O professor Queiroz como é
chamado, apesar de ter atuado como editor do jornal Estadão do Norte por mais
de vinte anos, o jornalista Antônio Queiroz é o nosso entrevistado de hoje,
dentro da sequencia, “Os melhores
editores de jornais impressos de Rondônia”. O Paraibano que veio para
Rondônia com o intuito de exercer a profissão de professor de matemática,
apesar de em Campina Grande (PB), ter trabalho no jornal Diário de Borborema do
grupo Diários Associados. “Lá eu era uma espécie de faz tudo. Faltava o editor
de política, chama o Queiroz que ele resolve, faltava o de esporte era a mesma
coisa”. Acontece que o Diagramador Paulo Lira pediu que ao chegar em Porto
Velho procurasse saber quanto estavam pagando um diagramador profissional e ao
chegar na redação do Estadão para fazer a consulta, terminou por ser convidado
a trabalhar como repórter. “Fiquei no estadão de 1º de abril de 1985 até 27 de
dezembro de 2007”. Antônio Queiroz é conhecido nas rodas de jornalistas como
grande contador de “causos” jornalísticos. “Só que são casos verdadeiros
vividos por mim”. Então vamos conhecer algumas dessas histórias na entrevista
que segue.
ENTREVISTA
Zk – Como e por que você
veio para Rondônia?
Antônio Queiroz – Dia 26 de
fevereiro de 1985 aqui desembarquei. À época eu tinha uma colega chamada Maria
do Socorro Brito professora de biologia e como na infância moramos em Campina
Grande frente com frente. Ela veio aqui primeiro e disse que aqui pagava muito
bem. Lá na Paraíba o salário era uma desgraça e então ela me convidou a vir
lecionar em Rondônia. Foi difícil chegar aqui.
Zk – Por quê?
Antônio Queiroz – Porque não
tinha recursos para pagar a passagem de avião. Pedi ao meu pai pra vender um
telefone (na época telefone era muito valioso) e o dinheiro deu pra comprar a
passagem e ainda sobrou um pouco para minha manutenção e assim cheguei aqui.
Zk – Aqui chegando foi fazer
o que?
Antônio Queiroz – Primeiro
fui ver a situação da cidade pra poder tomar uma posição. Aqui tinha duas horas
de energia elétrica e faltava quatro, só tinha asfalto na 7 de Setembro, uma
parte da Prudente de Moraes, ao lado do palácio do governo, Pinheiro Machado, o
restante não tinha nada. No dia 8 de março de 1985 fui contratado como professor
de matemática pelo governo do estado de Rondônia.
Zk – O Jornalista surge
quando?
Antônio Queiroz – O
jornalista vem da Paraíba, em 1974 através dos Diários Associados eu trabalhava
no Diário da Borborema em Campina Grande que era com sistema de rádio, jornal e
televisão, eu era uma espécie de faz tudo dentro da empresa. Faltava o
comentarista de esporte, chama o Queiroz, no programa da televisão faltava
alguma coisa o Queiroz resolve o problema, quer dizer, eu era o homem dos Sete
Instrumentos nos Diários Associados lá na Paraíba.
Zk – E o Estadão?
Antônio Queiroz – Quando
trabalhava no Diário da Borborema tinha um diagramador chamado Paulo Lira que
ao saber que vinha pra Rondônia solicitou que eu verificasse o valor do salário
do diagramador aqui. Em abril de 1985 fui até o jornal Estadão que era na Duque
de Caxias e quando cheguei não tinha ninguém, era oito e meia da manhã (8h30).
Fui recebido pelo seu Rodrigo que era o porteiro que me disse que o pessoal só
começa a chegar pra trabalhar, após as 10h00, daqui a pouco começou a chegar
pessoas para dar entrevista ou fazer denuncia aquela coisa toda e eu fiquei
aguardando a chegada do editor que era o Washington
que por sinal também era paraibano. Acontece que antes dele chegar eu fui
fazendo as entrevistas com aquele pessoal e quando ele chegou por volta das
10h30, mostrei as matérias que havia feito e então ele me fez uma série de
perguntas e disse que queria me contratar como repórter. Eu vim aqui apenas
saber quanto é que vocês pagam para o diagramador profissional, ele me deu o
valor, liguei pro Paulo Lira que se interessou, tanto que no mês seguinte
desembarcava em Porto Velho e ele então efetivamente, participou desse início
da retomada do sucesso do jornal Estadão que reputo como a coisa principal a
partir da minha entrada no jornal.
