Autor: Sílvio M. Santos
Nesta edição damos continuidade
às histórias que fazem parte do livro de minha autoria, que está prontinho para
ser publicado, “PORTO, VELHO PORTO – HISTÓRIA DA CIDADE ONDE NASCI E VIVO”.
São histórias que pesquisei em
publicações de vários autores que se preocuparam com a nossa história como
Esron Menezes, Amizael Silva, Abnael Machado de Lima, Yedda Bozarcov, Manoel
Rodrigues, Hugo Ferreira e em especial do meu amigo professor Francisco Matias,
porém, a maioria das histórias relatam fatos vividos por mim, já que apesar de
ter nascido no Distrito de São Carlos, vivi minha infância, adolescência e vivo
até hoje, em Porto Velho. Muitas das histórias que os amigos tomarão
conhecimento a partir de hoje, são exclusivas, pois foram vividas por mim, como
é o caso do “Trem da Feira” e muitas outras. Infelizmente pelas normas
acadêmicas, meu livro não pode ser considerado como de História, porém, as
histórias nele contidas podemos garantir, (a maioria. foram vividas por mim) e
as demais, são fruto de dias e dias de pesquisas.
Se você empresário editor, se
interessar em produzir o meu Livro, entre em contato através do celular: (69) 9
9302-1960.
NO TEMPO DOS INGLESES
Os moradores mais antigos de Porto Velho e Guajará Mirim costumam se
referir à Madeira Mamoré com a frase "NO TEMPO DOS INGLESES" para
definir quem realmente administrava a Estrada de Ferro. Na realidade, Estrada
de Ferro Madeira Mamoré foi totalmente construída com dinheiro brasileiro
atendendo o acordo constante no artigo 7º do Tratado de Petrópolis. A
construção que começou em 1.907 e terminou em 1912 teve como empresa
administradora a Madeira Mamoré Railway Company.
Acontece que muito antes de sua inauguração, a Ferrovia foi arrendada para a Empresa Madeira Mamoré por 60 anos a contar do dia 1º de janeiro de 1912 (Decreto 7.344 de 25 de fevereiro de 1909). A arrendatária, ao contrário das Companhias congêneres Amazon River, Port of Pará, Manaos Harbour, Pará Eletric, Manaos Tramways e outras, não era uma Companhia concessionária, quer dizer que, enquanto aquelas construíam com seu próprio capital para depois ressarcirem-se com a exploração dos seus serviços ao público em prazos determinados, a Madeira Mamoré ocupou a Estrada de Ferro já construída e paga pelo governo brasileiro, em vista disso, a Companhia não tinha "The" em sua nomenclatura inicial e nem o "Limited" final.
E a expressão: "No tempo dos ingleses" como surgiu como definição de administração da Madeira Mamoré?
Acontece que até 15 de novembro de 1914 a Companhia fazia parte do Sindicato Farquar e a sua administração era Americana. De 16 de novembro de 1914 em diante, foi transferida para um consórcio de Banqueiros Ingleses e a administração passou a ser INGLESA até 30 de junho de 1931. Daí a expressão "NO TEMPO DOS INGLESES" ser usada até hoje, quando alguém se refere à administração da Madeira Mamoré.
Acontece que muito antes de sua inauguração, a Ferrovia foi arrendada para a Empresa Madeira Mamoré por 60 anos a contar do dia 1º de janeiro de 1912 (Decreto 7.344 de 25 de fevereiro de 1909). A arrendatária, ao contrário das Companhias congêneres Amazon River, Port of Pará, Manaos Harbour, Pará Eletric, Manaos Tramways e outras, não era uma Companhia concessionária, quer dizer que, enquanto aquelas construíam com seu próprio capital para depois ressarcirem-se com a exploração dos seus serviços ao público em prazos determinados, a Madeira Mamoré ocupou a Estrada de Ferro já construída e paga pelo governo brasileiro, em vista disso, a Companhia não tinha "The" em sua nomenclatura inicial e nem o "Limited" final.
E a expressão: "No tempo dos ingleses" como surgiu como definição de administração da Madeira Mamoré?
Acontece que até 15 de novembro de 1914 a Companhia fazia parte do Sindicato Farquar e a sua administração era Americana. De 16 de novembro de 1914 em diante, foi transferida para um consórcio de Banqueiros Ingleses e a administração passou a ser INGLESA até 30 de junho de 1931. Daí a expressão "NO TEMPO DOS INGLESES" ser usada até hoje, quando alguém se refere à administração da Madeira Mamoré.
A PRIMEIRA ESTAÇÃO DA MADEIRA MAMORÉ
Já contamos neste espaço, que a Estrada de Ferro Madeira Mamoré começou
a ser construída oficialmente no dia 4 de julho de 1907 e que foi pregado como
marco do seu inicio, um PREGO DE PRATA no primeiro dormente assentado, e que
esse ato, aconteceu nas imediações do hoje prédio que abriga a ENARO que também
foi conhecida como Serviço de Navegação do Madeira (S.N.M).
Bom! Pois justamente no prédio de madeira onde hoje está funcionando uma
sorveteria em frente ao Museu e onde também funcionou a administração do famoso
Plano Inclinado, funcionou a PRIMEIRA ESTAÇÃO de embarque e desembarque da
Madeira Mamoré. Naquele tempo, os trilhos beiravam o Rio Madeira, passando em
frente a Fábrica de Gelo e a garagem das Litorinas, pegando realmente o rumo de
Santo Antônio após passar pela Serraria que também tinha o nome de "Serraria
Santo Antônio" e que ficava justamente onde hoje é o Mercado do Peixe no
Cai N’ água. (O leitor pode conferir naquele logradouro até hoje, o que restou
da caldeira da Serraria).
No inicio, o trem atravessava uma ponte construída no encontro do Igarapé
que ficou conhecido como "Igarapé do Burrinho" com o Rio Madeira,
depois colocaram bueiro e o igarapé naquele trecho passou a ser chamado de
"Bueiro".
Naquelas proximidades, foi construído um desvio, que dava acesso ao
trecho da Madeira Mamoré conhecido como "Ramal São Domingos", porque
transportava a Borracha Bruta que chegava dos seringais, para ser beneficiadas
na Usina São Domingos que funcionava em frente a hoje entrada da 31ª
Circunscrição Militar (5º BEC), entre a rua Prudente de Moraes e a Rogério
Weber.
O TREM DA FEIRA
A Estrada de Ferro Madeira Mamoré apesar dos ingleses a abandonarem em
1931, alegando que a mesma era deficitária, após passar a ser administrada pelo
governo brasileiro passou a exercer realmente, o papel social motivo de sua
construção, que era promover o escoamento dos produtos produzidos pelos
bolivianos e dar assistência às várias vilas que se formaram ao longo de sua
linha férrea, como Santo Antônio, Teotônio, Jacy Paraná, Mutum, Abunã, Vila
Murtinho, Colônia do Iata e tantas outras.
Porto Velho cidade que nasceu graças à construção da ferrovia, tão logo
passou a categoria de município em 1914, foi agraciada com a construção do
Mercado Municipal e também passou a contar com as famosas feiras livres. A
primeira feira livre de Porto Velho foi montada justamente onde hoje é a Praça
Getúlio Vargas em frente ao palácio do governo. Foi nessa feira que juntamente
com minha mãe passamos a trabalhar no ramo de venda de comida (1951). Assim que
o Palácio foi inaugurado a feira foi transferida para o local onde hoje fica a
Rua Euclides da Cunha no espaço entre o Clube Ferroviário (na época era o Clube
Internacional) e a Ceron (na época Usina do Salft).
Em 1958 o governador Ênio dos Santos Pinheiro inaugurou a Feira Livre
com o nome de “Feira Modelo” num galpão construído onde hoje é o Mercado
Central na Rua Farquar. Nossa casa ficava exatamente ali, onde existe uma
parada de ônibus em frente ao Mercado Central.
Por detrás do nosso quintal, toda quinta feira estacionava o TREM da
FEIRA. O Trem da Feira trazia produtos dos agricultores que moravam do KM 25 –
Teotônio, até Porto Velho, os produtos eram Farinha, Feijão, Arroz, Banana,
Carvão, frutas de um modo geral, Milho e muitos outros. O Trem da Feira era
fonte de renda não só para os ferroviários, mais, para uma gama considerável da
sociedade como carroceiros, carregadores, atravessadores, vendedor ambulante,
além, é claro, de beneficiar o comércio, já que os agricultores com o apurado da
venda de seus produtos, compravam no comercio de Porto Velho.
O Trem da Feira fazia a viagem de volta no sábado pela manhã.
Com a desativação da Madeira Mamoré as colônias que existiam ao longo da
ferrovia de Porto Velho a Teotônio deixaram de existir. Vale salientar que
Teotônio era o maior produtor de farinha de mandioca de Rondônia. Quem viveu
aquele tempo, com certeza lembra-se da Farinha do “seu” Jorge Alagoas.
MÁQUINA 12 - CORONEL CHURCH
Quem visita o museu da Estrada de Ferro Madeira Mamoré em Porto Velho,
tem a oportunidade de admirar a locomotiva de nº 12 conhecida como
"Coronel Church". O interessante, é que em uma moldura colocada à
frente da máquina, encontramos alguns dados referentes à locomotiva, como local
e ano de sua construção, potência etc... Só não encontramos a história de
quando e como ela chegou nessa região e porque é a única locomotiva da Madeira
Mamoré que foi transformada em peça de museu.
A Máquina 12 ou Coronel Church foi a primeira locomotiva a entrar em
funcionamento na região Norte do Brasil em especial na região Amazônica. Ela
desembarcou em Santo Antônio no ano de 1877 trazida pela empresa Norte
Americana P.&T. Collins contratantes da primeira tentativa de construção da
Estrada de Ferro Madeira Mamoré.
A locomotiva 12 foi abandonada em Santo Antônio até então, ponto inicial
da Ferrovia, em 1878 "depois de percorrer alguns quilômetros de linha que
com sacrifício, conseguiram construir, rompendo a selva inóspita e virgem,
povoada de feras e silvícola agressivos e traiçoeiros" descreve Hugo
Ferreira em seu livro "Reminiscência da Madmamrly..."
A locomotiva já naquela ocasião ostentava em sua lateral o nome
"Coronel Jorge Earl Church".
Abandonada em Santo Antônio a máquina foi recuperada por ordem dos
engenheiros da firma May, Jack & Randolph em 1911 então nas oficinas
existentes em Porto Velho. Foram 33 anos abandonada ao relento até que no dia 4
de julho de 1912 voltou a trafegar pelos trilhos da Estrada de Ferro Madeira
Mamoré. Acontece que quando a locomotiva foi reativada, só foi pintado em sua
lateral o nº 12. A denominação "Coronel Church" só voltou a fazer
parte de sua pintura quando das comemorações dos 25 anos da administração
Brasileira da Estrada de Ferro, justamente no dia 10 de julho de 1956.
A Máquina 12 "Coronel Church" existe em nossa região ha exatos
142 anos.
OBS: 142 anos (de 1877 a 2019)
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