No dia 6 de abril (terça-feira), o Itaú Cultural festeja o centenário de nascimento da atriz Cacilda Becker (1921-1969) com um conteúdo especial de fotos, vídeos e depoimentos, em seu site www.itaucultural.org.br, sobre uma trajetória que ainda hoje reverbera na cultura do país. Considerada uma das maiores atrizes do teatro brasileiro, com atuações marcantes nos palcos e fora deles, ela é lembrada e celebrada por artistas, familiares e profissionais da arte e da cultura, que falam sobre o contato pessoal e profissional com a atriz, contam curiosidades e revelam o impacto deixado pelo seu legado, que marcou época.
Um vasto material sobre Cacilda
Becker pode ser encontrado no verbete da atriz na Enciclopédia Itaú Cultural: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa349429/cacilda-becker
Sempre à frente do seu tempo Cacilda
Becker Yáconis nasceu em Pirassununga, no interior de São Paulo, descendente de
alemães e italianos. Com a separação dos pais, quando ainda era criança, ela cresceu
ao lado da mãe e das irmãs mais novas em um ambiente conduzido pela força e
resistência femininas, características que permearam a sua trajetória
profissional no teatro, rádio e televisão. Não à toa ela encontrou na arte um
espaço libertador.
No
vídeo gravado com o diretor Zé Celso Martinez Corrêa especialmente para a
comemoração do centenário da atriz no site do Itaú Cultural, ele lembra que o
espírito aguerrido e de luta de Cacilda vem desde a primeira apresentação nos
palcos, aos sete anos, enfrentando conservadorismo do avô. “Cacilda decidiu que
queria se apresentar no teatro Politeama com uma coreografia que ela tinha
inscrito. A estreia foi essa: ela saindo de um casulo e fazendo a dança da
borboleta”, conta o fundador do Teatro Oficina e amigo da atriz.
Zé Celso destaca, ainda,
pontos importantes da curta, porém intensa, trajetória de Cacilda. Fala da
força feminina vinda da relação entre a mãe, Alzira, e as filhas Cacilda, Dirce
e a também atriz Cleyde Yáconis – “elas foram muito ligadas a vida toda e vibravam
juntas, como se fossem um corpo só” –, das peculiaridades da atriz enquanto
encenava – “Cacilda tinha uma espécie de musicalidade na fala; as palavras eram
respiradas e a respiração traz a emoção do personagem” – e da morte, aos 48
anos, entre o primeiro e o segundo ato da peça Esperando Godot – “Não
adianta imaginar o que seria a vida dela, porque o que ela foi já é muito rico,
é um tesouro”.
A atriz Eva Wilma, que também
participa dessa homenagem, lembra o envolvimento fundamental de Cacilda com o
que acontecia fora dos palcos, fosse referente à classe artística ou à política
nacional. Recorda da participação das duas – ela, no Rio de Janeiro e Cacilda,
em São Paulo –, em 1968, na passeata organizada pelos artistas contra a
ditadura militar, e conta, ainda, da admiração pela força e determinação da
atriz, que a inspiraram a encenar também, entre 1977 e 1979, Esperando Godot.
Fotografias e lembranças
Outros
olhares acerca do ambiente pessoal, do teatro e da despedida de Cacilda Becker também
compõem o material especial do site do Itaú Cultural sobre o centenário. Das visões
de familiares e artistas ouvidos para a reportagem da jornalista Cristiane
Batista, vêm bastidores e sua história de vida e do palco. Das lentes de uma
máquina fotográfica, são revelados registros inéditos dos ensaios da última
peça de Cacilda e as lembranças de Amancio Chiodi, um jovem fotógrafo da época,
que hoje expõe pela primeira vez esse olhar.
Filho
e neto de Cacilda, o ator e produtor Cuca Becker e o cineasta Guilherme Becker ,
cuidador do seu acervo, contam curiosidades da vida pessoal da atriz, como o característico
batom vermelho e o salto alto sempre que usava, a vida em família e a
importância do legado que ficou. Dos palcos, as referências e influências de
Cacilda Becker para diferentes gerações de mulheres são relatadas pela fotógrafa
Lenise Pinheiro, que dirige a recém-estreada Viva Cacilda! Felicidade
Guerreira, escrita a partir do texto de 1998 de Zé Celso, assim como pelas
atrizes Bete Coelho, Camila Mota, Isabella Lemos e Leona Cavalli, que viveram
Cacilda em cena.
O público
confere ainda, em primeira mão, uma visão única e até então inédita, que traz
para este ano do centenário o registro de uma Cacilda Becker que se preparava
para seu último espetáculo. Trata-se de fotos feitas em 1969 por Chiodi, que na
época passou cerca de 15 dias registrando os ensaios de Esperando Godot,
prestes a estrear. No palco, uma atriz vigorosa e vanguardista interpretava Estragon,
um personagem masculino escrito por Samuel Beckett. Do outro lado da lente, o
jovem fotógrafo de 22 anos, capturava momentos de um ato que ficaria para a
história do teatro brasileiro.
SERVIÇO:
Comemoração ao centenário de Cacilda Becker
No site do Itaú Cultural: www.itaucultural.org.br
Itaú Cultural
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