Iata,
a Colônia que abastecia Porto Velho
Sávio Roberto de Aguiar Araujo nasceu num acampamento da
Estrada de Ferro Madeira Mamoré em terras do distrito do Iata no município de
Guajará Mirim em 1955. Sempre que vem a Porto Velho costuma nos procurar para
um papo sobre a historia de Rondônia e em especial, a de Porto Velho Guajará
Mirim e da sua terra natal, o Iata. “Tô te esperando para uma caldeirada de
tambaqui a beira do rio Iata faz tempo”. Dessa vez nos encontramos na sede da
Secel e como Guajará vai completar 84 anos de emancipação política no próximo
dia 10 (terça feira), instiguei o Sávio a falar sobre a historio do Núcleo do
Iata a Colônia que abasteceu de produtos agrícolas Porto Velho e Guajará até a
desativação da Estrada de Ferro Madeira Mamoré em 1972. Siga nossa conversa:
ENTREVISTA
Zk - O senhor é rondoniense de onde?
Sávio - Nasci numa região formada pelo rio Iata que vem
da Bolívia. Assim sendo nasci no acampamento que ficava no quilometro 337 da
Estrada de Ferro Madeira Mamoré no Distrito do Iata, município de Guajará
Mirim. Meu avô era feitor daquele acampamento, minha mãe professora da Escola
Rural Benjamin Constant, meu pai e meus tios eram Cassacos da Estrada de Ferro.
Isso em 1955.
Zk - Essa sua aparência de cearense vem de qual
descendência?
Sávio - Minha origem é assim: Meu avô pai da minha mãe
seu Joaquim de Araujo Lima era cearense; meu pai é cearense também só que a
minha avó mãe da minha mãe era peruana e eu nasci com essa cara assim, que
jeito!
Zk - Como surgiu o núcleo do Iata?
Sávio - Depois que meu pai deixou de ser cassaco foi
estudar e se transformou em topógrafo. Após a 2ª Guerra Mundial o engenheiro
Dr. Nina Ribeiro idealizou a Colônia do Iata e meu pai foi quem traçou as
linhas como topógrafo. Era o tempo do Presidente da República Getúlio Vargas,
Acontece que Porto Velho cresceu assim como Guajará Mirim, então tinha que ter
um lugar para produzir comida para esse povo comer, o governo fez a pesquisa e
as terras da região do Iata foram consideradas muito boas para o cultivo da
lavoura de mandioca, arroz, milho entre outros.
Zk - Como ficou a topografia da Colônia?
Sávio - Como já disse, meu pai foi o responsável pela abertura
das linhas do Iata. A Linha Aluizio Ferreira é a linha alimentadora de onde
partem as transversais que são as chamadas vicinais. São dez linhas e no fundo
fica a reserva indígena Sete de Setembro com aproximadamente 75 Mil hectares
Zk - O que o Iata produzia?
Sávio - Produzia de tudo, por
exemplo: Essa farinha que hoje ta no Acre era do Iata. Lá se plantava Banana,
Macaxeira, Arroz, Milho, Feijão enfim tudo que era grão o Iata produzia. Quarta
feira saia o trem do Iata trazendo a feira para Porto Velho e Guajará Mirim. O
Iata era o celeiro do Território Federal de Rondônia.
Zk - Vocês colhiam castanha lá no
Iata?
Sávio - Não, Os castanhais eram
na Bolívia e na região do Vale do Guaporé, do lado de cá não tinha castanha,
pelo menos na região do Iata. O Iata foi o centro produtor que plantava pra
colher, já Guajará Mirim foi diferente, lá o que funcionava era o extrativismo,
poalha, castanha, borracha, madeira. No Iata o agricultor plantava pra colher
depois.
Zk - E o setor
de Hortifrutigranjeiro?
Sávio - Era mais agricultura, hortifrutigrajeiro era uma
horta no fundo do quintal, algumas fruteiras só para consumo familiar, o
negócio mesmo era a agricultura, a produção de grãos.
Zk - Naquele tempo tinha fazenda de gado no núcleo?
Sávio - Tinha, sempre teve. Na parte já chegando para o
Bom Sossego da Sétima Linha pra Oitava os lotes são maiores.
Zk - Por falar nisso, quanto mede um lote de terra
pertencente ao núcleo do Iata?
Sávio - Os moldes no Iata tem a média de 25 hectares que
são 250 metros de frente por 1000 de fundo, por isso que as linhas
alimentadoras no Iata são de dois em dois quilômetros.
Zk - É verdade que
o Capitão Silvio quando foi abrir o PIC Ouro Preto se baseou na divisão dos
moldes da Colônia do Iata?
Nenhum comentário:
Postar um comentário