Quando
você chega à sala onde funciona o Cerimonial do governo do estado
de Rondônia na torre do edifício Rio Pacaás Novos no CPA, la vem
ele com aquela gentileza e um sorriso especial, procurando saber o
que o visitante deseja. Ele é o “seu” Ribeiro, que desde o
governo de Valdir Raupp, é contratado como comissionado. “São 21
anos como comissionado do governo de Rondônia”. Ribeiro é
considerado por todos em todos os lugares ou segmentos, por exemplo:
no carnaval apesar de ser azul e branco no Rio de Janeiro. “Sou
Portela”. Em Porto Velho é torcedor ferrenho da escola de samba Os
Diplomatas (vermelha e branca). No tempo dos cabarés do Trevo do
Roque vivia por la com os amigos Ozires Lobo e Câmara Leme entre
outros. Outro dia nos encontramos no CPA e conversa vai, conversa
vem, resolvi gravar as histórias do Ribeiro de como ele conseguiu
permanecer como comissionado, desde o governo Raupp até hoje.
ENTREVISTA
Zk – Vamos começar pela sua identificação?
Ribeiro
– Meu nome é Wilton da Silva Ribeiro, nasci em Belém do Pará no
dia 21 de novembro de 1955. Aos sete anos de idade comecei a
trabalhar com meu pai como ajudante de sapateiro. Fiquei em Belém
até meus 14/15 anos de idade.
Zk
– E foi pra onde?
Ribeiro
– Meu sonho era conhecer Brasília. Acontece que eu tinha uma tia
que morava la e chegava muita carta dela pra minha mãe e minha mãe
ficava encantada com as histórias que vinham nas cartas e com isso
eu me empolgava. O tempo foi passando, até que certo dia fiz uma
traquinagem de menino e o meu pai me deu uns coros (surra) bacana. Me
aborreci com aquele corretivo e disse, quer saber, vou pra casa da
minha tia em Brasília e fui, era o ano de 1975.
Zk
– Morou quanto tempo em Brasília?
Ribeiro
– Fiquei algum tempo e resolvi ir pro Rio de Janeiro. Ao chegar ao
Rio de Janeiro fiz muitas amizades, o Rio de Janeiro foi minha escola
de vida. Morei em Cavalcante, depois fui pra Jacarepaguá e como
melhorei de emprego, aluguei uma vaga que lá eles chamavam
antigamente, de “cabeça de porco” já em Copacabana na rua
Toneleiros. Lá continuei estudando e foi quando me surgiu pela
Associação Cristã dos Moços o curso de jornalismo, vale lembrar,
que não era um curso superior. Quando terminei o curso, fiquei
sabendo através dos jornais impressos, que o Território Federal de
Rondônia estava passando a estado e eu me animei com a notícia e
disse: Vou pra Amazônia conhecer esse estado novo, isso foi no ano
de 1980 para 1981.
Zk
– Você veio do Rio de Janeiro direto pra Porto Velho?
Ribeiro
– Dei uma passadinha em Belém pra visitar minha família que havia
deixado após aquela surra que peguei do papai. Fiquei em Belém por
aproximadamente seis meses e depois segui pra Porto Velho. Conversei
com um amigo que havia servido o exército aqui. “Se você quiser
ir pra lá eu arrumo a passagem”. Realmente ele me deu a passagem e
eu vim pela VASP.
Zk
– Lembra o dia que chegou a Porto Velho?
Ribeiro
– Esse dia, nem que eu queira, tem como esquecer. Cheguei
justamente no dia 4 de janeiro de 1982, dia da instalação do estado
de Rondônia. A cidade era uma festa só. Me hospedei no Hotel da Tia
Carmem. Deixei as coisas lá e fui saber o que estava acontecendo na
cidade e terminei por ir parar na praça Getúlio Vargas em frente ao
palácio, onde o fuzuê estava formado. Teixeirão assumindo como
primeiro governador do estado na presença do Ministro Mário
Andreazza e do Abi Akell e o povão na praça festejando, era um
verdadeiro carnaval.
Zk
– Depois dessa festa, você, com certeza, foi procurar emprego?
Ribeiro
– De Belém eu já vinha encaminhado para trabalhar no jornal O
Guaporé, afinal de contas eu tinha o curso de jornalismo. O Diretor
do jornal era um cidadão que não lembro o nome agora, se era Sílvio
ou Silva só sei que ele era do Rio de Janeiro e esse cidadão ficou
me enrolando. O tempo ia passando e meu dinheiro acabando, me vi
agoniado. Tive que vender um aparelho chamado normógrafo, já que
também tenho o curso de desenho em arquitetura, pra ir pagando o
hotel.
Zk
– E nada de ser chamado pelo diretor do jornal O Guaporé?
