sábado, 11 de maio de 2013

ENTREVISTA COM PAULINHO RODRIGUES



Relator do Manifesto - Revolução Cultural





Entre os dias 18 de abril e 7 de maio, representantes de todos os segmentos culturais em atividade em Porto Velho, capital do estado de Rondônia, por várias vezes estiveram reunidos na Casa da Cultura Ivan Marrocos, participando do que ficou conhecido como, Manifesto - Revolução Cultural. Os artistas, produtores, realizadores e formadores de opinião, na oportunidade e por unanimidade, elegeram para atuar como Relator do Manifesto o advogado e multi instrumentista, Paulinho Rodrigues. Nesse ínterim o Movimento ganhou a adesão do Ouvidor do Estado de Rondônia Dr. Vicente Moura que juntamente com Paulinho e equipe, elaboraram o documento com as reivindicações dos segmentos culturais, que foi entregue a sua Excelência o senhor governador Confúcio Moura no alvorecer do dia 7 de maio passado.
Para falar a respeito do Manifesto - Revolução Cultural e de sua própria atuação como instrumentista e produtor cultural, convidamos o Dr. Paulinho Rodrigues.

ENTREVISTA

Zk - Quem é Paulinho Rodrigues?
Paulinho - Caboclo nascido em 1955, às margens do Madeira, na maternidade Darcy Vargas em Porto Velho. Advogado pela Universidade Mackenzie (SP), multi instrumentista, autor, compositor, produtor e diretor de produção, triciclista de aventura, artista plástico, folclorista e amo do boi Corre Campo.

Zk - E a relatoria do Manifesto - Revolução Cultural?
Paulinho - Apesar de ter sido espontaneamente coagido, por você, tenho que foi um trabalho bastante profícuo e de suma importância, que está rendendo bons frutos.
Zk - Frutos?
Paulinho - A partir do Manifesto, a cultura de Rondônia começa novamente a entrar nos trilhos, explico; com a adesão de todos os segmentos produtores de fazeres e saberes, a partir da reunião de 18 de abril passado (temos a lista de presença), acontecida na Casa da Cultura Ivan Marrocos, traçamos metas para fazer a “locomotiva” andar.

Zk - De que maneira?
Paulinho - Elaboramos uma pauta de prioridades, dentre outras, a urgente definição quanto a realização da XXXIII Mostra de Quadrilhas e Bois Bumbás a nossa maior manifestação demológica, que segundo os ecos advindos do prédio do relógio, este ano, não iria acontecer. Pra nossa surpresa, o Ouvidor do Estado de Rondônia, a pedido do governador passou a participar das reuniões do Manifesto, o que veio dinamizar e tranqüilizar nossas até então negativas premonições.

Zk - Sabemos que você foi recebido pelo governador. Quer falar a respeito desse encontro?
Paulinho - Segundo o João Zoghbi “...Os morcegos andavam rondando o prédio do relógio...”, o que nos causava verdadeiro tremor malárico, mas, apareceu o Dr. Vicente Moura, Ouvidor de ofício, que alinhavou um encontro com o senhor Governador, na alvorada de 7 de maio. Receptivo como um verdadeiro pensador, Confúcio Moura, na sua residência ouviu a Comissão do Manifesto - Revolução Cultural, que após breve explanação do atual momento pelo qual passa a “gestão pública cultural do Estado”, entregou ao Executivo um elenco de pedidos prementes, com vistas a auxiliá-lo na condução dos destinos da nossa cultura, tendo como ponto de partida a realização do Maracujá/2013.

Zk - Qual o verdadeiro comprometimento do governador com a realização do Maracujá?
Paulinho - Total! Pois imediatamente nos orientou, entre outras, a buscarmos junto aos Parlamentares Estaduais, emendas para suprir o custo de produção dos grupos folclóricos filiados à Federon. Parabenizou o Movimento dizendo ser legitimo, e que “...Bateria o carimbo...”, assim que as referidas emendas chegassem às suas mãos. Em gesto contínuo se compromissou em colocar o Governo Estadual, para garantir todo processo de estruturação (palco, iluminação artística, som, camarotes, arquibancadas, cabine de jurados, barracas e barracões, sinalização, acessibilidade, curral, pirotecnia e outros) do Arraial.

Zk - Quais outras reivindicações “prementes”?
Paulinho - Além do Flor do Maracujá, a realização da Conferencia Estadual (com prazo em setembro), para formação das Setoriais, com a implantação do Conselho e do Fundo Estadual de Cultura, sem os quais Rondônia ficará de fora dos Programas do Ministério da Cultura a partir de 2014. Revitalização do SART ainda em 2013, e, estudos para o cumprimento do Calendário Esportivo e Cultural do Estado de Rondônia.

