REGISTRO HISTÓRICO

sábado, 28 de dezembro de 2019

O surgimento da Banda do Só Vai Quem Quer – II


                                       A REUNIÃO NO BAR CHOPÃO

Quando chegamos ao Bar Chopão fomos muito bem recepcionados pelo seu proprietário o empresário Iran, um amigo da nossa turma de longas datas.
A cachaçada não parava, uns bebiam uísque, outros cerveja e alguns como eu pinga pura (cachaça), enquanto o Iran preparava os tira-gostos a gente discutia sobre qual nome colocar na nova entidade carnavalesca. Nesse interim, por força do alto teor de álcool, algumas discursões mais acirradas aconteciam, por exemplo:

A CONTENDA ENTRE NENEM X PAULO QUEIROZ

Nenem é o apelido do Antônio Edson Andrade portovelhense roxo, daqueles que a época, era invocado, (acho que até hoje), com os migrantes e por isso, não queria admitir as sugestões do jornalista Paulo Queiroz sobre como deveria ser a Banda.
Vale salientar, que Paulo Queiroz era um paraibano de mais de Um Metro e Oitenta de Altura e o Nenem não passava de Um Metro e Meio. Não tinha como aquele baixinho, enfrentar o gigante Paulo Queiroz mesmo assim, Nenem insistia em não concordar com as opiniões do Paulo que por ser uma pessoa muito bem preparada psicologicamente e intelectualmente falando, levava as ofensas na brincadeira, o que foi irritando o Antônio Edson cada vez mais, ao ponto, de num determinado momento, partir para as vias de fato. Paulo estava sentado de um lado da mesa em frente ao Nenem e quando vimos, Nenem se levantou, se afastou um pouco e PULOU no rumo do Queiroz na intensão de aplicar uma Tesoura Voadora. Paulo muito esperto e experiente em rabissaca, apenas tirou o corpo de banda e o Nenem se esborrachou no chão. Quando a gente pensava que o negócio iria pegar fogo, Nenem se levanta passando a mão no rosto e sem falar nada, senta-se em seu lugar e a farra continuou como se nada tivesse acontecido.

O RONCO DO GENERAL

Manelão não assistiu nada dessa briga, pois, assim que tomou um Caldo de Mocotó reforçado, servido pelo Iran, capotou de vez e sua presença só era notada, graças o Roncar que vinha da cadeira que ele fez questão de colocar um pouco afastada da nossa mesa. Como já conhecíamos esse particular do Manelão ninguém o perturbou durante o resto da tarde, afinal de contas, aquilo era o “Ronco do General”.

AS MULHERES FUNDADORAS DA BANDA

Apesar de naquele tempo, muito mais do que hoje, os homens em suas reuniões não abrirem espaço para as mulheres, na reunião que culminou com o Surgimento da Banda do Só Vai Quem Quer, duas mulheres participaram ativamente, inclusive apaziguando os mais exaltados e opinando sobre como seria seu desfile.

Eliana e Lica – A Eliana namorava o Emilzinho e a Lica além de querida por todos nós, era amicíssima da Eliana, ambas moravam no bairro Arigolândia (vizinhas), inclusive, as duas participaram daquele jantar a base de Tatu no Leite da Castanha no sítio do Manelão.

Elas sempre estavam com a gente fosse onde fosse. Eliana é casada com o Emilzinho e a Lica apesar de não ser mais a foliã de antes, sempre aparece na sede da Banda quando chega o carnaval.

 

O NOME DA BANDA

 

SEDE DO JORNAL O  GUAPORÉ

Após os ânimos voltarem ao normal Narciso chamou a atenção para o avançado da hora, “Afinal de contas estamos discutindo sobre isso desde ontem”. Foi então que o Evamar Mesquita o mais sóbrios de todos nós, sugeriu que botássemos em votação a sugestão do Emilzinho Gorayeb que o bloco deveria ser batizado como “A Banda do Só Vai Quer”. Não houve nenhuma objeção e o nome da Banda foi aprovado quase por unanimidade. Só não recebeu o voto do Manelão porque ele continuava dormindo.

Escolhido o nome do bloco, partimos para a eleição do Presidente e mais uma vez, o Evamar Mesquita sugeriu que o nome do Manelão fosse aprovado, pois, além de ser folião ‘juramentado’, tinha o respaldo de ser empresário conceituado em Porto Velho, o Chaveiro Gold de sua propriedade, era o único especializado na abertura de cofres da Região Amazônica inclusive, credenciado junto a Polícia Federal.

Mais uma vez Manelão não votou por ainda estar dormindo. Mais uma rodada de bebida e tira gosto e resolvemos terminar a reunião e cada um tomou seu rumo. Fui incumbido de acordar o Manelão até porque, era ele que me levaria de carro até minha casa o que aconteceu.

 

No próximo capítulo: O Jornal O Guaporé estampa na manchete de capa, a fundação da BANDA.

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