Zk – Por qual motivo?
Antônio Queiroz – Era uma
imoralidade o jornal fechar a 2h00 da madrugada e às vezes até 3h00. Então o Washington começou a fazer proposta e eu
expliquei que não poderia assumir o jornal porque tinha contrato com o governo
do Estado e ele disse que ia conversar com o dono do jornal. O Mário me chamou
fez o convite eu disse que não queria e ele ficou telefonando de manhã, de
tarde e de noite, aperreando mesmo e então fiz uma proposta que eu considerava
para a época, uma verdadeira aberração, era muito dinheiro para minha surpresa
o Mário aceitou!
Zk – O que mudou no Estadão
a partir da sua chegada?
Antônio Queiroz – Eu chegava
ao jornal sete e meia da manhã, era o primeiro a chegar e quando as pessoas
estavam pensando em chegar eu já tinha realizado todo o meu serviço e já ia
embora. Como já tinha trabalhado com o Paulo Lira sabia como era a diagramação
e então deixava tudo prontinho, qualquer problema, como eu morava próximo ao
jornal, ali na Gonçalves Dias eu ia lá e resolvia. Deixava tudo pronto e ia dar
minhas aulas de matemática no colégio Getúlio Vargas.
Zk – Quem fazia parte da
equipe de jornalismo do Estadão à época?
Antônio Queiroz – Quando
cheguei era uma confusão dos diabos, pelo seguinte: era nego que só queria estar
no Bangalô (Bar), enchiam a cara, com todo respeito aos meus amigos, e chegavam
meia noite uma da madrugada pra fechar página, capitaneados pelo Paulo Queiroz.
Aliás, até hoje reputo o Paulo Queiroz como um dos melhores profissionais na
área da política que Rondônia já teve. Aí vinha Jorcenes Martinez, Carlinhos
Araujo um garotão iniciando a carreira, Idelfonso Valentim era realmente uma
equipe muito boa.
Zk – Já era offset?
Antônio Queiroz – Quando
cheguei ainda era a época do chumbão, tanto que a pessoa mais importante dentro
da redação não era o jornalista e nem o dono do jornal, era o gráfico. Se o
gráfico por ventura, dissesse, vou tomar uma cachaça, parava o jornal, porque
era ele que fazia todo o trabalho de montagem. Foi quando o Mário viu que tinha
que fazer alguma coisa para melhorar e então começou o processo do compuser e
depois o Mário foi até Manaus e comprou o equipamento offset do jornal A
Crítica. A impressão era feita numa impressora plana, a rotativa veio depois.
Zk – Como editor do jornal
Estadão você sofria muita pressão política. Tipo não coloca essa matéria, essas
coisas?
Antônio Queiroz – Inclusive,
estou escrevendo três livros simultaneamente, porque são tantas as histórias de
bastidores que em um só livro não cabe. Coincidentemente estava passando nas
proximidades do palácio Presidente Vargas e encontro o fotografo José Wildes
que estava indo para uma coletiva do governador no palácio, como não estava
fazendo nada o acompanhei. Só que o auditório estava superlotado e então fiquei
lá fora. Quando o governador Confúcio chega, bate no meu ombro e diz: Aqui está
a biblioteca ambulante do jornalismo de Rondônia, pena que não tenha colocado
isso num livro. A partir daquele momento resolvi então escrever a história dos
bastidores do jornalismo em Rondônia. Eu seria muito egoísta se morresse sem
contar a história desses bastidores.
Zk – Vamos adiantar algumas
dessas histórias?
Antônio Queiroz – Na
campanha de 1994 o senador Ronaldo Aragão que ainda teria mais quatro anos para
cumprir. No dia que ele veio falar comigo, pensei: Não tenho material para a
manchete impactante desse final de semana e ao ver o senador bolei: Senador
vamos dizer que o senhor vai renunciar o atual mandato de senador para
concorrer de novo nas próximas eleições que vão eleger 2/3 do senado. A matéria
foi publicada e causou um grande reboliço nos meios políticos. Vendeu bastante
jornal, para você ver como são os bastidores. Foi a partir daí que vi a
importância da política no jornal.
