No próximo dia 6 de
setembro, João Dalmo vai festejar seus 50 anos como apresentador de programas
esportivos no rádio rondoniense em especial, nas emissoras de Porto Velho. “No
dia 7 de setembro de 1968, a convite do Walter Santos atuei pela primeira vez,
como repórter esportivo de uma partida de futebol e foi pela rádio Caiari
durante o jogo entre Ferroviário X Nacional de Manaus”. João Dalmo até
os dias atuais, apesar de já estar aposentado, continua como apresentador de
programa esportivo. “Hoje faço parte da equipe esportiva da rádio FM Rondônia eu e meu
parceiro de longas datas Miguel Silva”. Por ser um apaixonado por
futebol, durante muitos anos atuou na Federação de Futebol de Rondônia elaborando
tabelas e regulamentos dos campeonatos coordenados pela entidade. “Hoje
a convite do Heitor Costa sou o Ouvidor da Federação”. Além de todo seu
envolvimento com o esporte, João Dalmo foi boêmio, morou no famoso prédio
“Purgatório” reduto de boêmios como Manelão. “Aquela história do defunto,
aconteceu foi comigo e não com o Isais”.
Quer saber mesmo a história
do João Dalmo? Acompanha a entrevista que segue.
ENTREVISTA
Zk – Vamos começar pela sua
identificação?
João Dalmo – Meu nome é João
Dalmo Alves da Silveira, nasci em Porto Velho no dia 28 de fevereiro de 1947.
Fui criado na Almirante Barroso precisamente no bairro Santa Bárbara, minha
infância foi jogando bola no campinho da Favela onde existia o Dispensário. Perdi
minha mãe (dona Elvira Oliveira da Silveira) aos 16 anos de idade. Meu pai Luiz
Alves da Silveira foi estivador e guarda territorial. Estudei primeiramente no
Grupo Escolar Barão do Solimões e depois no Colégio Dom Bosco.
Zk – No próximo dia 7 de setembro
você completa 50 anos de rádio, em especial, na área esportiva. Fala sobre essa
trajetória?
João Dalmo – Na minha época
de criança o que se ouvia era rádio. Meu pai tinha um aparelho de rádio
Transglobe e eu menino ficava mexendo para ouvir os jogos de futebol. Eu jogava
futebol no juvenil do Ferroviário, depois passei para o Aspirante que era o
segundo time, joguei algumas vezes pelo time principal. Acontece que na época,
só tinha fera, na posição que eu jogava ponta esquerda, tinha o Piabinha
(craque) e o Frederico, era quase impossível o técnico me escalar como titular.
Em vista disso, aos 20 anos de idade, resolvi pendurar as chuteiras. Parei com
o futebol de campo e fui para o Futebol de Salão (Futsal), aí participamos de
bons times, aliás, fizemos sucesso; era eu Ivo do Pedrinho, Doque e mais uma
rapaziada boa de futsal.
Zk – E o Dalmo comentarista
de futebol quando surge?
João Dalmo – Um dia o Walter
Santos que já estava na Rádio Caiari transmitindo futebol. Devo lembrar que eu
sabia tudo sobre futebol e tinha um pormenor eu gravava na mente, tudo o que os
locutores falavam, por esse motivo o Walter me fez o convite. No dia 7 de
setembro de 1968, la estava eu na cabine da Rádio Caiari no estádio Aluizio
Ferreira comentando a partida de futebol entre o Ferroviário X Nacional de
Manaus.
Zk – Você também se
transformou num ótimo vendedor de cotas de patrocínio?
João Dalmo – Pois é, a
partir daquela participação como comentarista, partir pro lado da venda de
publicidade. Na época participávamos da super equipe esportiva da Rádio Caiari:
Eu atuava como repórter de pista, o Miguel Silva como comentarista; José
Ribamar, Walter Santos e Pinheiro de Lima (narradores), chegamos a ter quatro
narradores com a chegada do Sargento Walci Vieira. Nossa equipe chegou a fazer
coisas que só se via em emissoras grandes como a Globo, que era transmitir
simultaneamente de quatro lugares diferentes: Vilhena, Guajará Mirim. Ji Paraná
e Porto Velho.
Zk – Qual a grande transmissão.
Aquela que você considera inesquecível a que marcou sua vida esportiva?
João Dalmo – Foram várias
transmissões empolgantes. Hoje se conheço o Brasil, é graças ao futebol,
exemplo: decisão do campeonato Carioca. Como não existia televisão em Porto Velho
a gente vendia esses jogos e íamos transmitir direto do Maracanã. Aonde tinha
um jogo amistoso da Seleção Brasileira à rádio Caiari estava lá. Eu ia sempre,
porque além de repórter era eu quem vendia as cotas e não tinha como ficar fora
da viagem.
Zk – E como foi que você se
transformou em diretor de esportes da TV Rondônia?