Zk - Existem outros eventos que fazem parte das reivindicações?
Paulinho - Sim. Só para ilustrar podemos citar a Festa do Divino no Vale do Guaporé; Duelo na Fronteira em Guajará Mirim; Peça o Homem de Nazaré do Grupo Êxodo; Festivais de Cinema e Vídeo; Festival de Fanfarras; Desfile das Escolas de Samba; Feira Agropecuária de Porto Velho - EXPOVEL, Festival de Teatro de Rua; Término da Construção do Teatro Estadual e Construção do Espaço Multi Cultural para exercício da Arte e Cultura como fator preponderante de inclusão social, formando futuros artífices, artesãos e outros profissionais, voltados à produção da cultura local.

Zk - Vamos deixar o Manifesto - Revolução Cultural de lado para falar sobre o artista Paulinho Rodrigues e o Grupo Waku’mã de Música e Danças. Tem alguma coisa rolando por aí?
Paulinho - Desativamos o Waku’mã de Danças em Porto Velho, e, através do Projeto Klauss Vianna do MinC, realizamos quatro oficinas de Danças na Freguesia da Boca do Furo atual Distrito de Nazaré (Baixo Madeira), onde criamos o Waku’mã Célula Nazaré. Esse trabalho, além de ensinar dança, contribui para a formação do caráter e fixação dos jovens no local de origem. Fomenta valores do cotidiano amazônico, contribuindo sobremaneira para a valorização dos aspectos voltados ao meio ambiente e resgate das antigas manifestações do rico imaginário poético rondoniense em verdadeiro exercício de cidadania.

Zk - Isso quer dizer que dessa ação surgiu um espetáculo musical?
Paulinho - Sim! Montamos o espetáculo “Caiari a Dança dos Banzeiros”, com linguagem e atmosfera voltada às nossas raízes.

Zk - Além dos quatro prêmios Klauss Vianna, vocês contaram com apoio do governo estadual e municipal para a realização dos espetáculos?
Paulinho - Sabemos que o custo amazônico onera qualquer orçamento. Os custos de logística sangram o financeiro dos Projetos, e, muitas vezes, findamos por completar com nossos próprios recursos os custos de produção. Quanto ao apoio... Nenhum.
Zk - Por que?
Paulinho - Trata-se de show temático que enaltece o nosso imaginário e nossas sagradas manifestações populares, além de difundir as riquezas naturais, bem como, o patrimônio histórico e cultural de Rondônia. Estudioso que sou da cultura andina, cantamos, tocamos e dançamos o rico cancioneiro latino americano, utilizando instrumentos típicos, inclusive. Por se tratar de espetáculo temático, lamentavelmente, não tem o famigerado “valor comercial”. Por isso, creio, a falta de identidade e visão de quem poderia dar o valor e o apoio necessário.
Zk - Voltando ao Manifesto - Revolução Cultural. É verdade que você é um dos cotados para assumir a Secel?
Paulinho - Como diz o pensador Virgílio “... O louvor da própria boca envilece...”, existe uma plêiade de competentes administradores. No entanto se for vontade se Sua Excelência o governador Confúcio Moura, e apoio de toda classe produtora e esportiva, poderemos pensar com carinho. Estou pronto para servir o meu Estado. Necessário é, que o escolhido para assumir esta singular pasta, seja honesto, tenha isenção e competência, autonomia, maturidade e conhecimento da gestão da coisa pública, espírito de liderança, e, sobremaneira apoio incondicional do Executivo Estadual. Sem este, nada...

Zk - Em sua opinião o que é melhor para a cultura e o esporte?
Paulinho - A política é uma ciência de inteligentes articulações e acomodações. Não fora a militância, candidato algum se elegeria. Portanto a base forjada na militância é de imprescindível importância. Todavia, porém, entretanto, se faz necessário Secretário tenha um olhar bastante acurado para este segmento social, que produz a partir da rigidez da matéria surda, com formadores de opinião. Inconcebível em dois anos, a passagem pela Secel de 4 Secretários. Não cabe aqui expor mazelas, mas, o certo é que a nossa cultura continua produzindo excelentes resultados, e administrativamente, segundo o pensador Zoghbi “A fumaça da chaminé do prédio histórico ainda não mudou de cor, enquanto os hematófagos notivagos continuam a sobrevoar aquele relógio”. Neste particular temos que rir pra não chorar. Mas, ainda há tempo.
Zk - Para encerrar?
Paulinho - Deus é bom, e gosta de todos nós. Manifesto - Revolução Cultural (mobilização da classe artística produtora de todas as origens e tendências; Ouvidor Alinhavador Vicente Moura; Deputados Estaduais; Vereador Fogaça; Federon; Mídia de modo geral; Empresários parceiros e um mundo de gente), juntamente com a magnanimidade e sabedoria do governador Confúcio Moura, ao nos receber, acreditamos, sugere verdadeira alvorada de novos tempos. Tal desprendimento de Sua Excelência, catapulta os anseios da classe artística produtora em todos os níveis de atuação, fazendo-nos crer que a máquina cultural rondoniense voltará aos trilhos, cumprindo sua vocação.

Zk - Então?
Paulinho – Humildemente agradeço o momento, e rendo minhas homenagens a todos que se envolveram neste manifesto/empreitada, trazendo presente a máxima do Pensador e Filósofo Chinês Confúcio: “...Até que o sol não brilhe, acendamos uma vela na escuridão...”.

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