Zk – Outra?
Antônio Queiroz – Nós
tínhamos em Cacoal o deputado estadual Pedro Kempes que era produtor rural e
praticamente semi analfabeto e também o deputado Amizael Silva presidente da
Assembleia que gostava muito de brincar. Então estava o Pedrão fazendo um
discurso sobre determinado assunto, quando o Amizael pede um aparte e diz:
“Olha, eu quero elogiar a postura de vossa excelência porque o considero um
BORDALENGO e começou a utilizar palavras que o Pedro com certeza não sabia o
significado. Quando terminou o discurso, alguém perguntou; Pedro você sabe o
que é Bordalengo? E foi explicando o que significava aquela palavra, que o
Amizael o havia chamado de imbecil, otário, idiota. O Amizael como você sabe,
utilizava uma bengala para se apoiar e o Pedro mais vermelho que pimentão,
botou pra pegá-lo. Era o Amizael caxingando na frente e o Pedrão pega não pega
atrás, foi àquela algazarra.
Zk – Você também falou sobre
a liberação de recursos para a peça O Homem de Nazaré. Como aconteceu?
Antônio Queiroz – Naquele
tempo, a peça O Homem de Nazaré tinha o patrocínio do governo estadual. Houve o
acerto só que o repasse estava demorando a sair e já estava na semana da
encenação e os meninos do Grupo Êxodo assumindo compromissos, pois haviam
contratado serviços de terceiros etc. a informação que se tinha era que o
repasse só seria realizado no mês posterior a realização da peça. Então chegou à
redação o José Monteiro, João Zoghbi, o Cristo, Joel Limoeiro e o Carlinhos Noé,
desesperados pedido que eu fizesse uma matéria metendo o cacete no governo.
Fizemos as fotografias, eles foram embora e eu fiquei pensando, não vou fazer
matéria nenhuma metendo o pau no governo. Então publiquei a seguinte matéria:
Como grande incentivadora da cultura no estado de Rondônia, a primeira Dama
iria no dia seguinte, convocar a imprensa para fazer a entrega do cheque ao
integrantes do Grupo Êxodo para a realização da peça O Homem de Nazaré. Depois
liguei pra primeira Dama e disse: Estou publicando amanhã uma matéria dizendo
isso e isso e a senhora não vai me decepcionar, ela naquela vaidade, foi até o
governador e disse que precisava do cheque no valor do convênio, para encurtar
a conversa no outro dia estava lá toda a imprensa e a primeira Dama entregando
o checão aos meninos.
Zk – Você chegou a ser
ameaçado de morte?
Antônio Queiroz – Demais.
Vou contar uma: minha mesa eram três gavetas, na segunda gaveta sempre mantinha
um revolver e ela sempre ficava aberta para qualquer eventualidade. Um belo
dia, era carnaval de 1991 e a gente publicava uma página espelhada com fotos
dos foliões e a legenda, o Botafogo estava sempre lotado e lá o fotografo
Quintela fez a foto de um casal se beijando. Resultado o cidadão chega na
redação com um jornal Estadão amassado embaixo do braço, querendo saber quem
era o responsável pelo jornal, eu disse: O dono é Mário Calixto e eu sou o
responsável pela editoria, do que se trata? Quero saber a respeito de uma
fotografia que foi publicada no jornal de hoje. Vi que naquele jornal que
estava embaixo do braço dele tinha uma faca peixeira de 12 polegadas. Levei o
cidadão na fotomecânica e expliquei que só existia o negativo e mostrei vários
fotolitos, ele era garimpeiro, não entendia nada do assunto, voltamos para a
sala e pedi à secretária que providenciasse um cafezinho pro cidadão e mandei
que ele sentasse, e ele não sentava de jeito nenhum, aí fui ficando preocupado.
Quando ele prestou atenção no fotolito disse: Olhe, acho que essa aqui é minha
mulher. Tava no garimpo e quando cheguei vi essa fotografia no jornal, só
queria ter certeza, porque vim aqui pra lhe matar e sair daqui e matar minha
mulher. Nisso peguei o revolver sem ele ver. Então ele apontou pro jornal
dizendo que estava com a faca e eu respondi: Isso não me intimida não porque
estou com um revolver aqui e apontei o 38 no rumo do peito dele. Não precisa
dizer que o cidadão na mesma hora ficou branco, amarelo, enfim...Outras ameaças
foi na Morte do Olavo Pires?
