REGISTRO HISTÓRICO

sábado, 29 de junho de 2013

FESTIVAL DE PARINTINS - 2013



Cem anos de Boi Bumbá na Amazônia



Começou na noite da última sexta feira 28, o Festival de Parintins com as apresentações dos bois Garantido e Caprichoso. Os rivais estão festejando Cem Anos de suas criações e em cima disso, desenvolvem seus temas nas três noites do Festival 28, 29 e 30.
Pelo que se lê a respeito da brincadeira de Boi Bumbá na Amazônia muito antes dos grupos Garantido e Caprichoso a brincadeira já era praticada na Amazônia, tanto que na história dos dois bumbás vamos encontrar citações a respeito da existência de outros bumbás.
Apesar de alguns pesquisadores dizerem que o Boi Caprichoso só surgiu nove anos após a criação do Garantido: “O boi Garantido, fundado em 1913, foi o primeiro a encenar a lenda de Franscisco e Catirina. Nove anos depois foi fundado o boi Galante, que viria a se chamar Caprichoso a partir de 1925”, citação postada no site oficial do Festival de Parintins.
A rivalidade começa exatamente no momento da discussão da criação dos dois bumbás, pois a diretoria do Caprichoso e todos os seus admiradores garantem que o bumba azul foi criado também em 1913.
Em se falando de títulos conquistados desde quando começou a disputa em 1966, o Garantido tem 27 campeonatos e o Caprichoso apenas 19.
Deixando de lado as opiniões dos pesquisadores que divergem da data de criação do Caprichoso, vamos as Histórias oficiais dos dois Bumbás de Parintins.

História do Boi Garantido


 A história do Garantido começa em 24 de junho de 1913, quando o filho de pescador Lindolfo Monteverde resolveu por em prática uma das histórias que ouvia de seu avô, ex-escravo de origem maranhense que veio para a Ilha de Parintins em busca de um espaço para a sua família viver e produzir.
Dentre as inúmeras histórias, Lindolfo ouviu a história de um boi que dançava visitando famílias e alegrando as pessoas. Havia muitas lendas em torno deste boi contado pelo avô. A que mais chamava a atenção do neto era sobre o roubo da língua do boi e os versos cantados durante o ritual do boi que envolvia Pai Francisco, Mãe Catirina, o Amo do Boi, o Pajé e outras figuras.
Mais tarde, ao servir o exército, Lindolfo Monteverde adoeceu e a gravidade de sua doença o levou a fazer promessa a São João Batista, prometendo que, se ficasse bom e enquanto tivesse vida, seu bumba jamais deixaria de sair nas ruas. Foi então que o Garantido passou a ser chamado de “Boi da Promessa”.
Contam que Lindolfo Monteverde era um cantador e repentista que causava admiração em quem o ouvia cantar, por causa do timbre de voz que dominava os terreiros e era ouvido à distância sem utilizar nenhum tipo de aparelho sonoro mecânico.
Desde a sua criação, o Garantido se apresenta com um coração na testa e as cores Vermelha e branca foram adotadas pela torcida. A cor Vermelha, do coração e a branca, do boi.
O nome Garantido surgiu do próprio criador, Lindolfo Monteverde, que em suas toadas sempre lembrava aos bois contrários que seu bumbá sempre saía inteiro dos confrontos de ruas que, na época, eram rotineiros. Dizia Lindolfo que nas “brigas” com os contrários a cabeça de seu boi nunca quebrava ou ficava avariada, “isso era garantido”.
A brincadeira foi evoluindo e em 1965 aconteceu o primeiro Festival Folclórico de Parintins, mas não houve participação dos bumbás. A primeira disputa veio no segundo Festival (1966) quando o Garantido enfrentou o Caprichoso.

História Do Caprichoso


A genese do Boi-Bumba Caprichoso começa no inicio do século XX com a vinda de um nordestino chamado Roque Cid, natural de Crato (CE). Ele migrou, como muitos que vieram para o norte do pais, atraídos pelas ofertas e melhores condições de vida e de trabalho nos seringais da Amazônia. Ao chegar, deparou-se com outra realidade, os seringais estavam em fase decadente. No entanto, foi em Parintins que Roque Cid decidiu ficar e fundar, em 1913, uma brincadeira onde a figura principal era um boi de pano chamado Caprichoso.
Essa diversão corporificou uma herança cultural muito forte do nordeste que se entrelaça com a cultura local, acrescentando elementos do cotidiano do caboclo amazonense.
Esse conhecimento, por conseguinte, se integra aos contos lendários e míticos da criação do imaginário e se mistura com realidade, harmonizando e assumindo uma identidade peculiar, a do parintinense. Além do boi-bumba, Roque Cid organizava o Cordão dos Marujos, manifestação de cunho religioso, trazido do nordeste, que deu origem ao nome da percussão do boi Caprichoso, a famosa Marujada de Guerra.
Em sua residência, no tradicional bairro do Esconde, ocorriam os ensaios para o dia da grande festa em homenagem aos santos juninos, em especial São João, tendo o seu filho Feliz Cid como o principal Amo do Boi. Esses festejos uniam o religioso e o profano, entoando ladainhas e rezas, oferta de comidas e finalizavam com a morte simbólica do Boi, que prometia voltar no próximo ano, com a seguinte ressalva: Se Deus quiser.
Outra figura muito expressiva na historia do boi Caprichoso foi Luiz Gonzaga, cuja residência, na rua Rio Branco serviu de curral no qual por muito tempo ensaiou o boi Caprichoso. Com a mesma importânciahistórica se encontra Jose Furtado Belém, João Nossa, Lauro Silva, Didi Vieira, Zeca Xibelão, Luizinho Pereira, Acinelcio Vieira, Ednelza Cid, Odneia Andrade, dentre outros.

Para todos os torcedores o criador do Boi Caprichoso é Roque Cid, pois ele legitimou e consolidou relações que se entrelaçam em um sentimento de amor, paixão, disputa e rivalidade.

No decorrer do tempo, o Boi teve uma sucessão de donos e atualmente encontra-se na condição de AssociaçãoFolclórica Boi-Bumba Caprichoso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário