Do meu “Porto, Velho Porto”,
desatracou o mais nobre dos Iates, o mais aparelhado navio, o mais possante
barco motor e a canoa da quilha mais perfeita, Zezinho Maranhão, o comandante
que muito bem sabia levar a paz, o amor e a sabedoria das palavras e atitudes
no seu canto.O poeta que não tinha parâmetros entre os estilos musicais, do
reggae maranhense “Rancocamecrãs” ao bolero tradicional “Só” ao tango “Um tango
e tanto”, sem esquecer suas origens nordestinas ao trabalhar o repente na
música “Mote”. As mulheres faziam parte de seus poemas musicais, Zezinho cantou
para as “Rondonianas” de todo o Brasil, para as Veras, as Meires e as Leides,
cantou para Alice e para Nossa Senhora da Conceiçãomãe de Jesus.
“Desajeitada, indecisa,
fracasso e sem altivez, porque dependo e preciso, não sei ficar sem ouvir tua
voz.Você volta quando quer, finge que está tudo em paz, sou como aquela mulher,
que acha bonito e quer mais...” da música “Só”.
Era assim, como todo poeta
que se preza, tinha na amada sua mais intensa inspiração: “...Sem ter você tudo é lugar
comum. De jeito nenhum fico longe de ti. Sem tua companhia valho quase nada.
Não sei dançar, cantar, não sei sorri...” da música “A Palavra Certa”.
E nós ficamos sem o sorriso espontâneo e sincero do cantor que se acostumou a
vencer festivais, desde o tempo que morou em São Paulo e ao se mudar
literalmente para Porto Velho, se transformou no maior vencedor do Festival
Aberto de Música -FAM/SESC, quando ele não vencia, alguém vencia cantando uma
música de sua autoria, a cantora Marfisa foi uma dessas vencedoras.
O interessante, é que pouca
gente sabe que Zezinho Maranhão também era excelente compositor de toada de Boi
Bumbá, escreveu para o bumbá Corre Campo algumas toadas.Marchinhas para o Galo
da Meia Noite e Pirarucu do Madeira o transformaram em compositor carnavalesco.
Para o Santo Daime escreveu o que é conhecido como “Hinário”, foram quarenta
hinos, que são entoados nas reuniões da comunidade, no seu velório os irmãos de
Ceita passaram a noite entoando os “Hinários”entre eles, os compostos por
Zezinho.
Desde o Natal passado, o
portovelhense adotou entre o repertório tradicional sobre a data do nascimento
de Cristo, as músicas que fazem parte do CD “Canções Natalinas” cantadas e de autoria do Zezinho Maranhão.
No horizonte, junto com o
por do sol do rio Madeira, a popa do grande navio vai dando adeus ao meu
“Porto, Velho Porto” e nele, foi o corpo do Poeta do Amor, da Gentileza e da
Paz. José Alves da Silva.
Descansa em PAZ Zezinho
Maranhão!
Pai
Nosso (Natal de todas as cores)
De: Zezinho Maranhão
Não tem branco
Não tem negro
Somos iguais
Não tem pobre
E nem rico
O Espírito é de Natal
Outro é feliz com o que
recebeu
É saúde paz, harmonia de
Deus
Pai nosso de todo dia
Levantai esses meninos
Que se encontram pelo chão
Seja feita a Vossa vontade
Amparai a terceira idade
Perdoai a humanidade no
Natal
É festa Divina
Pra todos meditar
Lembrar-se que todo dia
É dia de rezar
Desejar ao outro lar e pão
E reconhecer que todos somos
irmãos
Não se deixar esquecer
(CD Canções Natalinas)
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