Zk – Ele saiu do Estadão e
foi assassinado logo depois?
Antônio Queiroz – Recebi
muitos telefonemas me ameaçando mesmo antes da morte do Olavo. Tive que mudar
quase noventa dias o meu endereço, um dia dormia na casa da sogra no outro na
casa do cunhado era um sufoco. Acontece que ele seria assassinado no jornal
Estadão e só não foi porque a turma que ia entrar as 19h00 para trabalhar
estava toda na portaria. A camioneta na qual estavam os pistoleiros estava em
frente e em virtude do pessoal na portaria eles não tiveram ângulo para atirar,
e só conseguiram o intendo na entrada da empresa do Olavo na Jorge Teixeira.
Zk – Como era o Mário
Calixto como administrador?
Antônio Queiroz – A gente
brigava de uma maneira que quem estivesse de fora pensava que um ia matar o
outro, acontece que nossas brigas tudo era em prol do jornal, era uma briga no
bom sentido. Mantínhamos o melhor relacionamento possível. Era um
relacionamento de irmão pra irmão. Enquanto ele foi dono efetivamente do jornal
eu permaneci lá. Quando ele saiu não entenderam dessa maneia e o Queiroz foi
mandado embora.
Zk – Quanto tempo você
passou no Estadão?
Antônio Queiroz –Tá na minha
carteira de trabalho. Admissão no dia 1º de abril, dia da mentira, de 1985 até
27 de dezembro de 2007. Foram 22 anos dos quais 16 anos como editor que
considero o maior tempo que uma pessoa passou como editor de um jornal
impresso.
Zk – E o processo da
informatização do jornal como aconteceu?
Antônio Queiroz – O grande
culpado foi o Diário da Amazônia. Um belo dia tomei conhecimento que o Diário
estava sendo implantado e que seria em cores além de todo informatizado, era
uma coisa de vanguarda, vinha pra arrebentar mesmo. Consegui uma prova do
jornal que estava sendo preparado. Chamei o Mário e falei inclusive que o
jornal seria impresso em cores, e ele não acreditou, ainda disse, eu não vou
aceitar levar esse furo. Eu quero ser o editor do primeiro jornal em cores do
estado de Rondônia ele não acreditando que o Diária sairia em cores, então
mostrei aquele jornal (teste) Diário da Amazônia todo colorido, quando ele viu
endoideceu, e agora Queiroz? Agora é fácil!
Zk – Fácil por quê?
Antônio Queiroz – O Mauricio
Calixto era deputado federal e eu disse: Vamos fazer uma série de fotografias
na cidade de hoje até amanhã em cromo, vamos mandar pro Mauricio pra ele ir lá
no Correio Brasiliense e fazer os fotolitos em cores e vamos imprimir o nosso
jornal. Três dias depois o Jornal Estadão saiu todo colorido, antes do Diário
da Amazônia e eu me transformei no editor do primeiro jornal em clores do
estado de Rondônia.
Zk – A informatização
realmente?
Antônio Queiroz – Aí foi
imediata, a filha do Mário a Márcia morava nos Estados Unidos da América e
ajudou na aquisição do material, trouxemos um professor de informática o Marcos
Antônio do Senac para dentro da redação do Estadão, era trabalhando e
aprendendo. Eu fui o testa de ferro que tive que aprender tudo para repassar,
inclusive o Lúcio Albuquerque começava a escrever chamava: Queiroz o computador
ta com problema, às vezes era só um Esc. Houve uma resistência inicial,
principalmente com a turma mais da antiga.
Zk – Você falou em Lúcio
Albuquerque isso quer dizer que era uma turma da pesada?
Antônio Queiroz – Tenho dito
o seguinte: desprezando a humildade! Fui o melhor editor de jornal impresso do
estado de Rondônia sou consciente disso, mas, sou consciente também que busquei
os melhores profissionais da área; Paulo Queiroz, Abdoral Cardoso, Lúcio
Albuquerque, Rubens Nascimento, Rubens Coutinho, Gilson Campeão, Idelfonso
Valentim, Ana Aranda, Mara Paraguassu, Laura Vendas, Robson Oliveira, Carlinhos
Araujo, Sérgio Valente, Jussara, Terezinha Barreto, Zé Katraca. Inclusive quero
esclarecer quer você registre isso!