Ribeiro
– Pois é. No hotel, os caixeiros-viajantes que se hospedavam lá,
me deram a dica que o Grupo Fortaleza, que por coincidência, era da
família Ribeiro, donos das lojas Fortaleza, Jangada Surf, Eletrosom
e outros empreendimentos estava precisando de vendedor. Fui lá falei
com o Ribeirinho e fiquei por algum tempo trabalhando pra eles (4/5
anos). De lá fui trabalhar com o Antônio Lopes do Natal Foto Color
e então voltei a uma das minhas especialidades jornalísticas, que
era a fotografia. Cheguei a assumir a gerência de algumas lojas do
Antônio no interior do estado. Foi quando resolvi tocar por conta.
Nesse ínterim, conheci os radialistas Áureo Ribeiro, Dálton de
Franco e o fotógrafo J Gomes que hoje está no Diário da Amazônia
e então assumi como repórter policial, já, que o Áureo e o Dálton
tinham programa policial. Passei a atuar como repórter free lance.
Eu ficava na Central de Polícia que naquele tempo era onde hoje é o
presídio feminino na Farquar com a Carlos Gomes no bairro Caiari.
Depois de algum tempo atuando como repórter policial, surgiu à
oportunidade de eu tocar o meu próprio negócio.
Zk
– E que negócio era esse?
Ribeiro
– Coloquei uma loja especializada em fotografia e xerox. Passei a
ser meu próprio patrão. Depois voltei a atuar como free lance no
jornalismo policial e terminei por assumir a fotografia e passei a
fazer assessoria.
Zk
– Assessoria fotográfica, pra quem?
Ribeiro
– No governo de Valdir Raupp fui contratado para ser fotografo do
secretário Emerson Teixeira que foi secretário de Planejamento e
depois assumiu a Sedam e resolveu se candidatar a um cargo político
e estava em campanha e foi através dele e do Rui Vieira que conheci
o pessoal do governo do estado.
Zk
– Você foi contratado pelo estado através de concurso?
Ribeiro
- Não! Entrei como comissionado. Aliás, até hoje trabalho para o
governo estadual como comissionado, já se vão 21 anos. Trabalhei no
período do governador Raupp, governo José Bianco, Ivo Cassol, João
Caula e o Doutor Confúcio Moura (dois mandatos) é 5º governador
com quem trabalho. Sempre que muda o governo e entra secretário
novo, graças a Deus eles renovam meu contrato.
Zk
– Nessas andanças pelo mato, você vivenciou algum fato que
podemos classificar como pitoresco?
Ribeiro
– Um dos fatos que me faz até sorrir, foi o seguinte: Fomos à
aldeia dos Caxararis na divisa de Rondônia com o Acre e tivemos que
deixar os carros em determinado local, porque dali pra frente não
existia estrada e nem picadão, era mata fechada mesmo e então
tivemos que seguir a pé. No dia anterior eu tinha tomada umas e
outras e estava numa ressaca daquelas que agente amanhece chamando a
“Olga”. Quando chegamos ao local combinado, existiam uns seis
índios nos esperando, só que eles estavam a cavalo. Da equipe da
Sedam presente só eu era neófito em andar na mata o Emerson, o
Marcão que era o chefe de transportes já eram calejados nessas
visitas. Os índios em seus cavalos e nossa equipe seguindo a pé,
todo mundo da Sedam la na frente e eu ficava sempre lá pra trás e o
secretário gritava, cadê o Ribeiro, onde ficou o Ribeiro e eu
agarrado em qualquer tronco de árvore provocando, respondia com
muita dificuldade, Tô aqui secretário. De vez enquanto a pergunta
se repetia e eu com a voz embargada pela “bílis” respondia que
estava “tudo bem”. Foram mais de 2 quilômetros nessa agonia.
Zk
– E no Cerimonial. Quanto tempo?
Ribeiro
– Foi no governo de Ivo Casso quando a Silvana Borges era a chefe,
que fui trabalhar no Cerimonial onde permaneço até hoje.
Zk
– Qual sua função no Cerimonial do governo?
Ribeiro
– Trabalho na logística. Onde o governador vai participar de um
evento, como recentemente aconteceu com a inauguração do hospital
do câncer. Nós da logística, um dia antes temos que fazer toda a
preparação do ambiente, organizar mesas, poltronas, checar o som,
organizar toda estrutura inclusive do cafezinho a água gelada.
Zk
– Desses governadores todos que você atendeu pelo Cerimonial, qual
o mais exigente?
Ribeiro
– Pra mim nenhum deles, todos, graças a Deus, sempre me trataram
bem. Inclusive o seu João Caula quando ele foi chefe da Casa Civil
do governador Cassol era e é uma pessoa muito extrovertida, muito
desportista e por várias vezes nos encontramos na casa do Doutor
França Guedes e o ex governador Caula ao violão, é quem animava as
cantorias.
Zk
– Vamos encerrar?
Ribeiro
– No próximo ano de 2018, teremos eleição para governador,
espero que aquele que for eleito, em especial a pessoa que for
nomeada para o Cerimonial ou o secretário da Casa Civil, me dê à
honra de continuar trabalhando como comissionado no Cerimonial. No
mais, desejo a todos meus colegas de trabalho e amigos, um Feliz
Natal e Próspero Ano Novo. Boas Festas!
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