O percussionista Naná Vasconcelos, de 71 anos, morreu na manhã desta quarta-feira (9), no Recife. Ele tinha câncer de pulmão e estava internado há dez dias. De acordo com a assessoria do Hospital Unimed III, o músico teve uma parada respiratória e passou por um procedimento, mas não resistiu e faleceu às 7h39.
O
velório está acontecendo na Assembléia Legislativa de
Até o
dia 29 de fevereiro, ele estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do
hospital, mas, depois, foi transferido para um quarto, onde pôde ter mais
contato com a família.
Patrícia
Vasconcelos, mulher e produtora do músico, disse que Naná passou mal após um
show realizado em Salvador, no dia 28 de fevereiro, com o violoncelista Lui
Coimbra. Ao retornar ao Recife, foi internado.
No ano passado, o artista passou mais de 20 dias no mesmo hospital. Naná também se sentiu mal antes de um show, mas achou que não era nada demais e seguiu com a agenda. No Recife, após uma bateria de exames, descobriu que tinha câncer.
No ano passado, o artista passou mais de 20 dias no mesmo hospital. Naná também se sentiu mal antes de um show, mas achou que não era nada demais e seguiu com a agenda. No Recife, após uma bateria de exames, descobriu que tinha câncer.
"Pegou
todos de surpresa, porque ele havia feito um raio-x do pulmão no ano de 2014 e
uma revisão geral há dois meses e nada foi encontrado. Foi tudo muito rápido,
um susto", declarou Patrícia à época.
Ao
ser liberado, pouco mais de 20 dias depois, o músico falou sobre o desafio de
enfrentar a doença. "Eu tenho essa situação, e tenho que enfrentar com
força, pensamento positivo. E vou enfrentar com o pensamento de que eu vou chegar
lá", disse no ano passado.
Naná
prosseguiu, então, com o tratamento, que incluiu sessões de quimioterapia e de
radioterapia, por 40 dias.
Apesar
do câncer, Naná participou da abertura do
Carnaval do Recife no
Marco Zero, neste ano, na companhia de 400 batuqueiros. Em seu último carnaval,
o percussionista dividiu o palco com o Clube Carnavalesco Misto Pão Duro, grupo
centenário homenageado no carnaval do Recife, com o Maracatu Nação Porto Rico,
também celebrado, e com os cantores Lenine e Sara Tavares, de Cabo Verde.
Vida
e obra
Apelidado
de Naná pela avó, a música sempre foi a mola propulsora de Juvenal de Holanda
Vasconcelos. Ele não media palavras para descrever seu amor e conexão com ela.
Era como se a música fosse a energia, a batida, que movia o coração do
percursionista.
No ano de 1960, Naná deixou o Recife e foi morar no Rio de Janeiro, onde gravou
dois discos com Milton Nascimento. Com o cantor Geraldo Azevedo, viajou para
São Paulo para participar do Quarteto Livro, que acompanhou Geraldo Vandré no
icônico Festival da Canção.
A
obra de Naná foi propagada e respeitada dentro e fora do Brasil. Ele fez parte
do grupo Jazz Codona, com o qual lançou três discos. Chegou a gravar com B.B
King, com o violinista francês Jean-Luc Ponty e com a banda Talking Heads,
liderada por David Byrne, um dos grupos precursores do movimento "new wave".
Nacionalmente, ele participou de álbuns de Milton Nascimento, Caetano Veloso,
Marisa Monte e Mundo Livre S/A.
O
pernambucano também fez trilhas sonoras para filmes nacionais e
norte-americanos. Foi eleito oito vezes, por revistas especializadas em música
nos Estados Unidos, como o melhor percussionista do mundo.
Em contraponto, por sempre acreditar que a música podia transformar e melhorar a vida das pessoas, também era um humanitário nato. Naná foi responsável por criar diversos projetos sociais como o "Língua Mãe", que reuniu crianças de três continentes: América do Sul, Europa e África. Naná também defendia levar a música para dentro das comunidades carentes do Recife como forma de incentivo à educação e cultura.
Em contraponto, por sempre acreditar que a música podia transformar e melhorar a vida das pessoas, também era um humanitário nato. Naná foi responsável por criar diversos projetos sociais como o "Língua Mãe", que reuniu crianças de três continentes: América do Sul, Europa e África. Naná também defendia levar a música para dentro das comunidades carentes do Recife como forma de incentivo à educação e cultura.
Há
15 anos, a abertura do carnaval do Recife seguia sob o comando firme e
talentoso de Naná. Com 12 maracatus, 600 batuqueiros e o coral Voz Nagô, o
marco ocorria sempre na sexta-feira de carnaval, levando magia e beleza para a
multidão de foliões. Um espetáculo que só a criatividade de Naná e a força do carnaval
pernambucano podiam criar.
Repercussão
Gabriel, O Pensador, rapper,
no Facebook: "Não vou estranhar se os trovões, os ventos e as chuvas
passarem a soar bem melhor, em combinações inusitadas de ritmos, depois da
chegada do mestre Naná Vasconcelos ao céu". Gilberto Gil, músico, no
Twitter: "Minha maneira de pensar música vai continuar viva depois de
mim" - Naná Vasconcelos. Descanse em paz, querido. Jair Oliveira, músico,
no Twitter: "Descanse em paz, Naná Vasconcelos". Lucas Lima,
músico, no Twitter: "Putz... Naná Vasconcelos...". Lenine, músico, no
Twitter: Estou muito triste. Naná me deu a grande honra de caminharmos juntos
em seu último cortejo. Siga em paz, mestre!". Alceu Valença, cantor e
compositor, no Twitter: "Hoje viajou um dos maiores artistas e
percussionistas de todos os tempos: Naná pernambucano, brasileiro...".Elba
Ramalho, cantora, no Instagram: "As alfaias serão sempre tocadas em
sua homenagem! Descanse em paz, queridíssimo #nanavasconcelos"
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