Waldir
Costa o 1º editor do Diário da Amazônia
Aos 19 anos de idade o
paulista da cidade Garça, desembarcava no Paraná para um teste como jogador de
futebol no São Paulo de Londrina. Por ser menor de idade seu pai era que tinha
que assinar o contrato com o clube e na hora “H” o velho não assinou e em
conseqüência, ganhamos um ótimo editor de jornal impresso. Waldir Aparecido
Costa. “Comecei na Folha de Londrina como motorista entregador de jornal, nos
400 municípios paranaenses”. Waldir não foi convidado para vir para Rondônia
trabalhar no Diário da Amazônia. “Eu me convidei e o Emir aceitou”. Hoje
colaborando com a administração do Osmar Silva no Decom e escrevendo uma coluna
para o site Rondônia Dinâmica o filho do seu Jurandir Costa e da dona Maria de
Lurdes “vivos aos 86 anos e vivendo em Londrina” o jornalista Waldir Costa que
nasceu no dia 22 de outubro de 1946, pai de sete filhos e avô de 9 netos dos
quais sete nasceram em Rondônia, tem muita história pra contar sobre sua
carreira como editor de jornais no Paraná e em Rondônia.
ENTREVISTA
Zk – Como foi que você
começou a vida de jornalista?
Waldir Costa – Comecei nos
anos setenta como entregador de jornal na Folha de Londrina. Eu era motorista e
entregava o jornal até Cascavel, percorria uns 600/700 quilômetros dia sim, dia
não já que éramos dois motoristas fazendo a linha. Na convivência do dia-a-dia
do jornalismo, fui aprendendo, acontecia um acidente na estrada, eu anotava
tudo e entregava pro pessoal que fazia matéria, depois comprei uma maquina
fotográfica uma Canon antiga, daquelas que a gente chamava de Canonete e então
passei a fazer as fotografias dos acidentes ou de qualquer fato que achava
interessante e levava pra redação. Com o tempo o editor do jornal chegou comigo
e disse: Você tem que redigir a matéria e eu, como se não sei como é que se faz
e ele: faz assim, assim assado, foi assim que comecei. Depois fui pra sucursal
de Umuarama.
Zk – De quem era o jornal
Waldir Costa – Era do João
Milanês. A Folha de Londrina foi o primeiro jornal do interior a ser rodado em
offset e era um dos jornais mais importantes do país na época. Era um jornal do
interior, mas, dominava o estado do Paraná, hoje é a Gazeta do Povo, mas,
naquela época a Gazeta só comandava Curitiba, no restante dos quase 400
municípios, quem mandava era a Folha de Londrina e chegava com o slogan: “Tome café da manhã com a Folha” e era
isso mesmo. Na Folha de Rondônia que ajudei a fundar com sede em Ji Paraná, fiz
mais ou menos como a Folha de Londrina. Após a morte do Milanês tiveram que
vender o jornal pro grupo Bamerindus. Nunca mais o interior do Paraná fez um
governador, por aí você vê a força que tem um jornal do interior.
Zk – Na sucursal de Umuarama
você era o editor?
Waldir Costa – Não, só
assumi a Gerência após a saída do titular e então, passei a assumir como
repórter, fazia fotografia, naquele tempo fazer fotografia não era fácil, não é
hoje que qualquer maquinha é utilizada. A gente tinha que fazer a fotografia,
revelar, secar, copiar no ampliador, depois botar no fixador, não era fácil
não.
Zk – Quantos anos você tinha
quando assumiu a gerencia em Umuarama?
Waldir Costa – Eu casei em
1970 eu tinha 25/26 anos, hoje estou com 67 e continuo aprendendo. Aí veio a
era da computação, que começou em Cascavel e foi quando vim pra cá em 1993,
ajudar a implantar o Diário da Amazônia.
Zk –Como surgiu o convite
para você vir para o Diário da Amazônia?
Waldir Costa – Posso garantir
que não foi nem do Emir e nem do Carlão Sperança. Tomei conhecimento que os
dois estavam trabalhando a idéia de vir montar um jornal aqui em Rondônia com o
grupo Eucatur, na época eu era o editor do Jornal O Paraná que era do Emir lá
em Cascavel e então me convidei: Gostaria de fazer parte dessa equipe.
Zk – Quer dizer que tudo
começou no Paraná?
Waldir Costa – Em Cascavel
na casa do Emir, numa reunião que estava presente Eu, Carlos Sperança e o Mauro
Sfair e o Emir é claro. O Carlão já morava em Porto Velho e foi pra lá
justamente porque seu Assis Gurgacz queria montar um jornal aqui, porque já
estava cansado de ser refém de uma série de situações e por isso resolveu botar
um jornal forte e o Diário da Amazônia realmente chegou aqui como um dos jornais
mais modernos do país.
Zk – Como foi o trabalho
para montar a equipe do Diário da Amazônia?
Waldir Costa – Quero deixar
bem claro que sempre foi o Carlos Sperança o artífice disso tudo. Foi que
ajudou a formar a equipe, não tiramos ninguém dos jornais locais. Com exceção
da dona Elsie que era do Estadão e um dia o Emir foi lá e a trouxe pro Diário.
Ela e o Idelfonso entraram antes da inauguração do Diário e permanecem lá até
hoje. O Carlão chegava e indicava: O fulano é um bom diagramador, lembro bem da
Ana Aranda e do Walbran Júnior. Tivemos uma equipe da melhor qualidade,
inclusive você Zé que antes do jornal completar um ano já estava lá. Foi assim
sua contratação e nem você sabe. O Emir lia o “Esquentando os Tamborins” que
hoje é a Lenha na Fogueira e chegou comigo e disse: Precisamos contratar esse
fulano, manda ele falar comigo e você foi lá e acabou acertando, lembro que
você escrevia no Estadão.
Zk – Era uma turma boa, mas,
não eram jornalistas, foi você quem formou aquela equipe?
Waldir Costa – Na verdade
foi o Carlão e o Emir. A redação do Diário foi um grande aprendizado pra todo
mundo, inclusive pra mim, porque no Paraná eu era editor regional e não editor
geral, ainda mais de um jornal da capital como era o caso do Diário que chegou
com uma tecnologia de ponta, com equipamentos que nem mesmo jornais como a
Folha de São Paulo, JB, O Globo e outros grandes tinham. O Diário chegou aqui
como inovador, com computadores em rede, formatação etc.
Zk – Quem fazia parte da
turma que foi promovida a jornalista no Diário da Amazônia?
Waldir Costa – Destaco o
Gerson Costa que começou como digitador, aliás, excelente digitador, Eliânio
que era fotógrafo do jornal O Parceleiro, tem um detalhe, o Eliânio tinha a
mania de não calçar o sapato por completo era como se fosse um chinelo, a sola
do pé dele apagava charuto sem ficar vermelha. O Marcelinho que hoje é o editor
do jornal também era apenas digitador.
Zk – Tem mais histórias a
respeito dessa turma?
Waldir Costa – Em 1994 o
Carlão foi contratado para assessorar o Chiquilito Erse na campanha eleitoral e
colocou o Eliânio como editor de política, ainda questionei mas, o Carlão
disse, deixa o menino lá que eu me responsabilizo, por isso, boa parte do que o
Eliânio é hoje, deve ao Carlos Sperança. Particularmente eu considero o Eliânio
um dos melhores jornalistas que já trabalhou comigo, pelo texto, pela
competência, pela responsabilidade de pesquisar e fazer a matéria, hoje ele é
advogado. O Marcelinho começou como selecionador de fotografia, depois foi para
a redação como digitador, foi pegando prática e hoje é o editor chefe do
jornal.
Zk – Qual caderno foi o
escolhido para essa turma começar?
Waldir Costa – Quando o
caboclo começa novo no jornal, duas coisas que você bota: Polícia e Futebol e
no nosso caso o Diário TV, que era semanal e por isso dava mais tempo para eles
trabalharem as matérias, assim como tinha mais tempo para a gente dar uma
olhada e se preciso corrigir. O jornal de TV que fazíamos na época, era bem diferente
do de hoje. Naquele tempo não se colocava apenas o que vinha de fora, a
programação local, de todos os municípios de Rondônia tinha espaço também.
Zk – Vamos lembrar a impressão
da primeira edição?
Waldir Costa – Tivemos
muitos problemas. Primeiro tivemos que percorrer todo o interior do estado,
contratando pessoas para fazer matérias. Tínhamos que contratar um fotógrafo,
um repórter, um representante e um distribuidor. Na parte da distribuição a
gente optou na maioria dos municípios pela Guarda Mirim, pois além da
segurança, não tinha vínculo empregatício porque a gente pagava à instituição.
