Como
parte da programação de inauguração do Calçadão Manelão na
manhã desta quinta feira dia 2, o jornalista e agora escritor Silvio
M. Santos – Zekatraca, promove o lançamento do livro “As
Peripécias do General”.
A
jornalista blogueira Luciana Oliveira convidado pelo Silvio escreveu
o seguinte:
PREFÁCIO
É
comum num velório muita gente sussurrar só as coisas boas que o
morto deixou impregnada na memória coletiva, ninguém fala mal, como
se ele pudesse ouvir e agradecer os elogios.
Assim
acaba a história da maioria, como se no último ato encenado no
palco da vida a cortina se fechasse sem polêmica.
Não
foi o que sucedeu no dia do encantamento de Manoel Costa Mendonça, o
Manelão, fundador da Banda do Vai Quem Quer, o bloco carnavalesco
que há 37 anos arrasta milhares de foliões nas ruas que levam onde
a cidade começou.
Por
tanto riso, tanta alegria, o general da folia teve um velório com
choro, reza e gargalhadas pelas histórias e estórias que o
transformaram na figura mais emblemática do carnaval de Porto Velho.
Ninguém
melhor que Silvio Santos, multifacetado artista, cúmplice de festa e
confusão, parceiro de compromisso com a cultura popular, para
estabelecer a distância entre as verdades e mentiras que Manelão
contava.
Diz
o ‘cara de paca’ que 90% das lendas e histórias fabulosas que
foram passando de boca em boca, de geração em geração,
correspondem a mais pura verdade.
E
que importância tem a mentira quando gera risos verdadeiros?
O
que contam sobre as Peripécias do Manelão não se dissocia da
cultura carnavalesca de Porto Velho que explodiu como um lança
confetes na década de cinquenta. Cada causo fluiu da tradição
popular como um elemento indispensável à proteção do patrimônio
cultural da cidade, daí a força de se perpetuar no imaginário
coletivo...
...
Ao publicar o que testemunhou no arriscado e prazeroso convívio com
o rei da folia, Silvio Santos imortaliza um anedotário que deu a
Manelão a fama de mentiroso pelo excesso de purpurina nos causos que
contava em rodas etílicas.
Era
mais quem queria ouvir Manelão narrar, com um cigarro na mão e o
copo de cerveja na outra, como ele metralhou uma viatura da polícia
depois de ser expulso da boate Cambuquira.
“Conta
aquela da noite em que levou o que pode de um motel pra se vingar da
conta cobrada no dia anterior!”, pediam os espectadores com
insaciáveis ouvidos.
A
história dos aviões Paulistinha do Aeroclube de Porto Velho que
quebrou aprendendo a pilotar, também era favorita do seleto público
que batia ponto no Chaveiro Gold.
A
do vôo num avião sem asas até a Taba do Cacique, Silvio confirma:
é mentira!
O
livro traz esses e outros causos que pela intensa sonoridade popular
tornaram Manelão um personagem folclórico inesquecível, polêmico,
divertido e capaz de gestos generosos que poucos ficaram sabendo.
Na
véspera de um carnaval o rei da folia partiu, mas deixou selado o
compromisso com os foliões de proteger a tradição da Banda...
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