Você já assistiu uma
palestra do Anizinho Gorayeb? Não! Então meu amigo procure assistir para se deleitar
com as histórias sobre a cidade de Porto Velho e seus monumentos históricos.
Anizinho apesar de não ser historiador formado, como ele mesmo diz, sabe contar
a história da nossa cidade e do nosso estado, melhor que muitos historiadores
detentores de diploma de Historiador. “O que chama a atenção dos alunos, é eu
contar o que vivi, na nossa Porto Velho das décadas de 60/70”. De tanto
ser cobrado durantes as palestras proferidas em conferencias, escolas
municipais e estaduais de todo o estado e nas faculdades, Anísio Gorayeb Filho
o Anizinho resolveu colocar no papel suas história.
Nesse dia 3 de julho sexta
feira, no Memorial Anízio Gorayeb no prédio da antiga Câmara de Vereadores na
rua José Bonifácio – Ladeira Comendador Centeno, as 20h00, apresenta à
sociedade, seu primeiro livro: “Doces
Lembranças”. Leia o que ele fala a respeito do assunto na entrevista que
segue.
ENTREVISTA
Zk –
Como surgiu a idéia de escrever o livro Doces Lembranças?
Anizinho
– Sempre no final das palestras que faço nas escolas, faculdades, congressos
etc., as pessoas cobram, põem tudo isso num livro! E sempre falo, olha: recuso-me
a escrever livro de história, porque já existem muitos historiadores. O que faço
nas minhas palestras, o que chama a atenção dos alunos, é eu contar o que vivi,
na nossa Porto Velho das décadas de 60/70. Esse livro vem na hora que as
pessoas precisam saber da nossa dificuldade.
Zk –
Dar para citar algumas dessas dificuldades?
Anizinho – Do tempo que
Porto Velho não tinha energia elétrica, no tempo que só tinham duas estações
Poeira e Lama. São crônicas, relatos memorialistas que falam do cotidiano de
Porto Velho na década de 60/70. É uma coletânea de alguns artigos que venho
escrevendo a cerca de 8/9 anos.
Zk – Entre essas crônicas
inseridas no livro uma que me emocionou. É a que você lembra quando ia pro
mercado com seu pai?
Anizinho – Meu pai mandou
fazer uma cesta pra mim igual à dele, é claro que a minha era pequenininha.
Naquele tempo ainda não existiam as sacolas de plástico; as cestas eram de
cipó. Uma boca larga e duas alças de cipó para a gente segurar e aos finais de
semana, ele me levava junto para o mercado. Na minha cestinha ele colocava só
as coisas maneiras como alface, cheiro verde e outras que não pesasse muito. No
máximo uma latinha que a gente levava pra colocar mingau de banana, milho ou
tapioca comprado na Banca da Dona Chiquinha. O que era bacana, é que eu
gostava, aquilo pra mim era lazer. Hoje a criança se arruma pra ir ao shopping
é o máximo, naquele tempo acompanhar nossos pais ao Mercado Municipal (hoje
mercado cultural) era o máximo dos programas para qualquer criança.
Zk – Iam até o mercado
municipal de carro?
Anizinho – Era a pé. Meu pai
morreu e nunca dirigiu um carro. Meu pai não fazia três coisas na vida:
Assobiar, andar de bicicleta e dirigir carro. Bom, achava o máximo ir pro
mercado com meu pai porque ele falava com um, falava com outro e na banca de
verdura ele dizia pro verdureiro, bota na sacola do Anizinho e eu ficava todo
“cheio”. Essas coisas que a gente viveu, não se vive mais hoje. Era quando o
filho tinha na figura do Pai aquele herói.
Zk – Você estudou em quais
colégios?
Anizinho – Comecei no
“Jardim Central” quando a diretora era a tia Odaléa Sadek em frente à Garagem
do Governo do Território (hoje é a praça das Três Caixas D’água). Ali foi
também um museu dirigido pelo Dr. Ary Pinheiro e foi a Procuradoria Geral do
Estado e hoje é a Delegacia da Infância e Juventude. Em 1963 fui para o Colégio
Dom Bosco que era ao lado da Catedral Metropolitana Sagrado Coração de Jesus.
Zk – Quem fazia parte da
turma?
