Classificar alguém como pioneiro de uma
região, estado ou cidade, não é tarefa fácil, porém, quando passamos a conhecer
o trabalho desenvolvido no estado de Rondônia pelo cidadão Amilcar Machado
Profeta não temos dúvida, estamos diante de um Pioneiro de verdade. Mineiro
criado e lapidado no estado do Paraná precisamente na cidade de Maringá,
Profeta se mudou definitivamente para Rondônia no inicio do ano de 1983. “No
final de 1982 vim sondar o ambiente e vi que o ordenado aqui era três vezes o
que ganhava em Maringá então fui buscar a família e fiquei”. Nesse
tempo todo, Profeta sempre esteve trabalhando em prol do desenvolvimento do
esporte e mesmo depois de aposentado, aceitou o convite do amigo Zé Carlos e
empresta seus conhecimentos à Gerencia de Esportes da Secel. Profeta não é
apelido é sobrenome mas, bem que poderia ser reconhecido pela visão de futuro
que tem esse professor de educação física aposentado mas, que não cansa de
colaborar com o desenvolvimento do estado de Rondônia.
ENTREVISTA
Zk – Quem é o Profeta?
Profeta – Amilcar Machado
Profeta, mineiro de Governador Valadares desde 1946, onde vivemos até os 15
anos de idade, quando meu pai resolveu mudar para o Paraná na época chamado de
o Eldorado do Brasil e nós fomos para Maringá. Viúvo da professora Mérly
Deffune Profeta com quem tive cinco filhos. Professor de educação
física formado pela Universidade Estadual de Maringá (PR), em 1975.
Zk – E Rondônia?
Profeta – Cheguei em
dezembro de 1982, fui buscar a família que
estava em Maringá e retornei em 1983 definitivamente. Em Maringá fui
secretário de Cultura Esporte e Turismo, depois fui diretor presidente da Autarquia
Municipal de Esportes levando o município a ser campeão do estado nos jogos abertos
e campeonatos das federações em várias modalidades.
Zk – Você falou em Autarquia
do Esporte. Por que em vez de Secretaria uma Autarquia?
Profeta – É importante dizer que o projeto da
criação da Autarquia de Esporte de Cacoal foi eu que fiz. A Autarquia se
diferencia da Secretaria porque tem autonomia financeira, esse é o grande mote.
Quando isso foi criado o esporte era muito ligado a Secretaria de Educação e
nós sabemos que existem leis que protegem especificamente o orçamento da educação
e o que sobra é aquele pouquinho, que sempre era investido no esporte. Com o
advento da Autarquia todo dinheiro que entrar para o esporte, fica e é
empregado no esporte.
Zk – Você estava falando que sua vinda para cá foi
em decorrência de uma visita que o Ministro Mário Andreazza fez a Maringá.
Conta como aconteceu o convite?
Profeta – Coincidiu que quando ele foi lá
participar da inauguração de um conjunto habitacional na época do BNH que era
ligado ao Ministério do Interior e ao lado desse conjunto tinha um centro
esportivo com piscina, quadra coberta, cozinha, administração e lotado de
criança. Então ele perguntou ao prefeito: “Que trabalho é esse?” e o prefeito
respondeu: “A ideia disso tudo, é desse garoto aqui” me apresentando ao
Ministro, na época eu estava com 35 anos. Então Mario Andreazza falou pra mim:
“Olha, meu cunhado Teixeirão é governador lá em Rondônia e está precisando de
gente como você, porque os profissionais que existem lá estão todos na capital
Porto Velho e o interior está precisando demais de profissionais. Tá nascendo
escola em tudo quanto é lugar do estado, a migração é muito grande e por isso o
Teixeirão precisa de profissionais, você não quer dar um pulo lá pra conhecer?”
Respondi, se tiver o convite e pagando bem, que mal tem?
Zk – E embarcou no primeiro ônibus da Eucatur rumo
a Rondônia?
Profeta – Posteriormente aconteceu uma visitação de
técnicos de Rondônia a Maringá talvez até em consequência da conversa do
Ministro com o Teixeirão e esses técnicos, foram visitar as faculdades
convidando os recém-formados a virem pra cá. Eles também foram a minha casa
especificamente e me convidaram para vir ser o Diretor de Esportes do Estado em
substituição ao Domenico Laurito. Vim dar uma sondada e como o ordenado era
três vezes o de Maringá aceitei o desafio.
Zk – É verdade que quando você chegou em Vilhena o
prefeito praticamente exigiu que você ficasse lá?
Profeta – Foi exatamente isso que aconteceu. O vice-prefeito
de Vilhena era médico em Maringá, o secretário de saúde o diretor do
departamento de terras, secretário de educação tudo era de Maringá e eles me
intimaram: “Não Profeta, você trabalha em administração pública desde 1967 e a
prefeitura depende muito de Porto Velho, agora nós somos município e precisa
ter uma estrutura e você entende de estrutura administrativa”. Ficamos e
criamos a estrutura básica da prefeitura de Vilhena, propusemos a Lei Orgânica.
Pra você ter uma ideia, Vilhena foi a primeira cidade em Rondônia a ter Plano
Diretor. Por isso é organizadinha.
Zk – Quer dizer que você foi administrador de
Vilhena?
Profeta
– Eles me chamavam de gerente. Vocês vão falar lá com o Gerente da Prefeitura o
Profeta. O prefeito me deu essa autonomia. Quando criei a Secretaria de
Cultura, Esporte e Turismo de Vilhena o Teixeirão me puxou pra cá pra Porto
Velho, se bem que o Élcio negociou com ele e eu fiquei até março. Fiz o
primeiro carnaval de Vilhena criei duas escolas de samba, montamos o teatro,
ajudamos a criação da Academia de Letras de Vilhena, abrimos o Museu Rondon.
