Por Paulinho Rodrigues (*)
Quinta (18), tive a certeza que os deuses não abandonaram
a cultura musical local. A noite foi esplêndida, com raríssimas e
contumazes baboseiras e intervenções inoportunas, bem como, discursos
inconvenientes... Convidado pelo baterista Vovô, fui ao Mercado Cultural
mais uma vez, assistir o que ficou longe de ser uma despedida. Vovô,
ladeado por músicos talentosos, deu mostra de que podemos continuar acreditando
na propalação da arte musical tão aviltada nos últimos anos. Me refiro
positivamente neste momento à música, sem esquecer que os demais
segmentos artísticos (por ignorância, falta de visão, sensibilidade e
competência para administrar, aliadas à total ausência de políticas
públicas para o setor), padecem de um olhar mais criterioso e sobremaneira, até
sofrem com o descumprimento das obrigações do poder público insertas na
nossa Carta Magna, inclusive. Com relação a apoio técnico, o que vemos,
são emendas parlamentares mirabolantes e imorais, demonstrando com
clareza solar o famigerado enriquecimento sem causa, estas sim, se fincaram por
aqui... Todavia, porém, os Órgão de controle externo estão de
olho... Nestas rechans a cultura é tão achincalhada que não é
demasiado lembrar um episódio, promovido por um certo agente
representante do setor cultural do Município, em data pretérita (no mesmo local
em que Vovô nos brindou com repertório refinado), quando o tal indivíduo,
em alto som, usando o microfone e toda potência do P.A., mandou o
sambista Beto Cezar e por extensão, nos mandou, a todos, se
ph... Ouvir o Vovô e "seus" músicos, foi sem
dúvida, a borracha que faltava passar nos acontecimentos similares em 2014, sem
esquecer as mazelas, mas sem dar tanta importância a elas, devemos
buscar o fortalecimento cada vez mais para o setor. Muito raramente,
agentes de fazeres e saberes, produtores culturais etc., são totalmente
capacitados para gerir a coisa pública. Capacidade de produzir com qualidade
temos; sobram talentos (disse isto no Madeira Fest) faltam
oportunidades. Não gostaria, mas se preciso for, escreverei
"Ecos do Mandruvá II, III, IV e assim por diante, até que a
demologia e os demais valores intrínsecos das nossas ricas manifestações
artísticas sejam tratados com o merecido respeito. Terminamos o ano com o
irretocável espetáculo oferecido pelo Vovô. Parabéns à
produção e aos músicos da Banda, que harmonizaram com virtuosismo
as melodias e cantos, em direta simbiose rítmica com a "cozinha"
do Vovô.
Obrigado VOVÔ pela insofismável
contribuição e legado, que ficarão presentes nas nossas células de
memórias e corações.
(*) O autor é advogado e produtor cultural
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