Curta
Amazônia Mundi vai começar
Na última sexta feira 22, os
produtores Carlos Levy e sua companheira Golda Barros reuniram a imprensa e
convidados, num passeio de barco pelo rio Madeira, para promover o lançamento
da 6ª edição do festival de cinema Curta
Amazônia Mundi. Ao tempo em que a turma degustava os salgadinhos, assistia
o trailer do filme “A Epopéia da Comissão Rondon” que será exibido na integra
no dia 1º de junho no Teatro Guaporé marcando a abertura do Curta Amazônia 2015.
Enquanto o barco “Feliz
Cidade” singrava o banzeiro do Madeira, aproveitamos para bater um papo com o
Carlos Levy sobre como está sendo concebida a produção da 6ª edição do
festival. Tendo a Golda como fiel escudeira, Levy nos explicou como é que um festival
do porte do Curta Amazônia é produzido. “Este ano tivemos muitos apoios,
inclusive do Exército via 17ª Brigada”.
Do dia 1º de junho até o dia
3, Porto Velho vai respirar cinema no Teatro Guaporé e no IFRO da Calama. Luz,
Câmera, Ação o Curta Amazônia está na tela.
ENTREVISTA
Zk – Vamos começar falando
sobre o objetivo do 6º Festival Curta Amazônia Mundi?
Levy – A intenção é projetar
a cidade de Porto Velho/Rondônia e a Amazônia lá fora, é um marketing com
relação à visibilidade que alcança o nome Amazônia. Eu coloco nos folhetos, que
o festival não é só do cineasta, mas, também da cidade. É fomentar não só a
cultura, mas, também o turismo.
Zk – E a 6ª edição como
está?
Levy – Estamos formatando. Na
última sexta feira dia 22, divulgamos os selecionados, a expectativa é muito
grande, temos recebidos muitos e-mails cobrando, porque essa seleção era pra
ter saído dia 20, porém, em função de muitos filmes. Chegaram 150 filmes. Veio
filme de Lisboa, Avanca, filmes produzidos na Venezuela. O festival alcança novas
fronteiras através da internet essa comunicação rápida com relação à divulgação
mundial. Isso é muito legal porque projeta positivamente Rondônia. A gente
observa diretores mandando DVD eles fazem toda uma dinâmica de encaminhar seu
material via Correios e isso é muito legal, porque incentiva a gente como
produtor e como realizador preocupado com a memória de Rondônia.
Zk – Qual o critério
utilizado na seleção dos filmes que serão exibidos?
Levy – É um pouco complexo
você tirar de um patamar como o desse ano, de 150 filmes e botar em exibição 30
filmes dentro do festival. Em função de estrutura física mesmo diminuímos a
mostra. Este ano estamos com três dias, por questão financeira mesmo, apesar de
termos conseguido muito apoio o que é muito importante, pois sem esses apoios
seria muito difícil, mas, o principal critério é a questão da qualidade, o que
o filme te passa, o que ele traduz nesse sentido, é memória isso em se falando
de documentário. Em ficção é o trabalho como o ator/atriz expressam na sua forma
de conduzir o filme e aquela coisa do diretor de montar o roteiro e conduzir o
filme dele num espaço de curta. Quando falo de memória temos um documentário
lindo “Sobrevivi ao Holocausto” um filme produzido com sobreviventes do
Holocausto na Alemanha isso reporta o mundo, é uma imagem fantástica, a própria
Alemanha tem seu museu do Holocausto.
Zk – E as produções
regionais?
Levy – Tem uma produção
muito legal feita lá na aldeia dos índios Cinta Larga em Riozinho – Cacoal, e
ali a gente vê a preocupação muito grande de reportar a memória. Tem um filme
chamado “Avô” que é todo na língua indígena, isso é muito legal, a gente nota
que eles já estão preocupados em preservar a memória, uma coisa que o homem
branco não consegue, os índios já estão preocupados nesse sentido. Isso é uma
preocupação que Rondon já tinha, tanto é, que o cinegrafista que andava com ele
Major Reis gravava os rituais fúnebres.
Zk – Isso está no filme a
Epopéia da Comissão Rondon?
Levy – Estamos trazendo como
filme convidado, por ser Rondon uma memória nacional, um herói brasileiro,
pelos seus 150 anos de nascimento. Ele deixou uma história fantástica que as
vezes o próprio brasileiro não conhece. Se você pega a cartografia que Rondon
deixou, tinha o lado cientifico também e o etnográfico. Quando ele ia às
aldeias, ele tinha a preocupação de fazer medição. No filme você vai ver isso,
ele identificando a pessoa do índio tipo: Esse é o cacique e tal. Ele tinha
essa preocupação de identificar a pessoa. Rondon tinha um acervo fantástico de
filmes que se você não preserva, com o tempo eles se deterioram, hoje nos temos
Graças a Deus a Cinemateca Brasileira, temos o Museu do Índio criado pelo
próprio Rondon que na época criou o Sistema de Proteção aos Indígenas (SPI) que
hoje é a Funai. É fantástica essa relação de preocupação com os indígenas.
