João
Porfírio – Popó sobre o edital da Vale
No intervalo
para o almoço, batemos um papo a respeito do fórum e do edital da Vale, com o
presidente da Fundação Cultural de Macapá, João Porfírio o Popó principalmente
sobre sua opinião a respeito da concorrência entre os órgãos públicos e a
sociedade civil organizada no Edital da Vale.
ENTREVISTA
Zk – Qual é
o problema desse Edital da Vale
Popó – O
grande problema desse edital é ele ser discutido com a sociedade civil
organizada, não só com o poder público. A sociedade civil organizada precisa se
aponderar desse instrumento que é dela. A Lei Rouanet a ser discutida não é
para empoderar o poder público e sim para empoderar a sociedade civil
organizada como a grande fazedora. Esse é o grande empecilho.
Zk – Por que
você considera isso como empecilho?
Popó – Tem
gestor que acha que esse dinheiro tem que cair na pasta dele, para que possam
reforçar o orçamento deles, essa é minha linha de raciocínio. Eu penso
diferente e olha que sou gestor.
Zk – Como
gestor você atua em qual órgão?
Popó – Sou
Presidente de uma Fundação Cultural de capital. Sou presidente de uma
instituição que está entre as 28 mais importantes de todo o Brasil que é a
Fundação Cultural de Macapá (AP). Sou signatário da Conferencia Nacional de
Cultura. A Conferencia Nacional diz que o poder público não é fazedor de
cultura, ele é fomentador. E o poder público, ao longo dos anos, com a mão
pesada dele que é a mão covarde, sempre oprimiu a sociedade civil organizada.
Quando ele oprime a sociedade civil organizada, oprime a produção. É por isso
que a produção no Norte do Brasil é tímida, é por isso que nós não conseguimos
nos encontrar.
Zk – Vamos
exemplificar esse não conseguimos nos encontrar?
Popó – Vamos
ver! Um artista de Rondônia não vai pro Amapá fazer apresentação, seja teatro,
dança, música. Vai uma vez na vida outra na morte. Aí o Zé Miguel (artista
amapaense) faz isso. Por que? Porque ele usa a diária do poder público, usa a
passagem do poder público, usa hotel do poder público porque ele é gestor (Zé
Miguel é secretário de Cultura do estado do Amapá), o que ele tinha que fazer,
era trazer outros cantores com ele, outros produtores. Por isso temos que fazer
uma política de circulação nesse país, em especial na região Norte do Brasil.
Zk – Quanto
ao custo Amazônico tema que sempre está em discussão nos seminários e fóruns de
cultura regionais?
Popó – Não
tem definição de custo Amazônico hoje. Custo Amazônico pode ser distância e
pode não ser. A Fundação Getulio Vargas não conseguiu ainda fechar esse
conceito, são experiências, experiências e experiências, a certeza que nós
temos, é que comprar um refletor em Rondônia é mais caro que comprar um
refletor em São
Paulo. Fazer uma circulação de produção aqui em Rondônia, é
mais caro que fazer uma circulação em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília que são
cidades próximas e as estradas são asfaltadas. Enfim, o custo Amazônico passa
por várias vertentes, nosso problema é territorial, as nossas cidades são
distantes uma das outras, nossos estados são distantes, uns dos outros. Pra eu
fazer uma produção do Amapá aqui Rondônia, Manaus, Roraima e Acre é mais cara
do que ir pro exterior. As passagens são mais caras pra cá do que pra lá.
Zk – Na sua
visão, o que pode ser decidido nesse fórum?
Popó –
Primeiramente temos que pensar na produção brasileira, nas políticas públicas,
temos que pensar o estado como executor dessa política pública. O estado se
colocar no seu lugar. Quando falo estado estou me referindo a município, estado
e união que têm que se colocar como fomentador e não como realizador.
Zk – Quais
as conseqüências dessa maneira de agir do poder público?
Popó – Na
hora que o estado começa a concorrer com a classe produtora aí vem a
deslealdade. Meu amigo! Quem que está na ponta dos cargos hoje, das fundações,
secretarias de estado e municipais de cultura. Tudo indicação política do
prefeito do governador, do vereador ou do deputado. Esse povo vai defender os
interesses de quem, da classe produtora ou do político que o indicou? Me responda!
É claro que é de quem o indicou.
Zk – E o que
se deve fazer para amenizar essa deslealdade?
Popó – Nós
temos que estar aqui, pensando em política pública. Temos que ter o meio termo
como gestor, nos comportando no nosso lugar. Vamos fazer política pública,
vamos ouvir a sociedade civil organizada. Já tem parâmetros pra isso que foram
as conferencias municipais, estaduais, os conselhos enfim, essa ferramenta do
sistema tem que ser apoderável meu amigo. Agora eles não querem implementar
isso e vêm pra mesa de debate, defender o que é de interesse da gestão deles e
não da classe produtora.
Zk – Para
encerrar. Qual tua área na cultura?
Popó – É o
teatro! Sou diretor de teatro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário