No
carnaval de 1969, a escola Império do Samba Pobres do Caiari saiu da avenida,
na visão da maioria dos que assistiram os desfiles daquele ano, como campeã.
Realmente,
a escola do bairro dos Categas se apresentou muito bonita e luxuosa, as
fantasias nas cores amarelo e preto (uma réplica da roupa usada pelos
integrantes do Conjunto The Clevers na capa do LP daquele ano), os integrantes
da bateria usavam Smoking Summer e as demais alas, fantasias luxuosas.
Quando
os envelopes com as notas dos jurados foram abertos, a Diplomatas foi
consagrada campeã do carnaval daquele ano.
MARISE CASTIEL ASSUME O CAIARI
Acontece
que a professora Marise Castiel foi uma das juradas no carnaval de 1969 e votou
na vitória da Diplomatas do Samba.
No
livro “Professora Marise Castiel e Rondônia: Educação, Cultura e Política”
às páginas 332, a autora Sandra Castiel reproduz a foto de uma matéria
publicada num jornal impresso da época, com o seguinte texto:
“Há 20 anos aproximadamente, a então diretora de
educação do Território professora Marise Castiel saía do palácio Presidente
Vargas... quando encontrou um grupo de jovens residentes no bairro do Caiari. Eles – conta dona Marise, reclamaram que eu,
mesmo morando no bairro, havia dado a vitória para a escola Diplomatas do
Samba. Expliquei que a Diplomatas desfilara melhor, mais organizada e me
coloquei a disposição para o caso de precisarem de uma ajuda... uma noite
(quase na porta do novo carnaval), cheguei em casa e encontrei 20 me esperando.
Foi assim que entrei para o carnaval de escola de samba de Porto Velho” conta
Marise Castiel
Sinhá Moça e a Abolição
Assim
que assumiu a escola, dona Marise reúne a diretoria e apresenta o enredo “Sinhá
Moça e a Abolição”, baseado no livro “Sinhá Moça” de autoria de Maria
Dezonne Pacheco Fernandes.
SAMBA ENREDO
Decidido
o desfile de 1970, Marise Castiel convida até sua casa, o até então Mestre de
Bateria da escola Silvio Santos e lhe entrega o livro de Maria Dezonne dizendo:
“Leia este livro e me faça um samba enredo! ” Silvio ponderou: Dona Marise eu não sei fazer
samba enredo, aliás, nunca fiz e ela, o José Carlos Lobo me disse que você sabe
compor samba, portanto, leia esse livro e faça o samba da escola para o
carnaval de 1970.
Faltando
poucos dias para o carnaval, Silvio após pressão da diretoria, apresentou o
samba enredo cujo refrão, é “Abolição, abolição, Sinhá Moça e a Abolição”. A Caiari pela primeira vez, ganhou um
carnaval da Diplomatas do Samba.
PRIMEIRA DERROTA DAIPLOMATAS
A
escola Os Diplomatas do Samba venceu todos os carnavais, entre os anos de 1959
até 1969. Em 1970, com a professora Marise Castiel comandando o carnaval da Pobres
do Caiari, a vermelho e branco perdeu a hegemonia do carnaval de Porto Velho.
AS MANCADAS NO DESFILE DE 1970
Ao
tomar conhecimento de que a rival Pobres do Caiari apresentaria Enredo no seu
desfile de 1970, a diretoria da Diplomatas ficou apavorada, reuniu seus
principais integrantes e colocou na mesa o problema. Alguém sugeriu que para
enfrentar a rival Caiari, seria interessante que a escola apresentasse um
enredo, explorando praticamente a mesma história e então, fixou decido que a
escola apresentaria um enredo baseado na História do Brasil destacando alguns
episódios como, o Grito do Ipiranga (Independência), a Assinatura da Lei Áurea
que libertou os escravos, entre outras.
Como
até então a escola não havia colocado enredo algum na avenida, também não
contava com um compositor com especialidade em samba enredo. Foi aí que
aconteceu o primeiro impasse, um dos diretores, sugeriu que se usasse um samba
enredo de uma escola do Rio de Janeiro, até aí tudo bem, porém, esse diretor
juntamente com outro integrante da agremiação resolveu assinar como autor do samba,
que se não estou enganado, era da escola Salgueiro do Rio de Janeiro “História
da Liberdade no Brasil” de Áureo Campagnac de Souza e Aurinho da Ilha.
O azar
da Diplomatas foi que o Cabo Manuel o cara que comandava a distribuição de
passagens da FAB em Porto Velho e que era salgueirense, foi ao Rio e trouxe um
disco Compacto Simples, com o samba enredo do Salgueiro de 1967 e presenteou
sua amiga Adelaide Maloney que desfilava como destaque na Pobres de Caiari que no
dia do desfile, levou aquele disco para a avenida e antes do desfile começar,
botou pra tocar para os jurados, provando que o samba da Diplomatas era o mesmo
samba do Salgueiro, assim a Diplomatas desfilou sem concorrer ao quesito samba
de enredo.
Outra
mancada: Colocaram D. Pedro montado num cavalo (de verdade), fato proibido até
os dias atuais e o pior, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea utilizando uma
CANETA BIC.
Não
deu outra, a Escola de Samba Pobres do Caiari, pela primeira vez, ganhou um
título no carnaval de Porto Velho.
O
desfile daquele ano foi na avenida Pinheiro Machado a primeira rua a receber
asfalto em Porto Velho.
3 comentários:
Lembro-me muito bem. Foi na Av. Pinheiro Machado na altura dos fundos da 3a Companhia de Fronteira e o muro do Estádio Paulo Saldanha.
Uma das alegorias da Pobres do Caiari era uma espécie de moinho de cana, e o finado Pepê (Pato Preto), era um dos escravos acorrentados.
Foi um desfile suntuoso, apoteótico.
Resumindo: o Caiarí ganhou o carnaval daquele ano em cima de uma tentativa de fraude e plágio do Diplomatas. Ou seja: no fritar dos ovos, o Caiari nãp venceu, foi o Diplomatas que perdeu. 🤔
Concordo com o Zeca,mas depois a Caiari botou para quebrar! Linda histórias de nosso saudoso Carnaval. Parabéns aos protagonistas dessa 'joia'!
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