ENTREVISTA
Tatá – A difícil missão de comandar a folia
Em meio ao amaranhado de compromissos, que vão desde a administração do complexo da Madeira Mamoré até a substituição de última hora do Rei Momo e as discussões sobre o Sistema Municipal de Cultura, conseguimos que o presidente da Fundação Iaripuna arranjasse espaço em sua agenda, para falar sobre o repasse dos subsídios às escolas de samba e blocos carnavalescos e o decreto que o prefeito pretende baixar, considerando a Banda do Vai Quem Quer como Patrimônio Cultural Imaterial do Município de Porto Velho. “Isso não quer dizer que a prefeitura através da Iaripuna é quem vai mandar na Banda, nada disso, a diretoria executiva da Banda continuará coordenando as decisões, inclusive promovendo a venda das camisetas e podendo realizar qualquer evento para manter o bloco”. Essa conversa com o Altair dos Santos Lopes – Tatá começou nos estúdios da Rádio Transamazônica 105.9 FM durante o programa “Sábado Retrô”, apresentado pelo Jairo Guedes, prosseguiu na sede da Banda e terminou durante a feijoada do Bloco Rio Kaiary que aconteceu no Clube Ypiranga. Tatá explica o porquê, até a presente data o repasse das escolas de samba e blocos não foi efetivado, sobre o porquê, o Baile Municipal saiu do Kabanas para a Talismã 21, além de convocar os militantes dos movimentos culturais em Porto Velho, para a reunião que vai acontecer no dia 31 no Mercado Cultural quando serão montadas as Câmaras Setoriais, que fazem parte do Sistema Municipal de Cultura. “É importante a participação de todos os seguimentos culturais nessa discussão”. Tatá além de tudo isso ainda arranjou tempo para compor a marchinha oficial da Banda do Vai Quer para este carnaval. É realmente um carnavalesco de berço. Vamos a entrevista:
Zk – É verdade que o prefeito vai baixar um decreto considerando a Banda do Vai Quem Quer em Patrimônio Imaterial do Município de Porto Velho?
Tatá – Em princípio já está mais do que na hora da municipalidade reconhecer a Banda como um bem patrimonial imaterial da cidade de Porto Velho. A Banda é um importante exemplar da nossa cultura popular e a ela nós devemos todo cuidado, zelo e providencias de organização. Nesse sentido, agora em 2012, a prefeitura chama para si através da Fundação Cultural do Município algumas responsabilidades.
Zk – Por exemplo?
Tatá – A primeira é registrar a Banda como Bem Cultural do nosso Patrimônio Imaterial. A segunda é dar um suporte estrutural para que neste desfile a população que dela participa, seja atendida de forma plena com melhores condições de habitar o desfile no item da segurança, no item das estruturas de banheiros químicos, sonorização, vias melhores organizadas e trabalhadas.
Zk – Isso quer dizer o que?
Tatá - Aliás! Isso não quer dizer que as obrigações passem para a Fundação Cultural, não, o município faz sua parte que é reconhecer a Banda como Bem Cultural Imaterial e a diretoria executiva da Banda, a diretoria constituída que tem a frente a Sicília Andrade e o Silvio Santos é a responsável por todas as ações como contratar os músicos que farão parte da Banda da Banda, seguranças, realizar promoções para captar recursos, promover a venda de camisetas. A Banda vai existir como Bem Cultural Imaterial, mas, ela tem que ter vida, tem que se manter e para isso a diretoria executiva tem que ter liberdade para atuar. Devo deixar bem claro, a prefeitura de Porto Velho e a Fundação Iaripuna ou qualquer outro órgão municipal não vai intervir nas ações da diretoria executiva da Banda do Vai Quem Quer. Ninguém está autorizado a falar pela Banda a não ser sua diretoria executiva.
Zk - Nossa preocupação quanto ao Decreto considerando a Banda como Patrimônio Imaterial do município é: Se por acaso for eleito um prefeito avesso à realização do carnaval, principalmente os desfiles dos blocos de trio esse reconhecimento vai continuar valendo ou a cada carnaval o prefeito vai ter que publicar um novo decreto?
Tatá - Não! Uma outra gestão não vem desfazer esse decreto. É como se tombar um bem patrimonial. Exemplo: Você tomba a Catedral de Porto Velho e uma outra gestão não vem destombar. O que realmente nos preocupa com outras gestões, são realmente aquelas contribuições, a parceria a aproximação para com a Banda do Vai Quem Quer e para com o carnaval como um todo.
Zk – Para encerrar essa conversa sobre a Banda vamos falar com o compositor da marchinha tema. É verdade que o Manelão não saía do seu lado e em conseqüência disso, você teve dificuldade para finalizar a marchinha?
Tatá - Eu sempre gostei muito de carnaval por achar a marchinha de carnaval uma cultura muito rápida, ela é relâmpago, ela ta aqui agora e daqui a pouco não ta mais. Ano passado o Manelão me disse daquele tema da mulher, pois estava muita em voga a questão da eleição da presidente Dilma e então fizemos aquela composição. Este ano conversando com a Siça há um mês e meio atrás e ela me falou da idéia do tema da Banda e eu me imbui no sentimento de querer fazer uma marchinha sem encomenda, fazer como sempre fiz. Confesso que tive assim alguns percalços, alguma dificuldade para cantar prum grande amigo, e cada vez que ia compor uma frase, uma linha um verso me vinha aquela lembrança, gostosa, saudosa do Manelão e acabava me atrapalhando um pouco, mas, com muito esforço a marchinha saiu, mais uma vez fui buscar na competência musical do Duo Pirarublue pra fazer os arremates finais e colocar voz com o auxilio do maestro Alkbal.