Aqui tenho que agradecer muito à Rose Venturini que hoje está passando por uma
situação difícil em se falando de saúde, mas, acreditamos que vai se recuperar
logo. Ela foi importantíssima nesse trabalho. A gente visitava as Associações
Comerciais pegava uma lista com os nomes dos empresários locais, nas
prefeituras pegávamos os nomes das autoridades e nos primeiros noventa dias,
enviamos o jornal gratuitamente para essas pessoas, para habituá-las na leitura
do Diário. Isso serviu de suporte para os representantes da cidade, fazer as
assinaturas. Numa segunda etapa saiu eu o Carlos Sperança e o Marcos Grutzmacher
para produzir as primeiras matérias da primeira edição.
Zk – Foi fácil?
Waldir Costa – Fazer a
primeira edição, sempre digo, é fácil o problema é depois. Cheguei aqui em
março e soltamos o primeiro jornal em setembro, ajudei também a empurrar a
rotativa pra dentro, fiz de tudo já que viemos pra cá para implantar o jornal
mesmo. Na segunda viagem pelo estado tem uma história interessante. Foi na
viagem a Guajará Mirim. Tínhamos um Golzinho Zero quilômetro que veio de
Cascavel e o Carlão não muito acostumado com cinto de segurança na hora de
colocar o cinto quase se enforcou, O Carlão sempre estava presente, ele foi o
responsável pela contratação do pessoal daqui, tinha o Natalino que era um
excelente diagramador, que ensinou a Leidinha a Edna que se transformaram em
ótimas profissionais da diagramação, só não deu certo com o Zezinho Maranhão.
Zezinho tentou, tentou e quando foi um dia fui obrigado a dizer: Zé, vai tocar
violão, vai compor que essa é a tua arte, como diagramador não tem jeito. Hoje
ele agradece a mim por causa disso.
Zk – Tira uma dúvida. O
Marcos Grutzmacher veio do Paraná com vocês?
Waldir Costa – Não, ele já
estava aqui o irmão dele era fotografo aqui. Do Paraná veio eu o Emir e o
Mauro. Só que o Marcos foi contratado bem antes de sair a primeira edição, era
ele e o Jorge Chediak.
Zk – Como foi o dia da
inauguração. É verdade que a solenidade já havia começado e vocês não tinham
fechado o jornal?
Waldir Costa – O governador
na época era o Piana inclusive muita gente dizia que ele era o dono do jornal e
nunca teve nada disso. Lembro que na inauguração o Emir disse uma frase que não
esqueço: “Nos estamos chegando aqui não é para ensinar ninguém não. Estamos
chegando aqui para aprender também a fazer jornal”. Infelizmente ele
foi embora antes do combinado, mas, era um sujeito de uma inteligência,
capacidade, competência incomum. Ele montou um jornal que até hoje é
considerado um dos mais importantes do estado do Paraná que é “O Paraná” de
Cascavel que tem como slogan “O Paraná - jornal de fato”. Voltando a pergunta. Era
o povo discursando na frente do jornal e a gente na redação lutando para fechar
a primeira edição. O problema era a falta de experiência, os computadores atuavam
em rede. Aquela rede tipo porca e parafuso que você tinha que apertar. Dava um
probleminha no computador parava tudo. Foi terrível a produção da primeira
edição.
Zk – É verdade que vocês
tiveram que parar com o jornal para poder se adequar ao sistema?
Waldir Costa – Bom, a
programação dizia que o governador era quem iria acionar o botão para rotativa
começar a imprimir o jornal. Realmente o Piana apertou o botão, mas, foi apenas
para fazer as fotos. Porque nem o Padilha nem o Kurt um alemão que veio montar
a máquina conseguiram, acontece que nós sofremos muito com o tal de ripper, hoje
é comum, o nosso aqui foi o segundo do Brasil. O primeiro foi o do jornal do
Orestes Quércia em Campinas (SP).
Zk – Qual o diferencial do
ripper para os outros sistemas?
Waldir Costa – Na época
existia na área da fotografia, aquela máquina comprida, que parecia uma
locomotiva. Ali você fazia a fotografia (retícula) e tinha o espaço para o
traço que era o texto. O paginador (hoje é formatador) montava a página e
deixava uma janela que era para colocar a foto. No ripper já vem tudo junto.
Foi uma tristeza, tanto é verdade, que soltamos a primeira edição por volta das
dez horas da manhã. Nos outros dias foi a mesma coisa, com todo mundo
trabalhando até de manhã cedo. No terceiro dia não conseguimos montar o quarto
jornal aí falei com o Mauro, o pai dele estava dormindo, vamos parar porque não
tem condições, levamos uma bronca danada do Emir, mas, ele respeitou nossa
decisão. Ficamos uma semana praticamente para poder se readequar.
Zk – Como foi que a turma
daqui se adaptou ao computador?
Waldir Costa – Foi difícil.
Quem mais teve dificuldade foi o Carlão pra variar. Na época veio o Agacir
filho do seu Assis e implantou o sistema tecnológico no Diário da Amazônia com
os computadores em rede, formatadores uma série de coisas, ele trouxe uma
equipe. A Eucatur também trouxe alguns técnicos que ajudaram muito. O
computador na frente da gente parecia um ET porque a maioria não tinha
identificação com aquilo.
Zk – Geralmente os
proprietários de jornais interferem junto as diretorias quanto a publicação ou
não de determinadas matérias. Você sofreu pressão nesse sentido no Diário da
Amazônia?
Waldir Costa – Não! Hoje
mesmo, uma notícia que foi nacional e não vi uma chamada no Diário, isso deixa a
gente chateada. Tenho que agradecer muito ao seu Assis, ao Acir e até a Ana
Gurgacz com quem tive umas duas divergências, mas, sempre brigando pelo jornal.
Nunca, em momento algum o seu Assis falou pra mim, não faça isso, muito menos o
Acir, muito pelo contrário, me questionavam eu explicava e eles aceitavam
inclusive acidentes com a Eucatur. Fazíamos jornalismo na sua essência. Graças a Deus nos sete anos que fiquei lá,
nunca sofri censura, No último ano foi que trouxeram um cidadão de Manaus e o
jornal já não estava alcançando os objetivos que a gente queria, foi quando saí
pra ir fundar a Folha em Ji Paraná.
Zk – Lembro que você dava a
maior bronca porque o comercial não funcionava?
Waldir Costa – O comercial
não funciona até hoje. Não sei como é que está mo caso do Diário, hoje com a
Ivanilse uma menina que conhece do assunto. O problema é equipe. Se você tem
uma equipe de redação boa, tem que ter uma boa equipe no comercial e hoje é
muito difícil isso. Vender publicidade não é fácil. Tem que ter pessoas
treinadas, fazer reunião de pauta todos os dias como se faz na redação. É
preciso tratar a publicidade como prioridade. Hoje apenas o Diário está
segurando com regularidade, os demais estão todos com problema. A Folha infelizmente
fechou as portas por incompetência de seus dirigentes, que investiam o que se
faturava com o jornal, em outras coisas. Não seria a decadência do jornal
impresso, porque isso ocorre também no rádio e na televisão.
Zk – Conta alguns casos que
aconteceram durante as reuniões que você fazia com o pessoal da redação toda
segunda feira?
Waldir Costa – Toda segunda
feira a gente fazia a reunião de avaliação do que foi feito na semana, o que
foi positivo e negativo. O Eliênio conhecido como Neguinho uma dos melhores
profissionais da fotografia que já trabalhei até hoje, tanto aqui como no Paraná
atuava também como obdusman assim
ele anotava os erros cometidos e publicados durante a semana e na reunião,
fazia o comentário. O Ricardo Callado que hoje está em Brasília e fazia a
editoria regional, ficava muito brabo quando o Neguinho apontava erro na página
dele. Por falar em Ricardo Callado certa vez fizeram uma brincadeira com ele,
na verdade, quem aprontou a sacanagem foi o Nilton Salinas e quem pagou o pato
foi o Eliânio o negócio foi tão sério, que o Ricardo ficou esperando o Eliânio
lá fora do jornal após as seis horas da tarde e queria briga, queria apertar o
pescoço do Eliânio, aí tive que chamar os dois às falas. Outro fato
interessante envolveu você!
Zk – Eu?
Waldir Costa – O Ditão que é
um comunicador conhecido aqui, que apresentava um programa de esportes se não
me engano, na Bandeirantes e o Zekatraca foi brincar com ele publicando que ele
seria a “Noiva” do Bloco das Piranhas que desfilava na Banda do Vai Quem Quer,
em substituição ao Sérgio Valente que havia falecido, ficou uma fera, o negão
de quase dois metros de altura, entrou na redação fumaçando, querendo esganar o
Zekatraca e então tive que intervir para não testemunhar aquele massacre. Ele
reclamou bastante e eu tirei, dizendo que era brincadeira de carnaval, ele foi
embora mais olhando de lado pro Zé.
