REGISTRO HISTÓRICO

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

TEATRO - CIA ANÔMADE GANHA PREMIO EM MANAUS




Reportagem e entrevista Geovani Berno

A companhia de teatro Anômade existe há um ano em Porto Velho e já desponta no cenário local e nacional com bons espetáculos e conquista de prêmios nacionais e regionais. Recentemente a companhia esteve se apresentando na cidade do Rio de Janeiro se apresentando na mostra de teatro 100 anos de Nelson Rodrigues. E nos dias 11 e 12 de outubro se apresentou no festival de teatro da Amazônia, em Manaus, com os espetáculos Álbum de Família e Cabarét, no teatro Amazonas, tendo conquistado os prêmios de Melhor Atriz (Jória Lima), Melhor Ator (Caio Setúbal) e Ator Revelação (Landerson Laif).
Mas “nem tudo são flores na ilha das flores”. Para ir a Manaus representando o estado com dois espetáculos a companhia teve de desembolsar o custo das passagens (são treze pessoas para os dois espetáculos), pois o cachê pago é pequeno para cobrir todas as despesas. “Resolvemos ir mesmo assim, mesmo pagando, pois a companhia ainda é nova e precisava mostrar trabalho”, disse a diretora Jória Lima.
Cabaret, inicialmente projetado para ser um espetáculo de rua, teve sua apresentação modificada para ser apresentada nas dependências do teatro Amazonas. “subimos o fosso da orquestra e fizemos com aquelas iluminações de frente e lateral e colocamos o letreiro de Cabaret em frente a cortina vermelha e funcionou super bem”, informou a diretora e atriz Jória Lima. Segundo a diretora o espetáculo foi muito bem recebido “recebeu aplausos em cena aberta, foi muito legal!”.
Jória cita que o Festival teve os pontos positivos e negativos. Segundo ela, a secretaria estadual de Cultura, tem esta preocupação local de investir no artista, dando condições para que este artista possa desenvolver o seu trabalho, porque eles pagam muito bem. “Em Manaus circula muito dinheiro, tem um PIB (Produto Interno Bruto) altíssimo e a secretaria dá este apoio local. O que difere do tratamento de quem vem de fora. Então até sugeri no último dia do debate, que eles fizessem um edital local mesmo se o propósito é este. Porque para nós foi muito difícil irmos com o orçamento que tinha”, conclui.
Problemas no edital
A diretora explica que há sim algumas coisas que necessitam ser corrigidas no edital. Por exemplo cita que o cachê era de R$ 5 mil por espetáculo e a companhia que tiver mais de um espetáculo aprovado (se houvesse) teria de utilizar este valor para os dois espetáculos. Portanto, o cachê não é mais de R$ 5 mil, mas baixa para R$ 2.500 mil por espetáculo. Jória explica que não sabia se teria os dois espetáculos. “Nós mandamos para um ser selecionado para a mostra alternativa e o outro para o palco do teatro Amazonas, mas nós tivemos os dois aprovados e os dois para o palco do teatro Amazonas, então ficamos em xeque-mate”.
Mas a surpresa veio quando chegaram a Manaus e souberam que os grupos locais recebiam R$ 15 mil. E isso não constava neste edital. E o que eles informaram é que tem haveria outro edital dentro do edital. “Quer dizer, eu não sei como isso funciona, mas nós nos surpreendemos porque por exemplo, tinha um monólogo, com no máximo 3, 4 pessoas na equipe e recebeu R$ 15 mil”.  
Denúncia
Jória explica ainda que durante os debates teve uma conversa com os organizadores, até por que trabalha nesta área jurídica também e colocou esta questão, porque em sua análise a cláusula é restritiva de competitividade, então ela ofende o artigo 3º da Lei 8.666 (Lei das Licitações), porque ela cria uma diferenciação para o mesmo serviço prestado. Com isso “ tenho até o interesse em entrar com uma ação junto ao Tribunal de Contas do Amazonas (TC/AM) para questionar esta diferença”.  Complementa dizendo que “não vejo porque prestando um serviço de qualidade da mesma forma que os demais receber de forma diferenciada”. 
O caráter da denúncia pode ser constatado na afirmação de que mesmo em se tratando de uma concorrência pública, a Anômade foi o único grupo que se inscreveu de fora do estado do Amazonas.  Com isso, um festival que deveria ser da Amazônia “está virando o festival do Amazonas, quiçá da cidade de Manaus. Porque mesmo do interior do Amazonas eu não vi nenhum”, falou indignada.
Mesmo assim para o grupo foi muito bom ter participado, independente dos prêmios. O fato de ser selecionado já é um prêmio. Se diz feliz por poder levar esta turma, de jovens atuantes, que estão começando agora, para que eles possam participar fazendo intercâmbio com outros artistas, técnicos, vendo outras linguagens. Isso é um investimento na formação. 

PREMIAÇÕES (com informações do portal G1/AM)
A companhia Anômade venceu em três categorias Melhor Atriz (Jória Lima), Melhor Ator (Caio Setúbal) e Ator Revelação (Landerson Laif). No dia 17 foram entregues todos os prêmios e indicados destaques, tanto no teatro adulto como no infantil. O destaque foi o espetáculo da companhia Arte em Movimento que venceu em quatro categorias. O Festival também homenageou o ator amazonense Sérgio Lima, falecido em janeiro deste ano. 
O edital do festival também previa vencedores para um prêmio especial aos grupos de Manaus, que concorreram ao Prêmio Circulação, onde irão se apresentar em várias cidades do interior do Amazonas e também por uma capital brasileira, ainda não escolhida. Os vencedores foram “O cavaleiro da armadura de sol”, da Associação ArtBrasil; “Aykunã e a árvore da sabedoria”, da Cia Arte em Movimento Zona Cultural, “Chapeuzinho Amarelo”,da Cia de Teatro Metamorfose e “Se Essa Rua Fosse Minha”, do Grupo Baião de Dois. 
Prêmio Circulação:
1 – O cavaleiro da armadura de sol – Associação ArtBrasil
2 – Aykunã e a árvore da sabedoria - Cia Arte em Movimento Zona Cultural
3 –Chapeuzinho Amarelo – Cia de Teatro Metamorfose
4 – Se Essa Rua Fosse Minha – Grupo Baião de Dois

Prêmio Pesquisa de Linguagem
O cavaleiro da armadura de sol (para a Associação ArtBrasil)
Prêmio para produção de trabalho coletivo
Aykunã e a arvore da sabedoria (Cia Arte em Movimento zona cultural)

Prêmio para concepção visual
Chapeuzinho Amarelo – (Cia de Teatro Metamorfose)
Prêmio para sonoplastia e performance visual
Aykunã e a arvore da sabedoria

Prêmio para pesquisa Cênica
O Casamento (Cia amattores)

Prêmio Queiroz (O Homem, A Pedra e O Rio)
- Richard Harts (O Cavaleiro da Armadura de Sol)
- Selma Bustamante (Se Essa Rua Fosse Minha)para concepção cênica 
A Casa de Bernarda Alba (Grupo AACA – Arte e Fato).
Prêmio para atores:
- Arnaldo Barreto (Mitos e Lendas Caboclas)
- Caio Setúbal (Cabaret Paródia do Amor Romântico e Álbum de Família)
- Dimas Mendonça (Rodrigueanas Amazonicas)
- Ednelza Sadho ( A Casa de Bernarda Alba )
- Jória Lima (Álbum de Família)
- Karol Medeiros (Aykunã e a Árvore da Sabedoria)
 

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