Anizinho – Devo esclarecer
que o Colégio Dom Bosco só aceitava alunos da Segunda Série em diante. Nossa
turma tinha Bob Otino, os Irmãos Metralha filhos do Cezar Queiroz Mário Jorge e
Antônio Cezar; Paulo Pinto que era sobrinho do Flodoaldo Pontes Pinto,
Odasilvio e outros. Sempre que acontece alguma festa nos dias de hoje, a
direção do Dom Bosco me convida pra falar pelos ex alunos, afinal de contas sou
“Dinossauro”. Naquele tempo era o máximo você estudar no Colégio Dom Bosco,
época em que o uniforme era todo “Cáqui” e no ombro tinha a lapela, por
exemplo, se você estivesse fazendo a segunda série, na lapela eram bordadas
duas estrelinhas e assim sucessivamente e tinha o uniforme de gala que era todo
branco com a gravata preta.
Zk – E a Parada de Sete de
Setembro?
Anizinho – O desfile da
independência era o máximo, primeiro que era obrigado a gente participar e
mesmo se não fosse, todo mundo queria ir. Naquele tempo tinha a disciplina
Educação Moral e Cívica onde a gente aprendia a respeitar as datas e os
símbolos da nossa Pátria. Todos sabiam de cor e salteado o Hino Nacional, o
Hino da Bandeira e o Hino da Independência e aguardava ansiosamente o desfile
de 7 de Setembro. Os colégios marchavam também no dia 13 de Setembro dia da
criação do Território Federal do Guaporé/Rondônia. Carregar a bandeira do
Brasil era sinônimo de status, principalmente entre as meninas. Outra coisa que
era muito legal na Semana da Pátria, era desfilar de bicicleta. Quem tinha
bicicleta levava uma semana antes pro colégio para ser enfeitada, as rodas eram
revestidas de papel crepom verde e amarelo, parecia um bolo confeitado e a
gente desfilava garbosamente naquela bicicleta.
Zk – As festas aconteciam em
quais ambientes, aliás as festinhas como eram chamadas as baladas naquele
tempo?
Anizinho – O ponto mais
importante daquela época em se falando de festinha, era o Porto Velho Hotel com
sua Varanda Tropical e depois a boate Ambikatu (em 1977) que foi a primeira
boate da cidade voltada para a juventude, ali só tocava Ye, Yê, Hally Gally,
Twiste e Rock no momento romântico eram as músicas italianas. Depois que a dona
Nilce Guimarães entregou o Porto Velho Hotel, comprou um imóvel do Zé Saleh
Moreb e o transformou no Joá Pálace Hotel o menor hotel mundo, pois só tinha
dois apartamentos para receber hospedes o restante do imóvel, era a residência
de Nilce e Nélio Guimarães. O negócio mesmo era a Boate Joá o lugar mais
importante da noite de Porto Velho. Era tão importante que foi lá que aconteceu
o lançamento da Luz Negra em Rondônia, quando o colunista social Roberto Vieira
promoveu a “Noite da Luz Negra” e recomendou que as pessoas fossem vestidas de
branco. Foi um acontecimento! Assim como a gente vê a Pinheiro Machado
engarrafada de carros hoje, naquele tempo era a José de Alencar engarrafada de
Jeep, Rural, Lambreta e Bicicleta. A boate Joá funcionava de segunda a segunda.Tem
um detalhe a pista de dança era na garagem do Hotel.
Zk – Qual sua formação
acadêmica?
Anizinho – Me formei em
Economia lá em Belém. O bom era quando a gente vinha de férias, a turma que
morava aqui ficava um pouco com ciúmes porque as meninas, davam mais atenção
para os estudantes que chegavam de fora. O encontro era na “Manhã de Sol” do Bancrévea
Clube. E tinha o baile das debutantes, quando os pais apresentavam suas filhas
à sociedade, a troca de sapato (sapato baixo por sapato alto) era muito chic.
Zk – E o conjunto Fórmula
Quatro?
Anizinho – Foi a sensação,
porém, foi tipo um meteoro, do jeito que surgiu, sumiu! Foi muito rápido. Era
formado pelo Chiquilito na guitarra base, Oswaldo Piana na guitarra solo,
Pituca no contra baixo e Hiran Brito na Bateria. Com o tempo o Chiquilito se
elegeu prefeito de Porto Velho, o Piana governador de Rondônia. Apesar de serem
ótimos músicos, não prosseguiram na profissão. Enquanto existiram como “Fórmula
Quatro” fizeram muito sucesso.
Zk – Para encerrar. Quando
será e onde será o lançamento do livro “Doces Lembranças”?
Anizinho – Dia Três (3) de
julho no Memorial Anízio Gorayeb no prédio da antiga Câmara na José Bonifácio –
Ladeira Comendador Centeno as 20h00.
Zk – E no Diário da
Amazônia?
Anizinho – No dia 5 de julho,
vamos lançar uma grande campanha! Quem fizer uma assinatura do Jornal Diário da
Amazônia vai ganhar um livro meu, devidamente autografado. Essa promoção vale
pro estado todo. Obrigado!
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