Zk – Você tinha esse lado de
paizão dos repórteres. Cansei de assistir você defendendo algum repórter, mesmo
quando esse estava errado. Depois que o reclamante ia embora o repórter ouvia
poucas e boas.
Waldir Costa – Acho que isso
é obrigação do editor, a responsabilidade pelo jornal é do editor, se sair
alguma coisa errada, a responsabilidade é do editor. Nunca admiti que fosse
alguém lá reclamar dos repórteres, nem os donos do jornal, tinha que falar
comigo e não agredir o repórter. Depois eu chamava o repórter de lado e puxava
a orelha. Quem trabalha com a gente precisa de suporte, se ele faz alguma coisa
errada e você não viu no mínimo foi irresponsável e se você viu e não disse
nada foi conivente.
Zk – Como foi o caso da
Bomba que estourou na frente do jornal?
Waldir Costa – Teve um
delegado aqui, aliás, lhe deram a patente de delegado, mas, infelizmente não
tinha competência, não sei nem se ele está vivo. Bom! Ele quis criar um fato no
Diário da Amazônia. Acontece que realmente soltaram uma bomba na porta da
garagem do jornal e ele foi lá investigar e depois insinuou que a gente é que
havia provocado o ato de terrorismo para incriminar o governador que era o Valdir
Raupp. O Emir com a sua competência de sempre, com aquela calma que sempre teve,
mas, muito picante chamou o dito delegado e disse que não tinha satisfação a
dar a ele e o que ele estava fazendo era irresponsabilidade.
Zk – Quem era esse delegado?
Waldir Costa – Prefiro
apenas dizer que ele não é brasileiro. Na época falei tudo que tinha que falar
pra ele, acho que até hoje ele tem mágoa de mim, mas, pessoas igual ele,
prefiro ficar de lado, ele foi candidato a vereador ou foi a deputado e nós
fizemos campanha contra dizendo que esse tipo de pessoa não merecia se eleger.
Graças a Deus ele não foi eleito pra nada.
Zk – Você disse que por
determinação do seu Emir o jornal publicava os famosos santinhos dos candidatos
de graças. Por quê?
Waldir Costa – Quando nós
chegamos aqui, tivemos bastante dificuldade para fazer matéria com políticos. O
lema no Diário da Amazônia era sempre manter a porta da redação aberta, para
quem quer que chegasse com informação, não tinha esse negócio de barrar a
entrada. O sujeito quando vai à redação, é para levar matéria, como vou impedir
a entrada dele, assim também era com os políticos, não interessava qual partido
fosse filiado.
Zk – E os Santinhos?
Waldir Costa – Então o Emir
liberou nas campanhas de 1994/96 a publicação dos santinhos. O pessoal do PT,
PCdoB e do PCB que eram partidos de massa e na época não tinha dinheiro, tinham
o mesmo espaço dos chamados partidos grandes. O PT tinha dificuldade até para
publicar seus editais, não era o PT de hoje. Lembro que o Odair Cordeiro e o
Eduardo Valverde que nos deixaram mais cedo, o Roberto Sobrinho ainda era
filhotinho a gente sempre atendia muito bem.
Zk – Lá em cima você disse
que tinha dificuldade para fazer matéria com os políticos. Por quê?
Waldir Costa – Você ia
entrevistar um deputado, um vereador, governador, principalmente deputados e
vereadores o cara perguntava logo, quanto que custava a matéria e sempre
respondia: Amigo, estamos aqui produzindo material como informação, notícia, no
jornal se paga anuncio. Era difícil convencer, depois que você terminava o cara
ainda perguntava, não tem que pagar nada mesmo?
Zk – E a Folha de Rondônia
como surgiu?
Waldir Costa – O Pedro André
que é um empresário jovem e ousado em Ji Paraná resolveu montar um jornal e na
época eu já tinha cumprido meu período no Diário da Amazônia, até porque,
fizeram as mudanças e acharam até de me colocar numa sala separada da redação,
coisa que nunca admiti. O editor ficar isolado da redação. Então apareceu o
convite do Pedro André e lá fiz a mesma coisa que fiz no inicio do Diário na
questão de montar a equipe de representantes e distribuidores, com um
agravante, lá eu não tinha a Rose Venturini. Fui com o Luiz de Carvalho o
próprio Marcos Grtzmacher foi pra lá também a Leide, tínhamos uma equipe muito
boa, contei também com uma parte do pessoal da formatação do Diário que já
estava de saída, não tirei ninguém de ninguém, até porque não sou a favor
disso.
