O
renascer da fênix patrimonial
Por:
Altair Santos (Tatá)
As
letras e cantos baluartes da musicalidade do Bairro do Triângulo,
com expressividade à memória e ao samba dos bambas do lugar,
ecoaram poéticas, líricas e também travessas, irrequietas feito
meninos, a correr serelepes nos barrancos entre as raízes dum hoje
imaginário velho pé de mulungu beira rio e as canaranas que o vento
fazia dançar e a dizer fundo no sentimento do seu povo. O Triângulo
que “não morreu e que jamais morrerá” submergiu em muitas
cheias e quase tomba noutras tantas tormentas, delas todas, porém,
emergiu para a vida pela resistência.
No
último sábado (06 de maio) o bairro mostrou lutar pela salvaguarda
da sua memória e, sobretudo, por aquilo que Porto Velho não pode e
não deve jamais prescindir, a sua história e o seu povo.
O
velho Triângulo animado pelos seus filhos, fortes como trilhos, se
encontrou com amigos e se reconciliou historicamente numa prosa
cultural, tendo sobre si e a sua sorte futura, expondo a sua
inesgotável sede de viver e igual vontade de se fazer perene,
servível à consecução histórica da cidade. “Mais que uma
fotografia na parede, mais que um balanço de rede, o Triângulo pra
nossa vida é água que mata a sede.”
De
peito aberto, sem acovardar-se o Triângulo recebeu e nadou águas
bravias. Aguerrido suplantou outros tipos de destemperos e
intempéries, a saber, das políticas às sociais, das naturais às
artificiais, das civis às governamentais, sem jamais acuar-se ou
arredar do seu justo e merecido papel: ser comunidade, viva e ativa,
“ser pra cidade um pedaço de aço, feito no braço, ao sol ou
mormaço, sem trégua ou cansaço...” Isso mesmo, o descanso do
Triângulo sempre foi lutar por si, pelos seus e pela cidade.
Ali,
os fatos dados e passados, revelam a indissociável, apaixonada e
entranhada relação histórica com Porto Velho e seus idos. Ali não
é mais um bairro, e sim, um espaço memorial a ser organizado,
erigido e exibido com honras patrimoniais na prateleira da história
local.
Não
mais o Triângulo das coisas e modus vivendi de outrora, não mais,
afinal muitos já se foram e outros muitos por distinção e alheios
às suas vontades, tiveram de ir. Mas que renasçam aqui enlaçados,
o velho e o novo e deles, um Triângulo com o inextinguível DNA da
fênix patrimonial. E que viva o nosso amado bairro ileso e imune, da
ceifa do impiedoso peso da desordem e da insensibilidade
desenvolvimentista.
A
depender dos seus, o triângulo renasce do silêncio que aturde e do
barulho que confunde para cantar de si, para si, e para Porto Velho
assim: “Triângulo teu passado e tua glória, tuas cabrochas, tua
história, tudo isso há de ficar, teu nome não se apaga da memória,
dos malandros que imploram, para o passado voltar...” Letra e
música: João Henrique (Manga Rosa) que também foi morador do
Triângulo.
tatadeportovelho@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário