal pra me tirar de lá.
Zk – Faltou dizer sobre o fechamento
da padaria?
Mário – Vou fechar porque
não tem quem queira continuar. Quem quer continuar, não tem cabedal. Vou acabar
vendendo isso aqui pra qualquer um. Propus comprar dele o restante do prédio e
ele não vende porque é orgulhoso. Pergunto dele: Lá na sua “Petrobras” de
Ubajara não te ajudam a comprar a minha parte? É assim, quem vai continuar? Não
tem!
Zk – O senhor tem fama de
ser muito exigente, inclusive no atendimento aos fregueses da padaria. Tem
algum fato pitoresco:
Mário – Infelizmente sou
desse jeito, meu pai me ensinou a viver e o que ele fazia era ser correto. Ser
honesto não ocupa lugar. Tenho passado cada apuro financeiro, a padaria hoje
não dar conta de fechar as portas. O que eu pago de fornecedor não é pouco, não
devo, pago adiantado às vezes. Não tem nenhum funcionário pendente, tem duas
ações trabalhistas que ocorreu no dia 19 do mês passado, a 1ª era R$ 39 Mil ficou
em duas parcelas de Mil Reais com prazo. Tem outra de R$ 44 Mil que o Dr.
Fernando Maia acha que vai ficar em Mil Reais. Tem que ser correto. Tem carro
de polícia que passa aqui na porta, que sobe o vidro pra não me ouvir os chamar
de ladrão. Aliás, tem uma separação la
de Goiás que devo R$ 220 Mil para o governo federal. Eles estão me dando um
trabalho danado, fazendo sequestro de dinheiro na minha conta, porém, vou pagar
agora esses dias, porque a casa lá de Goiânia vai ser vendida. Quero morrer sem
dever a ninguém. Essa é minha índole.
Zk – E?
Mário – Quando fui aprender
a fazer pão foi justamente pra saber mandar. O pão mais caro de Rondônia é o
meu! Era até dias atrás. A Roma me aperreando pra subir o preço e eu disse que
ia dar uma olhada, cheguei na padaria e minha mulher falou: “Por que você não
baixa o pão. Dar 20% de desconto”. Não vou fazer assim não, porque vai dar uma
quebradinha. Era 16 e passei pra R$ 13 o quilo, baixei mais de 20%. E to
ganhando dinheiro. Ninguém gosta de mim sabe por quê? Porque falo mesmo, meu
pão não azeda, porque aqui tem higiene. Tem muitos padeiros que param o carro
lá do outro lado e manda alguém comprar pão aqui só pra ele comer pão de
verdade.
Zk – Vai fechar e se
aposentar?
Mário – Não! Vou apenas
parar. Vou só pescar agora. A crise pra mim chegou, mas, não chegou igual como
chegou pra muita gente. Em 2008 o Obama falou uma coisa durante a crise que
estava acontecendo lá e eu o ouvi e fiz igual, naquela época tinha 24
funcionários, hoje tenho seis, quando mando embora, é por justa causa, não pode
ser diferente a gente tem que ser parceiro. Trabalhei de gravata 30 anos, meus
ternos tinham duas calças, eu não podia trabalhar sem gravata. Trabalhei na
Mesbla e na Arno quando a Arno era alemã ainda. Se alguém comprar e quiser
continuar com a padaria eu ensino.
Zk – Ta faltando o senhor
dizer sua idade?
Mário – Sou de 1931,
portanto, estou com 85 anos de idade. Em Rondônia depois da padaria minha
atividade é pescar. Pesca esportiva (pega e solta). O Gener engenheiro de pesca
me ensinou a fazer uma isca que é tão gostosa que eu como. Fui eu quem abriu o
pesque e pague do Inácio na Estrada do Japonês. A isca é feita com trigo.
Zk- Faltou também relatar um
fato pitoresco?
Mário – Você viu aí! Durante
a entrevista uma senhora foi pagar o pão e pegou uma bala no recipiente e
perguntou: “O senhor não vai me cobrar essa balinha não?”. Vou sim, afinal de
contas ninguém me deu essa bala, por isso tenho que cobrar. A mulher se
aborreceu, foi embora e deixou o pão no balcão. É assim!
Zk – Pra encerrar. O pão vai
no saco de papel ou na sacola de plástico?
Mário – Meu pão é embrulhado
em saco feito com papel especial branco. É inconcebível servir o pão em saco
plástico. Acontece o seguinte: se ele estiver quente vai molhar, se tiver no
papel e você viu a qualidade do papel que eu uso, branco, é muito mais caro, eu
sou obrigado a fazer o meu produto e vende-lo. Ele não é mais caro por acaso,
tem um custo, sei que hoje não estou ganhando dinheiro com ele, mas, estou
trazendo mais gente que comprava em outro lugar, pra cá.
Zk – Mais alguma coisa?
Mário – Fico muito
agradecido de você me ouvir. Por se preocupar em escrever sobre minha pessoa. Tem
muita gente que fala bem, fala mal, mas, escrever bem ou mal não vi ninguém.
Observo tanto que o seu patrão é o meu candidato a governador em 2018.
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