Voltamos a publicar “Histórias do Carnaval em Porto Velho” a partir desta edição em todos os finais de semana. Após a parada por motivo de férias, trazemos aos amigos leitores a história do bloco do “Purgatório”. O bloco do “Purgatório” se apresentou no carnaval de Porto Velho durante praticamente toda década de setenta. O cortejo era formado pelos integrantes da “Corriola 40” e do Clube Quariquara cujos integrantes residiam no prédio do Tufy Matny que fica no canto da Rua Carlos Gomes com a Gonçalves Dias. Além do fato de ser uma entidade carnavalesca diferente das demais, já que em seu desfile não tocava nenhuma música, muitos fatos pitorescos foram registrados durante a existência do bloco, cujo velório começa em janeiro e só terminava na quarta feira de cinzas. Hoje além de falarmos da origem do bloco, contamos o caso da Patina do Padre Lambretinha. Nas próximas edições vamos contar mais alguns casos pitorescos que se passaram durante a existência do bloco como o caso do defunto que foi “encontrado pelado, amarrado em um poste nas proximidades da igreja catedral além da mãe de um dos foliões que ao olhar no caixão e ver uma faca enterrada no peito do seu filho, desmaiou e teve que ser socorrida ao Pronto Socorro. Vamos a origem do Bloco do Purgatório:
Origem do Bloco do Purgatório
No inicio da década de 1970, os integrantes da “Curriola 40”, um grupo de jovens que se reunia no muro da “vergonha” ao lado do Bar do Canto pela Julio de Castilho, no Bar do Pureza e no Meio Kilo Bar e ainda no restaurante Tri Campeão da dona Marita que ficava justamente em frente ao Posto Tri Campeão na Pinheiro Machado, resolveu sair no carnaval com um bloco.
Acontece que o marido da dona Marita Tenente Sarmento que era dentista na 3º Cia de Fronteira hoje 17ª Brigada de Infantaria e Selva, sugeriu que o bloco fosse como se fosse um enterro. Bom! Decidido o estilo do bloco, a turma se reuniu e providenciou o desfile.
O primeiro desfile saiu da rua Carlos Gomes em frente ao Bar do Canto, eram duas filas (uma em cada lado da rua), com cada um dos brincantes levando uma vela acesa e no maior silêncio possível. No meio, uma Kombi com o caixão com o defunto dentro em cima carroceria (geralmente ou era o Narciso Freire ou o Antonio Edson - Neném por serem pequenos). Na época, o palanque oficial era armado na Avenida Sete de Setembro no trecho entre a Avenida Osório e a Campos Sales, o cortejo do “Purgatório” fazia o seguinte percurso: Carlos Gomes, Presidente Dutra, Sete de Setembro, Campos Sales, Pinheiro Machado até o Bar da dona Marita (Tri Campeão).
À frente do caixão ia a “Viúva” “barriguda” mais um filho ainda de fralda (Leôncio Rodrigues), a Prostituta num vestido vermelho super decotado, o Padre que era o Sarmento, o Cão (satanás) que era o Torrado e o Anjo que era o Jurandir Sena (Zé Bonitinho). Estes iam encenando uma disputa pelo morto: o Anjo o queria para o Céu e o Diabo para o Inferno, a viúva lamentava a morte do marido e discutia com a amante “prostituta”, enquanto o Padre não sabia a quem atender.
Entre tantos participantes lembramos o Manelão, Uirandê (do hotel Aquarius); Vladimir Carvalho; Silvio Santos; João Dalmo, João Ramiro, Dr. Jofeli, Chiquito Paiva; Isaias, Narciso Freire, Emilzinho; Cabo Petrônio; Leôncio Rodrigues, Carlos Binho, Inácio Castro, Chico Macedo, Veloso, Nenem, Gilson e Hilton Macedo; Juvenal Secundo; Cabo Chico; Coronel Siebra e tantos outros. Eram mais de quarenta.
Na carroceria do carro aonde ia o caixão, também se colocava um Sino de uma das locomotivas da Madeira Mamoré gentilmente cedido pelo seu Vivaldo Mendes que era tocado espaçosamente durante o cortejo.
