Quatro anos pelos trilhos do tempo
Amaury e sua esposa Edna |
Portovelhense radicado em
Mirassol do Oeste (MT), o publicitário Amaury Dantas tem como Hobby, pintar
telas, foi assim que em 2012, ao visitar seus parentes na capital de Rondônia,
conversou com o então secretário de cultura Francisco Leilson – Chicão sobre a
possibilidade de ver quadros seus no acervo do museu estadual. “Pinta as telas
expõe e quem sabe o governo compra”, essa foi a resposta. Cinco anos se
passaram. No dia 5 passado, com a curadoria da coordenadora da Casa da Cultura
Ivan Marrocos Margot Paiva, Amaury Dantas abriu a exposição “Trilhos do Tempo”
sobre a história da Estrada de Fero Madeira Mamoré.
Até o dia 24 deste mês de
junho, a exposição pode ser apreciada na Galeria Afonso Ligório da Casa da
Cultura das 9 as 18 horas, de segunda a sexta e aos sábados até o meio dia.
Quer saber como Amaury
produziu a coleção, lê a entrevista que segue.
ENTREVISTA
Zk – Vamos falar sobre sua
origem?
Amaury – Meu pai trabalhou
na Estrada de Ferro Madeira Mamoré e a gente nasceu com essa coisa da arte,
tinha avô José Ferreira Sobrinho que foi prefeito aqui de 1933 a 1938,
poeta/escritor, o pai Heitor Dantas de Moraes também era metido a desenhar.
Nasci em 1962 em Porto Velho.
Zk – Quando foi que você
resolveu ir embora de Rondônia?
Amaury – Trabalhei no
governo do estado em 1981/82. A Seplan na época, tinha como secretário do Dr.
Renato da Frota Uchoa e naquele tempo, não existia aqui, agencia de
publicidade, então, o governo montou uma house dentro da Seplan e contratou eu
Amaury Dantas, Marco Aurélio (autor do Brasão de Armas do Estado) e o João
Zoghbi. Nós três integrávamos a casa das idéias do governo de Jorge Teixeira.
Quando foi em 83, recebi uma proposta de trabalho de Cuiabá e fui pra lá
trabalhar numa agencia de publicidade. Estou fora de Rondônia há uns 35 anos.
Atualmente moro em Mirassol do Oeste (MT).
Zk – Quando surgiu a idéia
de criar as telas que compõem essa exposição sobre a Madeira Mamoré?
Amaury – Isso é um sonho que
tenho há muito tempo. Em 2012 estive aqui, conversei com o Chicão que era o
secretário de Cultura e falei que tinha observado que no museu estadual não
existe quadros, não existe nenhuma referencia em obra de arte, com a história
da ferrovia e então expressei a idéia de produzir uma coleção sobre as fotos
mais icônicas de Danna Merril pra gente transformar em Óleo Sobre Tela. Ele
respondeu, “Faça e traga pra gente ver, faça a exposição e o governo vai
analisar e quem sabe, de repente a gente pode fazer uma aquisição pro estado ou
para o município”. Passaram-se cinco anos (2012/17). Na realidade demorei
quatro anos pra fazer esse trabalho.
Zk – Fala sobre a técnica
utilizada?
Amaury – Quando estava
pintando as telas, usei muito como referencia as fotos que estão no livro do
Manoel Rodrigues Ferreira “Ferrovia do Diabo”. Eu usava as fotos como
referencia fotográfica, só que, as telas aqui da exposição, mostram algo além,
não é apenas uma reprodução da fotografia, sempre coloco uma criação minha, por
exemplo: a tela da “Ponte Danificada”, da choupana, mais para direita, não
existe na fotografia, aquilo é uma criação minha, o lenhador cortando a árvore,
que é para o povo entender que aquela ponte foi uma árvore que foi derrubada.
Outro exemplo, existe telas com araras, tucanos e outros bichos como onça etc.
Na fotografia do Danna Merril essas aves e bichos não existem.
Zk – Um trabalho desses
realmente é para fazer parte do museu estadual. Existe alguma negociação para
que essas obras fiquem no acervo do estado?
Amaury – No dia do
vernissage segunda feira dia 5 esteve na galeria Afonso Ligório dois
representantes, um do município o Ocampo Fernandes e um do governo do estado
Rodnei Paes e na ocasião, conversamos a respeito da possibilidade das telas
ficarem em Rondônia. Pediram que eu formalizasse a proposta, então durante a
semana produzi um documento e entreguei aos dois secretários. Sexta feira dia
8, graças a você Zekatraca, estive com o presidente da Assembléia deputado
Maurão de Carvalho e ele também pediu que eu protocolasse a proposta. Notei que
ele ficou bastante interessado na coleção, já que o prédio novo da ALE que está
para ser inaugurado, vai ser batizado, como “Madeira Mamoré”, coincidência
melhor não poderia ser.
Zk – Uma coleção como essa
que você está expondo, precisa ser do conhecimento dos nossos jovens, para que
eles saibam como foi que Porto Velho surgiu. Essa coleção é de uma importância
histórica sem precedentes. Você pretende dar prosseguimento nesse estilo,
retratando outros monumentos históricos de nossa cidade e estado?
Amaury – Sim! Meu próximo
projeto será a retratação através de óleo sobre tela, do mobiliário urbano de
Porto Velho dos prédios históricos. Vou pintar o palácio Getúlio Vargas, o
antigo Porto Velho Hotel (Unir Centro), o prédio do relógio, tudo nesse padrão.
Inclusive consegui junto a um órgão (fica na rua Calama) as plantas desses
prédios (o projeto arquitetônico) eles me passaram em CD e minha intenção é
desenvolver maquetes.
Zk – Esse material você vai produzir
em Porto Velho?
Amaury – Não, vou fazer lá
em Mirassol e quando estiver pronto venho expor aqui. Vou ficar sempre em
contato com a direção da Casa da Cultura Ivan Marrocos, não sei se a Margot
ainda vai estar aqui, mas sempre estarei perturbando quem estiver na direção da
Casa.
Amaury – Agora dei uma
parada, mas, já viajei muito pelo Brasil, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas,
Nordeste e em todos esses lugares deixei alguma marca. Devo frisar que nunca
vivi exclusivamente disso, sempre trabalhei com publicidade, a pintura em artes
plásticas é uma coisa que faço tipo um hobby.
Zk – Para encerrar a nossa
conversa. Quanto tempo passa para você concluir um trabalho no estilo dessa da
Coleção Madeira Mamoré?
Amaury – Fiz um cálculo.
Fiquei quatro anos pintando essas telas e cheguei à conclusão, que levei em
torno de 90/120 dias pra pintar cada tela.
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