João Dalmo – Aconteceu o
seguinte: Estava na rádio Caiari já como chefe da equipe, quando um amigo meu
la da TV Amazonas o Arnaldo Santos me ligou: “João vai inaugurar a TV Rondônia
e nós precisamos de um apresentador esportivo, você não quer assumir esse
cargo”? Terminei aceitando o desafio. Tinha um detalhe, eu tinha que vender
três cotas de patrocínio que era 12 Mil Cruzeiros, vendi as cotas para a
Construtora Alfa do Antônio de Matos, Mineração Jacundá cujo gerente era nossa
amigo Nelson e para o Bazar Marleide do Queiroz. No dia 13 de setembro de 1974,
com a presença do Ministro Euclides Quandt de Oliveira, Phelippe Daou e toda
cúpula da TV Amazonas foi inaugurada a TV Rondônia. Em toda cidade que
inaugurava uma TV era implantado o programa “A Bola é Nossa” que era nada mais
nada menos, que os 20 mais bonitos “Gols do Pelé” e o apresentador só tinha que
chamar a atenção do telespectador para assistir os gols. Foi aí que deu a
tremedeira!
Zk – Por quê?
João Dalmo – Quando terminou
a solenidade de inauguração por volta das 19 horas, o doutor Phelippe Daou
convidou todos para assistir o primeiro programa esportivo da TV Rondônia e
quem aparece como apresentador: Eu e o Miguel Silva, Miguel que eu havia
convidado para ser meu parceiro na venda das cotas de patrocínio e nada mais
justo que colocá-lo ao meu lado, aí nós dois mais o apresentador que veio de
Manaus e fez nossa apresentação. Fomos nós que chamamos a matérias com os gols
do Pelé. No dia seguinte o doutor Phelippe Daou teve uma reunião comigo e me
convidou para continuar apresentando o programa. Fiquei 18 anos na TV Rondônia,
durante 8 anos apresentando “A Bola é Nossa” e depois que a Rede Amazônia
passou a transmitir os programas da Globo passei a apresentar o Globo Esporte
local, por dez anos.
Zk – Saindo da área
esportiva. Vamos para o setor da Boemia?
João Dalmo – Sempre gostei
da boemia! Como falei, perdi minha mãe aos 16 anos e tive que tocar o barco
sozinho, éramos seis irmãos e meu pai começou como estivador no Plano
Inclinado, depois foi Guarda Territorial, ficou muito conhecido como Guarda
Silveira. Meu pai era analfabeto, mas, era muito bem informado, por ser assíduo
ouvinte de rádio. Devo esclarecer que ganhei muito dinheiro com a TV Rondônia e
a Rádio Caiari. Eu vendia tanto que o doutor Phelippe Daou um dia me chamou
para renegociar minha participação na TV. Acontece que ele me entregava os
tapes de futebol por 5 Mil Cruzeiros, no primeiro eu já faturei 30 Mil, no
segundo foi pra 40 Mil aí após três meses, ele me chamou pra uma nova conversa
e falou: “Você tá ganhando mais que a TV” sugeriu que eu criasse uma agencia de
publicidade e que me pagaria 20% das publicidades que eu levasse pra TV Rondônia
e assim, nasceu a agencia J. Dalmo Publicidade e Promoções.
Zk – Voltando ao boêmio?
João Dalmo – Com dinheiro no
bolso a gente faz muita coisa, aí fui pra noite, sempre gostei da boemia, pra
você ter idéia, na época criamos um conjunto que tinha o Léo filho da dona Jóia
do bloco, Neguinho Menezes, Miguel do atabaque, e o Jorge Andrade voz e violão
e eu tocava maraca. Chegamos a nos apresentar no Cine Teatro Resk. Vivi por um
tempo com a dona Maria Eunice proprietária da boate “Nova Olinda” que é
conhecida como Maria Eunice. Ela foi uma pessoa maravilhosa na minha vida. Pra
encurtar a conversa sobre boemia, basta lembrar que eu morava no “Purgatório”
junto com Manelão, Joveli, Isaias. Inclusive aquele episódio do Defunto que
você conta no seu livro, foi comigo e não com Isaias.
Zk – Parou pra casar, com
quem?
João Dalmo – Fui casado e
vivi durante 32 anos, com uma mulher maravilhosa que Deus já chamou, Drª Salma
Romiê que me deu quatro filhos. Constitui nova família e ganhei mais três
filhos que não gerei, mas, criei, por tanto, são meus e agora me apareceu um
novo filho gerado fora do casamento e ainda me trouxe três netos. Eu o
reconheci e ta tudo em paz.
Zk – Bom, no próximo dia 6
de setembro, você vai fazer uma festa para comemorar seus 50 anos como
comunicador na área esportiva. Como vai acontecer essa festa?
João Dalmo – O cantor e
compositor Jorginho do Império é meu amigo de longas datas, nos comunicamos
constantemente e ele foi quem sugeriu: “João Dalmo essa data você não pode deixar
passar em branco, tem que fazer alguma coisa, manda minha passagem que vou aí
lhe ajudar”. Aí o Ernesto Melo que é meu primo se propôs a também se
apresentar com a Fina Flor do Samba e o Grupo Fala Sério que é uma garotada que
vi nascer e dei apoio se propuseram a se apresentar sem cachê. Quer dizer, vai
ser uma festa do samba a comemoração dos meus 50 anos de Rádio.
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