sábado, 20 de abril de 2013

ENTREVISTA - ALUIZIO GUEDES



REVOLUÇÃO CULTURAL

Arraial Flor do Maracujá em discussão





Aluizio Batista Guedes nasceu em 1950 quando a cidade de Porto Velho terminava na rua Campos Sales. Pedagogo graduado em Administração Escolar, Metodologia do Ensino Superior, Direito Educacional e Ensino Regional. Porém, é conhecido mesmo como grande defensor do folclore e em especial, da brincadeira de boi bumbá em Porto Velho. Recentemente tem se destacado nas reuniões que discutem a realização ou não do Arraial Flor do Maracujá. Aluizio Guedes tem um recado ao governador Confúcio Moura: “Senhor governador, verifique o quanto está se fazendo injustiça social em relação a cultura no estado de Rondônia. Assuma o que o senhor prometeu durante a campanha, que seria dado ênfase a cultura em seu mandato. Culturalmente falando, senhor governador, estamos sem pai e sem mãe”.

ENTREVISTA
Zk – Você como integrante da comissão da Federon pró-realização do Flor do Maracujá pode falar sobre o que já tem de positivo a esse respeito?
Aluizio Guedes – Infelizmente o governador passou a responsabilidade da realização do Flor do Maracujá para os folcloristas e como nós não temos bagagem política, estamos sofrendo dificuldades para falar com os deputados.
Zk – E o que foi que o governador falou pra vocês?
Aluizio Guedes – Ele passou a nós da Federon a responsabilidade de procurar emenda parlamentar no sentido de buscar recursos para os grupos folclóricos.

Zk – E vocês estão fazendo o que?
Aluizio Guedes – Ha um mês estamos visitando os gabinetes dos deputados e temos encontrado muita dificuldade para ser recebido e até de agendar uma reunião, enfim, de sensibilizar os deputados, essa é a dificuldade maior, uma vez que muito deles têm seus compromissos com seus municípios e sempre ouvimos a seguinte resposta: “Já firmei compromisso com o município tal...” e assim nos sentimos isolados, por não termos um representante que abrace essa bandeira de luta pela cultura do município de Porto Velho.

Zk – Na prática o que vocês já conseguiram junto aos deputados estaduais?
Aluizio Guedes – Conseguimos a adesão na nossa causa de apenas oito deputados, cada um assinou nosso manifesto se disponibilizando a colocar emenda no valor de R$ 30 Mil cada.

Zk – Isso quer dizer o que?
Aluizio Guedes – Quer dizer que a possibilidade da realização do Arraial Flor do Maracujá é muito remota.
Zk – Quanto é necessário para os grupos se apresentarem no Flor do Maracujá?
Aluizio Guedes – Estamos pleiteando o mesmo do ano passado, ou seja, R$ 600 Mil. Para alcançarmos essa cifra é necessária a assinatura de 20 deputados estaduais.
Zk – E a prefeitura de Porto Velho entra com o que?
Aluizio Guedes – Independente dos R$ 600 Mil que estamos pleiteando via Assembleia Legislativa, já temos assegurado R$ 350 Mil da prefeitura. No inicio houve uma polêmica no sentido de se pegar esse dinheiro da prefeitura e dividir com outro eventos. Assim o que já vem há mais de cinco anos 350 Mil sendo repassado aos grupos folclóricos, este ano queriam dividir entre os Arraiais que acontecem em Porto Velho e no Baixo Madeira. Felizmente conseguimos convencer a presidente da Funcultural Jória Lima e o prefeito Mauro Nazif e o dinheiro será apenas para os grupos filiados a Federon.
Zk – Quanto a Secel o que tem de concreto em se falando de Flor do Maracujá?
Aluizio Guedes – Oficialmente a gente não tem da Secel nenhuma resposta que deixe a gente satisfeita. O que aconteceu foi que recebemos em nossa assembleia a visita da professora Nazaré Silva que se comprometeu pelo lado que ela tem do amor à cultura, em levantar essa bandeira junto ao governador. A respeito disso, estamos esperando uma reposta do    governo, resposta essa que pode ser; Não vou fazer! Para que a gente possa tomar outra providencia. Até o presente momento não temos nada oficial.