ZK – E a aceitação da Folha?
Waldir Costa – Em três meses
a Folha já dominava o interior do estado, em Porto Velho tínhamos mais de 100
bancas e o jornal era vendido. Chegamos a ficar em segundo lugar em Porto Velho,
na época o mais vendido era o Estadão do Norte. Infelizmente após um ano e meio
o Pedro André não sei por que cargas d’água, resolveu vender o jornal pro João do Vale e pro Ayres
do Amaral que infelizmente, não souberam
tocar o jornal. O jornal foi caindo, caindo que o último ano que trabalhei lá, acabei
não recebendo (não precisa publicar isso). Foi muito ruim o fechamento da Folha
de Rondônia, tanto para o profissional jornalista como para a população, que
ficou privada de uma publicação forte no interior do estado.
Zk – Quer dizer que o
interior comporta uma nova Folha?
Waldir Costa –Agora temos a
Gazeta lá de Cacoal que está crescendo o que prova que o jornal impresso não
está e nem vai acabar tão cedo. Acho que Rondônia ainda suporta um bom jornal
no interior como era a Folha de Rondônia pra poder dar esse contraponto, pois o
Estadão e o Alto Madeira praticamente não estão mais circulando no interior, o
Diário é quem domina, por isso acho que cabe um jornal no estilo Folha no
interior.
Zk – Além do Diário e da
Folha?
Waldir Costa – Teve mais um,
o Diário do Povo também uma iniciativa do Pedro André que depois de muito tempo,
resolveu fazer outro jornal, Ficou três anos me aporrinhando para fazer um
jornal pra ele, foi lá em Ji Paraná também onde fundei o Diário do Povo que
saiu do jeitinho que eu queria e sonhava, era a Folha de Rondônia em formato
igual ao Zero Hora um pouquinho maior que o tabloide. Trabalhei apenas um mês
após o jornal passar a ser impresso e assim o jornal só conseguiu ficar no ar
por um ano.
Zk – Você também dirigiu o
setor de comunicação da Assembléia?
Waldir Costa – Tudo começou
com o Natanael Silva! Ele foi eleito deputado estadual, mas, assumiu a
secretaria de saúde e quando foi no último dia que vencia o prazo para a
apresentação de candidato a presidência da ALE ele renunciou a secretaria de
saúde e foi concorrer. O Silvernane já se considerava eleito e o Natanael foi
lá e ganhou a eleição. Dez minutos depois ele me ligou, eu ainda estava em Ji
Paraná e ele falou: fui eleito presidente da Assembléia e você será o meu
diretor de comunicação.
Zk – E vocês não tinham
protagonizado um entrevero muito anates disso?
Waldir Costa – Na época o
governo estadual distribuiu uma nota dizendo que a empresa dele a Dismar era a
maior devedora de ICMS no Estado e eu escalei não sei se o Eliânio ou o Gerson
para produzir a matéria que seria a manchete do jornal. Não sei como ele ficou
sabendo e escalou o Linhares para tentar me dissuadir da idéia de publicar o
material. Lembro que o Linhares ficou comigo na redação das 16 as19 horas
quando fechei o jornal e me colocou umas duas, três vezes para falar com o
Natanael que tentou me convencer e eu falei, não tem jeito, é informação, pra
mim o que é notícia é notícia, pros amigos a noticia, pros inimigos se explora
a notícia. Para minha surpresa quando ele foi eleito presidente da ALE me
convidou para fazer parte da equipe.
Zk – Na gestão de outros
deputados?
Waldir Costa – Fora eu metia
o porrete, lá dentro tinha que defender, foi então que descobri que em política
a distancia entre dois pontos nem sempre representa uma linha reta, na politica
você tem que fazer uma séria de artimanhas pra chegar onde você quer. Fui
diretor na gestão do Carlão Oliveira, Neodi, Valter e por último passei um
período com o Hermínio Coelho. Hoje atendendo o convite do Osmar estou no
Decom.
Zk – Além do Decom?
Waldir Costa – Mantenho uma
coluna diária “RD Política” no site Rondônia Dinâmica.
Zk – E aos jovens jornalista
o que você tem a dizer?
Waldir Costa – Tem gente que
sai da faculdade e acha que já é jornalista. Aconselho todas as pessoas que
saem da faculdade de comunicação a passar
por uma redação, seja de jornal impresso ou de site de notícia para aprender
muita coisa que não aprende na faculdade.