Uma equipe de três foliões se encarregava de distribuir a bebida (cerveja, uísque e até arrebite) aos que estavam participando do “enterro”. O interessante, era que apesar da irreverência ao participar de um desfile de carnaval sem tocar nenhuma música, não se fazia nenhum protesto, era realmente um bloco diferente o “Purgatório”.
A segunda parte da letra do Hino da Banda do Vai Quem Quer faz referencia ao bloco quando diz: “... Já tentei brincar organizado, isso nunca deu pé...” a frase ou o verso foi escrito em função da aparente organização existente no desfile do bloco do Purgatório e o “Isso nuca deu pé”.
Acontece que em determinado desfile, o motorista do carro onde estava o “defunto”, irresponsavelmente, começou a fazer “cavalo de pau” em plena Avenida Sete de Setembro quase em frente ao palanque oficial. Felizmente ninguém saiu ferido.
Uns acham que o bloco do Purgatório é na realidade, o verdadeiro precursor da Banda do Vai Quem Quer.
O bloco desfilou até meados da década de 1970 e parou justamente por causa do episódio do “Cavalo de Pau”.
A batina do Padre Lambretinha
Origem do Bloco do Purgatório
No inicio da década de 1970, os integrantes da “Curriola 40”, um grupo de jovens que se reunia no muro da “vergonha” ao lado do Bar do Canto pela Julio de Castilho, no Bar do Pureza e no Meio Kilo Bar e ainda no restaurante Tri Campeão da dona Marita que ficava justamente em frente ao Posto Tri Campeão na Pinheiro Machado, resolveu sair no carnaval com um bloco.
Acontece que o marido da dona Marita Tenente Sarmento que era dentista na 3º Cia de Fronteira hoje 17ª Brigada de Infantaria e Selva, sugeriu que o bloco fosse como se fosse um enterro. Bom! Decidido o estilo do bloco, a turma se reuniu e providenciou o desfile.
O primeiro desfile saiu da rua Carlos Gomes em frente ao Bar do Canto, eram duas filas (uma em cada lado da rua), com cada um dos brincantes levando uma vela acesa e no maior silêncio possível. No meio, uma Kombi com o caixão com o defunto dentro em cima carroceria (geralmente ou era o Narciso Freire ou o Antonio Edson - Neném por serem pequenos). Na época, o palanque oficial era armado na Avenida Sete de Setembro no trecho entre a Avenida Osório e a Campos Sales, o cortejo do “Purgatório” fazia o seguinte percurso: Carlos Gomes, Presidente Dutra, Sete de Setembro, Campos Sales, Pinheiro Machado até o Bar da dona Marita (Tri Campeão).
À frente do caixão ia a “Viúva” “barriguda” mais um filho ainda de fralda (Leôncio Rodrigues), a Prostituta num vestido vermelho super decotado, o Padre que era o Sarmento, o Cão (satanás) que era o Torrado e o Anjo que era o Jurandir Sena (Zé Bonitinho). Estes iam encenando uma disputa pelo morto: o Anjo o queria para o Céu e o Diabo para o Inferno, a viúva lamentava a morte do marido e discutia com a amante “prostituta”, enquanto o Padre não sabia a quem atender.
Entre tantos participantes lembramos o Manelão, Uirandê (do hotel Aquarius); Vladimir Carvalho; Silvio Santos; João Dalmo, João Ramiro, Dr. Jofeli, Chiquito Paiva; Isaias, Narciso Freire, Emilzinho; Cabo Petrônio; Leôncio Rodrigues, Carlos Binho, Inácio Castro, Chico Macedo, Veloso, Nenem, Gilson e Hilton Macedo; Juvenal Secundo; Cabo Chico; Coronel Siebra e tantos outros. Eram mais de quarenta.
Na carroceria do carro aonde ia o caixão, também se colocava um Sino de uma das locomotivas da Madeira Mamoré gentilmente cedido pelo seu Vivaldo Mendes que era tocado espaçosamente durante o cortejo.