Zk – Até aqui você falou apenas em recursos para os grupos e a estrutura de palco, iluminação, arquibancada, como está?
Aluizio Guedes – O filho tai pra ser registrado, mas, tem uns três pais brigando, isso atrapalha. Os três pais que falo são os empresários que querem ajudar na realização do Arraial no sentido de colocar a estrutura. Acontece que os empresários foram a nossa reunião e disseram que entram e realizam o Arraial, porém, sem a participação do governo. Não a saída total do governo, pois essa participação sempre vai haver. O que eles querem é uma autorização para que eles busquem patrocínios para cobrir as despesas com a montagem da parafernália o que achamos justo.
Zk – Se por acaso o governo chegar e dizer que não vai realizar o Flor do Maracujá a Federon assume esse compromisso?
Aluizio Guedes – Existe a vontade, sabe aquela coisa da paixão! Os folcloristas querem fazer, mas, é preciso pisar no chão porque a estrutura do Arraial necessita de um peso que chamo de peso político. Vamos ser honesto a Federon não tem esse peso, vamos ser honesto. Esperamos que essa nova gestão da Federon que está começando, assuma o compromisso de mostrar a cara e os folcloristas que são o sangue disso tudo, ter seu próprio Arraial, não vou dizer que seja um  Flor do Maracujá, mas, um evento que sirva de ponta pé inicial. O Flor do Maracujá hoje, na minha concepção, nós não temos condições de assumir. Já fui coordenador do Flor do Maracujá e sei que não é fácil montar um evento do porte do Flor. No meu ponto de vista, mesmo com a grande vontade de nós folcloristas, em realizar o Arraial, temos que entrar nesse barco devagar.

Zk - Agora vamos falar com o folclorista presidente de um grupo de boi bumbá considerado grande. Quanto fica colocar um grupo como o Diamante Negro no Flor do   Maracujá?
Aluizio Guedes – É muito caro. Fiz uma proposta ao deputado Ribamar Araujo que procurasse envolver os segmentos sociais, principalmente os nossos empresários no sentido de apoiar os grupos folclóricos.  O grupo Diamante Negro tem um trabalho familiar, somos 12, todos funcionários. Então a gente começa a colocar o boi do nosso salário. Este ano de 2013, o Diamante Negro enxugando a folha, está orçado em R$ 80 Mil. Quando o governo estadual e a prefeitura se dispõem em colaborar, a gente recebe um montante de R$ 40 Mil e a gente tem que correr atrás da outra metade. Ano passado conseguimos apoio de alguns companheiros, empresários, mas é difícil, vou dizer uma coisa, com todo respeito aos demais. Precisamos ter pessoas sérias à frente dos grupos folclóricos, os que não levam a sério a administração do grupo prejudicam os que levam. Os maus gestores nos colocam numa saia justa perante o empresariado, que quando vamos solicitar ajuda em suas empresas não querem nem nos receber, porque alguém de algum grupo não agiu com honestidade.
Zk – Qual a diferença estrutural entre um boi bumbá e uma quadrilha junina?
Aluizio Guedes – A quadrilha pega uma caixa amplificada coloca um CD e vai ensaiar,  No boi a coisa é muito deferente e cara, pois é necessário uma banda com no mínimo seis integrantes, precisa tirar autorização junto aos órgãos do meio ambiente se não o som é embargado. Para se iniciar os ensaios, os bois precisam estar com a documentação do juizado da infância e da dolescencia, autorização para utilizar o espaço público e depois de estar com tudo isso, tem que visitar as famílias no sentido de convencê a aceitar que a brincadeira seja realizada ali, se alguém não aceitar a vaca (boi), vai pro brejo! Por isso nossos ensaios são apenas nos finais de semana, sábado e domingo.
Zk – Qual o tema do Diamante Negro para este ano?
Aluizio Guedes – O Diamante já está definido. “A Arte de Folcloriar” tem mais alguma coisa, “Na memória de um povo, se mantém a tradição”. Posso adiantar que esse folcloriar começa com as quermesses de antigamente, vamos lembrar o Arraial que existia em torno da nossa Catedral do Sagrado Coração de Jesus. Vai ser por aí! Nosso boi vem muito regional.
Zk – Gostaria de saber sua opinião a respeito da reunião que aconteceu na última quinta feira e que foi denominada de Manifesto “Revolução Cultural”?
Aluizio Guedes – Olha, foi ótimo, estamos de parabéns todos nós. Foi bom porque precisamos mostrar nossa cara, a gente fica falando pelas esquinas e não tem coragem de enfrentar o problema. Precisamos lutar, pela valorização, o respeito a nossa identidade cultural e dizer a quem estar no poder, que não pode se impor a uma coisa que é espontânea. Esse Manifesto há muito tempo não via, é um manifesto da vontade popular. Esperamos que as nossas autoridades reconheça. O desenvolvimento do estado de Rondônia não pode acontecer se a cultura estiver à margem. Não se faz educação sem cultura.

Nenhum comentário: