Como dissemos, os corsos dominaram os desfiles carnavalescos em Porto Velho até o inicio dos anos 50. Porém, os clubes existentes à época mantinham seus blocos com o intuito de animar os bailes carnavalescos. Esses bailes começam a ser realizados a partir do mês de outubro quando os clubes promoviam os famosos “Grito de Carnaval”. Vale salientar que os grandes cordões carnavalescos pertenciam aos clubes Internacional, Noroeste e Ypiranga. O Noroeste era dirigido pelo seu Elias Gorayeb e era frequentado pelas famílias dos seringalistas e comerciantes mais abastados. O Ypiranga tinha como sócios os chamados “Categas” funcionários públicos que exerciam cargos de confiança, na Madeira-Mamoré, na prefeitura e depois no governo do Território Federal do Guaporé. O Clube Internacional funcionava como se fosse o Clube Oficial da cidade, já que reunia o alto escalão dos funcionários da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.
Contam os mais antigos, que em determinada época ou quando Aluizio Pinheiro Ferreira assumiu a direção da Estrada de Ferro e depois como primeiro governador do Território Federal do Guaporé, os bailes no Internacional só começavam quando ele chegava.
O Clube Internacional fechou suas portas na segunda metade dos anos 1950. Era um casarão de madeira que ficava a Rua Sete de Setembro, justamente onde hoje se encontra a sede do Ferroviário Atlético Clube. Seu bloco carnavalesco só brincava na sede, quer dizer, não participava dos desfiles pelas ruas da cidade, nem mesmo em corsos.
O Ypiranga que existe desde 1917 sempre se destacou nos desfiles carnavalescos colocando seus blocos, agora a grande pedida no inicio da nossa Porto Velho era o Bloco do Noroeste.
Apesar da grande animação nos bailes carnavalescos desses clubes, nosso carnaval de rua só passou a “pegar fogo” de verdade a partir de 1950, quando os clubes sociais passaram realmente a dominar o carnaval de rua com os desfiles dos seus blocos.
Os blocos da Presidente Dutra
Quando me entendi como gente, já em meados da década de cinquenta, os desfiles aconteciam na rua Presidente Dutra entre a D. Pedro II e a 7 de Setembro. O interessante, era que os blocos desciam a Presidente Dutra passando pela frente do Porto Velho Hotel (hrje Unir Centro), se apresentavam para as autoridades e jurados em frente ao palanque, geralmente instalado na Rua Henrique Dias entre o prédio do Banco do Brasil (hoje Sesc) e a Pensão do Napoleão, ao lado da Associação Comercial. Depois de se apresentarem para os jurados e autoridades, os blocos seguiam até a Praça Rondon e dobravam a esquerda na Sete de Setembro e depois, já sem tocar (a maioria), subiam a José de Alencar até a D. Pedro II e retornavam pela Presidente Dutra desfilando novamente para o público, jurados e autoridades.
Os blocos eram formados por sócios dos chamados clubes sociais, cujos mais famosos eram: Ypiranga (o clube dos categas); Danúbio Azul Bailante Clube; Guaporé; Imperial e depois veio o Bancrévea Clube (dos Bancários do Banco da Borracha).
Sem que nada determinasse, esses blocos se identificavam por categoria social e cada categoria disputava entre si. Por exemplo: o Bloco do Ypiranga disputava com o Bloco do Bancrévea; o Bloco do Danúbio com o do Guaporé e Imperial. Se o Bloco do Clube Guaporé ganhassem do Bloco do Danúbio e do Imperial, pronto, a festa estava feita, não interessava se havia perdido para Bancrévea ou Ypiranga.
Na realidade, a disputa mais esperada era a dos blocos dos clubes Ypiranga e Bancrévea, principalmente quando os dois passaram a ser comandados pela Professora Marize Castiel Bloco do Ypiranga e a empresária Neire Azevedo Bloco do Bancrévea.
Nessa época desfilavam os chamados blocos de originalidade, "Rei da Selva" do Valdemar Cachorro que disputava com o Bloco do Inácio Campos, além do famoso Bloco da Cobra e os blocos de sujo e foliões do “Bloco do eu Sozinho".
Os blocos de clubes sociais dominaram o carnaval de Rua de Porto Velho até meados da década de sessenta, quando perdem a hegemonia para as escolas de samba Diplomatas e Pobres do Caiari.
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