Uma equipe de três foliões se encarregava de distribuir a bebida (cerveja, uísque e até arrebite) aos que estavam participando do “enterro”. O interessante, era que apesar da irreverência ao participar de um desfile de carnaval sem tocar nenhuma música, não se fazia nenhum protesto, era realmente um bloco diferente o “Purgatório”.
A segunda parte da letra do Hino da Banda do Vai Quem Quer faz referencia ao bloco quando diz: “... Já tentei brincar organizado, isso nunca deu pé...” a frase ou o verso foi escrito em função da aparente organização existente no desfile do bloco do Purgatório e o “Isso nuca deu pé”.
Acontece que em determinado desfile, o motorista do carro onde estava o “defunto”, irresponsavelmente, começou a fazer “cavalo de pau” em plena Avenida Sete de Setembro quase em frente ao palanque oficial. Felizmente ninguém saiu ferido.
Uns acham que o bloco do Purgatório é na realidade, o verdadeiro precursor da Banda do Vai Quem Quer.
O bloco desfilou até meados da década de 1970 e parou justamente por causa do episódio do “Cavalo de Pau”.
A batina do Padre Lambretinha
Quando ficou decidido que o bloco do “Purgatório” desfilaria como se fosse um cortejo fúnebre, o tenente Sarmento pulou de lá e reivindicou a personagem PADRE para si. “Serei o padre que irá benzer o defunto durante o cortejo”. No dia do desfile a turma reunida no Bar do Canto, caixão amarrado em cima da Kombi, motorista a posto, o “coronel” Siebra encarregado chefe do abastecimento dos foliões, saiu distribuindo para cada integrante uma porção de “bolinha” e uma golada da cerveja, que era servida numa lata de leite ninho. Cabo Petrônio ordenou que o Manelão tocasse o sino dando sinal que o bloco iria começar seu desfile rumo a Sete de Setembro. De repente, um impasse, Sarmento correu para frente do bloco onde estavam o Satanás, Viúva, Anjo, Prostituta e o Defunto e ordenou que aguardassem um pouco, pois o Padre ainda ia se paramentar.
Cadê a Batina perguntou o Juvenal Secundo, enquanto Veloso balançando um sininho (daqueles usados pelos coroinhas) informava que o Manelão juntamente com o Sarmento estava se dirigindo ao Colégio Dom Bosco com o intuito de pedir ao Padre Lambretinha uma batina emprestada. Não demorou cinco minutos e os dois regressaram da missão com o Sarmento já vestido de Batina e ainda com Estola Roxa e tudo.
Agora sim o bloco poderia começar seu desfile e passar pela frente do palanque das autoridades todo garboso o que aconteceu por vários anos.
Acontece que em um desses desfiles, quando a turma já estava posicionada para dar inicio ao “cortejo”, como sempre na Carlos Gomes em frente ao Bar do Canto, chega nada-mais, nada-menos que o Bispo Dom João Batista Costa acompanhado do Padre Lambretinha. Recebidos com todo respeito pelo presidente da “Curriola 40”, Cabo Petrônio Dom João Batista Costa chamou o tenente Sarmento e o Manelão e passou-lhes um “CARÂO” lição de moral que se fosse a seres humanos normais, eles teriam abandonado o bloco e ainda correr para dentro da Catedral que ficava a poucos passos do local, para pedir perdão.
Disse o Bispo que eles não poderiam ter “roubado” a batina do Padre Lambretinha, Nessas alturas o clima ficou “tenso” alguns até pensaram em desistir do bloco, foi quando o Leôncio Rodrigues fantasiado de “Bebê” com fralda e tudo e uma chupeta gigante na boca, pulou na frente do Bispo e disse: “Dom Prelado, será que dava para o senhor emprestar essa Batina do Padre Lambretinha que o Sarmento está usando neste momento para que ele abençoe o pobre daquele defunto que já está fedendo a cachaça naquele maldito caixão?” Dom João achando graça ficou sem graça, passou a mão na cabeça do Leôncio e liberou o bloco recomendando. “Vão, mas, cuidado não beba demais”.
Na próxima edição continuamos a contar “causos” pitorescos do Bloco do PURGATÓRIO!
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