Zk – A gente nota que alguns órgãos são contra a realização do carnaval. Como é administrar essa resistência como presidente da Iaripuna?
Tatá - Entendo isso como processo de construção, lembro que assim que começamos a gestão do prefeito Roberto Sobrinho tínhamos interesse de dar incremento a cultura popular, cultura de rua, blocos e escolas de samba e nos deparamos com uma realidade de resistência por parte de certos órgãos internos da prefeitura, Você tem que chamar pra conversa, insistir que aquilo é coisa boa, que é parte da vida do município. A cultura tem que ser colocada num outro status para que ela realmente contribua, para o cidadão e para a cidadania e nós nunca arredamos o pé disso. Hoje, aquilo que foi uma conversa um pouco traumática com alguns seguimentos tanto da prefeitura como de fora, hoje é uma coisa mais suave, aos poucos a gente vem sinalizando com minimização desse impacto. Esse ano já tirou muita coisa de exigência em cima dos blocos, até porque, os blocos não são mercantilistas, só existem no período do carnaval.
Zk – Agora vamos falar do repasse financeiro para as escolas de samba. Por que atrasou?
Tatá – Acontece o seguinte: Quando a gente abre o exercício o orçamento ainda não está aberto, leva coisa de oito a dez dias até os decretos ficarem prontos. Quando o exercício financeiro é aberto a gente abre o termo de convênio com as escolas de samba, a previsão do repasse era em torno do dia 20, 22 mas, aconteceu um pequeno impasse dentro do projeto e um procurador pediu vistas, pra que a gente fizesse o refundamento daquele processo. Isso foi feito e já foi analisado pelo procurador e creio que nos próximos seis dias os recursos das escolas de samba e bloco sejam repassados.
Zk – Na opinião do presidente da Fundação iaripuna e sua equipe a mudança da data dos desfiles das escolas de samba é positiva ou negativa?
Tatá – O primeiro impacto que tive quando fui informado pela diretoria da Fesec foi de preocupação, porém passado aquele momento de suspense, fui totalmente a favor. Vejo com bons olhos. Veja bem, Porto Velho é uma cidade que consome carnaval muito bem, o público que brinca nos blocos também quer brincar nas escolas de samba, o público que assiste bloco que sai pelas ruas, também quer assistir escola de samba, o povo de Porto Velho quer ver também os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro pela televisão. A gente levando os desfiles das escolas de samba para uma semana depois, ainda está dentro do carnaval, muitas cidades no Brasil já tomaram essa decisão é uma opção acertada. Creio que a população vai responder positivamente comparecendo à avenida no dia 25 de fevereiro.
Zk – Muitas pessoas principalmente através de sites, estão questionando a liberação de R$ 1 Milhão para o carnaval. Explica a essas pessoas sobre o repasse?
Tatá – Que bom seria se tivéssemos Um Milhão para as escolas de samba, mas, a coisa ainda não é nesse plano. Na verdade, o carnaval custa Um Milhão para a prefeitura, isso foi assim no ano passado. A gente não trata isso como despesa e sim como investimento. Isso é verba carimbada, consignada no orçamento da prefeitura, no orçamento da Fundação Cultural para investir na cultura popular. A saúde não coloca dinheiro no carnaval a Secretaria de Obras não coloca dinheiro no carnaval da mesma forma que a Fundação Cultural não coloca dinheiro da cultura para fazer asfalto etc.
Zk – Vamos começar a encerrar esse papo. Como é que está o Sistema Municipal de Cultura?
Tatá – No próximo dia 1º de fevereiro estaremos reunindo às 17 horas no Teatro Banzeiros. Lá estaremos chamando os seguimentos para discutir a formação das Câmaras. Criada as Câmaras vamos avançar no sentido da construção do processo de eleição do nosso Conselho Municipal de Cultura.
Zk – Baile Municipal?
Tatá – Dia três de fevereiro próxima sexta feira na Talismã 21. A Banda “Arigó Folia” já está ensaiando, esperamos um grande público, com a presença da Corte do Rei Momo, o prefeito entregando a Chave da Cidade e muita animação.
Zk – O presidente é visto constantemente no ensaio da escola Asfaltão. Vai desfilar pela escola do Tigre?
Tatá – Não, a escola do presidente já não desfila que é a Pobres do Caiari, por força da amizade que tenho com alguns integrantes da Asfaltão sempre freqüento a região do Santa Bárbara. Essa semana quero visitar a São João Batista porque estou ouvindo ótimos comentários a respeito dessa escola de samba, já marquei com o Cantarelli para visitar a Diplomatas que também deve ser tombada como Patrimônio Cultural Imaterial de Porto Velho, vou à Rádio Farol do Maracanã e ao Armário Grande do Cabeleira. Mas, o meu reduto de boemia é em torno da tenda do Tigre!
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