Zk – E a produção nacional?
Levy – Está ótima! A produção
independente que não entra nas salas de cinema, eu reporto muito isso, porque é
muito pesada a mídia americana, nossa legislação ainda é muito falha com
relação a qualidade. Nós temos muitas produções boas independente, rolando nos
festivais de cinema que não consegue chegar a uma das 2.200 salas de cinema do
país. porque é muito caro.
Zk – Vocês contam com o
incentivo do governo federal?
Levy – O governo federal tem
incentivado muito através do Fundo Setorial do Audiovisual com a Lei 12.485,
que é justamente pra fomentar essa produção nacional com recurso financeiro,
são aproximadamente 500 Milhões anuais e a gente briga para que essa
distribuição atenda condignamente a Região Norte que é considerada “O Patinho
Feio do Brasil”.
Zk – O Que é preciso para se
firmar esse respeito para com o Norte?
Levy – É preciso ter alguém
lá nos representando. Lá que digo, é junto aos órgãos responsáveis pela
distribuição desses recursos. As decisões não podem vir de cima pra baixo e as
nossas articulações junto ao pessoal do Sul e Sudeste é que incluam algumas
coisa para a nossa região. Já temos algumas conquistas em alguns editais que
prioritariamente temos um percentual maior para as produções do Norte.
Zk - Durante o festival
vamos assistir o que em se falando de produção de cineastas do Norte?
Levy – Aqui tem um filme
muito interessante da Festa do Divino. Um moço que mora aqui em Porto Velho foi
lá e filmou, na realidade, ele fez um copião, mas, conseguiu registrar a Festa
do Divino uma tradição de mais de 120 anos no Vale do Guaporé. Tem um filme da
Simone Norberto que traz um poema e essa questão da memória dos índios, eles
fizeram uma oficina lá dentro da aldeia Cinta Larga e tem três filmes inscritos.
Tem um filme de ficção de Manaus, o Para bombou este ano, eles mandaram muitas
produções. É como falei, o Fundo Setorial e onde tem a Lei de Incentivo as
produções fluem muito mais. O Para e o Amazonas hoje são os maiores produtores
aqui do Norte.
Zk – Por falar em Lei de
Incentivo, como está a questão de Rondônia nesse naipe?:
Levy – Recentemente em uma
audiência pública na Assembléia Legislativa coloquei uma pauta para os
deputados, para a criação da Lei de Incentivo Fiscal ou de Incentivo a Cultura.
Nós temos o Fundo Estadual de Cultura, mas, se o governo não quiser colocar
dinheiro, não coloca, ele prefere pagar a folha dos funcionários. Com a Lei de
Incentivo Fiscal você vai trazer os empresários para fomentar não apenas o
cinema, mas, todos os segmentos da cultura. É interessante ter essa Lei tanto
do estado como do município, Porto Velho já comporta uma Lei de Incentivo
Fiscal.
Zk – Este ano as exibições
vão acontecer em quais locais?
Levy – Temos dois locais de
exibição dos filmes classificados. A principal sala será no Teatro Guaporé uma
parceira com FUNPAR e o governo de Rondônia via Secel e no IFRO da Calama.
Zk – Quando começa?
Levy – O Festival vai
acontecer entre os dias 1º, 02 e 03 de junho. A abertura vai ser no dia 1º de
junho as 19h00 no Teatro Guaporé quando será exibido o filme “A Epopéia da
Comissão Rondon”. Os jurados somos nós da Associação, o Luiz Brito da ABD
Rondônia é nosso parceiro. Temos o prêmio melhor filme rondoniense que leva o
troféu jornalista Nelson Townes de Castro. Observamos se a trilha sonora é
original ou não. Na realidade nos preocupamos muito com a qualidade da produção.
Zk – Qual o troféu principal
e quais são os parceiros?
Levy – É o Arara Azul que é
confeccionado por uma artesão rondoniense nascido em Guajará Mirim o Pedro
Furtado. Como já dissemos, o governo de Rondônia, a Prefeitura através da
Funcultural, Sesc/Fecomercio sempre são parceiros de primeira hora, Diário da
Amazônia, Setur (Julio Olivar), 17ª Brigada, Eletronorte, Iphan, Tupy
refrigerantes, ABD, Ocampo Fernandes, Central Norte, Júnior Sun, Pousa do
Chicão e nossos colaborados voluntários do Curta Amazônia.