Isso tudo com a participação da minha primeira mulher a Mérly que passou a
cuidar da parte da cultura. Criamos a primeira creche, fizemos o levantamento
aerofotogramétrico.
Zk
– Esse levantamento aerofotogramétrico foi realizado com qual objetivo?
Profeta
– O Élcio Rossi que assumiu a prefeitura em substituição ao Vitório Abraão que
havia sido cassado, chegou e falou, como é que vamos cobrar imposto, precisamos
de dinheiro, não podemos ficar toda hora pedindo pro governo do estado! Faça um
levantamento aerofotogramétrico e faça o valor venal dos terrenos pela
fotografia do teto, Vai uma distância “X” tem técnica pra isso e lançava o
imposto. Vilhena foi o primeiro município a criar o carnê do IPTU. Fizemos uma
projeção da cidade na época, para 250 mil habitantes, hoje Vilhena tem quase
100 Mil, isso é visão de futuro e nós viemos de uma administração pujante como
era Maringá com essa visão de futuro. O Teixeirão me deixou ficar só um ano em Vilhena.
Terminou o carnaval na quarta feira de cincas eu estava em Porto Velho
assumindo como Diretor de Esportes quando o professor Vitor Hugo era o
secretário da Secete.
Zk
– Nesse cargo qual o destaque?
Profeta
– Ampliamos o Departamento. Na época o Departamento cuidava de escolinha. Esse
negócio de escolinha é para a prefeitura realizar, somos um Departamento de
Estado, vamos fomentar cursos de formação dos técnicos para que eles nos
municípios criem as escolinhas e o estado passa o dinheiro ou o material
esportivo. Junto com o Domenico e a professora Isabel Avanço criamos os Jogos
Intermunicipais de Rondônia que começou com apenas quatro modalidade, já em
1984 quando assumi realmente o Departamento ofereci doze modalidades os Jogos foram
em Cacoal. Exatamente quando o Teixeirão mais o Ministro Mário Andreazza inauguraram
o asfalto da BR 364, foi uma grande festa.
Zk
- E a sugestão passada ao governador de que os estudantes dos municípios da BR
conhecessem a origem do estado de Rondônia?
Profeta
– Propusemos pro Teixeirão e ele aceitou, financiar todos os 16 municípios a
irem conhecer a Pérola do Mamoré – Guajará Mirim para conhecer a origem do
Estado, não sugerimos Porto Velho porque Porto Velho já tinha muita migração. Naquele
tempo ainda não tinha estrada para Costa Marques e o governo levou os atletas
daquela cidade, em dois barcos da Enaro para Guajará Mirim.
Zk
– Em 1985 o Teixeirão deixou o governo e você foi pra onde?
Profeta
– Trabalhamos com o Ângelo Angelim e ficamos um ano e meio com o Jerônimo
Santana quando o Abelardo Castro era o secretário. Aí sai e fui ser Chefe de
Gabinete em Vilhena. Foi quando propusemos ao Élcio Rossi a criação da
Associação dos Prefeitos dos Municípios de Rondônia, pois começou o processo
democrático de eleições diretas e eu falei pro Élcio: Se vocês prefeitos, não
se reunirem, o governador faz o que quiser com o orçamento do estado.
Zk
– Além de Vilhena quais outros municípios contaram com sua colaboração?
Profeta
– Em Pimenta Bueno fui convidado pelo Marco Aurélio e elaboramos o projeto de
criação da secretaria de cultura e esportes. Com o Marco Aurélio fizemos uma
troca, ele entendia de Heráldica que era a crítica dos brasões das cidades e eu
queria fazer o Brasão de Vilhena, aliás, Vilhena foi o primeiro município de
Rondônia a ter brasão e bandeira municipal. Também fui convidado pelo Piana e
ajudei na criação da Suder da qual fui Diretor junto com o Heitor Costa. Ainda
trabalhei no governo Bianco e me aposentei.
Zk
– E agora no governo de Confúcio Moura?
Profeta
– O professor José Carlos Barbosa foi convidado pra assumir a Gerencia de
Esportes da Secel e ele já tinha sido meu assessor na Suder e precisa de uma
pessoa com a visão institucional, como o esporte em Rondônia não tem legislação
específica, elaborei o projeto que cria o Sistema de Esportes do Estado de
Rondônia esse Projeto já está na PGE e nesta terça feira deverá ser encaminha a
Casa Civil e certamente este ano vai ser aprovado pela Assembleia Legislativa.
Com o Sistema estamos estabelecendo as regras para a criação do novo Conselho
Estadual de Esportes, a Justiça Desportiva, a Medalha de Mérito Desportivo Dr.
Cezar Queiroz e o Fundo Estadual do Desenvolvimento do Desporto. Paralelamente a
isso, estamos propondo uma Lei que estabelece a Bolsa Atleta e Para Atleta. Com
isso vamos acabar com o aventureiro de pastinha debaixo do braço.
Zk
– Para encerrar! Como você ver a Secel nos dias de hoje?
Profeta – Acredito
muito na Eluane. Ela é uma jovem promissora e como tal, tem o espírito
despojado. Ela dando autonomia as Gerencias e exigindo que as Gerencias cumpram
seus planejamentos, certamente o Estado vai fazer alguma coisa, mas, há
marasmo, principalmente na nossa área, que espero que seja revertido o mais
breve possível, através das ações da própria secretária numa cobrança mais
efetiva junto a nossa Gerencia.
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