quinta-feira, 11 de maio de 2017

BAIRRO DO TRIÂNGULO

O renascer da fênix patrimonial


Por: Altair Santos (Tatá)


As letras e cantos baluartes da musicalidade do Bairro do Triângulo, com expressividade à memória e ao samba dos bambas do lugar, ecoaram poéticas, líricas e também travessas, irrequietas feito meninos, a correr serelepes nos barrancos entre as raízes dum hoje imaginário velho pé de mulungu beira rio e as canaranas que o vento fazia dançar e a dizer fundo no sentimento do seu povo. O Triângulo que “não morreu e que jamais morrerá” submergiu em muitas cheias e quase tomba noutras tantas tormentas, delas todas, porém, emergiu para a vida pela resistência.
No último sábado (06 de maio) o bairro mostrou lutar pela salvaguarda da sua memória e, sobretudo, por aquilo que Porto Velho não pode e não deve jamais prescindir, a sua história e o seu povo.
O velho Triângulo animado pelos seus filhos, fortes como trilhos, se encontrou com amigos e se reconciliou historicamente numa prosa cultural, tendo sobre si e a sua sorte futura, expondo a sua inesgotável sede de viver e igual vontade de se fazer perene, servível à consecução histórica da cidade. “Mais que uma fotografia na parede, mais que um balanço de rede, o Triângulo pra nossa vida é água que mata a sede.”
De peito aberto, sem acovardar-se o Triângulo recebeu e nadou águas bravias. Aguerrido suplantou outros tipos de destemperos e intempéries, a saber, das políticas às sociais, das naturais às artificiais, das civis às governamentais, sem jamais acuar-se ou arredar do seu justo e merecido papel: ser comunidade, viva e ativa, “ser pra cidade um pedaço de aço, feito no braço, ao sol ou mormaço, sem trégua ou cansaço...” Isso mesmo, o descanso do Triângulo sempre foi lutar por si, pelos seus e pela cidade.
Ali, os fatos dados e passados, revelam a indissociável, apaixonada e entranhada relação histórica com Porto Velho e seus idos. Ali não é mais um bairro, e sim, um espaço memorial a ser organizado, erigido e exibido com honras patrimoniais na prateleira da história local.
Não mais o Triângulo das coisas e modus vivendi de outrora, não mais, afinal muitos já se foram e outros muitos por distinção e alheios às suas vontades, tiveram de ir. Mas que renasçam aqui enlaçados, o velho e o novo e deles, um Triângulo com o inextinguível DNA da fênix patrimonial. E que viva o nosso amado bairro ileso e imune, da ceifa do impiedoso peso da desordem e da insensibilidade desenvolvimentista.
A depender dos seus, o triângulo renasce do silêncio que aturde e do barulho que confunde para cantar de si, para si, e para Porto Velho assim: “Triângulo teu passado e tua glória, tuas cabrochas, tua história, tudo isso há de ficar, teu nome não se apaga da memória, dos malandros que imploram, para o passado voltar...” Letra e música: João Henrique (Manga Rosa) que também foi morador do Triângulo.

tatadeportovelho@gmail.com

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