Zk – Sim?
Antônio Queiroz – Um dia me
chega o Manelão com um cidadão que não conhecia até então e diz: Queiroz esse é
o Silvio Santos, esse cara sabe tudo da Pobres do Caiari, Diplomatas do Samba
enfim de todas as escolas de samba e blocos e do carnaval como um todo, é um
cara que vive a cultura de Rondônia vinte e quatro horas. Estava começando os
preparativos para o carnaval de 1992. Gostaria, disse Manelão que você
conseguisse um espaço para ele escrever uma coluna sobre carnaval, só que tem
um detalhe, o nome Silvio Santos não pode ser revelado, tem que ser apenas a
coluna do Zekatraca principalmente a coluna “Esquentando os Tamborins”. Depois
do carnaval chamei o Zekatraca e o convidei a continuar escrevendo só que nós
criamos outro personagem, que foi o Zé Matraca que, inclusive, metia o bedelho
no meio político. Depois houve um desentendimento entre o Mário e o Manelão que
não sei o motivo e o Manelão levou o Zekatraca para o Dário da Amazônia, isso
já era 1994. Para minha surpresa a primeira coisa que fizeram no Diário da
Amazônia foi identificar quem escrevia o Zekatraca, colocaram o nome do Silvio
Santos. Fiquei fulo da vida com o Manelão por causa disso.
Zk – Naquele tempo existiam
os colunistas sociais que realmente escreviam. Hoje as chamadas colunas
sociais, só publicam fotografias com legendas. Vamos falar sobre os verdadeiros
colunistas sociais, tipo Sergio Valente?
Antônio Queiroz – Quando
cheguei ao Estadão tínhamos, Alice Drumond, Terezinha Barreto e Jussara. Esse
era nosso time a Jussara chegou a dormir no jornal, a coluna dela era diária.
Depois consegui trazer o Sergio Valente que escrevia na Tribuna, fui buscar o
Zuza Carneiro que era do Alto Madeira. É como disse, se fui o melhor editor de
jornal em Rondônia foi porque me cerquei dos melhores jornalistas que existiam
na época. Também abrimos para a Berta Zuleika. Tinha uma coisa, comigo não
tinha esse negócio de foto legenda, tinha que ser matéria com informação. O
povo tinha que pegar uma coluna social e saber o que estava acontecendo
efetivamente na sociedade. Hoje tem dez fotos na página só com a legenda:
Queiroz é lindo, Zekatraca é feio e não da nenhuma informação e no fim do mês
ou da semana, vai lá com a fotografia receber a fatura. Me desculpem os
colunistas atuais, mas, uma boa parte faz só isso.
Zk – Você chegou a atuar
como repórter ou foi só editor?
Antônio Queiroz – No jornal Estadão
comecei na parte de Opinião que era na página 2. Escrevia o Editorial.
Selecionava as cartas dos leitores, naquele tempo os leitores mandavam cartas
com suas reivindicações e indicações. Na época não existiam jornalistas na
praça, então tivemos que formar alguns como a Viviane, Paulo Ricardo, Rubens
Nascimento, o Carlinhos Araujo era arquivista, Leivinha que hoje é o editor
começou como Office boy. Hoje me orgulho em dizer que contribui com a formação
dessa turma. De 1985 até 1988 fui repórter sim, cobria de tudo. Hoje não existe
o jornalismo investigativo, esse é o grande problema. O jornal impresso só não
vai acabar porque o pessoal gosta de manusear o jornal.
Zk – Para encerrar. O que
você tem a dizer para os jovens que estão se formando em jornalismo?
Antônio Queiroz – É
preocupante! A cada quinze dias faço uma palestra. É um absurdo o acadêmico de
jornalismo não saber o que é uma retranca, lead, não saber identificar um
texto. Meu recado para essa turma: Não se deixe levar pela vaidade. Tenho 39
anos de jornalismo e não sei absolutamente nada. Todos os dias eu aprendo. Quer
ser um bom jornalista, tenha fontes. Seja ético, profissional, seja uma pessoa
acima do bem e do mal.
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