O levantamento das memórias
começa pelos primórdios da vitivinicultura gaúcha, entre 1600 e 1875, em que
trata, por exemplo, dos jesuítas como os primeiros viticultores gaúchos, e se
encerra com as grandes transformações do vinho brasileiro entre 1990 e 2000.
Entre os documentos,
destacam-se fotos históricas, como o registro, em 1923, de comandantes da
Revolução Federalista, entre eles Oswaldo Aranha, Gomercindo Saraiva e Flores
da Cunha, embaixo de uma pérgola de videira em Dom Pedrito; e um anúncio da
fazenda Quinta do Seival, de propriedade João Marimon e seus filhos, em Bagé,
considerado o maior estabelecimento vitivinícola do Estado naquela época. Além
disso, a obra traça um perfil do imigrante ítalo-vêneto e resgata informações
como a quantidade de vinho que as colônias Dona Isabel e Conde d´Eu,
respectivamente hoje Bento Gonçalves e Garibaldi, produziam em 1883. Como fatos
mais recentes, o livro trata da criação do Instituto Brasileiro do Vinho
(Ibravin), em 1998, e a primeira Avaliação de Vinhos da Associação Brasileira
de Enologia (ABE), em 1993.
O livro Memórias
do Vinho Gaúcho, ultrapassa
o papel de simples suporte de memórias do segmento e lança elementos para a
compreensão da verdadeira essência da atividade vitivinícola gaúcha,
qualquer que seja o ponto de vista: técnico, social, político e cultural. A
intenção foi trazer a público o vinho gaúcho enquanto um produto do esforço
humano em suas comunidades e vinculado a seus modos de vida, que sempre é
carregada de produções simbólicas e de sentidos.
Para Rinaldo Dal Pizzol, o
livro pretende chamar a atenção das lideranças que conduzem a economia e a
cultura estadual e nacional produzindo análises e reflexões, além de incentivar
a comunidade vinícola gaúcha a vasculhar as evidências de seu passado para
contribuir com essa história e estimular para que a obra possa ser ampliada,
aprofundada e modificada, se for preciso. “Espero que a extensa busca realizada
sobre o vinho gaúcho e sua cultura também possam estimular outros setores para
que contem suas histórias, pois esse registro é uma forma de difundi-las”,
ressalta.
Distribuído em três volumes,
que totaliza 752 páginas, a obra é financiada pelo Ministério da Cultura, por
meio da Lei Rouanet, PRONAC 128357. Tem apresentação do escritor Luis Fernando
Veríssimo, conta com prefácio ex-ministro da Agricultura Francisco Turra e
prólogo do empresário Raul Randon.
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